quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Resta sempre algum desânimo


Por tudo o que passou que foi desastre

Como se duma guerra se tratasse,

Pelo receio de que não acabou ainda,

Que irá continuar, sem nos deixar

Uma esperança de mudança.

Como uma teia onde, emaranhados,

Jazemos, confinados,

Recordando …

 

2020

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 31.12.20

 

No ano da peste, estamos sãos;

No ano da morte, estamos vivos;

No ano da fome, temos a mesa posta…

Agradeçamos a quem no caos pôs a ordem,

A quem na doença pôs a saúde,

A quem na morte pôs a fé.

 

31 de Dezembro de 2020

Henrique Salles da Fonseca

 

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"da minha biblioteca"

COMENTÁRIO:

Henrique Salles da Fonseca, 31.12.2020: Estimado Dr. Henrique Salles da Fonseca,
Lindo, lindo o seu “post”. O sexteto é um autêntico poema à Vida, à esperança, expressando uma enorme gratidão, como bem disse, “a quem na doença pôs saúde”! Diz tudo! Excelente! Que os dias a rolar, voltando a página do calendário, sejam pintados a esperança! Que possamos apreciar a vida e seguremos a esperança, deixando chilrear os sonhos que estão em espera silenciosa… Um Muito Bom 2021! Os respeitosos cumprimentos da
Mª Emília Gonçalves

Adriano Lima 31.12.2020: Parabéns, Dr. Salles, por esta muito sugestiva oração. Esperemos que o ano de 2021 nos reforce o alento e nos esclareça a razão para que possamos sair vencedores dos desafios que se avizinham.

 


E não saímos daqui


Não, não saímos disto que somos, ingenuamente crentes nas histórias de fadas, aspirantes contínuos a um Messias que nos salve das borrascas. Como o fez João Marques de Almeida, que é jovem. Mas Fernando Pessoa o cultivou também, tal messianismo para desvalidos:

Screvo meu livro à beira mágoa.

Meu coração não tem que ter.

Tenho meus olhos quentes de água

Só tu, Senhor, me dás viver.

 

Só te sentir e te pensar

Meus dias vácuos enche e doura.

Mas quando quererás voltar?

Quando é o Rei? Quando é a Hora?

 

Quando virás a ser o Cristo

De a quem morreu o falso Deus,

E a despertar do mal que existo

A Nova Terra e os Novos Céus?

 

Quando virás, ó Encoberto,

Sonho das eras português

Tornar-me mais que o sopro incerto

De um grande anseio que Deus fez?

 

Ah, quando quererás, voltando

Fazer minha esperança amor?

Da névoa e da saudade quando?

Quando, meu Sonho e meu Senhor? Fernando Pessoa, in Mensagem

 

Passos Coelho não voltará para repetir o que fez /premium

O Passos Coelho da austeridade nunca mais voltará. Se voltar, será o Passos Coelho do crescimento económico, rumo no qual deixou Portugal quando abandonou São Bento.

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA          OBSERVADOR, 30 dez 2020

Passos Coelho fez uma intervenção pública e o país político começou a discutir o seu possível regresso à liderança do PSD. Mais importante do que discutir um hipotético regresso de Passos à política activa, é levantar a seguinte questão: se Passos resolver regressar, será para fazer o quê? Essa é a questão decisiva.

Vamos por agora deixar de lado uma candidatura presidencial em 2026 (se quiser, será o candidato natural da direita), e aceitemos o pressuposto de que voltará a liderar o PSD e a ser de novo candidato a Primeiro-Ministro. Muitos, sobretudo nas esquerdas, vão assustar os portugueses identificando Passos com a austeridade. É fundamental combater essa mentira. Há dois argumentos que mostram que a mentira é mesmo uma mentira.

Regressemos, por um breve momento, a 2011. Houve um programa de austeridade que resultou do facto de um governo socialista ter levado o Estado à falência. Foi esse governo socialista que negociou com a União Europeia e com o FMI um programa de austeridade que permitiu o financiamento do Estado português. No entanto, os socialistas aceitaram a austeridade, mas foram-se embora deixando o país entregue ao PSD e ao CDS. Como PM, Passos Coelho foi obrigado a executar um programa negociado e aceite pelos socialistas e imposto pela UE e pelo FMI. Passos não conseguiu ser PM com o seu programa político.

A coragem e a determinação foram necessárias para governar naquelas circunstâncias. De um lado, havia a troika a fiscalizar o governo português. Do outro lado, uma oposição socialista de uma enorme demagogia e populismo, comportando-se como se não tivesse qualquer responsabilidade com a falência de 2011. Passos mostrou as suas qualidades políticas, retirou o país da falência e da autoridade da troika, e regressou ao crescimento económico. Passos não foi o PM da austeridade. Sócrates foi o PM que trouxe a austeridade para Portugal. Passos libertou Portugal da austeridade.

Mas há uma segunda razão que explica que a história não se repete. Quando o PS abandonar o governo, haverá muitos problemas para resolver, mas o Estado português não estará na falência, como estava em 2011. Deu-se uma mudança absolutamente decisiva na política europeia: a política monetária do BCE. Com os efeitos económicos e financeiros do Covid, Frankfurt vai manter a actual política monetária pelo menos durante uma década. Basta olhar para a dívida pública francesa no pós-Covid. Será cerca de 120% do PIB. As dívidas públicas italiana e espanhola são ainda mais altas. Com o elevado endividamento público de três das quatro maiores economias da zona Euro, se o BCE abandonar a sua política monetária, será o Euro que está em risco. Como é óbvio o BCE não vai contribuir para a sua morte.

Com a política monetária do BCE, não haverá falências dos países da zona Euro, o que significa que Portugal não voltará a enfrentar uma crise soberana como a de 2011. Foi a falência do Estado (e não do país) que obrigou às medidas de austeridade mais duras como os cortes nas pensões e nos ordenados dos funcionários públicos. Mas sem falências soberanas, graças ao BCE, nenhum futuro governo de Portugal terá que cortar pensões ou ordenados da função pública (pelo menos enquanto Portugal estiver no Euro). Ou seja, se um dia voltar a São Bento, Passos Coelho não será obrigado a repetir a austeridade de 2011.

Um governo de Passos Coelho poderia finalmente executar um mandato reformista, que Portugal tanto precisa, mas que a falência de 2011 e a falta de maioria em 2015 impediram. Depois de mais de duas décadas de divergência com o resto da UE, Portugal necessita mais do que nunca de um governo que tenha uma visão de desenvolvimento económico e de justiça social para o país. Os governos socialistas, pelo contrário, têm empobrecido e acentuado as desigualdades no nosso país.

Passos Coelho não deve voltar para salvar a direita. A sua tarefa será muito mais importante. Terá que voltar para recolocar Portugal no caminho do desenvolvimento económico e da convergência com o resto da Europa. O PS já mostrou que não é capaz de o fazer. E na área do centro direita, de momento, só Passos Coelho tem a visão e as qualidades políticas para o fazer. Neste momento, é o único líder politico que poderá ajudar Portugal a ser mais europeu e mais rico.

