Para mim, toda esta leitura foi um
prazer. De Jaime Nogueira Pinto, naturalmente,
na seriedade amena dos seus referentes literários, voltados sobre um Dickens das nossas recordações juvenis, que nos
faziam vibrar de emoções várias e que voltaram à baila e ao apetite de
releitura, para confronto de mundos, em que o nosso, mal difere em mal-estar, daquele,
pese embora tanto objecto e esclarecimento para nosso bem-estar de modernidade
e vacuidade também. Mas foi igualmente prazer o despique entre comentadores
ateus e crentes, com os seus argumentos de teses opostas, reveladoras, no caso
do espírito ateu, de uma altivez desnecessária em mordacidade crítica.
Uma Canção de Natal /
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Neste Natal, assombrados pelos
fantasmas da peste e da depressão, num tempo onde pressentimos a força de um
laicismo agressivo, reler Dickens é uma forma de reencontrar o espírito de
todos os Natais.
JAIME NOGUEIRA
PINTO
Sou do tempo
do Menino Jesus, do sapatinho ou da bota ao pé da chaminé, dos presentes na
manhã de dia 25. Os meus filhos mais velhos ainda apanharam esses Natais. Tudo
se passava com o Menino Jesus. O Pai Natal não fazia parte da história, ou era uma personagem
secundária, se não um mero figurante. E
a história era uma história séria, a mais séria e misteriosa das histórias: a
história da Encarnação de Deus. Um Mistério, como quase todas as
coisas importantes, desde a paixão entre um homem e uma mulher à sobrevivência
de um povo.
Hoje, e muito especialmente neste Natal, com um isolamento reforçado
numa sociedade já tendencialmente individualista, com os pobres e
economicamente débeis a multiplicarem-se e os pequenos comércios a fechar,
aproximamo-nos do cenário de sonho dos antigos marxistas-leninistas: o de estarem os ricos cada vez mais ricos,
pelo menos relativamente, e os remediados cada vez mais pobres. Cenário
ideal para a grande “luta final” entre
Burguesia e Proletariado, não fosse o actual predomínio dos marxismos
imaginários, que relega para o passado os sonhos de justiça social dos antigos
igualitários, que sempre tinham o mérito de tentar atabalhoadamente laicizar os ideais evangélicos.
Olhando
à volta, nesta cidade de Lisboa, as iluminações municipais podiam parecer
inspiradas na Primeira República, quando os laicos triunfadores do Cinco de
Outubro acabaram com os feriados religiosos e chamaram ao Natal “Festa da
Família Portuguesa”. Mas não. Agora, já não é sequer desejável que a família
figure. Nem a Sagrada, nem a portuguesa. Nestas iluminações
profícuas da cidade, não se vê uma referência que seja ao Presépio, aos Magos,
aos Pastores, ao ponto de partida histórico para tudo isto. Nada. Já quase nem
estrelas – só árvores assépticas, embrulhos, fitas, luzes. É o espectáculo
desolador da descristianização sinuosamente imposta como facto consumado.
Dickens e os vitorianos
Foi
em meados de Outubro de 1843 que
Charles Dickens começou A Christmas Carol. Escreveu-o em seis semanas, estava pronto no fim
de Novembro e saiu antes do Natal. Para se inspirar, passeou por Londres,
andou pelos mercados do East End,
deambulou pelos bairros pobres da cidade, nos princípios da era vitoriana.
Foi
também ali, entre a neve e a lama das ruas periféricas e a City burguesa, que
nos habituámos a imaginar e a fantasiar o espírito ambulante desses natais. Mas,
no meio de uma descrição rica, festiva, quase epicurista, quase trimalciana dos
Natais festivos, Dickens traz-nos, como ninguém, a mensagem
cristã.
A
mensagem é a história de uma salvação. A história da salvação de Ebenezer
Scrooge, o milionário avarento que, na noite de
24 para 25, é visitado pelo espírito do Natal e dos Natais. Michael
Timko escreveu na revista America, uma revista de jesuítas
norte-americanos, um
texto sobre o significado de Dickens, dizendo que o escritor tivera como
objectivo principal, senão único, que as suas histórias fossem parábolas dos
ensinamentos de Cristo.
