Mas o que era preciso era que unissem
todos esses que denotam algum amor pátrio, Chega inclusive, e que assim se
mantivessem, com critérios de seriedade, na construção de ideais de
estabilidade e rigor… Portugal precisa disso, mais do que do pão que é
constantemente alardeado em programas televisivos de comezainas vergonhosas num país que
deve as suas migalhas aos dinheiros lá de fora…
Paulo Portas: "Sem o CDS, Portugal
e o seu sistema política ficam pior"
Portas, Monteiro e Cristas juntaram-se
a Melo para apresentar a nova declaração de princípios do CDS. Mesmo assumindo
o mau momento do partido, todos deixaram a garantia: o partido faz falta ao
país.
MIGUEL SANTOS CARRAPATOSO Texto
OBSERVADOR, 09
set. 2023, 12:3212
“Com gosto e sentido de dever.”
Foi desta forma que Paulo Portas se apresentou na grande rentrée do CDS, que
juntou este sábado os pesos pesados do partido, do presente e do passado, numa
tentativa assumida de relançar os democratas-cristãos. A partir do Largo do
Caldas, em Lisboa, o antigo vice-primeiro-ministro não deixou de assumir que o
“momento não é fácil” e que o partido se encontra num dos momentos mais
delicados da sua história. Ainda assim, para Portas, existem razões para ter
esperança no futuro: “Há 49 anos que o CDS resiste a
prognósticos reservados. Há 49 anos que sabemos o que é lutar sem favores”.
Ao
lado de Manuel Monteiro e Assunção Cristas, que também fizeram questão de se
juntar a Nuno Melo nesta convenção, Paulo Portas lembrou os vários momentos na
história do partido em que os adversários decretaram a morte do CDS — e os
vários momentos em que eles se enganaram.
“É nos momentos difíceis que
as pessoas precisam de ajudar. A receita que vos posso sugerir: agir com
independência porque só dependemos da nossa consciência. Que não vos falte a
fé, a mim não me falta. Que não vos falte a força, a mim não me falta. Com
tenacidade lá chegaremos ao dia em que dizemos aos nossos adversários: ‘Não se
enganem outra vez‘”, sublinhou
Portas.
Sem esconder que as próximas eleições
europeias, agendadas para junho de 2024, são a “prova de vida” do partido, e
num discurso muito voltado para a desconstrução da receita simplista dos
extremistas, Paulo Portas defendeu que o CDS não foi substituído no
espaço de centro-direita e que continua a fazer falta ao país.
“Sem
o CDS, Portugal e o seu sistema política ficam pior. Sem o CDS, haverá menos
ideias e mais gritaria. Sem o CDS, haverá menos moderados e mais extremistas.
Sem o CDS, haverá menos racionalidade e mais demagogia. Sem o CDS, haverá menos
quadros de qualidade e mais medíocres na política. Sem o CDS, haverá menos
viabilidade para uma alternativa, porque será fácil a alguns fazer campanhas
baseadas no medo e mais difícil construir um projeto de esperança. Olhem para o
que aconteceu em Espanha e tirem as vossas lições”, rematou o antigo
vice-primeiro-ministro.
Antes de Portas, já Manuel Monteiro tinha
traçado o guião para aquilo que deve ser o CDS perante os desafios que se
avizinham. O antigo líder do CDS defende que o partido não deve viver “apenas e só no passado”
sob pena de perder utilidade e adesão à sociedade. Na sede
nacional do CDS, Monteiro lançou as bases daquilo que devem ser os próximos
desafios do CDS. “Um partido que se
fecha no seu passado, é um partido sem presente e sem futuro. O CDS não vive a
olhar para trás; o CDS foi fundado para olhar em frente.”
“Não recebemos lições dos recém-chegados
à política. Nesta casa, não recebemos lições defesa do patriotismo, de defesa
da propriedade, de defesa da liberdade económica, não confundimos liberdade com libertarismo. Não
recebemos lições de pessoas que são católicas ao domingo, mas que se refugiam
desse catolicismo quando o Papa vem a Portugal. Não confundimos a liberdade económica com o selvagem capitalismo.
Não nos preocupam os outros. Estamos cá e não deixamos de acreditar”,
começou por dizer o antigo líder do CDS.
“Portugal
é um país cada vez mais dependente do Estado. O Governo tem contribuído para
destruir a pequena e a média propriedade. Tal como no início da democracia, os
pequenos e médios proprietários devem saber que têm aqui um partido para os
defender”, continuou Manuel Monteiro. “Este
socialismo é uma mentira. Necessita ser combatido. Nós queremos responder. A
Portugal e aos portugueses. Queremos responder à direita. Esta direita que aqui
está é livre, humanista e democrática; não é uma direita segregacionista ou
isolacionista.”
Mesmo a terminar, Manuel Monteiro deixou um aviso a Luís Montenegro.