Não sei se algum dia haverá uma maioria de portugueses que entenda isso. Mas sei que as esquerdas tudo farão para que isso não aconteça. Para eles, Passos é a maior ameaça aos seus privilégios injustos, que resultam da apropriação de recursos alheios, sobretudo da sociedade civil e dos privados, e que condenam os portugueses a uma vida de sobrevivência. Ou seja, é o “caminho para o socialismo.” Eis a tarefa de Passos, se um dia voltar: salvar Portugal da pobreza socialista.

O Passos Coelho da austeridade nunca mais voltará. Se voltar, será o Passos Coelho do crescimento económico, rumo no qual deixou Portugal quando abandonou São Bento.

POLÍTICA   PEDRO PASSOS COELHO   PSD

COMENTÁRIOS:

Maria Clotilde Osório: Não haverá cortes de pensões!!! Mas o que é que ainda não entenderam? O sistema de financiamento da Segurança Social tal como existe não aguenta a pressão de uma população que dentro de poucos anos não conseguirá que as contribuições da população activa seja suficiente para pagar as prestações sociais. Ou se acorda para o problema e se trabalha para uma verdadeira reforma da SS, criando tectos máximos para o pagamento de contribuições e de pensões (lembro que as pensões afectadas pelos cortes foram as mais altas) ou então aquilo que nos tentarem vender é mais uma vez pura demagogia            Francisco Correia: Deixem o PPC em paz pois, a fazer fé nas sondagens, os portugueses residentes sentem-se muito bem na cauda da Europa. Para os portugueses residentes basta uma bela canção de embalar e mais 10 euritos no final do mês.           manuel soares Martins: A atmosfera política está demasiado envenenada pela mentira e pela sabujice pelo que P.P.C. não teria hipótese nenhuma de vingar se porventura regressasse. A "narrativa" que os portugueses maioritariamente adoptam ( e isso é "mérito" de toda a esquerda que soube vendê-la bem) é-lhe totalmente hostil, pelo que não é de desejar o seu regresso. A imagem de P.P.C. só poderá ser restaurada quando essa narrativa mentirosa, assente em estereótipos reles, tiver muito menos crentes. Só quando a falência da actual governação se mostrar óbvia e a generalidade dos portugueses apreender que foi burlada e o país tem continuado a afundar-se mesmo com tudo a favor, todas as ajudas europeias (e não só), é que se poderá encarar uma nova política de reformas e recuperação do país.        O Serrano: Passos Coelho foi o único estadista patriota depois do 25 de Abril, não houve outro. Houve e há políticos de comédias, teatrais, bem-falantes, de resposta sempre pronta, sem gabarito nem um mínimo de qualidade para os altos lugares que ocupam. Estão para servir a si e as suas clientelas, clientelas estas que abrangem todos os que receiam perder alguma coisa da manjedoura do Estado, seja em lugares, seja em favores, seja em subsídios disto ou daquilo e aqueles e são quase todos, que se não tiverem um lugar político ou afim não têm qualquer alternativa na vida privada, porque muitos, mesmo muitos, nunca antes tiveram profissão nenhuma, foram sempre políticos e mais nada. Tiraram cursos, são todos drs, mas com o tempo esqueceram-se de tudo e já estão a ficar velhos. Andam nisto há 46 anos.           Pmcm: só se ele fosse doido. que se candidate a PR em 2025 que ganha...                Maria Narciso: Passos Coelho foi a " mão atrás do arbusto " de André Ventura. Não saiu de livre vontade e tem vindo a preparar terreno , com o populismo a crescer , acha que esse terreno está propicio .               Joaquim Rodrigues: Em Portugal, qualquer movimento “anti-Sistema” passa pela afirmação de políticas liberais. Por cá, a dicotomia direita/esquerda é apenas um expediente para perpetuar o “Sistema Estatista e Centralista” herdado do Salazar/Cunhal, criaturas gémeas no que aos “totalitarismos” respeita. O “chega” não passa de uma “reminiscência” da facção mais fascistóide do Salazarismo, mas é um grupelho do “sistema”, condenado ao fracasso por se tratar de uma federação de “descontentes e descontentamentos do Sistema” sem qualquer racionalidade, coesão e coerência ideológica. O Passos Coelho, apesar de ter tomado algumas iniciativas liberais e de ter tomado muitas medidas correctas enquanto governante, não soube, quando saiu do governo, construir uma estratégia racional, sólida, coerente e sistemática de oposição. Ficou-se pelo discurso limitado do regresso do “diabo” que, com o andar dos tempos, passou a ser cada vez mais motivo de chacota do Costa. Foi aliás, quando se tornou ridículo, aos olhos de todos, o discurso do “Diabo” que o Passos teve que abandonar a liderança do partido. Assim como o Costa esgotou o seu reportório programático de governo com as “Reversões” e, concomitantemente, esgotou a solução governativa “Geringonça”, também o Passos tinha esgotado o “seu” programa com a concretização do programa da “Troika”.

