segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Humor do melhor


De Helena Matos. Uma curta pérola irónica sobre o governo que nos rege e nós os regidos, relativamente às atitudes protestantes de dois estrangeiros imigrantes – um senegalês e um yuguslavo. Alguns dos cerca de 200 comentários esclarecedores ou laudatórios.

Mamadou/Ljubomir: descubra as diferenças. As nossas, claro /premium

Mamadou é activista, Ljubomir cozinheiro. Os cozinhados de Ljubomir, caríssimos, só paga e come quem quer. Já a retórica inflacionada de Mamadou somos obrigados a ouvir e pagar.

HELENA MATOS    COLUNISTA DO OBSERVADOR

OBSERVADOR06 dez 2020, 01:15169

Dizer que Ljubomir, não estando de acordo com as medidas tomadas pelo governo português, deve fazer a mala e voltar para a parte da Jugoslávia onde nasceu é uma atitude consequente e legítima da boa cidadania. Defender que Mamadou devia ir para a terra onde nasceu – o Senegal – em vez de estar aqui num país onde só vê racistas e colonialistas é promoção do discurso de ódio e racismo. Primeira diferença: se o nascido em terra alheia disser mal do PS ou questionar algo que possa beliscar o extraordinário acerto do nosso actual governo não merece viver entre nós. Pelo contrário devemos penitenciar-nos diante de um nascido noutra parte do mundo desde que este diga mal da História de Portugal.

Quando Mamadou diz que há que matar o homem branco estamos perante uma metáfora. Já Ljubomir ao comparar o primeiro-ministro português com Milosevic comete um inqualificável e literal insulto. Segunda diferença: as metáforas são um privilégio dos activistas promovidos pela esquerda.

Perguntar de que vive Mamadou ou referir quanto lhe tem sido pago pelo estado português é uma atitude logo vista como persecutória e obviamente nunca colocada nos devidos termos. Por exemplo, o Polígrafo explicou que a frase que dizia que Mamadou “fez negócios com a Câmara de Lisboa no valor de 157 mil euros” era falsa. Não porque Mamadou não tivesse de facto recebido os tais 157 mil euros mas porque “o même difunde uma falsidade ao referir-se a “negócios” que consistem afinal em remunerações por trabalho realizado de assessoria ao Grupo Municipal do BE junto da Assembleia Municipal de Lisboa.” Percebido? Mamadou recebeu a quantia em causa, mas não foi um negócio. É de facto aqui que está o busílis da questão, ou parte dele: Mamadou é activista, sendo que parte da sua actividade consiste em culpabilizar-nos por aquilo que fizeram os portugueses dos séculos XV e XVI. Por estranho que pareça, Mamadou consegue não só dinheiros públicos para levar a cabo essa sua actividade como questioná-la nos transforma automaticamente em proprietários de navios carregados de escravos ou seus descendentes directos. Pelo contrário o senhor Ljubomir, que viveu a guerra da Bósnia e da qual foi refugiado, optou por não fazer modo de vida da culpabilização dos países europeus pelo desastre jugoslavo (no século XX e não no XV), e tornou-se empresário. Terceira diferença: a pátria socialista paga ao activista e desconfia do empresário. Devemos desconfiar dos empresários, de todos eles mas sobretudo dos pequenos empresários. Devemos respeitar o activista desde que a actividade do activista seja a desconstrução da nossa sociedade ocidental, de raiz cristã. (Aliás fora dessa estrita área nada mais interessa ao activista. Por exemplo, apesar da fixação que Mamadou Ba mostra pelo esclavagismo nunca até agora se interessou pelo papel dos diversos chefes e reis africanos ou dos mercadores muçulmanos no tráfico de escravos a partir de África. Muito menos o vimos ou ouvimos abordar o destino dos pescadores algarvios, habitantes do litoral, tripulações e passageiros de navios sequestrados por piratas na costa portuguesa e levados como escravos para Argel. Fora da culpa do homem branco e cristão não há activismo.)

Podemos continuar a elencar as diferenças que estabelecemos quando nos relacionamos com estes dois imigrantes que entretanto conseguiram a nacionalidade portuguesa. Mas há que ter em conta que essas diferenças dizem muito mais sobre o país que somos do que sobre ou Mamadou ou Ljubomir: Portugal é um país onde não basta ter razão. Para ter razão há que estar do lado politico-mediaticamente certo. Mamadou está. Ljubomir agora não está, o que leva a que os seus actos tenham passado a ser vistos por outra lupa. Por exemplo, o país que agora descobre horrorizado que Ljubomir está acusado de corrupção por ter pedido a um agente da PSP que o ajudasse a chegar a Grândola em dia de confinamento, é o mesmo país que há alguns meses riu com ar galhofeiro quando o mesmíssimo Ljubomir contou o que fizera à refeição que servira a “um dos grandes senhores da Banca portuguesa – que está em liberdade e roubou-nos a todos. Não consegui vingar os portugueses pelo dinheiro que lhes foi roubado, mas consegui, no mínimo, fazê-lo cagar uns três ou quatro dias.”

