sábado, 5 de dezembro de 2020

Os préstimos, os proveitos


Belo texto, bons comentários. De Rui Ramos e seus comentadores, a respeito do PCP e seu contributo na redução do país, a mando de outro país, onde Cunhal se acolitara, e que hoje ainda faz parte do “erário” nacional, bem encostado e servindo de encosto…

Bom dia, Lenine! /premium

A interpretação comunista do regime é hoje a mais elucidativa de todas: este é um país onde mandam as famílias socialistas, e quem quer ter poder em Portugal tem de estar com essas famílias.

RUI RAMOS, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 04 DEZ 2020

O congresso do PCP serviu, este ano, para toda a gente aludir ao filme Adeus, Lenine: eis um fóssil, mais ou menos alheio ao mundo de hoje, a fingir que o dia 9 de Novembro de 1989 nunca aconteceu. Ninguém reparou, todavia, no êxito que os comunistas têm tido no suposto fingimento: quem é que, em Novembro de 1989, imaginou que ainda estaríamos a falar em Portugal do PCP em 2020, a não ser em algum curso de história do século XX? Creio, aliás, que o fóssil percebe muito melhor o mundo de hoje do que os que, muito satisfeitos consigo próprios, escarnecem do seu revolucionarismo fora de moda ou se indignam com a sua insistência em abrir excepções ao confinamento. De facto, a leitura comunista do regime é hoje a mais interessante de todas. Só que não está no que o PCP diz, mas, como sempre, no que o PCP faz. Aí, ainda teremos alguma coisa a aprender com Lenine antes de lhe dizer adeus.

O PCP foi, como os outros partidos similares, uma organização financiada pela União Soviética, com activistas profissionais que eram, de facto, funcionários soviéticos. Nesse sentido, sim, o PCP perdeu a razão de ser. Hoje, é uma espécie de embaixada de um país que já não existe. Mas a máquina ficou, com todas as posições adquiridas, e com a sua cultura estratégica. E continuou, como antes de 1989, a tentar perceber uma só coisa, e a agir em conformidade: onde está o poder em Portugal? Desde 1974, o PCP nunca quis estar contra o poder; e fez tudo, com razoável sucesso, para estar com o poder.

Em 1974, o PCP percebeu que, como então se costumava dizer, o trunfo era espadas. Primeiro, tentou o general Spínola, mas logo identificou, assediou e passou a controlar, com maior proveito, os oficiais que viriam a compor a chamada “esquerda militar”. Foi assim que, em 1975, um partido com 12% de votos pôde dominar o governo, as autarquias, os organismos corporativos, e quase toda a comunicação social, incluindo a única estação de televisão, e ainda recortar no território do país uma espécie de feudo medieval, no Alentejo. Porquê? Porque esteve com quem, durante mais de um ano, teve o poder em Portugal, a “esquerda militar”. E porque é que, depois do colapso da “esquerda militar”, em 25 de Novembro de 1975, o PCP, sem aumentar os votos, continuou no VI Governo Provisório e conseguiu até que a Assembleia Constituinte, que até então desprezara, consagrasse as nacionalizações e a reforma agrária? Porque o PCP, ao contrário da lenda do Adeus, Lenine, nunca perdeu de vista o que estava a acontecer. A “esquerda militar” abriu-lhe as portas para uma influência com que o PCP nunca sonhara, mas o PCP não teve a mínima hesitação em deixá-la cair e em procurar novos interlocutores quando percebeu que a “esquerda militar” já não mandava.