(Pena foi que tivesse convencido a “Troika” a não fazer a “Regionalização”, ao contrário do que aconteceu na Grécia, que já hoje está a colher os benefícios dessa reforma.) Mas não nos iludamos: nas costas de Rui Rio continua a ser preparada pela “Oligarquia DDT” a “domesticação” e “captura” definitiva do PSD de Sá Carneiro, do PSD da libertação da sociedade civil, do PSD contra o “Estatismo” e “Centralismo” e contra a oligarquia sentada à “mesa do orçamento de Estado”. As cautelas que estão a ter para desferir o “golpe” (o Moedas é o seu candidato) resultam da memória que ainda hoje têm do que lhes aconteceu com os “Opções Inadiáveis”. Passos se quiser regressar tem que retomar o Legado Político de Sá Carneiro e concretizá-lo num Programa Político exaustivo, claro e coerente para o desenvolvimento do País em Liberdade e Democracia. O povo português quer é uma visão geral crítica e sistemática sobre a governação criminosa que está a ser feita. E quer, acima de tudo, uma Estratégia Global de longo prazo para o desenvolvimento do País (a 40 anos) e um Programa de Governo (a 4 anos) coerente com aquela estratégia global. Não interessa que comporte medidas “ditas” de anti-populares como aliás o povo já demonstrou ao dar-lhe a maioria nas penúltimas eleições. Interessa é que sejam uma Estratégia Global e um Programa realistas, verdadeiros, convincentes e claros que comporte as Reformas que o desenvolvimento do País exige. A questão em Portugal é o “Sistema” herdado de “Salazar/Cunhal”, versus, “Liberalismo”. Sá Carneiro não foi assassinado por ser de “Direita”. Foi assassinado por ser “Liberal”.        marcos graça: Excelente texto, precisamos urgentemente do seu regresso, o País está órfão de políticos com a estatura irrepreensível de Passos.       João Paisana: Votarei nesse PSD com a maior convicção e entusiasmo           Paulo Pinto Mascarenhas: O alvoroço das esquerdas sempre que se fala ou se escreve sobre Passos Coelho é a melhor prova de que tem mesmo de regressar à política portuguesa. E o quanto antes. Faz muita falta.         Tiago S: Infelizmente para o centro direita, e provavelmente com consequências que estarão para durar eleitoralmente um geração inteira, Passos Coelho cometeu 2 erros abissais: 1) Não soube tirar a tempo das eleições o pé ao seu ímpeto reformista, isto num país que sempre fugiu da mudança como o diabo da cruz; 2) E foi, digamos assim, muito menino politicamente ao assumir uma posição de estadista que enfrenta o cargo de peito aberto durante uma legislatura inteira sem estar constantemente na lamúria de culpar o PS e o Engº Maravilhas pela bancarrota herdada. Este dois erros custaram e custam ao centro direita o ódio eterno dos funcionários públicos e de muitos reformados, a coligação eleitoral negativa que se formou para dar a consistência política que faz do PS aquilo que é hoje: a apólice de seguro dos que têm direito aos direitos usurpados sistematicamente desde o 25 de Abril, sejam estes de esquerda, centro ou direita, e para o qual o país e os Portugueses não têm dinheiro para pagar. Do Observador espera-se precisamente, entre outras coisas, a denúncia daqueles que pensando o país e a sociedade em liberdade e justiça ao centro e à direita, votam no entanto cinicamente no PS como forma de eternizarem direitos que sabem a que não têm direito, para os quais não contribuíram ou pagaram, e que são uma grilheta amarrada ao país. Quanto ao resto caro João de Almeida, totalmente de acordo com os seus pontos de vista e os óptimos artigos que vem escrevendo.         Maria Antónia Rocha: Excelente artigo. Precisamos urgentemente que Passos Coelho volte à política criva, volte a PM pois só ele poderá colocar Portugal na rota do desenvolvimento económico, convergindo com a Europa e salvando-nos das esquerdas unidas         Graciete Madeira: Excelente artigo.         Fernando Prata: Caro João Marques de Almeida, não posso estar mais de acordo consigo. Sem a Europa e com Costa, Portugal já estaria a caminho de ser a Venezuela da Europa. No entanto, há um pequeno senão que refere no seu excelente artigo: a maioria dos portugueses não percebe o que está a acontecer, nem percebe que foi Sócrates que enterrou o país e que são os amigos dele que o governam. Embora entenda que Passos Coelho foi a última oportunidade deste país se desenvolver, acho que será melhor ele não voltar. Este país não o merece!              João Alves: Se quer combater a narrativa de mentiras propagada pelo PS e demais esquerdas, não diga que o governo de PPC fez cortes nas pensões e nos vencimentos dos funcionários públicos. De facto, no memorando negociado e subscrito pelo governo de Sócrates estipulava-se uma redução de 2/3 da despesa e em aumento de 1/3 da receita. Para atingir esse objectivo, o governo de PPC pretendeu impor uma redução do valor bruto das pensões e do vencimento bruto dos funcionários públicos, os tais cortes, o que foi considerado inconstitucional pelo TC, na sequência de essa inconstitucionalidade ter sido suscitada pelo PS (?) e demais esquerdas. Como solução alternativa para satisfazer os imperativos do memorando, o governo de PPC, dado não poder reduzir a despesa, teve de aumentar a receita para além do previsto naquele documento. Para tanto, teve de proceder a aumento brutal de impostos, nas palavras de Vítor Gaspar, o que implicou uma redução no valor líquido das pensões, dos vencimentos dos funcionários públicos, dos vencimentos dos trabalhadores privados e em nome individual. Assim, por iniciativa do PS e demais esquerdas, uma medida que, por pretender reduzir a despesa do Estado, afectava apenas pensionistas e funcionários públicos, converteu -se numa medida que, para aumentar a receita, passou a afectar a totalidade dos trabalhadores. Bem hajam o PS e demais esquerdas.         Francisco Albino: Só não estou certo de que a política monetária do BCE possa ou deva durar assim tanto tempo. A inundação de massa monetária tem todos os inconvenientes conhecidos: inflação (nomeadamente no imobiliário), perdas nos rendimentos reais dos que têm rendimento fixo (pensões, salários), maus investimentos (nomeadamente por análise de risco facilitadora), índices bolsistas inflacionados, dificuldades no cálculo económico no tempo e na comparabilidade com espaços económicos exteriores.         Alberto Rei: Escavacaram isto, como é normal nas governações do PS, para suprema vergonha teve de vir um organismo controlar as contas como se fôssemos alunos da escola primária, e houve um governo que recuperou alguma dignidade, como ele disse: esteve-se cag....o, para eleições (olha se fosse o PS), e trabalhou em grande.              Simplesmente Maria: Passos Coelho é um homem sério coisa que este país não valoriza..          José Ribeiro: O sebastianismo é uma epidemia que, desde 1580, surge com incrível regularidade em Portugal.            Adelino Lopes 3 apontamentos. 1º) A austeridade não voltará? Como afirma JMA, e bem, por enquanto a política do BCE não o permite. Sim, e quando (se) a inflação mostrar modos de subir na zona Euro e o BCE tiver que recolher massa monetária? Ou o JMA acredita que a acumulação de Euros por parte dos chineses vai continuar indefinidamente? 2º) Passos não volta? Para 1º ministro? Claro que não volta. A menos que fosse tudo aquilo em que não se acredita; ou seja, a menos que não fosse inteligente o suficiente para perceber que existe um tempo para tudo. 3º) Relativamente à austeridade do PPC, é preciso enfatizar que tudo teve origem no governo socialista do Sócrates. É preciso dizer que o 1º corte dos salários (~10%) foi ainda feito pelo Sócrates. É preciso dizer que boa parte (a maioria?) das dívidas geradas pelo Sócrates estavam debaixo dos tapetes ministeriais (swop’s, empréstimos nas empresas públicas, PPP’s, etc, etc) e que a troika só soube depois. Aliás, algumas ainda continuam por pagar.         Alberto Rei: "A coragem e a determinação foram necessárias para governar naquelas circunstâncias. De um lado, havia a troika a fiscalizar o governo, De outro, uma oposição socialista de uma enorme demagogia e populismo, comportando-se como se não tivesse qualquer responsabilidade com a falência de 2011. Passos mostrou as suas qualidades políticas, retirou o país da falência e da autoridade da troika, e regressou ao crescimento económico. Passos não foi o PM da austeridade. Sócrates foi o PM que trouxe a austeridade para Portugal. Passos libertou Portugal da austeridade." Quem disser que é mentira         Miquelino Joanetes > Alberto Rei: Subscrevo 100%! O Passos merecia ter governado e não ter sido apenas gestor de falências!           Carlos Quartel: A cada um as suas batalhas. O autor tem direito ao seu sonho de ver Passos de regresso. Há que perguntar a Passos se está disposto a meter-se neste sítio mal frequentado, em que a política portuguesa se meteu. Que vai motivar Passos a interessar-se pelo bem estar de um povo que continua a votar Costa, apesar dos cem mortos nos fogos, do ucraniano morto â pancada, da tourada GNR/PSP com as carrinhas das vacinas, das hortenses, da TAP, com os seus aumentos e os seus bónus e mais uma série de trapalhadas que dizem da total incompetência deste grupo de aventureiros ?? Para ser enxovalhado nos jornais, caluniado em manifestações, para regressarem às criancinhas que desmaiam com fome, às portas das escolas e os velhos a morrerem nas escadas dos hospitais??Com o Costa até aceitam que um fabiano qualquer justifique a não vacinação dos velhos com o argumento de que isso pouco aliviaria as UCI. A prioridade é manter os hospitais vazios, não salvar vidas. Com tudo isto 40% de intenções de voto. Melhor Passos fazer pela vida e deixar-se de aventuras.          Maria Narciso : Passos Coelho não voltará como Governo Hugo Gonçalves: Ñ sei se Passos Coelho voltará, nem sei q política executaria se voltasse. Mas independentemente da competência de Passos Coelho, triste o partido e toda uma ala q eventualmente esteja dependente do regresso de um homem para a salvar. Se em 8 ou 10 anos, nenhum político aparecer para liderar a direita, é sinal q essa direita está mto, mto mal.

