Fazendo-se de apatetado. E de bem-intencionado.
De preocupado, sempre. Helena
Garrido desmascara, assim como os comentadores. Um conjunto
de textos esclarecedores. Mas assim vamos continuar, fingindo não ver, não
ouvir, não ler…
Os alertas de Centeno para Medina (e para nós)
O governador do Banco de Portugal
avisa-nos que estamos a caminho de uma crise. E recomenda a Medina que não estrague
o trabalho que fez.
HELENA GARRIDO Helena
Garrido
OBSERVADOR, 05
set. 2023, 00:2137
Temos primeiro de retirar, não a
gordura, mas toda a cirurgia plástica da “análise do
governador”, não caindo na tentação de nos concentrarmos nas mais
variadas magias estatísticas e realidades alternativas e criativas, tão
características nos discursos de Mário Centeno. E que, neste texto em concreto,
desafia o primeiro lugar de António Costa enquanto “optimista irritante”.
Tirando então, e para já, o tom rosa,
mais forte que o do mundo Barbie, desta inusitada análise, ficam as
mensagens. E há duas muito importantes, uma para todos nós, cidadãos em geral,
a outra mais enquadrada na batalha política. Comecemos por isso por aquela
que nos pode afectar a todos no curto prazo.
O governador do Banco de Portugal acabou
de nos confirmar que se avizinham tempos difíceis. “Num momento de possível
mudança do ciclo económico (…)”, diz-nos o governador. E mais à frente
avisa-nos que não está colocada de parte uma recessão. “O enquadramento
económico (externo) mostra sinais de desaceleração e mesmo com dimensões
recessivas. Os indicadores económicos da área do euro divulgados em julho
não são animadores, mas o cenário em que evitamos uma recessão está ainda no
centro das nossas avaliações”.
Mário
Centeno aponta-nos assim para um segundo semestre – que já estamos a viver –
bastante mais difícil e admite até que poderemos entrar em recessão. Para todos
nós é a mensagem mais importante da sua análise. Temos de nos preparar para a
eventualidade de uma recessão. “Não
podemos ser apanhados desprevenidos, como tantas vezes aconteceu”,
alerta.
Porque
é que o governador decide quebrar a tradição? Nunca um governador fez uma
“análise”, optando por transmitir as suas posições – em regra muito recuadas e
discretas – nas publicações do Banco de Portugal e nas conferências de imprensa
ou entrevistas. Mário Centeno podia esperar um mês, já que no dia 4 de Outubro
é publicado o Boletim Económico com as projeções para a economia portuguesa e,
nessa altura, poderia fazer estes alertas.
E porque é que, contrariando a sua
tradicional perspectiva de “copo super meio cheio” e até o registo de toda a
sua “análise”, resolve avisar-nos que há nuvens no horizonte da economia?
A interpretação benévola é que quer
que nos preparemos para a tempestade que se avizinha, para, como diz, “não
sermos apanhados desprevenidos”. Como
esta atitude de nos avisar para os perigos da realidade é inédita em Centeno,
como em geral nesta governação de António Costa, temos de fazer igualmente uma
interpretação menos benévola.
E a perspectiva, digamos, menos
simpática, é que o governador não nos está (apenas) a preparar, a nós, para os
tempos difíceis, está sobretudo a proteger-se da correcção que vai ter de
fazer, com elevada probabilidade, das previsões de crescimento da economia
portuguesa. No Boletim de Junho o
Banco de Portugal dizia que Portugal iria crescer 2,7% este ano o que, neste
momento, parece já muito pouco provável.
Numas contas rápidas e usando os últimos
números divulgados pelo INE, a economia portuguesa teria de crescer cerca de 3%
neste segundo semestre (depois de uma subida de 2,4% nos primeiros seis meses)
para se conseguir atingir a projecção de 2,7% que o Banco de Portugal fez antes
do Verão. O que obviamente parece
muito improvável face aos sinais de abrandamento da economia por via, quer das
exportações de bens e de serviços, como do Investimento. E nesta
segunda metade do ano é de esperar que o consumo privado também se comece a
ressentir do efeito combinado da inflação e da subida da prestação da casa.
Mário Centeno, que foi sempre implacável com os desvios das
previsões de crescimento de todas as instituições, incluindo o Banco de
Portugal quando ainda não se tinha mudado para governador, vai agora beber do
copo dos erros nas previsões. Como todo o economista, Centeno sabe que as
previsões são falíveis especialmente quando há mudanças no ciclo económico, mas
fez política com esse tema usando-o para atacar os seus pares que não
pertenciam ao seu grupo político. Agora tenta proteger-se das criticas, dar uma
racionalidade ao seu erro.