Desde 1976, o PCP continuou à procura do poder e julgou identificá-lo na presidência da república. Em 1976, o presidente da república era o general Eanes, um dos vencedores da “esquerda militar” e o oficial que, à frente do Estado Maior do Exército, desmobilizou o exército que fez a revolução. O PCP devia odiá-lo. Não o odiou. Pelo contrário. Percebeu que o general Eanes ia confrontar-se com os partidos que o tinham elegido em 1976 (o PS, o PSD e o CDS), e tornou-se, contra todas as expectativas, o mais fiel companheiro de estrada do chefe do 25 de Novembro. Nunca, jamais, Cunhal, se permitiu irreverências contra o presidente, como se permitiram Soares e Sá Carneiro, mesmo quando o presidente nomeou um governo de “recuperação capitalista” como o de Mota Pinto. Para o PCP, Eanes não valia apenas como o presidente da Constituição de 1976, antes da sua revisão em 1982. Valia como um político que, pela sua origem militar, representava um factor bonapartista, capaz de impedir o regime de evoluir no sentido das democracias da Europa ocidental. Era o que importava ao PCP, para manter a sua influência. Por isso, em 1985, o PCP juntou-se aos eanistas na campanha presidencial de Salgado Zenha, e em 1987, aos eanistas e ao PS de Vítor Constâncio, na tentativa de formar uma maioria de esquerda para suceder no governo a Cavaco Silva. Só graças a Mário Soares, é que a “geringonça” não aconteceu em 1987. E Mário Soares não a impediu por causa do PCP, mas precisamente por causa do general Eanes.

O PCP talvez tenha andado perdido depois do fim do eanismo, que por, por acaso, coincidiu mais ou menos com o fim da União Soviética. Mas agora, o PCP não anda perdido. Sabe onde está o poder. Muita gente olha para o PCP como o apoio parlamentar de um governo minoritário do PS. E por isso, muita gente espera do PCP os cálculos e as jogadas típicas desses apoiantes. É uma análise errada, porque ignora a realidade que o PCP contempla muito lucidamente. O PCP não apoia um governo minoritário: o PCP parasita, como sempre fez, o poder em Portugal, e esse poder é agora o das famílias socialistas que há vinte e cinco anos colonizaram o Estado e, a partir do Estado, controlam a sociedade. É esse poder que hoje, em Portugal, dá poder ao PCP, e lhe permite ignorar os confinamentos e fazer comícios, festas e congressos, tal como foi o poder da “esquerda militar”, em 1975, que lhe permitiu ignorar a legalidade e ocupar as terras alentejanas.

Nas suas memórias, Carlos Brito conta que, nas primeiras reuniões para preparar eleições, Álvaro Cunhal fazia sempre questão de surpreender os seus camaradas com a declaração de que o PCP era “um partido revolucionário”, para quem os resultados eleitorais não tinham assim tanta importância. Era, segundo Carlos Brito, uma rábula que muito divertia Cunhal. No entanto, continha algo de sério. Cunhal era um revolucionário. Só que o seu partido não era, ao contrário da mitologia do revolucionarismo ingénuo, um partido para morrer nas barricadas. Era um partido de estalinistas dos anos 1930, para quem a missão principal era manipular o poder no seu país a favor dos interesses soviéticos, o que nem sempre significava imitar o Lenine de 1917. Esse foi sempre um grande equívoco em relação a Cunhal, e que por vezes também baralhou os seus camaradas, sobretudo em 1975. O importante não era subir aos tanques, mas manter a organização de revolucionários profissionais junto ao poder, tragando todos os sapos que viessem na ementa. O PCP foi sempre um partido dependente de quem tem poder. Por isso, como costuma dizer António Barreto, já não me lembro se citando alguém, “os comunistas fazem tudo o que lhes consentem, e consentem tudo o que lhes fazem”.

Eis porque a interpretação comunista do regime é, hoje, a mais elucidativa de todas. É uma interpretação despida de idealismos jurídicos ou de ilusões políticas: este é um país onde manda uma clique instalada no Estado, muito atreita a desenhar linhas vermelhas para os outros, e sem noção de ter linhas vermelhas para si própria, como se tem visto nos entendimentos de António Costa com Viktor Orban, ou nas negociações dos deputados do PS com o Chega. São os socialistas que ocupam o Estado numa sociedade que é fraca. São os socialistas que vão distribuir o dinheiro dos alemães numa economia que está descapitalizada. A isso, chama-se poder. Não há outro, tal como durante muitos meses, em 1975, não havia outro, a não ser o que andava em chaimites. Quem está com os socialistas, está bem; quem está contra eles, está mal, não faz reuniões durante o confinamento nem vai à televisão. Cunhal teria certamente mandado os seus camaradas colarem-se a António Costa, engolindo os sapos que fossem precisos. Aos verdadeiros revolucionários, importa o poder. E o poder, em Portugal, é das famílias socialistas.