Um belíssimo texto


De Teresa de Sousa, que, uma vez mais atesta a sua argúcia expositiva, sempre bem informada, e a sua grande sensibilidade na análise dos procedimentos de solidariedade em relação, não só à rapidez de descoberta científica de uma vacina urgente, como à sua distribuição simultânea e proporcional por todos os países da União Europeia, como, de resto, se fez nos Estados Unidos, reveladora de uma absoluta consciência moral dos dirigentes europeus (e americanos), com destaque para Ursula von der Leyen «o rosto tranquilo deste “milagre”, simbolizando a instituição europeia que tem como dever fundamental garantir o interesse comum». Uma mulher bem informada e bem formada, Teresa de Sousa.

OPINIÃO CORONAVÍRUS

Um pequeno passo de gigante

A distribuição simultânea da vacina em todos os Estados-membros tem um enorme significado: igualizou a capacidade de fracos e fortes para negociar no mercado a sua compra.

TERESA DE SOUSA

PÚBLICO,27 de Dezembro de 2020

1. Talvez não haja nada de mais simbólico do valor da União para os seus 450 milhões de cidadãos do que este momento. Nos 27 Estados-membros, independentemente da sua riqueza, da sua dimensão, da sua economia, da sua história, da sua cultura, vão ser hoje aplicadas as primeiras vacinas contra a Covid-19 (A Hungria e Eslovénia acabaram por antecipar o calendário acordado). Os critérios escolhidos a nível nacional são igualmente muito semelhantes: para além dos profissionais de saúde, primeiro estão os mais frágeis. As imagens falarão por si. Hão-de preencher ao longo do dia os programas das televisões. Vão permitir palavras entusiásticas dos responsáveis políticos. Ursula von der Leyen será o rosto tranquilo deste “milagre”, simbolizando a instituição europeia que tem como dever fundamental garantir o interesse comum. A Europa exultará de orgulho, mesmo que sejam apenas simbólicas as doses que hoje começam a ser inoculadas. Mesmo que o processo seja lento e haja ainda dúvidas sobre o abastecimento necessário para atingir rapidamente em cada país os números que garantem a imunidade de grupo. Como sempre, a realidade tem duas faces.

2. No dia 18 de Dezembro, a Der Spiegel pintava um retrato um pouco mais realista desta grande aventura. “São imagens de esperança: enfermeiras a serem vacinadas; paletes de pacotes de vacinas a serem distribuídas em voos especiais; mayors exultando com ‘o principio do fim’ da pandemia. Estas imagens chegam dos Estados Unidos. Nada de parecido aconteceu na Europa até hoje”. Prossegue a revista: “O contraste não permite enganos. De um lado, está uma administração Trump supostamente incompetente, que fornecerá vacinas a 20 milhões de americanos nas próximas duas ou três semanas. No fim de Março, o plano prevê que cerca de 100 milhões de americanos tenham já levado as duas doses.” A revista não refere, mas a operação “Warp Speed”, da responsabilidade das Forças Armadas, é das poucas coisas em que Trump conseguiu acertar, antecipando a sua necessidade. A Spiegel lembra ainda que foi um laboratório alemão que produziu a primeira vacina, o que torna o contraste ainda menos compreensível. O Reino Unido e o Canadá foram ainda mais rápidos na sua aprovação, sem que ninguém duvide da qualidade das respectivas agências que têm essa responsabilidade. A Europa é lenta. O que se compreende quando é preciso conciliar a vontade de 27 países. Mas é bom manter os pés assentes na terra. É a única forma de preservar o que se conseguiu em 2020, o ano em que os europeus viveram a sua maior crise desde a II Guerra e em que a União Europeia soube, apesar de tudo, responder em conformidade.

3. A distribuição simultânea da vacina em todos os Estados-membros tem um enorme significado: igualizou a capacidade de fracos e fortes para negociar no mercado a sua compra, independentemente das doses de que cada um necessita. Dos 80 milhões de alemãs aos 450 mil luxemburgueses. Isto aconteceu graças, em boa medida, aos esforços da presidente da Comissão que conseguiu pôr de pé uma estratégia comum de aquisição, não imediatamente aceite por todos. A tentação do “cada um por si” ainda se manifestou, embora sem muitos adeptos. As coisas teriam sido muito diferentes caso não tivesse havido um Conselho Europeu em Julho, o segundo mais longo da história da Comunidade europeia, em que foi possível um acordo merecidamente qualificado de histórico. Significou um dos momentos mais altos da solidariedade europeia, devidamente entendida: ou seja, ajudar alguns beneficia todos. O montante dessa ajuda colectiva, que soma 1,8 biliões de euros, entre o Fundo de Recuperação e o Orçamento Plurianual, parece-nos de uma dimensão extraordinária. Sabemos que foi um passo enorme no fortalecimento da integração europeia, incluindo a sempre difícil partilha de riscos, que alguns dos países mais ricos do Norte não queriam sequer considerar, antes que a pandemia transmitisse um sentimento de destino comum que acabou por prevalecer.