A
segunda mensagem vai para todos os que andam a falar em “folga orçamental”, com
Centeno a mostrar que não se consegue desligar das suas anteriores funções e
daquela que considera ser a sua obra sem lhe ver os efeitos que teve na
administração pública. Mas apesar de ir dando estes recados não teve, pelo
menos ainda, coragem suficiente para colocar de novo o Banco de Portugal a
fazer a análise das contas públicas.
Diz o governador: “A política orçamental deve continuar a orientar-se pela noção de que
não se alterou aquilo que há cinco anos não era financiável. O peso da despesa
permanente na economia continua acima de 2019, mas deve reduzir-se para
garantir a sustentabilidade ao longo do ciclo económico.”
E assim ficou Fernando Medina a saber
que na Rua do Comércio Mário Centeno receia que o ministro se deixe levar pelas
pressões e acabe por abrir os cofres do Tesouro, deixando que se perca aquilo
que considera ser o seu maior feito – o equilíbrio orçamental –, mas sempre a
desvalorizar os efeitos do caminho que escolheu para lá chegar – a degradação
dos serviços públicos.
Na versão benévola, Mário
Centeno está a ajudar o seu sucessor Fernando Medina, dando-lhe força numa
altura de elaboração do Orçamento e em que crescem os comensais que se querem
sentar à mesa do Tesouro. Na
versão menos boa, Centeno quer deixar já o aviso porque receia que Fernando
Medina não seja capaz de se impor e vai deixar perder o seu, de Centeno, legado.
Claro que o governador também disse o
habitual sobre as taxas de juro, em linha com o que tem dito o Governo. Por aí
nada de novo, sabendo Centeno perfeitamente que pode dizer o que quiser que a
decisão não passa pela sua opinião.
Retiradas as mensagens essenciais – do
alerta de crise e de conselhos a Medina – e que podem explicar esta iniciativa
inédita de um governador do Banco de Portugal, fica a designada “análise”.
Como já nos vamos habituando nos
variados discursos, antes deste governo ter entrado em funções vivíamos na era
das trevas, de onde saímos a crescer em todas as frentes a partir de 2015 –
desde que se juntem os números e certos, se desvalorizem os que não se ajustam
à narrativa e se condene ao esquecimento as realidades negativas.
O retrato que Mário Centeno faz é seguramente de um país que não é
aquele em que vivemos.
Na educação, por exemplo, esquece-se
destes últimos anos de caos na escola pública, assim como omite a emigração de
jovens licenciados. Quanto à redução do número de licenciados, trata-se, diz o
governador, de “um desvio estatístico, sem sustentação socioeconómica.”
Sobre o investimento público diz-nos que
“tornou-se mais exigente e produtivo, sendo
a capitalização da Caixa Geral de Depósitos um exemplo destacado”. Diz
ainda o governador, a propósito do
PRR, que “longe vão os tempos das rotundas”. Sim de facto, agora vivemos
no tempo das ciclovias e passadiços, não se percebendo ainda muito bem que
tempo nos vai dar o PRR.
E assim ficamos também a saber que afinal não houve uma quebra no
investimento público para valores inferiores aos da era da troika, houve foi a
decisão de se ser mais exigente. De tal maneira que Mário Centeno não repara no
colapso dos serviços públicos em geral, na saúde, na justiça, na educação, nos
transportes públicos ou na paciência que temos de ter quando precisamos de
tratar de papéis e temos o azar de não encontrar aquele serviço que é exemplar.
Um
governador do Banco Portugal deve ser independente do poder, deve esforçar-se
por analisar a realidade de forma distanciada e não enviesada. Este esforço de
distanciamento foi sempre uma marca mesmo em situações de maior tensão e de
decisões difíceis na Rua do Comércio em Lisboa. Um deles foi protagonizado por
Vítor Constâncio que tomou a decisão controversa de pôr o banco central a
analisar as contas públicas primeiro, em 2002, a
pedido do governo de Durão Barroso,
e depois em 2005 a pedido
do PS no
governo de José Sócrates.
A “análise” de Mário Centeno não se pode considerar distanciada e
independente. Resta-nos acreditar que o governador sabe que o país que retrata
na sua análise não existe, que o governador sabe que está a ser tendencioso,
que está a fazer política, que está a ajudar António Costa. O aviso de crise
que nos deixa e o alerta para não se abusar nos gastos públicos são mensagens
importantes que se perdem no retrato irreal que faz do país. Se o governador
acredita nesse retrato é que temos um grave problema.
