Trata-se de “limpeza
a seco”, pois duvido que a maioria de nós entenda, os do Governo ainda menos, e
por isso se ficam nos “preços sujos”, mais fáceis de gerir…
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM; DA NAÇÃO, 30.08.23
Em época de subida generalizada dos
preços, colhe averiguar das causas dessa subida,
* * *
São três as causas da subida anormal
dos preços:
A
manipulação dos mercados (não confundir com especulação bolsista);
A
determinação de Christine Lagarde;
A
guerra na Ucrânia,
*
* *
São
várias as causas «limpas» da variação dos preços das quais destaco o valor
das moedas, os ciclos económicos (Kondratiev, p.ex.), as sazonalidades naturais. É dentro destes parâmetros «limpos» que
funciona a especulação bolsista, mas a vil manipulação dos mercados não hesita
em recorrer às «fake news», açambarcamento, etc. para precipitar e ampliar a variações tanto
para cima como para baixo.
«Tudo farei para salvar o Euro», disse Mário Draghi; «Os
juros sobem para controlar a inflação», diz Lagarde. E há quem
acredite. Obviamente, não são mentiras,
mas tanto num caso como no outro, a relação causa-efeito não é directa nem
inequívoca e muito menos biunívoca. Draghi
poderia ter dito que queria apenas aliviar o serviço das dívidas dos países
perdulários (v.g. a sua Itália) e Lagarde poderia ter dito que chegara a hora
de voltar a defender os interesses dos credores dos mercados de capitais com
taxas de juro acima da inflação. Mas ela não devia conhecer o
pensamento de Putin e o que ele faria.
. A guerra
na Ucrânia veio somar tensões inflacionistas às que Lagarde já lançara.
Foi a vez dos combustíveis, dos cereais e
dos oportunistas nos mercados distorcidos como o nosso, o português.
Tenho dito – e não me canso de repetir –
que urge «endireitar» os mercados
distorcidos pelo oligopsónio constituído no comércio de retalho e isso
consegue-se pela constituição da Bolsa de Mercadorias.
Mas nas minhas confabulações sobre o
funcionamento destas Bolsas, faltava-me saber como se conclui uma operação a
prazo. Ou seja, quando o prazo termina, a quem se entrega a mercadoria
titulada. Decidi colocar a pergunta a
quem sabe, o meu colega e Amigo Dr. Palhinha Machado, que tanto sabe (também)
desta matéria me respondeu:
«Meu Caro Amigo:
Quanto
aos Futuros de Mercadorias negociáveis em Bolsa de Futuros há contratos para
todos os gostos.
Chegada a Data de Vencimento, uns
contratos determinam a liquidação física (entrega,
settlement) e a liquidação financeira (clearing), outros resumem tudo à liquidação
financeira (clearing).
Neste último caso, as posições que
terminam "in-the-money", ou seja, aquelas a que corresponde um ganho
na diferença entre o Preço Futuro e o
Preço "à vista" (spot), recebem; a posição contrária ("out-of-the-money") paga.
Os movimentos financeiros ocorrem na Contraparte
Central (que caracteriza as Bolsas de Futuros) e consistem no levantamento do saldo da conta-margem
(para as posições que terminam "in-the-money") e na perda total do
saldo da conta-margem (para as posições que terminam "out-of-the-money").
Quando o contrato de Futuros prevê
também a liquidação física (settlement, entrega) a coisa complica-se muito. Por
isso, este tipo de contratos é cada vez mais raro.
A
primeira complicação está associada ao objecto subjacente (o
pernil de porco, o bushel de trigo, o barril de crude, a oz ouro, a oz prata, a
quantidade de outro qualquer metal, o Valor Mobiliário, etc.). É que, no
contrato, o objecto subjacente está totalmente descrito e tipificado por
características ideais; na prática, porém, é aquilo que o vendedor tiver para
entregar. Por isso, é que este tipo
de contratos de Futuros está acompanhado de Tabelas de Conversão mais ou menos
complexas.
Por exemplo, nos Futuros Financeiros
sobre taxas de juro de longo prazo está definido o conceito de "Obrigação mais barata para entregar"
("the-cheapest to deliver").
É só para especialistas.
Seja como for, as entregas de
mercadorias são sempre colocadas à disposição da Bolsa de Futuros em armazéns
previamente indicados para o efeito. Nos Futuros Financeiro as entregas
movimentam as carteiras registadas numa Central de Valores.
Se precisar de mais "dicas"
é só dizer.
APM»
Esclarecida a dúvida que persistia,
aguardemos por uma decisão ministerial (da Agricultura e das Finanças) que
constitua a Bolsa de Mercadorias de Portugal.
Agosto de 2023
Henrique Salles da Fonseca
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