Mas, mais uma vez, estes números com tantos zeros à direita que só as calculadoras científicas conseguem registar, perdem um pouco da sua cor quando comparados com os que traduzem as ajudas aprovadas no Congresso norte-americano. É verdade que a União une nações e os Estados Unidos são uma nação. Mas são uma nação que, com este ou com qualquer outro Presidente, não olha a meios quando é preciso vencer uma crise. Foi assim na crise financeira de 2008. Foi assim na Grande Depressão de 1929. É assim agora. As duas farmacêuticas que venceram a corrida da vacina são americanas: a gigante Pfizer e pequena Moderna. É verdade que, como lembrava a Spiegel, foi uma empresa europeia que fez a descoberta da vacina. Mas é preciso lembrar a história completa da colaboração entre a BioNTech e a Pfizer, que é, ela própria, uma lição. Um casal de imigrantes turcos de segunda geração e um grego de Tessalónica consideraram que tinham alguma coisa em comum: partilhavam a mesma história de imigração e de amor pela ciência; vinham das margens da Europa; viam-se como cidadãos do mundo. Nasceu daí a sua colaboração. Os seus nomes são mais estranhos na Europa do que nos EUA, onde os CEO das grandes multinacionais ou das empresas de excelência representam uma cacofonia verdadeiramente única no mundo: Albert Bourla, Ugur Sahin e Ozlem Tureci.

Por trás desta capacidade científica esteve também uma decisão do nosso bem conhecido dr. Fauci. Quando, na década de 1990, tentava encontrar uma vacina ou um medicamento que travasse o HIV resolveu criar o “Cento de Investigação de Vacinas”, reunindo cientistas de diferentes disciplinas, permitindo uma enorme acumulação de saber. Na mesma década, uma cientista húngara a trabalhar na Universidade da Pensilvânia, Katalin Kariko, previu o poder das terapias assentes no “mensageiro RNA” para combater as mais variadas doenças, declarando obsoletos outros métodos científicos. Na altura, ninguém lhe deu muita importância, embora a investigação tivesse continuado numa universidade do Wisconsin. São apenas alguns dos inúmeros pequenos e grandes passos do caminho que levou até à vacina que hoje os portugueses vão começar a receber. Não há nesta corrida europeus contra americanos. Há apenas europeus e americanos. As virtudes das sociedades abertas – aos imigrantes, à cooperação internacional, à partilha de saberes à circulação de pessoas e de ideias –saíram claramente vencedoras.

4. Von der Leyen chamou-lhe um alívio cheio de uma “doce tristeza”. Boris Johnson, para além do seu exuberante e exagerado “grito do Ipiranga”, teve algumas palavras de bom senso. O Reino Unido e a União Europeia continuarão a partilhar “os mesmos sentimentos, as mesmas emoções, a mesma cultura, a mesma história, a mesma geografia, os mesmos interesses estratégicos.” O que é provavelmente verdade, mas levanta imediatamente uma questão: então para quê? A “Global Britain” ainda está por concretizar. O globo não é um lugar tranquilo. O regresso da América ao seu tradicional papel liderante do mundo livre não premeia o caminho escolhido por Londres.

O que foi, no entanto, mais paradoxal em muitas das reacções europeias ao acordo foi a necessidade constante de afirmar que a “força” esteve do lado de Bruxelas. No dia de Natal, um dos títulos mais comuns a alguma imprensa europeia referia o facto de a União Europeia poder adoptar represálias em 20 dias, caso o Reino Unido não cumprisse o acordo. Porquê tanta insistência? Ou tanta desconfiança? Ou tanto receio? Porque a Europa, forte ou fraca, também precisava de um bom acordo que não afastasse o Reino Unido das suas costas. Porque é o maior destino das suas exportações e, em primeiro lugar, da máquina exportadora alemã (o país que lhe compra mais BMW). Porque tem a maior capacidade militar da Europa, numa altura em que a Europa tenta fazer da “autonomia estratégica” a sua nova utopia. Porque a sua capacidade de I&D é enorme.

Como disse a presidente da Comissão, este acordo permite que todos ganhem. Foi, indiscutivelmente, outro bom resultado do ano que marcou de forma indelével o destino da Europa.