No momento em que Ljubomir, mesmo que de forma involuntária, confrontou o Governo PS deve ter começado a perceber que já ninguém lhe achava graça. A fase seguinte é a clássica constatação de que quem se mete com o PS leva.

Desconheço o futuro do movimento ‘A Pão e Água’. Mas receio que um dia os Ljubomir deste país deitem contas à vida e concluam que devem investir no activismo do ressentimento, sector à prova de epidemias, com receitas garantidas e em que os empresários do sector, vulgo activistas, estão blindados contra críticas.

Quem duvida que os mesmos que dizem agora ser um espectáculo de mau gosto Ljubomir aos gritos ou em greve de fome porque quer manter a funcionar os seus restaurantes ficariam calados diante de Ljubomir a denunciar os crimes acontecidos algures no século XIV? Desde que acusasse os suspeitos do costume estava Ljubomir com subvenção garantida, inquestionável e vitalícia.

PS. O plano de vacinação contra a Covid-19 que parece o power point de um trabalho de grupo do 10º ano estabelece que a vacina será administrada nos centros de saúde após indicação do médico de família. Portanto os mesmos centros de saúde que não conseguiram este ano administrar a vacina da gripe comum vão ter a responsabilidade pela administração da vacina contra a Covid 19. E garantem-nos que vai correr tudo bem! A segunda parte desta previsão astrológica determina que aqueles que não têm médico de família “terão de contactar o Serviço Nacional de Saúde” para serem vacinados. Há páginas dedicadas aos signos do Zodíaco mais fiáveis que estas previsões.