E
A Christmas Carol é um conto de conversão. Uma conversão que chega
também pela visão do castigo que os espíritos do Natal lhe revelam. Dickens era
de uma família anglicana, Church of England, não especialmente praticante. Foi
a igreja que seguiu toda a vida, excluindo uma breve passagem pelos Unitários,
nos anos de 1840.
O enredo de A Christmas Carol é conhecido. Ebenezer Scrooge, o velho avarento, é visitado, na noite de Natal,
pelo fantasma do seu antigo sócio, Jacob Marley. Marley vem
acorrentado, com ar sofredor, e vem dizer a Scrooge que está a penar no Purgatório pela indiferença com
que tratou os seus irmãos – os pobres, os empregados, as crianças – durante
toda uma vida de próspero homem de negócios.
Scrooge é um velho mau, misantropo, que não quer saber do
Natal, que recusa o convite do sobrinho para jantar, que trata mal o seu
empregado Bob Cratchit. Marley, vindo directamente do Purgatório, avisa Scrooge de que vai ser visitado por três espíritos de
Natal – o dos natais passados, o dos natais presentes e o dos natais futuros.
O primeiro, o Espírito dos
Natais Passados, leva
Scrooge até à sua infância e juventude: à sua irmã Fan, ao seu patrão, o
bondoso Mr. Fizziwig, que o tratava como um filho, e à sua namorada Belle, que
perdeu pelo amor ao dinheiro. O segundo, o
Espírito do Natal Presente, leva-o a
visitar a alegria do Natal dos pobres, a casa do seu sobrinho Fred, a casa do
seu empregado Cratchit, que tem um filho pequeno, Tiny Tim, um menino alegre,
mas muito doente e semi-paralítico. E o terceiro, o Espírito dos Natais Futuros, mostra-lhe um homem que morreu, que tem um
funeral de homem de negócios e que é roubado pelos seus próximos. Ninguém tem
pena dele, e jaz numa campa abandonada, onde Scrooge vê inscrito o seu próprio
nome. E também vê Bob Cratchit e a família, que choram a morte de Tiny Tim.
Uma segunda oportunidade
Quando acorda na manhã de Natal, Scrooge é outro homem: toma
consciência dos seus erros e do mal na sua vida, mas percebe que, ao contrário
de Marley, vai ter uma segunda oportunidade.
E
sendo Cristo o Novo Adão, a própria encarnação é uma segunda
oportunidade. O artifício de mandar espíritos
prevenir os vivos também é comum, na Bíblia, nos poemas homéricos no teatro
clássico, em Shakespeare, no Ricardo III e no Hamlet, nos românticos. O fantasma de Marley, por um lado, assusta – e assusta
até Scrooge –, mas por outro, sabemos que vem por bem e que é, por isso, um
“fantasma bom”, ainda que condenado ao Purgatório.
O Purgatório é mais uma segunda oportunidade; a oportunidade de purgar além vida os pecados
cometidos no mundo; é um lugar de pena, mas sereno, como nalguns primitivos
italianos do Quatrocento, ou
como naquela Ponte do Purgatório,
de Mateu Lopez, do século XVI, onde os anjos vão ajudando os penitentes a
partir para o Céu, com o ar de enfermeiros de convalescentes que se preparam
para ter alta. Marley ainda não está nessa fase; vem com correntes e
visivelmente aflito; mas a sua visita vai desassossegar Scrooge e
encaminhá-lo para a Salvação. Os três espíritos do Natal farão o resto.
Dickens tinha 31 anos quando escreveu e publicou A Christmas Carol. Era já um escritor de sucesso,
naquela sociedade vitoriana só medianamente convertida mas com valores cristãos
oficialmente estabelecidos. Sociedade repetidamente acusada de hipocrisia,
farisaísmo, opressão dos pobres e dos mais fracos e exploração do trabalho
infantil para enriquecer os usurários como Scrooge e Marley. Marx era um grande leitor e admirador de
Dickens e foi
perante esta sociedade que ele e outros socialistas escreveram panfletos e
descreveram e construíram utopias.