tp.ocilbup@asuos.ed.aseret

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manuel.m2
INICIANTE:
O acordo agora conseguido terá de ser, em virtude dos Tratados Europeus, primeiramente traduzido em todas as línguas nacionais, (todas as suas 2.000 páginas incluindo anexos), para ser então debatido no Conselho Europeu e, se nenhum dos 27 Governos vetar o texto, ser devidamente aprovado. O mesmo procedimento deverá ser seguido em todos os Parlamentos Nacionais. Finalmente cabe ao Parlamento Europeu que é, devemos lembrar, o único Órgão da União Europeia que é directamente eleito pelos seus Cidadãos, escrutinar detalhadamente os termos do Acordo para depois este ser levado á votação. Mas "Não há tempo" diz a Comissão e há que aprovar imediatamente porque depois, lá para 2021, vão ter todo o tempo para debaterem o que quiserem. Uma "Grande vitória"? Sim, para os inimigos da UE. 27.12.2020       Roberto34 MODERADOR: Manuel a aprovação é provisória. Além disso, os países têm sido continuamente informados das negociações. O conteúdo do acordo já é conhecido pelos Estados Membros quase a 100%. Assim como o Parlamento Europeu.            manuel.m2 INICIANTE: Não é verdade. Ninguém fora da Comissão, e mesmo assim dentro dela apenas um número muito restrito tem um conhecimento global do texto. Quanto à "aprovação provisória" o Roberto tem um apurado sentido de humor.           Joao MODERADOR: Ninguém leu nem vai ler. Aquilo foi a Úrsula, ou a Merkel, a chegar-se à frente e dizer "assinem essa porcaria de acordo" e pronto. Depois há milhões de euros para os advogados que escreveram aquilo mostrarem os buracos e lacunas a explorar a quem pagar mais. Assinatura de cruz. O mesmo com a aprovação da vacina no dia 21, alguém acredita que a vacina não fosse aprovada? Que já estava "aprovada" automaticamente há meses? Alguém acredita que foram ler os relatórios sequer, e muito menos pedir investigação a isto ou aquilo para aprovar? Ninguém sequer leu e claro assinaram de cruz o que as farmacêuticas acreditadas escreveram. Lembro o tratado de Lisboa que à saída o argumento contra o referendo é que era muito complicado e que ninguém entendia nem lia, mesmo os que o "aprovaram".           Roberto34 MODERADOR: Apenas me limito a seguir os procedimentos que saem nas notícias. O Manuel acredita se quiser. Facto: os Estados Membros já têm conhecimento quer das negociações quer dos detalhes. João, lamento informá-lo de que o mundo da fantasia e de teorias de conspiração em que vive não existe. Você tem mesmo noção dos disparates que escreve?           Luis Rocha INICIANTE: OK, Boomer. Só uma visão muito centrada no Atlântico poderia dizer: "a União Europeia soube, apesar de tudo, responder em conformidade," mais enaltecer a resposta americana. O número de mortes por milhão de habitantes na Europa (máximo na Bélgica, mínimo na Finlândia) e nos EUA é inaceitável, comparado com Taiwan, Nova Zelândia, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Singapura, Vietname. Não ajuda esconder estes factos. Não devemos desculpar os líderes ocidentais por isto, até para que haja uma resposta melhor à próxima pandemia. Se não fosse a desculpa do Trump ser pior, a resposta europeia teria sido revelada pelo fracasso que foi. Por favor, mais pensamento crítico, pela nossa saúde! As sociedades da Ásia-Pacífico saíram de longe melhor nesta pandemia. Só comentadores muito boomers, podem ver uma resposta boa no Atlântico. Não estamos no século XX.         Joao MODERADOR: Concordo claro. E repare que estes textos laudatórios que falam sobre tudo, conseguem sempre não utilizar, nem uma só vez, a palavra "morte" de mais de meio milhão de homens e mulheres europeus que morreram directamente (fora as mortes indirectas). Nem uma só vez.          Luis Rocha INICIANTE: Bem visto João. Nem tinha reparado.           José Cruz Magalhaes MODERADOR: A pandemia acabou por evidenciar a capacidade de resposta que a Europa e a UE conseguem demonstrar, em situações de crise, no teste que a rápida transmissibilidade do SARS-Cov-2,acabou por provocar. Em acréscimo, ainda conseguiu resolver uma crise interna, provocada por uma saída anunciada de um dos países membros. É um ano intenso e horribilis, mas que reafirmou a capacidade de resistir a crises, que as nações e a EU têm sabido incrementar.          Roberto34 MODERADOR: Subscrevo. PSG MODERADOR: Duvido que o bastonário da ordem dos médicos alemães tenha sido dos primeiros a ser vacinado por lá. Infelizmente não nos conseguimos libertar do sistema de castas que as auto-intituladas elites impõem aos concidadãos, pelo que não surpreende a incapacidade crónica para nos desenvolvermos, tanto ao nível societário como económico.        Joao MODERADOR: Esperançoso texto, certo que precisamos, mas também branqueador das mortais decisões tomadas por fanatismo ideológico. Um pouco menos este que o editorial do caro Manuel, mas também branqueador. Imagine-se que quer um quer outro texto nem uma vez usam a palavra "morte" de que mais de meio milhão de europeus já padeceram. É obra. Já agora uma palavra sobre a Úrsula, com quem eu simpatizo logo á partida pois é uma mulher com sete filhos. Aquilo em Bruxelas é um misto de três ou quatro gatos Alfa e umas duas dúzias de peluches e muitos "tecnocratas" de barriga cheia, e deve ser difícil, mas foi a única que teve a decência e pediu desculpa e isso não esqueço. Também desconfio que teve acção política no acordo Brexit que andava enrolado em tretas, tardiamente decerto, mas penso que decisiva. Não sei, mas até parece uma pessoa se compararmos com o sebento Cherne, do bêbado "luxleaks", do aldrabão "corkleaks", e demais camarilha boçal e criminosa.          FPS INFLUENTE: Estou de acordo, como não estar?, com a quase generalidade das considerações de Teresa de Sousa. Mas o facto de a Alemanha, Hungria e Eslovénia terem destoado do extraordinário significado e simbolismo das primeiras tomas da vacina se processarem, para todos os estados membros, na mesma data compreende um importante significado político, ainda por cima, assumido por três estados de grande influência cultural germânica. Talvez um dia (destes?) Teresa de Sousa melhor nos esclareça o por quê deste desfasamento... Mas que é esquisito, lá isso é. Roberto34 MODERADOR: O calendário não foi acordado. Era apenas indicativo uma vez que as vacinas só chegaram apenas ontem. A Holanda por exemplo só planeia começar a vacinação em Janeiro. O objectivo de VdL era que as vacinas entrassem nos países todos no mesmo dia.             FPS INFLUENTE: Sempre oportuno e sempre bem informado sobre o que se passa na nossa UE. Agradecido, caro Roberto34.  Roberto34 MODERADOR: Von der Leyen tem tido de facto uma gestão e governação excelentes (juntamente com a sua equipa). Em pouco mais de 1 ano já teve muitos momentos históricos: teve a humildade de pedir desculpa aos Italianos pelo início atribulado da gestão da crise pandémica, conseguiu aprovar um fundo de recuperação financiado por emissão de dívida Europeia, conseguiu um acordo comercial com o RU, conseguiu coordenar a gestão da pandemia e garantir que todos os países Europeus recebam as vacinas no mesmo dia, entre outros feitos como o novo pacto verde, etc. Apesar de alguns erros, a Europa está de facto de parabéns e haja esperança para um 2021 melhor.           Jacob van der Sluis INICIANTE: Muito boa analise, com esperança.

 

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Ainda existem algumas…


...toneladas de ouro, fruto do trabalho negreiro, nas minas sul-africanas, nos tempos em que, tendo partido descalços, os magaíças chegavam calçados dessas minas de ouro, para onde iam trabalhar – imagem das minhas memórias juvenis, os pés calçados dos magaíças de retorno. E como foram referidas por Salles da Fonseca, na continuação desta sua excelente análise sobre o desenvolvimento económico português, lembrei-me de procurar um texto, na Internet, que aclarasse o destino dessas tais toneladas de ouro que constituíam aparente segurança, naqueles tempos de esbulho álacre que se seguiram ao 25 de Abril. Escolhi, entre outros, o de José Paiva Capucho, do Observador, de 30 de Maio de 2020, apesar da sua classificação de enganador. Alguma verdade terá, embora de pouco conforto nos sirva, neste nosso desenvolvimento “à deriva e aos baldões”, na designação realista de Salles da Fonseca.

DO DESENVOLVIMENTO - 4        À DERIVA E  BALDÕES

HENRIQUE SALLES DA FONSECA          A BEM DA NAÇÃO, 29.12.20

Resulta linearmente dos textos anteriores sob esta mesma epígrafe que só por milagre poderíamos ser um país globalmente desenvolvido. Mas convenhamos que já vai sendo tempo de deixarmos de «brincar aos países» e de assentarmos os desígnios da Nação em bases solidamente amadurecidas.

* * *

Num brevíssimo tour d’horizon, o nosso modelo de desenvolvimento foi durante séculos de cariz imperial como forma de sobrevivência face à cobiçosa ameaça do vizinhomais do que de desenvolvimento, o modelo era de sobrevivência e durou de 1415 a 1974. A trapalhada institucional da primeira República não definiu um modelo económico e sob o consulado salazarista o modelo sui generis do corporativismo não teve outro propósito do que tentar ser solução alternativa ao capitalismo e ao comunismo mas que tudo submeteu ao reequilíbrio das contas públicas foi um modelo em que o desenvolvimento se viu secundarizado pelo dito equilíbrio entretanto endeusado até ao entesouramento compulsivo (as famosas 800 toneladas de oiro nas caves do Banco de Portugal[i]). Com o Professor Marcelo Caetano sim, ensaiou-se uma tentativa desenvolvimentista mas não houve a coesão política interna no Regime que que permitisse uma evolução política sem sobressaltos nem um arejamento económico que suplantasse atrasos evidentes e desse corpo às expectativas sugeridas pelo então Chefe do Governo. Mas os «ultras» opuseram-se e não foi possível acabar com o caduco corporativismo nem com o condicionamento industrial (que só foi liquidado - já depois de termos banido a tentativa de sovietização da sociedade portuguesa - no Governo presidencial chefiado por Maria de Lourdes Pintasilgo).