PCP  POLÍTICA  PS  ANTÓNIO COSTA  ÁLVARO CUNHAL  PREC  HISTÓRIA  CULTURA  77

COMENTÁRIOS:

luis doria: Artigo certeiro.        Antonio Sousa Branco: "Cunhal teria certamente mandado os seus camaradas colarem-se a António Costa, engolindo os sapos que fossem precisos".        julio Almeida: Excelente. E que nos surpreende por ser imprevisível. Este jornal tem realmente uma série notável de colunistas. Tem mais sozinho que todos os outros jornais todos juntos.

Cipião Numantino: Rui Ramos a rebentar a escala! Hoje mais um notável artigo que se seguiu justamente a um outro na semana passada que constituiu, quiçá, um dos mais notáveis artigos que algum dia tive o prazer de ler (senti pena de não o ter comentado, dado tê-lo lido já a horas impróprias). RR, portanto, no seu melhor registo de sempre. Hoje escalpelizando esse autêntico anacronismo que constitui o PCP. Uma espécie de seita religiosa onde cabe tudo o que é absurdo, inqualificável ou non-sense. Conheço razoavelmente os meandros do PCP. Não porque algum dia tivesse estado ligado a esta patusca organização, mas porque profissionalmente tive de contactar com alguns quadros a este partido ligados. E, neste interim, depreendi duas ou três simples coisas. Uma delas é que as gentes que o compõem são pessoalmente uma coisa e, política e socialmente, outra. Ou seja, são encantadores como pessoas, mas visivelmente odiosas na essência do seu carácter. Como uma espécie de mariposas, graciosas e reluzentes nos seus picados voos para se transformarem em harpias perversas capazes dos maiores atropelos às normais leis da sobrevivência e de um registo normal de tudo o que consideramos banal. Em suma, pairando deleteriamente sobre o que consideramos e convencionámos distinguir sobre o tema do bem e o mal. Trata-se de gente muito especial, capaz das maiores generosidades e, sem um simples pestanejo, igualmente capazes, como se tem visto, de promover as maiores misérias morais que a história desde sempre tem registado. Rui Ramos é um insigne historiador. Eu que sou um curioso marginal sobre esta temática, atrever-me-ia a dizer, um digno sucessor do extraordinário Alexandre Herculano ou do mais recente Borges Coelho. E a sentença está dada. Sem sequer ser necessário aflorar que são os vencedores que escrevem a história. O PCP e os seus sicários, irão ser considerados como perversos traidores da pátria portuguesa, sendo de admirar que os seus mais provectos dirigentes não estejam todos, simplesmente todos, atrás das grades!!! Foram, como tão bem deduz Rui Ramos, simples funcionários do imperialismo soviético. Seus eminentes prosélitos e conceituados algozes. Pura sedição e traição à terra que os viu nascer. Faz-me impressão aliás como, a um nível meramente psicológico, não se enfiam pela terra abaixo a fim de esconderem a miséria moral onde por acção e omissão desde sempre estiveram involucrados. De permeio entregaram as nossas ex-colónias ao comunismo internacional. Angola, Moçambique e Guiné ficam-lhes a dever as intermináveis guerras civis e os seus milhões de mortos desta resultantes, para além da desgraça económica a que actualmente estão sujeitos. Um horror, um nojo, uma lástima! E como um mal nunca vem só, muitos deles (cada vez menos - pois a cegueira tem limites) por aí continuam a kagar postas de pescada, assumindo presuntivas morais que só os fracos de vontade e carácter dúbio ainda teimam em assumir. Como tão bem nos explica Rui Ramos, uma espécie de kengas do regime. Mancomunando-se e entregando-se a quem lhes proporcionar mais privilégios ou "casacos de vison".