Era
uma sociedade de classes, com uma classe alta – aristocracia e grande burguesia
– dominando o poder político e económico; e uma classe média abastada, que
abrangeria 10 ou 15% da população. O resto, a grande maioria vivia em
austeridade e dificuldade.
Dickens retratou esta sociedade melhor que ninguém; com
rigor, sem concessões, com sentido de justiça e de verdade. Ele mesmo tivera uma dura experiência numa
família numerosa, com o Pai preso por dívidas e ele a ter de trabalhar numa
fábrica. Depois subira a empregado de um escritório de solicitadores e daí a
jornalista e a escritor. A fama
chegou-lhe aos 25 anos com os Pickwick Papers, em 1837
(“Ter já lido os Pickwick Papers é
uma das grandes tragédias da minha vida”, diria Pessoa). Oliver Twist e Nicholas Nickleby, que o consagraram, são anteriores a A Christmas
Carrol.
Mais tarde, com David Coperfield e Great Expectations confirmará uma obra única, não só
pelo realismo do testemunho, mas pela criação de uma galeria de personagens
reais mas “morais” – simbolizando o bem e o mal da natureza humana –; e que,
por isso, continuam, por gerações, a inspirar novas criações, na literatura, no
cinema, na televisão, no mucic-hall.
Neste Natal, assombrados
pelos fantasmas da peste, da crise e da depressão económica, numa cidade e num
tempo onde, em decisões e legislações subtis e pretensamente inócuas,
pressentimos a força de um laicismo agressivo e iconoclasta, reler Dickens e Uma
Canção de Natal é – para nós, para os nossos filhos e para os
nossos netos – uma forma de reencontrar e espírito de todos os Natais: o da
Esperança e da Salvação.
E
de reencontrar o caminho para lá chegar, aqui, nas luzes do nosso Natal
descristianizado, como o velho e mau Ebenezer Scrooge o reencontrou, numa manhã
de 1843, na pérfida Londres vitoriana.
Um
Santo Natal.
COMENTÁRIOS:
Manuel Magalhães: Belo texto,
obrigado Jaime, um Santo Natal também para ti!!! Julius Evola: Belo
texto, obrigado. Jesus Cristo,
Deus encarnado, nasceu para nos salvar. Vendo como as coisas estão, não sei se
merecemos a segunda oportunidade.
António Serrano: Que texto
notável, na forma e no conteúdo! Obrigado Gil Lourenço: Excelente texto! Um Santo Natal para si e para os seus. Carminda Damiao: É bom recordar Dickens no tempo de Natal. Ainda muito
jovem li a Christmas Carol e mais tarde vi e revi, várias vezes, em filme, a
história de Ebenezer Scrooge e os espíritos de Natal, que continua a
encantar-me. Fernando Estrela: Parabéns!
Feliz Natal para todos, com mais Valores e menos egoísmos ! Luis Teixeira-Pinto: "É o espectáculo desolador da
descristianização sinuosamente imposta como facto consumado. "Temos alguma responsabilidade
nós em termos deixado invadir o nosso espaço, as nossas coisas, as nossas
crenças e tradições por esta gente ateia que a única coisa que sabe fazer é
tentar provocar-nos, insistentemente, ladrando-nos às pernas, como se isso nos
fizesse parar e levasse a mudarmos de rumo. Enganem-se os ateus, os mal-amados
que não têm eira nem beira onde cair, nem família que os acolha, que o seu
ressabiamento não colhe. Deus disse para sermos misericordiosos e tolerantes,
mas não disse em nenhum momento para sermos parvos. Portanto que saibam, que
para além da nossa bonomia, que defendemos e praticamos em especial neste
tempo, não dormimos, não baixamos a
guarda, não deixamos passar os cães raivosos. Porque não buscam abrigo, nem
respaldo, não buscam Amor nem Carinho. Querem apenas semear ódios, divisões,
saciar-se com o mal que tentam trazer-nos. Vade Retro Satanás. Maria Augusta >Luis Teixeira-Pinto: Muito bem.