* * *

E assim andámos à deriva e aos baldões entre um modelo retrógrado e uma tentativa sovietizante para regressarmos a um verdadeiro nihilismo no que se refere a consistência doutrinária uma vez que a orientação «davosiana» ou «bilderberguiana» então já prevalecente no mundo ocidental era (e continua a ser) Digam e façam o que quiserem desde que a prática política seja liberal. Daqui resulta que, afastadas da área da governação quaisquer soluções totalitárias de inspiração marxista, o «politicamente correcto» é liberal apesar de prevalecerem na gíria alguns vícios de fala como, por exemplo, as GOP’s (Grandes Opções do Plano) em vez de, mais prosaicamente, se referir o EDP (Esbanjamento de Dinheiro Público) opções aquelas comummente preferidas por critérios alheios à rentabilidade do investimento. Disso é prova a pobre relação que durante anos a fio houve entre a FBCF[ii] e o crescimento do PIB.

Num cenário monolítico assim definido, os Partidos genuinamente democráticos tendem a esquecer as suas próprias raízes doutrinárias e a perfilarem-se como meros grupos de interesses e de pressão. O pluripartidarismo a transformar-se em pluriclubismo.

E isto tem mesmo que ser assim? Não creio e, pelo contrário, tenho como imprescindível que os Partidos genuinamente democráticos regressem à militância doutrinária, referendem os respectivos programas de Governo e propostas de bem comum. Aqui deixo os meus votos de que a Democracia pluripartidária volte a ser a cena referendária das propostas de bem comum.

(continua)

Dezembro de 2020          Henrique Salles da Fonseca

[i][i] - Sobre as reservas de ouro, ver o tema na perspectiva do trabalho «magaíça» nas minas sul-africanas      [ii] - Formação Bruta de Capital Fixo, vulgo Investimento

Tags: "economia portuguesa"

 

NOTAS DE APOIO

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Portugal em 1974 não devia um cêntimo e tinha uma das maiores reservas de ouro do mundo, ao contrário de hoje?

Não é verdade que Portugal não devesse um cêntimo em 1974, apesar de a dívida pública ser inferior à actual. Em 1974, estava em 8º lugar no ranking das reservas de ouro e hoje está em 14º lugar.

JOSÉ PAIVA CAPUCHO

OBSERVADOR, 30 abril2020

A frase

Portugal em 1974 não devia um cêntimo e possuía uma das maiores reservas de ouro do mundo! E hoje?

Começou a circular uma publicação no Facebook, a 23 de abril, que dizia o seguinte na legenda: “Portugal em 1974 não devia um cêntimo e possuía uma das maiores reservas de ouro do mundo! E hoje?”. Já conta com 15,5 mil visualizações e 122 partilhas. Esta publicação é, no entanto, enganadora. Apesar de a dívida pública de hoje ser substancialmente superior à de 1974, não é verdade que Portugal não devesse um cêntimo naquela altura. Em matéria de reservas de ouro, se nessa altura Portugal era a oitava nação com a maior reserva (integrando o top10), hoje é a 14ª (integrando o top20). Ou seja, publicação mistura factos que não são totalmente precisos, induzindo quem a lê numa conclusão errada.

Para verificar a credibilidade desta informação é preciso dividi-la em duas partes: primeiro, apurar como era a dívida pública em 1974 e nos dias de hoje e, em segundo lugar, apurar a parte das reservas de ouro entre os dois períodos. Desde logo, embora a publicação no Facebook junte estas duas referências, não há nenhuma relação directa entre o valor da dívida pública e o nível das reservas de ouro, por isso vamos analisar individualmente as duas alegações.

Comecemos pela dívida pública, que cresce bastante a partir da segunda guerra mundial e vai acentuar-se nos anos 1970 — fruto dos encargos/despesas com a guerra colonial, a explosão da emigração e o crescimento do turismo, sobretudo nos anos 1960, que criaram oscilações durante o Estado Novo (quer positivas quer negativas). É muito habitual surgirem publicações nas redes sociais em defesa da política financeira, “das contas certas”, do Estado Novo e, em especial, de António de Oliveira Salazar.

Para se perceber a evolução da dívida pública é necessário calculá-la em função do Produto Interno Bruto (PIB), para estar de acordo com as instituições europeias. O Observador contactou o Banco de Portugal que, assumindo que “não dispõe de séries longas oficiais da dívida pública portuguesa”, facultou dados de instituições internacionais, como a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional, deixando nota que se trata de uma fonte externa, não podendo o BdP “atestar a qualidade/consistência destas estimativas”.

Em 1974, a dívida pública equivalia a cerca de 13,5% do PIB, ou seja, da riqueza gerada na altura em que se deu a revolução dos cravos, segundo os dados do FMI. Quando um Estado gasta mais do que as suas receitas, regista um défice público e tem de emitir dívida – o que aconteceu durante a presidência de Salazar. O Estado Novo não foi, por isso, excepção.

Hoje, a dívida representa 117,7% do PIB, segundo dados oficiais da Pordata, que também podem ser encontrados no relatório do Conselho de Finanças Públicas. Portanto, a dívida pública é hoje muito maior, apesar de ter existido dívida nos dois períodos de tempo.

Para se verificar esse crescimento é preciso avaliar diversas variáveis ao longo do tempo da nossa democracia, como a altura do resgate financeiro a Portugal em 2011, o resgate dos bancos ou a própria recessão portuguesa. E também é importante salientar que a partir do momento em que o Estado Novo foi derrubado, foi preciso investir em sectores como a educação ou a saúde — ou seja, houve mais despesa. Mas esses dados não são aqui necessários para se perceber algo óbvio: o valor da dívida pública é, de facto, muito maior ctualmente, como foi até noticiado.

Mas não é verdade que não houvesse dívida em 1974. Havendo dívida pública em 1974, significa que Portugal estaria a dever dinheiro que pediu emprestado, contrariando a ideia de “não dever um cêntimo”. Quer durante o Estado Novo, quer em democracia.

Agora, vamos à segunda parte: as reservas de ouro que são geridas pelo Banco de Portugal hoje e que não se encontram todas no país. Essas reservas podem tanto ser um recurso para eventuais crises financeiras como para serem usadas como fonte de rendimento de instituições bancárias que as detenham. Não poderiam, por outro lado, suprimir todas as necessidades económicas de um país — nem pagar toda a dívida pública portuguesa que atinge 251,1 mil milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal. No entanto, o uso das reservas de ouro não é assim tão linear e tem sofrido alterações ao longo do tempo.

