Exige, talvez, maquinismos poderosos que
diariamente percorressem os litorais de cada país, a arrastar essas murretas,
talvez para alguma sua transformação possível, de utilidade ambiental ou outra,
atidos, uma vez mais, ao conceito transformador de Lavoisier - o que os camiões
de lixo terreno já colhem diariamente em distribuição organizada.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 21.09.23
Hoje, refiro-me a um fenómeno sobre que
nunca pensara e sirvo-me da linguística
da Fonte da Telha.
Trata-se
da «murreta» que é o nome que por ali se dá ao lixo acumulado no fundo mar desde
que o homem por ali anda. Noutras localidades, os resíduos
sólidos marítimos receberão outros nomes, mas aqui é a murreta.
Então,
prosseguindo na terminologia local, as correntes marítimas «areiam a murreta» (tapam o lixo com areia) e o mar revolto «desareia a murreta» (destapa o lixo) que fica à deriva e dá ao mar uma cor castanha.
Considerando
apenas a nossa orla marítima, duvido que haja quem consiga calcular com rigor
mínimo de quantos milhares de toneladas de resíduos sólidos marítimos se deve
medir o problema.
Portanto, se se pretende limpar o
mar, a primeira coisa a fazer será saber qual a composição desse lixo para, só
então se imaginar o que lhe fazer. Serão
materiais susceptíveis de alguma utilidade economicamente válida? Serão
materiais com interesse na «valorização energética» (eufemismo de incineração)?
Quero acreditar que parte importante
desses RSM (resíduos sólidos marítimos)
terá encaminhamento pelo engenho humano com uma economicidade que pague a sua
retirada dos mares.
Falta
só que um responsável ambiental (público ou privado) se decida por estudar
TUDO.
Setembro
de 2023
Henrique
Salles da Fonseca
Tags: avulsos
COMENTÁRIOS:
antónio pinho cardão 22.09.2023:: Muito bom. Mas julgo que a prioridade seria
dar destino ao lixo que vê na terra a olho nu e só depois procurar o areado... A
propósito, alguém da zona me disse que grande parte do material queimado dos
grandes incêndios de Pedrógão ainda continua no local.
Nenhum comentário:
Postar um comentário