António Sennfelt: O que a leitura deste óptimo texto de Rui Ramos nos deveria suscitar é a mesma pergunta que, "in illo tempore", foi colocada pelo próprio camarada senhor Vladimir Illitch Ulianov: o que fazer? De facto, não será verdade que neste nosso pobre país, tal como na defunta Rússia czarista, não impera uma tão faminta como poderosa família de aristocratas? Ou não será também verdade que todas as suas alavancas do poder financeiro - graças à sempre prestimosíssima UE - assim como as do poder económico se encontram nas mãos dessa mesmíssima tribo socialista? Ou não será igualmente a mais pura das verdades que todo o aparelho de Estado, desde as mais elevadas instâncias até às mais modestas das sinecuras, está confiado aos membros dessa mesma fidalguíssima linhagem? Paz à sua alma. Portanto, tal como atrás ficou dito, a pergunta que se deve colocar é a mesma que fez Lenine: "o que fazer?" Será que neste tão amável como pacífico Povo, desde há longo tempo habituado a prolongadas servitudes, haverá ainda a necessária força anímica, inteligência e coragem para sacudir a sua presente situação? Por mais penoso que seja admiti-lo, permitam-me que duvide!       Fernando M Nogueira Francisco: Excelente (mas muito triste) descrição do regime político que nos desgoverna. Confirma o facto de no tempo que dura a nossa "democracia" nunca ter visto uma ideia do PCP sobre o nosso "sistema de justiça" nem uma crítica directa a um qualquer Ricardo Salgado. Os PC's generalizam muito sobre "os capitalistas e os agressores da classe operária" mas nunca atacaram os "donos do sistema". O Rui Ramos confirma o porquê!          DRAGONE pedro: É a estratégia comunista da revolução em pequenos passos, tomando o poder por dentro. Análise brilhante de Rui Ramos evidenciada em factos históricos incontestáveis! Só não vê quem é cego. E o maior cego é quem não quer ver!           Joaquim Moreira: Não sendo um especialista na matéria, sou um observador atento, ao PCP e ao seu comportamento. Por isso, não posso deixar de, com o Rui Ramos, concordar, apesar de ter mais alguma coisa a acrescentar. Desde logo, a facilidade com que muitos jornalistas e comentadores dão como adquirida a democracia destes senhores. Esquecendo ou ignorando, o seu talento, para usar a democracia e a destruir por dentro. Na verdade, o partido comunista tem uma grande capacidade de adaptação, que demonstra muito bem na defesa que faz da Constituição. Apesar ter estado sempre contra, desde a primeira à última alteração. Até porque sabe que o PS não resiste às ameaças com que é brindado, de que com a direita está alinhado. Não foi por acaso, a tentativa de "aproximação" do líder da oposição. Para fazer as ditas "reformas estruturais", há mudanças que são fundamentais. Desde logo, uma profunda alteração da Constituição, como, há muito, defende o líder da oposição. E que, para o PCP, é mais uma razão, para, ao PS fazer uma aproximação, e estar disponível para toda a colaboração!          Leonardo d'Avintes: Da teoria muito bem exposta, fica a certeza de que o PCP esteve, até 1989, ao serviço de uma potência estrangeira, e manobrou em Portugal contra os interesses nacionais, quer na Metrópole quer nas ex-colónias africanas. A este partido devemos o desastre económico de 1975, de que ainda não recuperámos, bem como a entrega (literal) das ex-colónias aos soviéticos, com especial prejuízo para as populações desses países, incluindo centenas de milhares de nacionais e seus descendentes que lá viviam.   Maria Alva: Excelente análise.    Isabel Amorim: Como sempre muito bom artigo. Tem toda a razão e nunca se sentiu tanto a repressão, manipulação e mentira descarada como assistimos agora. Temos que "agradecer" também muito ao PSD que permite placidamente e de mãos dadas aos irmãos socialistas. O denominador comum com esses é pelo dinheiro pela certa. De todos a falta de cultura porque se houvesse conhecimento seguro sem batota não estaríamos assim.       ANTONIO MADUREIRA: Como sempre uma análise lúcida e factual sobre a nomenclatura que nos governa, aqui, em Bruxelas e até no mundo.