ECONOMIA
MÁRIO CENTENO PAÍS MACROECONOMIA MINISTÉRIO DA ECONOMIA POLÍTICA
FERNANDO MEDINA
COMENTÁRIOS:
Ediberto AbreuTim do Á: Não
não Tim, é isso sim o Banco kosta & Centeno, Lda🤣 observador censurado > observador censurado O que os contribuintes querem saber é porquê que: 1. No tempo da troika, causada pelo Partido Socialista (PS), Vítor Gastar, ministro das
Finanças, falou em "enorme aumento de impostos"; 2. E entre 2015 e 2019, em tempo de vacas gordas, no
governo do PS, Mário Centeno, ministro das Finanças, em vez de retirar o
"enorme aumento de impostos", aumentou os impostos? Há 8 anos que Mário Centeno e os
seus amigos do PS dizem que "viraram a página da austeridade" mas
aumentaram os impostos de Vítor Gaspar. E ninguém percebe para onde está a ir o
dinheiro dos contribuintes pois os serviços públicos estão na ruína e o
investimento público é praticamente inexistente. É este milagre do dinheiro dos contribuintes
desaparecido que Mário Centeno deveria explicar pois a Entidade para a
Transparência ainda não tem água, luz e internet. Tim do Á: E o que fez Mário Centeno? Aumentou os salários da
administração pública e o número dos funcionários da administração pública sem
correspondência com a produtividade do país em vez de reduzir a sério a dívida
pública que devia ter colocado abaixo dos 100% do PIB, no seu mandato.
Descapitalizou o Banco de Portugal ao sacar-lhe todos os anos todos os seus
lucros para o monstro do seu orçamento não atendendo à inflacção. Disse n vezes
que a inflacção era transitória aldrabando os portugueses. Aumentou os impostos
em vez de reduzir a dívida pública encaminhando o dinheiro dos portugueses para
o despesismo da máquina burocrática aumentando as gorduras do Estado e os
empregos para os amigos do PS, depauperado os serviços públicos, com destaque
para o SNS, os transportes, entre outros. Reduziu o investimento público de
forma gritante degradando-o apesar do saque fiscal que fez aos portugueses
asfixiando-os com impostos e manda as culpas da sua má governação para a conjuntura
e para o seu sucessor (que, diga-se de passagem, é igual). Andam a enganar e roubar os portugueses há 8 anos
(mais o tempo de Sócrates) e o país está pior do que antes do 25 de Abril que
agora querem comemorar com tanta pompa e circunstância. Mas para ele, um
salário milionário muito acima do presidente da FED. Portugal parece ser
uma ditadura latino americana com as elites governantes ricas e felizes e o
povo pobre e enganado pela propaganda. A irresponsabilidade reina neste país
com a ajuda do presidente da república fantoche inútil e vaidoso psicopata. F. Mendes:
Um longo e arrastado artigo, que se
resume assim: um aldrabão requentado (Centeno), a cobrir-se cobardemente face
aos previsíveis azares na economia e finanças, para os quais contribuiu no
governo do vigarista-mor (o Costa Concórdia), agora integrando no Ministério um
inapto balbuciante (Medina): ou seja, atira-se a culpa para a conjuntura
internacional quando as coisas correm mal (rima, e é verdade); quando as coisas
parecem correr bem, o mérito é do PS e de mais ninguém (rima outra vez e não é
mentira). Ironias... Tim
do Á: Como diz o
ECO, Centeno transformou o banco de Portugal num projecto político pessoal à
sua imagem e interesses. De facto, agora é um órgão de comunicação privado da
sua vontade e ambição própria. Com isso retirou a independência ao banco de
Portugal retirando aos poucos o prestígio da instituição. Menos um órgão
independente em Portugal e uma democracia cada vez mais fraca e de fantoche,
próxima e uma ditadura latino americana com a conivência da cigarra prof.
