Contente com o que vai
por aí, pois condena os que murmuram. Por cá. “Em Portugal há sempre uma vendetta em curso”, afirma no seu texto “OS
ATRABILIÁRIOS” do PÚBLICO de 2 de Setembro. Admirei-me com o remoque, habituada
que estou aos seus textos de doçuras, sobre o seu viver pessoal, de amores
familiares, gustativos, por vezes revisteiros, também, tudo numa aura de
aprazimento e simpatia, a natureza merecendo os elogios do seu bem-estar, sem
receios sequer dos desastres ecológicos num mundo irreverente em que a poluição
e outros componentes, causados pelo progresso exigiria menos egoísmo e mais
atenção de todos nós. Geralmente é divertida a sua prosa, e amável, com que nos
favorece diariamente no PÚBLICO, transmitindo sentimentos, se não de euforia,
pelo menos de agrado e simpatia, por quem tem oculta na sua manga diária, a
bênção do bom viver.
Não foi isso que senti
desta vez. O seu texto “Os Atrabiliários” é pleno de uma ironia de calibre
superior, que nem entendi bem, ao atribuir a uma “vingança” vil, constante da nossa portuguesa “cultura” aquilo que mais facilmente se atribuiria a uma mesquinha inveja,
“por se não ser ministro”, que, ao
que parece faz parte integrante da nossa indigência mental: “Os atrabiliários são os que teriam gostado
de ser ministros. Mas ninguém os nomeou. A vingança é por não terem sido
convidados…..” E vá de desejarem, esses da “vingança”, ser “uma pedra no sapato” de quem os não
nomeou.
Estranhei tais dizeres,
não direi infantis mas despropositados. Fossem esses portugueses atrabiliários,
convidados para ministros. e o caso fiaria de outro modo. Donde se conclui que M.E.C. se sente bem num país
onde, aparentemente, não existe mal-estar, já que os que falam disso não passam
de atrabiliários a vomitar despautérios contra os tais ministros eleitos, que
semeiam mal-estar.
M.E.C está de bem com a vida
e com os seus ministros. Mesmo que a Educação, a Saúde e outras abstracções do
nosso mundo concreto pareçam meio perdidas por aqui.
Mas deixei-me arrastar pela
feroz inveja. Ou pela não menos odiosa vingança contra os tais. De resto, quem
não está bem, que se mude, é a conclusão, que podemos extrair de um escritor
que está de bem com a sua vida, como diariamente nos revela, para prazer dos
seus leitores.
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