Antes pelo contrário: O marxismo são os escombros da Revolução Francesa, com toda a tralha dos privilégios odiados, e sobretudo desejados, toda a inveja, toda a destruição - em nome de igualdades utópicas, de fraternidades tribais e de liberdades condicionadas - que impedem a verdadeira liberdade e o verdadeiro progresso baseados na iniciativa, no mérito e no progresso!!! A Revolução Industrial só se tornou perversa porque permitiu o aumento demográfico do Proletariado, alimentando-o, ao mesmo tempo que efectivamente, como descreveram Marx e Engels, explorava os trabalhadores. Todavia há duas coisas que a quase totalidade das pessoas ignora...A primeira, é que no ano da morte de Marx, e nos anos que se seguiram, foi criado na Alemanha o primeiro Estado Social, ou Estado-Providência. E não foi pela esquerda, mas pela direita considerada mais reaccionária, na pessoa do Chanceler Bismarck - que até foi acusado, pelo seu próprio partido, de "socialista". Foi a Lei de Seguros Obrigatórios de Saúde, ou das "caixas de previdência", a primeira do género, de 1883, que seria copiada mais tarde, em Janeiro de 1935, por Salazar, e 6 meses depois, por Roosevelt, que estabeleceram cá as bases do SNS e o sistema que ainda hoje vigora nos EUA, e que Obama quis alargar a quem não descontava, deixando ainda assim de fora 27 milhões de americanos... Seguida da lei de Seguros de Acidentes dos Trabalhadores em 1884, a de Velhice e Invalidez em 1889, de Protecção dos Trabalhadores em 1891, e a da Infância em 1903. Com estas Leis, não apenas na Alemanha, mas com o seu desenvolvimento em todo o Mundo Civilizado a partir de meados do Século XX, uma parte das reivindicações do Marxismo anteriores a 1883 deixaram de fazer sentido!!! A segunda, é que se Marx tinha inteiramente razão - e continuou a ter, até 1932 - relativamente à "acumulação do Capital", ou seja, até ao momento em que o numerário existente, ou sejam, as moedas e notas em circulação, correspondiam às reservas de ouro, e em que para haver dinheiro aqui, ele tinha de sair dali... ...isso deixou de acontecer a partir da crise de 1932 - despoletada pela sucessão de crises dos anos 20 - em que quase todos os Estados abandonaram o Padrão-ouro!!! Entretanto, alguns deles voltaram a ele, e voltaram a sair, e o último país a abandonar o Padrão-ouro foi a Suíça, em 2002. Quer isto dizer, que tanto o dinheiro como a riqueza que existem não são nem criados pelos trabalhadores, nem o dinheiro corresponde ao valor dessa riqueza. E deixaram de ser criados pelos Estados, pois passaram a ser criados pelos Bancos e pelo sistema financeiro, que são quem alimenta os Estados. Quando um Banco concede um empréstimo, seja ao Estado, que é quem pede mais emprestado aos bancos, através da emissão de títulos de dívida, quer aos particulares, ou às empresas - o banco não tem esse dinheiro. Se olharem para o Cap. A.20 do Bol. Estatístico do B. de Portugal, verão que os Bancos financiam cerca de 100 mil milhões da nossa Dívida do Sector Público não-financeiro, de 335 mil milhões - que inclui a Dívida Pública de 268 mais as dividas das Administrações e das Empresas Públicas... mas não as dívidas dos bancos públicos, que ninguém sabe quanto são. Além disso, os Bancos financiam as empresas privadas em aproximadamente 120 mil milhões, e os Particulares em cerca de 140 mil milhões. Obviamente, esse dinheiro não existe. Nem existe, nem foi criado pelos "trabalhadores". Não foi "acumulado". Foi criado pelo próprio sistema financeiro. E não são "lucros", nem "mais-valias", mas apenas uma medida dos dois bens mais preciosos que existem hoje em dia. O risco, do qual depende a confiança. Pois a riqueza é criada por estes