terça-feira, 12 de setembro de 2023

Um homem feliz


Contente com o que vai por aí, pois condena os que murmuram. Por cá. “Em Portugal há sempre uma vendetta em curso”, afirma no seu texto “OS ATRABILIÁRIOS” do PÚBLICO de 2 de Setembro. Admirei-me com o remoque, habituada que estou aos seus textos de doçuras, sobre o seu viver pessoal, de amores familiares, gustativos, por vezes revisteiros, também, tudo numa aura de aprazimento e simpatia, a natureza merecendo os elogios do seu bem-estar, sem receios sequer dos desastres ecológicos num mundo irreverente em que a poluição e outros componentes, causados pelo progresso exigiria menos egoísmo e mais atenção de todos nós. Geralmente é divertida a sua prosa, e amável, com que nos favorece diariamente no PÚBLICO, transmitindo sentimentos, se não de euforia, pelo menos de agrado e simpatia, por quem tem oculta na sua manga diária, a bênção do bom viver.

Não foi isso que senti desta vez. O seu texto “Os Atrabiliários” é pleno de uma ironia de calibre superior, que nem entendi bem, ao atribuir a uma “vingança” vil, constante da nossa portuguesa “cultura” aquilo que mais facilmente se atribuiria a uma mesquinha inveja, “por se não ser ministro”, que, ao que parece faz parte integrante da nossa indigência mental: “Os atrabiliários são os que teriam gostado de ser ministros. Mas ninguém os nomeou. A vingança é por não terem sido convidados…..” E vá de desejarem, esses da “vingança”, ser “uma pedra no sapato” de quem os não nomeou.

Estranhei tais dizeres, não direi infantis mas despropositados. Fossem esses portugueses atrabiliários, convidados para ministros. e o caso fiaria de outro modo. Donde se conclui que M.E.C. se sente bem num país onde, aparentemente, não existe mal-estar, já que os que falam disso não passam de atrabiliários a vomitar despautérios contra os tais ministros eleitos, que semeiam mal-estar.

M.E.C está de bem com a vida e com os seus ministros. Mesmo que a Educação, a Saúde e outras abstracções do nosso mundo concreto pareçam meio perdidas por aqui.

Mas deixei-me arrastar pela feroz inveja. Ou pela não menos odiosa vingança contra os tais. De resto, quem não está bem, que se mude, é a conclusão, que podemos extrair de um escritor que está de bem com a sua vida, como diariamente nos revela, para prazer dos seus leitores.

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