De facto, Portugal tinha uma das maiores reservas de ouro do mundo. Segundo o Banco de Portugal, em 1974, o país tinha 865,94 toneladas de ouro, estando em oitavo lugar num ranking a nível mundial, sendo essa uma das marcas históricas do legado de Salazar. O ditador chegou a ser apelidado pela Bloomberg como o “melhor investidor sem ganhos do mundo” — em 24 anos, adquiriu 695 toneladas de ouro à base de exportações de volfrâmio ou de atum enlatado. Mas, simultaneamente, Portugal era um país profundamente pobre e rural e estava atrasado comparativamente a outros países. Essa valorização do ouro começou a diminuir a partir de 1971, porque se antes o ouro detido por cada país era a referência para a emissão da moeda, a partir desse ano deixou de o ser, quando os Estados Unidos da América decidiram não converter o dólar em ouro. Essa referência passou a estar dependente de outros factores, como do PIB.

Neste momento, e segundo os dados mais recentes (que são de 2019), Portugal está em 14º lugar no ranking mundial de países com as maiores reservas de ouro, segundo dados do World Gold Council. À semelhança dos anos anteriores, a quantidade de ouro detida pelo (BdP (382,5 toneladas) não sofreu alterações em 2018, a última data para a qual temos dados oficiais. Traduzindo para milhões: representam 13,786 milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal. Ou seja, apesar de ter descido no ranking mundial de reservas de ouro, quando se compara esta posição com a de 1974, Portugal continua a estar no top 20. Mesmo assim, com todas essas toneladas, não seria possível usar as reservas de ouro para pagar toda a dívida pública, como refere a publicação do Facebook.

Convém também dar algum contexto relativo às reservas de ouro portuguesas. Após o 25 de abril, Portugal decidiu começar a vender o ouro. E, antes de recorrer pela segunda vez na história ao Fundo Monetário Internacional (FMI), na década de 1980, voltou-se novamente para as reservas de ouro, que foram oscilando entre valores estáveis e em decrescendo.

Em 1999, foi feito o Acordo dos Bancos Centrais sobre o Ouro, assinado entre o Banco Central Europeu e outros bancos de países europeus, onde se incluiu Portugal, e que dizia o seguinte: as instituições signatárias não participarão nos mercados como vendedoras, à excepção das vendas já decididas“, limitando as vendas anuais de ouro nas 400 toneladas.

A par disso, em 2004 foi feita uma venda concertada dessas reservas entre vários países da Europa, onde também se incluiu Portugal. Mais: “Os proveitos realizados com as vendas de ouro ficam retidos no Banco de Portugal e são consignados a uma reserva especial que constitui parte integrante dos capitais próprios do banco”, lê-se no documento. No entanto, esse acordo já não existe — até porque houve bancos centrais a comprar ouro e não a vender -, ou seja, o Banco de Portugal tem independência em relação ao Estado sobre as reservas de ouro.

Contudo, faltará perceber se existe essa intenção por parte do Banco de Portugal, e se isso traz benefícios para o país, durante a crise da Covid-19. Para já, segundo o Observador apurou, não existe essa intenção. Até porque, por exemplo, na crise financeira de 2011, apesar de o uso das reservas de ouro ter sido discutido, estas não chegaram a ser utilizadas.

Conclusão

Em 1974, ano da revolução dos cravos, Portugal tinha uma dívida pública a rondar os 13,5% do PIB. Actualmente, esse valor chega aos 117,7% do PIB. É, de facto, um valor muito mais alto, mas, no entanto, não é verdade que Portugal “não devia um cêntimo” porque, como se verificou, tinha dívida pública. Quanto às reservas de ouro, durante o período do Estado Novo, Portugal acumulou muitas reservas de ouro, colocando-se no oito lugar do ranking mundial. Hoje em dia ocupa a 14ª posição. Mas é preciso referir que o peso do ouro é hoje muito diferente ao que tinha nos anos 70, principalmente quando a sua posse deixou de contar como referência para a emissão de moeda. Durante esse largo período, Portugal já vendeu ouro, não mexeu nas reservas e, para já, não se sabe ainda se o voltará a fazer. No entanto, é certo dizer que mesmo com essa venda, o país nunca iria abater o valor total da dívida pública.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador este conteúdo é: ENGANADOR No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é: ENGANADOR: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta. Nota: este conteúdo foi seleccionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

COMENTÁRIOS

Anónimo 30.12.2020: Post corajoso e profundo, Henrique. Algumas linhas para corroborar contigo sobre a tentativa de liberalização económica que, com o Prof. Marcello Caetano, perpassou a sociedade portuguesa. Regressado de Moçambique, em finais de 1971, e estando colocado no então Banco de Fomento Nacional, de cuja Administração haveriam de sair para o Governo (o último do Regime) dois Ministros (Prof. Daniel Barbosa e Dr. Manuel Cotta Dias) e um Secretário de Estado (Dr. Luís Sapateiro), tinha um posto de observação privilegiado sobre a vida económica do País, onde não faltava a dinamização do mercado de capitais, ou, dito de outra forma, a especulação bolsista. Li muito sobre a vida política desse período, mas pouco sobre a economia. Não quero dizer que as amplas biografias de Marcello Caetano saídas há poucos anos não a foquem, mas como as não li, desconheço. Em qualquer caso, para os teus leitores que não sejam “desse tempo”, ou sendo, tenham curiosidade em aprofundar o assunto, aconselho o livro de Filipe Fernandes “Os empresários de Marcello Caetano” (2018). Estivemos perante política de desenvolvimento económico, liberalização económica regulada e programa de investimentos público e privado. Foram lançados projectos industriais, como Sines, fábricas de cerveja, de celulose e de cimento, além de construção da barragem do Alqueva, do novo aeroporto de Lisboa e de auto-estradas. Paralelamente, também tivemos “guerras” bem acesas entre empresários que levou ao sacrifício de alguns membros do Governo, como o Eng. Rogério Martins, que tinha o handicap de ser originário da CUF. (Ele chegou a ser meu Vice-Presidente no BFN, antes do 25 de Abril, mas tive um contacto mínimo. Na década 80, tive oportunidade de trabalhar com ele e constatar o seu elevado nível intelectual e a sua visão industrial do futuro). Aliás, algumas personalidades, que tiveram um papel de relevo após o 25 de Abril, emergiram com Caetano. Lembro-me do Dr. João Salgueiro, do Dr. Xavier Pintado, do Dr. Nogueira Brito, do Dr. Alexandre Vaz Pinto e do Dr. Joaquim Silva Pinto, os chamados tecnocráticos. Recordo ainda que em 1973 deu-se o famoso choque petrolífero que muitos historiadores o assinalaram como o termo dos anos dourados subsequentes ao termo da 2ª guerra mundial, bem como o início da "derrocada" ou das décadas de crise.
Deixa-me terminar com uma frase do
insuspeito Vasco Pulido Valente: “Marcello tirou o País do passado. Apesar da guerra, em 5 anos, fez um esforço de “modernização” (a palavra é sua) quase sem paralelo na história moderna portuguesa”. Abraço e Feliz Ano Novo. Carlos Traguelho

Henrique Salles da Fonseca 30.12.2020:  Fazes muito bem em lembrar estes factos e realidades incontestáveis. José António Pessanha