dois. É com base na confiança nos mercados, nos Estados, nas empresas e nos particulares, que de cada vez que algum deles precisa de dinheiro, os Bancos se disponibilizam a assumir o risco de nunca serem pagos - não dos montantes que emprestaram, pois esses nunca existiram - mas pelo risco que assumiram. Pois se algum deles não pagar, o banco não recebe juros nem spreads. Mas muito pior do que isso, será obrigado a aumentá-los para o "pedinte" que vier a seguir, em função do risco acabado de se manifestar, que é um indicador dos riscos futuros. Ou mesmo a negar um empréstimo a quem não dê garantias de confiança. Por isso, é que o "malparado" é de capital importância, não apenas para os Bancos, mas para todos nós, pois tem repercussões em todo o sistema financeiro, desde o caloteiro até à Dívida Pública. Mas muito pior do que isso, será obrigado a aumentá-los para o "pedinte" que vier a seguir, pois o "calote" reduz a sua capacidade de assumir novos riscos. Para finalizar, os "trabalhadores", na acepção marxista-estalinista do nosso PCP, existem certamente, e são explorados, muito mais nos países do 3º Mundo do que nos países Capitalistas. Por duas razões: a primeira, é que o Capitalismo não precisa deles para nada!!! E a segunda, é que sem se darem conta, eles vivem à custa do sistema Capitalista! Sobretudo em países deficitários, como o nosso. Quem depende verdadeiramente dos trabalhadores - tanto quanto os trabalhadores dependem delas - são as empresas que necessitam de trabalhadores para criar e vender os seus produtos. Mas como o rácio trabalhador/produção é cada vez menor nos países desenvolvidos, e o próprio Estado - olhem para o OE2021 - cria dinheiro através da engenharia financeira, graças ao sistema capitalista, para alimentar um número cada vez maior, não de trabalhadores, mas de dependentes, num país onde só existem 4 milhões de trabalhadores... ...na realidade quem pretenda defender os "trabalhadores", hoje em dia, devia em 1º lugar defender os Bancos, em segundo lugar as Bolsas e Mercados Financeiros, e sobretudo impedir a importação de migrantes, cujo trabalho não poderá gerar riqueza suficiente para o seu sustento, sobretudo em países que vivem de défices e acumulação de dívidas. Duas precisões: o dinheiro dos empréstimos que é reembolsado, é que é dinheiro criado, que por sua vez vai permitir novos empréstimos. Segundo: bem vistas as coisas, não é nos países "Capitalistas" que os trabalhadores são explorados, pois têm salários e regalias, mas nos países socialistas, ou nos países de Capitalismo incipiente, onde o valor do trabalho é quase nulo e não existe protecção de espécie alguma!!! Se eu não andasse a ser perseguido pela censura, que me mandou estes comentários para o lixo, não tinha tido de os voltar a publicar. Por isso é que aparecem em duplicado. Peço desculpa pelo incómodo, não à censura, mas aos outros leitores.        Maria Nunes: Excelente lição de História. Que pena este artigo não pode ser lido por todos aqueles que ainda votam num partido cujo objectivo é o empobrecimento e a lavagem ao cérebro de todos nós. A humanidade não tem emenda, há sempre alguns que querem subjugar e mandar. Está à vista o que acontece nos países socialistas, é só miséria e fome. Este partido devia ser ilegalizado pois só pretendem o mal do povo.   