XENOFOBIA  SOCIEDADE  POLÉMICA  POLÍTICA

COMENTÁRIOS

Tiago Queirós:«Em terra de néscios, quem é socialista é rei!» Claro que, por conveniência, se oculta o facto de, a Ljubomir Stanisic, a nacionalidade portuguesa não pesar nem envergonhar, tendo-a conquistado com sangue, suor e lágrimas. Recebeu e deu (e dá) em troca, assumindo-se como Português e cumprindo os seus respectivos deveres. Ao contrário de Mamadou Ba, que se aproveita insidiosamente da nacionalidade que gratuitamente lhe conferiram, utilizando-a em benefício próprio sem, em contrapartida, assumir as respectivas responsabilidades (assumindo-se, por exemplo, como devedor avultado e compulsivo perante o Fisco Português). E tendo, além do mais, enquanto assessor do BE, ajudado a patrocinar um diploma que, só por acaso, impede o Estado Português de proceder à extradição de estrangeiros condenados, em solo português, por crimes violentos. Ou seja, trata-se Mamadou Ba de uma inegável racista, investido em lesar e em perverter o bem-estar alheio, devendo, em conformidade, ser julgado e condenado pelo Sistema Judicial. Assim, mandar Ljubomir «para a terra dele» é um acto de mesquinhez e covardia; mas mandar Mamadou Ba «para a terra dele» é um serviço público!    Mariano Cruz: Não há comparação possível entre um e outro. Mas o grupo que fez greve de fome junto à AR e a que pertence o segundo esteve mal. Se existe uma associação que os representa é junto dela que se devem manifestar, fazer greve, desautorizar. O governo só fez o que tinha de ser feito - não os receber. Não compreender isto, é pouco abonatório.     Viktor Orbán: Brilhante HM, continue e continua muito bem!    Joao Mar: Chapelada e vénia à autora do excelente artigo.      Liberal de Visita >. Gil Lourenço: Caro Gil Lourenço, não nego que o cristianismo modificou a civilização ocidental, mas esta já existia, e há bem mais de cinco séculos, quando o cristianismo começou "a pesar". Se quer chamar "raiz" a algo que aparece mais de quinhentos anos após a planta, concedo-lhe. Não é esse o meu conceito de raiz! Por exemplo, os descobrimentos marítimos portugueses foram determinantes na evolução do Ocidente no mundo, e não lhes vou chamar raízes do Ocidente. E, já agora, não, não basta ser cristão para se ser ocidental. Como sabe melhor do que eu, os cristianismos têm fiéis em todo o mundo, e muitos deles não são ocidentais. Muitos ocidentais, em contrapartida, não só não são cristãos, como chegam a seguir outras religiões.       Gil Lourenço > Liberal de Visita: A civilização ocidental já existia mais ou menos, porque aquilo de que fala é a civilização à volta do Mediterrâneo. Quanto à Grécia não se esqueça que uma boa parte desse mundo grego estava na Ásia Menor. Seja como for sim, a filosofia, o direito, o teatro, a arte, etc... deve-se ao mundo greco-romano. Mas não se pode esquecer do mundo pagão europeu e do contributo para a Civilização Ocidental, através do influxo dos germanos, anglo-saxões, celtas (Irlanda, por exemplo), Francos etc... De facto o cunho da Europa nasce na Idade Média sob o desígnio do Cristianismo, o grande unificador da Europa nessa altura e da importância que o papado, o Império Franco e depois o Sacro Império Germano-Romano tiveram como "herdeiros" do Império Romano do Ocidente. Foi sob o signo do Cristianismo que os povos europeus se uniram nas cruzadas para a recuperação da Terra Santa. Foi sob o signo do Cristianismo que se deu a Reconquista Cristã na Península Ibérica e a formação de Portugal e restantes reinos peninsulares. Foi sob o signo do Cristianismo que se foram formando os diferentes reinos que haveriam de dar as futuras nações europeias. Foi sob o signo do Cristianismo que se recuperou a cultura clássica tanto durante Carlos Magno como depois no Renascimento Italiano. Foi uma síntese de grandes civilizações que se criou esta nossa Europa. Claro que não basta ser cristão para ser ocidental, nem eu disse isso. Mas quem é Ocidental, do ponto de vista da tradição, da cultura, etc. e não apenas por nascimento, não pode deixar de partilhar uma cultura que tem nas suas raízes o Cristianismo: Mozart, Bach, o urbanismo e arte das cidades, a grande Literatura, a génese da política (nascida na Grécia, é certo), a própria ideia do Livre Arbítrio, isto é, de que cada um é responsável por si mesmo...Acha que se a Europa a seguir à Cultura Grega e Romana se tivesse sido dominada pelo Islão seria a mesma coisa que foi e que é ainda hoje? Veja, por exemplo, a Grécia antiga cuja uma boa parte do seu território estava na Ásia Menor, ou o Império Romano que floresceu bastante em toda a Costa do Mediterrâneo hoje uma boa parte de religião muçulmana. A parte da Grécia e da Europa romana que depois foi cristã foi justamente aquela que soube desenvolver e ampliar mais a cultura clássica, ou não? Ser-se Ocidental é separar a religião da política, o que é uma ideia cristã: dai a César o que é de César, disse Cristo. E essa separação está bem patente de início com a separação do direito civil do direito canónico. E no Islão há essa separação? Não. Esta é uma das razões por que os muçulmanos têm como nação o Islão e só a ele obedecem e não os países onde nasceram... Por que razão nos países muçulmanos a arte ficou tão empobrecida ou cristalizou? Precisamente pela fobia que eles têm à representação das coisas. Ainda hoje sentem uma certa fobia a isso e até às fotografias. Em suma a mentalidade ocidental acredite que deve muito ao cristianismo mesmo para quem não o segue.           A. Carnide: Que consolação, a leitura deste artigo! Obrigado HM           Luis Manuel Ferreira: Análise correcta, afinal os portugueses aceitam o racismo deste sujeito!!! Isto afinal é o apregoa do politicamente correcto que nós portugueses aceitamos no nosso país ?!         Alberico Lopes: Que extraordinário artigo, Helena! Mas deixe que lhe diga: há dias fiquei espantado quando se atirou de maneira furiosa contra o Ventura por ele afirmar por mais duma vez que o rei vai nu, como a Helena, neste artigo, muito bem demonstra!       Maria João Garrett: Muito bom, como sempre!!          Joaquim Moreira: Esta crónica de Helena Matos é duma clareza tal, que nem precisa que se diga mais sobre este Estado Irracional. Mas o facto de usar este termo, merce uma explicação adicional. Usei este termo, no comentário que acabei de fazer, sobre a notícia: Posso ir passar o Natal à terra? E no Ano Novo posso juntar amigos? O que pode e não pode fazer, e sobretudo sobre o que está a acontecer! Que sendo um tema diferente, tem muito em comum, certamente. Além das diferenças, aqui muito bem assinaladas e explicadas por Helena Matos, também nos diz muito sobre a incoerência, que se instalou nesta “nossa” inteligência. E em que, a dita Comunicação Social, tem um papel fundamental. Direi até, verdadeiramente perigoso, e não só pernicioso. O caso aqui citado do Polígrafo, é verdadeiramente, paradigmático, da defesa do poder fáctico! Em que, sem mentir, nem omitir, esta CS, revela bem a sua qualidade, de actor muito prejudicial. Que, ataca as fakes das Redes Sociais, pela simples razão de que estas mostram que não são especiais! E digo mais! Em resposta ao “PS”, no final. Até há jornalistas que não deixam os seus interlocutores, do seu PM, dizer mal!  (...) sobre a notícia: Posso ir passar o Natal à terra? E no Ano Novo posso juntar amigos? O que pode e não pode fazer, e sobretudo sobre o que está a acontecer! (...) João Adder: Vivi em vários países muito menos democráticos que Portugal e nunca me lembro de, enquanto lá estive proferir de forma positiva ou negativa, o que quer que fosse sobre os governantes desses países. No Brasil, país que amo e onde vivi mais tempo, uma verdadeira colecção de funcionários e políticos corruptos de todas as cores e feitios, esmifram os residentes estrangeiros até onde podem. E por lá quando alguém quer dar alguma "prenda" para agentes policiais, a iniciativa parte sempre da polícia. Portanto, goste-se ou não, eu digo: se o lubujik está mal aqui, há sempre um caminho de retorno. Que se saiba o país dele já não está em guerra. Leve o que conseguiu conquistar por cá, porque por lá… nunca se sabe, e leve um bom vinho, da Bairrada ou da Vidigueira, para os policias lá terra!

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