terça-feira, 19 de setembro de 2023

A Guerra

 

572º Dia.

Ponto de situação. O que se passou durante o 572.º dia de guerra na Ucrânia

Todos os vice-ministros da Defesa ucranianos demitiram-se a pedido do novo ministro, Rustem Umerov. Rússia ameaçou retirar-se do Tribunal Internacional de Justiça.

ANDRÉ FILIPE ANTUNES: Texto

BEATRIZ FERREIRA: Texto

VERA NOVAIS: Texto

OBSERVADOR, 18 set. 2023, 22:28

GETTY IMAGES

Continua a renovação no Ministério da Defesa ucraniano. Esta segunda-feira, Kiev anunciou a demissão dos seus vice-ministros da tutela, incluindo Hanna Maliar, um dos mais proeminentes rostos públicos do esforço de guerra, responsável por publicações diárias sobre a evolução da situação no terreno. Os meios de comunicação ucranianos dão conta de que a decisão partiu do novo ministro da Defesa, Rustem Umerov (que substituiu na última semana Oleksii Reznikov). Os nomes dos substitutos que integrarão a equipa de Umerov ainda não são conhecidos.

Do lado russo, surge a ameaça de que Moscovo pode abandonar a jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça se a instituição da ONU com sede em Haia der razão à Ucrânia numa queixa no âmbito da Convenção sobre o Genocídio. Em causa está uma queixa de Kiev contra Moscovo apresentada em 26 de fevereiro de 2022, dois dias depois do início da invasão. Este desenvolvimento acontece um dia depois de o Centro de Resistência Nacional, que pertence ao governo ucraniano, ter denunciado que o Kremlin planeia levar trabalhadores da Coreia do Norte para regiões ocupadas do leste da Ucrânia.

O dia ficou ainda marcado pelos últimos preparativos antes da Assembleia Geral das Nações Unidas. Vários líderes mundiais já começaram a chegar a Nova Iorque, entre os quais Volodymyr Zelensky, que vai participar no encontro e fazer um discurso. Esta segunda-feira ficou a saber-se que Zelensky vai encontrar-se com Lula da Silva, numa altura de tensão nas relações entre Ucrânia e Brasil. Em entrevista à CNN Internacional, o secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou que as divisões no Conselho de Segurança “não têm precedentes desde a II Guerra Mundial”.

Eis um resumo dos outros acontecimentos que marcam este, o 572.º dia de guerra na Ucrânia:

O que se passou durante a noite?

O Presidente do Irão rejeitou as acusações do Ocidente e negou que o seu país esteja a fornecer drones à Rússia, e desafiou os que acusam Teerão a apresentarem provas do envio de armas;

A Alemanha anunciou um novo pacote de ajuda militar, avaliado em cerca de 400 milhões de euros, para auxiliar o esforço de guerra ucraniano;

Kim Jong Un já está de volta à Coreia do Norte depois da visita de seis dias à Rússia;

O Papa reuniu-se com o novo embaixador russo no Vaticano, onde ambos discutiram os esforços de Francisco pela paz na Ucrânia.

O que se passou durante a tarde?

O general ucraniano Oleksandr Syrsky afirmou esta segunda-feira que as tropas ucranianas furaram a linha de defesa russa perto de Bakhmut, no leste da Ucrânia;

As forças ucranianas continuam a bombardear Donetsk. Esta segunda-feira terão atingido a sede do governo pró-Rússia que tomou a região;

A Ucrânia apresentou queixa à Organização Mundial do Comércio contra três países da União Europeia — Polónia, Eslováquia e Hungria — por prolongarem o embargo à importação de cereais ucranianos apesar do levantamento das restrições por Bruxelas;

Uma empresa de transporte ucraniana pediu autorização ao porto romeno de Constanta, no mar Negro, para transferir cereais entre navios, o que permitiria a quase duplicação da capacidade de exportação das embarcações;

O Presidente da Rússia afirmou que a economia do país tem conseguido, até agora, aguentar a “pressão sem precedentes” das sanções do Ocidente;

A Rússia enviou um caça MiG-31 para interceptar um avião de patrulha P-8A Poseidon, da Marinha norte-americana, que se aproximou do espaço aéreo russo, sobre o Mar de Barents;

A Rússia disparou mísseis cruzeiro sobre o estreito de Bering, que separa a Rússia oriental do Alaska, naquilo que disse ser um exercício para proteger a rota marítima ao norte do Ártico;

Pierre Levy, o embaixador francês em Moscovo, foi chamado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo pelo suposto comportamento “russofóbico” dos responsáveis franceses durante a última cimeira do G20, em Nova Deli, na Índia.

O que se passou durante a manhã?

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, confirmou, na noite de domingo, a reconquista da localidade de Klishchiivka, perto de Bakhmut;

O Ministério da Defesa russo terá impedido ataques com drones em várias partes da Crimeia e em duas regiões fronteiriças;

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, iniciou uma viagem de quatro dias à Rússia, em que se espera que ambos os países se comprometam a aprofundar a confiança política mútua;

O Ministério da Defesa da Bulgária enviou uma unidade especial para inspeccionar e desactivar um drone que terá explosivos e que aterrou no domingo à noite, na cidade de Tyulenovo, junto ao Mar Negro. Mais tarde, a Bulgária acabou por confirmar a destruição do aparelho.

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