“O actual PSD talvez não tenha a
perspetiva de que nunca como agora foi necessário trabalhar para construir uma
alternativa do futuro. Se isso não acontecer, a alternativa passa por Nuno Melo
e pelo CDS. O que significa que já nas próximas eleições, o voto útil é no CDS.
Que ninguém se iluda a esse respeito. As eleições europeias não são apenas
eleições para o Parlamento Europeu; são o primeiro passo para a construção da
alternativa nas próximas eleições legislativas. Quem quiser continuar a manter
o PS no Governo, vota no CDS”, rematou.
Depois de Monteiro foi a vez de Assunção Cristas intervir, numa rara aparição na vida
interna do partido desde que deixou a liderança democrata-cristã. A antiga
ministra da Agricultura defendeu que o
CDS deve liderar a “direita moderada”. “Sou uma optimista irremediável.
Quando olho à minha volta, o que vejo é força. Não há que desanimar. Há
que encontrar as âncoras. Nuno [Melo], tens condições para navegar até mar
alto. Esta é a tua gente para a afirmar a direita que faz falta”, rematou.
Coube naturalmente a Nuno Melo encerrar a convenção do partido. “Para um partido que morreu, não está mau”,
começou por ironizar o eurodeputado, referindo-se à presença dos antigos
líderes e das principais personalidades do partido no Caldas. De resto, figuras que têm estado
afastadas da primeira linha de combate do CDS, como Adolfo Mesquita Nunes, Nuno
Magalhães, João Almeida ou Pedro Mota Soares, por exemplo, não faltaram à
chamada e fizeram questão de marcar presença na rentrée do partido.
À semelhança do que fizeram Portas, Monteiro e Cristas, o actual
presidente do CDS insistiu
na ideia de que o partido tem futuro e continua a fazer falta ao país. “Não temos de viver deprimidos com coisa
nenhuma. Levaremos a carta a Garcia. O CDS vai voltar à Assembleia da República.
Porque é de justiça e porque Portugal precisa. Nenhum outro partido representa
na Assembleia da República aquilo que o CDS é; nenhum outro partido substitui o
CDS.”
Recordando o legado do partido e as
lutas que o CDS já travou no passado, Melo teceu duras críticas aos oito anos
de governação socialista e denunciou aquilo que considera serem os falhanços de
António Costa em áreas como a Saúde, Educação, Estado Social ou Habitação.
“Queremos
menos portugueses a depender do Estado. Queremos salvar o Estado Social, mas
não queremos distribuir apoios para comprar votos. Queremos um SNS
capaz, a tratar bem os doentes, sem que seja a conta de profissionais de saúde
explorados todos os dias. E queremos a Escola Pública a funcionar. Mas com
condições, que tenha os professores na escola a ensinar e não desconsiderados”,
elencou Melo, antes de se despir: “Juntos vamos dar a volta às nossas
circunstâncias”.
Antes das intervenções dos antigos
presidentes do partido — Francisco
Rodrigues dos Santos e José Ribeiro e Castro faltaram ao encontro,
alegando motivos pessoais –, tinha sido António Lobo Xavier a
intervir para apresentar a nova Declaração de Princípios do partido. O
conselheiro de Estado começou por dizer que recordar os combates políticos que
travou ao longo de “quase 50 anos” e de prometer um partido novo e mobilizado,
preparado para os desafios do presente, mas sem renegar aos valores de sempre.
“[Vamos] defender a democracia
de novos perigos, do populismo, da manipulação política, da destruição do
Estado social por cegueira ideológica. Nós temos credenciais democráticas.
Somos um partido confiável na defesa das instituições democráticas. Somos um
partido de acolhimento. Acolhemos conservadores e liberais. Demos aos
conservadores um partido seguro e confiável a defender as tradições. Demos aos
liberais o partido que sabia falar da economia livre e a liberdade de escolher.
E queremos continuar a ser”, rematou Lobo Xavier.
CDS-PP POLÍTICA NUNO MELO PAULO PORTAS ASSUNÇÃO CRISTAS
COMENTÁRIOS (de 37)
Pedro: O
CDS não faz falta nenhuma a Portugal. É a direita que convém à esquerda (e ao
PSD) e pagou isso mesmo com a irrelevância. Basta analisar o que tem sido Nuno
Melo no parlamento europeu, enfiado num PPE distante das posições e dos valores
da direita. É a natural alteração e substituição do quadro político, acontece
em todos os países com naturalidade, o partido morreu e em bom rigor não se lhe
sente a falta, ninguém quer saber. Carlos Costa: Olhe que não, olhe que não. Você não faz qualquer falta
nas lides políticas, deixe-se estar no tacho que arranjou e vá trincando umas
gomas que só lhe fica bem. Em alternativa, navegue num submarino e fique por lá
muitos anos sem vir à tona de água.
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