Martelo. Vão todos ficar muito mal na História de Portugal. observador
censurado: Alerta
para os contribuintes: Salário
de Mário Centeno: 17 000 Euros mês Salário de Jerome Powell (a pessoa com o mesmo cargo
nos E.U.A.): 12 214 Euros mês (dados de Junho de 2021: https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/salario-do-governador-do-banco-de-portugal-e-superior-ao-do-presidente-da-reserva-federal-dos-eua) Faz sentido um Banco Alimentar contra a Fome num país
que transpira fartura? Liberales
Semper Erexitque > observador
censurado: Oh
Sr. censurado, olhe que os primeiros meses de geringonça mereceram o epíteto de
"regoverno" Kostas, pois tudo o que a Troika tinha deixado feito no
que respeita a domar a despesa pública foi revertido. Acha mesmo que o
regoverno da geringonça foi de borla? Eduardo Carreiro:
Excelente artigo da Helena Garrido,
que retrata com precisão a pouca vergonha que chegou o responsável de uma das
instituições mais importantes e prestigiadas do nosso país, que se deveria
pautar por total rigor, isenção e imparcialidade nas suas análises e
comentários, os quais aliás se deveriam limitar a considerações do foro
económico. Jorge
Silva: Este é o
segundo texto -o outro é o de Henrique Neto - em muito tempo, que tem valor,
significado e importância, no meio de muita treta, falsidade e publicidade
enganosa que tem sido publicada, também neste jornal. Desmascara
o descarado, falso e hipócrita Centeno, impiedosamente. Finalmente alguém o
faz. Parabéns à autora. Fernando CE: Este homem é um oportunista político super ambicioso, à
altura do seu amigo António Costa. Responsáveis pelas cativações e destruição
do SNS e do investimento público. João Floriano: Temos mesmo um grave problema: o governo PS é um barco
desgovernado, num mar revolto com um
timoneiro ao leme que já desistiu, como prova a carta à amiga Ursula, que
apenas se limita a guiar o rumo do barco consoante os ventos que sopram e as
correntes que encontra. E desta vez está entre Cila e Caribdis no que diz
respeito ao OE para o próximo ano. Por um lado terá de ser austero, mas por
outro terá de contentar a massa eleitoral que conserva o PS no poder. Ao longo
destes penosos 8 anos em que o PS e a esquerda nos têm arrastado para o fundo,
para o fracasso, António Costa repetiu à exaustão que havíamos voltado a página
da austeridade. Ei-la de novo. Ao mesmo tempo que fala em folga orçamental,
Marcelo Rebelo de Sousa, acena mais ou menos discretamente com a possibilidade
de dissolução e os avisos de que estará especialmente atento ao que vai
acontecer. Se eu fosse Montenegro não acreditava que finalmente o PR lhe está a
dar um sinal que considera a alternativa pronta a funcionar. O PSD em
qualquer dos casos receberá nos braços uma criança com a fralda muito, muito
suja mesmo e que o PS não quis e agora já não consegue limpar.
Tim do Á: Centeno é o culpado disto tudo. Desde
que foi para o governo a seguir ao Passos, aumentou a despesa pública ANUAL de
83 mil milhões de euros para 100 mil milhões de euros. Foi só gastar! Para nada
porque os serviços públicos degradaram-se. E ainda cortou o investimento
público! E aumentou os impostos! Para onde foi o dinheiro dos portugueses? E
agora revolta-se contra a sua tutela, o BCE. E era ele quem dizia que a inflação
não era problema porque era transitória. E agora ataca também os bancos que
supervisiona e os que lhe sucederam nas finanças. Uma nódoa irresponsável e
cobarde. É o coveiro de Portugal, juntamente com Sócrates, Costa e Marcelo e os
partidos da geringonça. klaus muller: Mas será que esta figurinha-Centeno não se enxerga? Não
lhe terá bastado ter arruinado tudo o que é serviço público? Vendo bem, é este
tipo de indivíduo que, hoje em dia, singra no PS e, portanto, em Portugal. Madalena Sá: Mário Centeno é um verdadeiro aldrabão! Nada de útil
soube fazer e assim continua!um oportunista! Comunista/socialista Tim do Á: Banco de Portugal, ou Banco Centeno, Unipessoal,
Lda.? Jose
Policarpo: Costa e Centeno são os rostos do
fracasso dos últimos sete/oito anos de governação socialista em Portugal. Desta
prosa infeliz fica apenas a confirmação que para Centeno coisas com sentido de
Estado não existem. João Ramos: O título deste artigo é enganador, pois parece que se trata de um elogio a
Centeno, ao lê-lo percebe-se que é o contrário, embora lhe falte alguma clareza
quanto à razão dos “avisos”, o que Centeno quiz fazer foi tentar “sacudir a
água do capote” em relação aos seus enormes erros enquanto ministros das
finanças, os quais vimos há tempos a sentir na pele e depois poder dizer “eu avisei”, trata-se de um exercício de
despudorada falta de vergonha e de carácter, além de pensar que somos todos
idiotas que é aquilo que ele mais parece… Augusto vaz serra
sousa: Lúcida,
HG põe o dedo na ferida. Em linguagem brejeira: um aldrabão “atoleimado” que
sempre se soube governar! Integrado no sistema dos seus “pares” !
Rui Pedro Matos: O que o sem-tino quer, nós já o vivemos e quer manter-nos pobres!
Nenhum comentário:
Postar um comentário