Filipe Paes de Vasconcellos: Bom dia Costa, Jerónimo e Catarina, Vivam os pobres, os sem-abrigo, os milhares de crianças com fome, os velhinhos que, após uma vida muito dura de trabalho estão e vão viver na mais dura das misérias. Estes, e muitos outros portugueses, são o terreno fértil para manter esta casta de gente que não nos governa, mas se manterem no poder. Esta casta, apoiada e acarinhada por Marcelo, trazem ainda mais miséria aos Portugueses. Como é que é possível que em pleno século XXI Portugal ainda tenha tanta gente em que queira implementar políticas e impor ideologias dos primórdios do século passado e que comprovadamente falharam e arrasaram muitos milhões de povos levando-os à maior miséria de todos os tempos, mas sempre em nome do POVO. De facto é possível, desde que é só ler o princípio deste comentário. E, fico-me por aqui!         António Duarte: Alucinante e ao mesmo tempo lúcido fio do tempo que todos vivemos e agora revivemos. Só incomoda ver como é possível em pleno século XXI         bento guerra: Título faccioso e que reduz a importância do marxismo e do comunismo, enquanto caminho, talvez inevitável. nos escombros da Revolução Industrial. Quem promoveu o PCP foram o PS de Costa e o "habitué" da Festa do Avante, que chefia o Estado        Manuel Ferreira: Os comunistas são os únicos homens com liberdade em Portugal, uma espécie de Mamadou’s Ba que podem dizer e fazer tudo o que querem! Confesso que de certa forma concordo com os comunistas. Respeitando as regras e com organização as liberdades não devem ser restringidas. Infelizmente, não é assim para todos. Atafulhamo-nos de manhã na rua para à tarde ficarmos presos em casa. Percebi a interpretação do autor, mas, na minha opinião, quem sempre se sujeitou a engolir sapos do tamanho de hipopótamos foram os socialistas. Os comunistas estiveram bem nesta pandemia. Os outros refilavam, eles simplesmente agiram. Representaram a única bravura lusitana que nos resta. António Costa, para não perder a mão, meteu o OE ao barulho, assim, também pode reclamar alguns louros. Um dia ainda vamos ter saudades da resistência deles, um dia, quando já não nos conseguirmos levantar do sofá nem tirar os olhos da televisão.   Ana Oliveira: vejam a série na rtp 2 gulag. querem q Portugal seja igual à Rússia? Em Portugal, nos anos 90, as pessoas queriam abrir empresas ter o seu negócio queriam crescer tirar cursos havia jornais muito críticos contra o regime. Hoje sonham com empregos no estado e têm medo se falar mal do PS e das cúpulas.....o jornalismo tem sido cúmplice desta guinagem da sociedade ao mito e ditadura de esquerda. bem haja Rui Ramos com a sua opinião muito obrigado pelo seu serviço público.     Carlos Quartel: Muito seco, muito pragmático, falta aqui algo. O sonho da sociedade comunista, bênção absoluta, paraíso total, é parte fundamental do PC que conheci. Eram funcionários do Comintern, mas eram crentes fanáticos, a sua pátria é a URSS, a adorada mãe Rússia, terra de leite e mel. Pela qual sacrificavam a liberdade e arriscavam a vida. Essa a força que os mantém, sem essa fé o PC não é nada. O pragmatismo será dos chefes, os militantes pendem mais para a religião do que para a racionalidade.          L. Perry: "São os socialistas que ocupam o Estado numa sociedade que é fraca. São os socialistas que vão distribuir o dinheiro dos alemães numa economia que está descapitalizada. "Esta é a razão por detrás de todo o europeísmo do regime! E o PCP também já percebeu que a UE é o sustentáculo sem o qual este não consegue sobreviver. Por muito mais que ajudemos a UE com liberalizações e outras regras comunitárias a desmantelar a banca e o sector empresarial do estado e a consolidá-la a em campeões europeus, nunca iremos conseguir tirar-lhes o controlo do estado, tanto em Portugal, como em Bruxelas.      Cisca Impllit: Belíssimo texto. Para os que sabiam - numa penada, Um Fio de História. Para os neófitos ou com uma verosímil candura de malícia – Um Descarnado Fio Condutor.

 

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