Gil Lourenço > Luis Teixeira-Pinto: Excelente comentário! Um Santo Natal para si. Luis Teixeira-Pinto > Gil Lourenço: Obrigado
meu Caro Gil Lourenço, um Santo e Feliz Natal para si também. Luis Teixeira-Pinto > Maria Augusta Obrigado
Cara Maria Augusta, aproveito pra desejar um Santo e Feliz Natal. Ia ficar tudo bem! ! Um Santo
Natal! A luz do mundo nasceu! "Ora,
havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante
as vigílias da noite, o seu rebanho. E eis que o anjo do Senhor veio sobre
eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o
anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria,
que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador,
que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em
panos, e deitado numa manjedoura." Lucas
2:8-12 Paulo Alexandre
: Ateu > Ia ficar tudo
bem!! Sério? V. Exa. precisa de ser salvo de
um "pecado" cometido por um casalinho de antepassados remotos?
Casalinho esse que, por sinal, nunca existiu? Portanto, V. Exa. aceita a tese
de que, quando nasceu, ainda não tinha tido um pensamento, ainda não tinha
pronunciado uma palavra e ainda não tinha praticado um acto mas já era
responsável e culpado de um acto praticado por um original casalinho?
Lamento muito mas, quando nasci, nasci inocente; quando
nasci, não era responsável pelos actos dos meus antepassados e muito menos
pelos actos de um casalinho que nunca existiu e que nunca foi meu ascendente;
quando nasci, não era responsável pelos actos cometidos por antepassados
remotos e não tinha, nem tenho, de ser julgado e condenado pelos actos
praticados pelos meus antepassados. Mas,
enfim, se V. Exa. está disposta a aceitar a tese de que merece ser julgada e
eventualmente condenada pelos actos dos seus antepassados, quem sou eu para a
convencer a não dar crédito a semelhantes disparates? Gil Lourenço > Paulo Alexandre: Ateu. Acho que está a conspurcar este espaço com o seu ódio.
Há espaços que são sagrados, mas disso você não entende. Vá praticar a sua
raiva para outro artigo...
Paulo Alexandre: Ateu > Gil Lourenço: Pois estás! Estás a conspurcar este espaço com os teus
ataques pessoais contra quem se atreve a expor as contradições e os erros das
vossas crenças. Tivesses tu a capacidade de contrariar o que eu escrevi mas até
tu sabes que não consegues ir além do insulto pessoal. Paulo Alexandre : Ateu: Eis o espírito do Natal: 1 - Um mui remoto antepassado casalinho (que, por sinal,
nunca existiu!) cometeu um pecado original; e, segundo uma divindade monoteísta
inventada no Médio Oriente, cada descendente desse casalinho (o tal que nunca
existiu!) nasce responsável e culpado pelo pecado cometido apenas e só por
aqueles dois seres humanos; assim, segundo a "lógica" desse deus
monoteísta, milhões e milhões de seres humanos inocentes devem ser
responsabilizados e culpados pelos actos praticados por ascendentes remotos.
Quem está disposto a venerar uma divindade que quer "salvar" apenas
aqueles que se deixam baptizar, condenando os restantes seres humanos que não
se baptizam, pelos actos cometidos pelo remoto casalinho original? Quem estaria
disposto a distorcer o seu diapasão ético, levando a tribunal um neto de
Hitler, para o julgar e condenar pelos crimes cometidos pelo avô? Quem está
disposto a celebrar o Natal, celebra a concepção segundo a qual milhares de
milhões de seres humanos devem ser julgados e condenados por actos cometidos
pelos seus antepassados; ou seja, celebrar o Natal é o mesmo que celebrar a
ideia de que os inocentes devem responder em tribunal pelos actos dos culpados;
é celebrar a ridícula tese de que um bebé acabado de nascer tem culpas no
cartório por actos conscientemente cometidos por antepassados remotos. Celebrar
o Natal é celebrar a mais pura das iniquidades! 2 - Celebrar o Natal é celebrar as palavras
de Jesus! O tal que, nos evangelhos, repete e volta a repetir a tese de que a
esmagadora maioria da humanidade será condenada ao fogo eterno. Quem é que está
disposto a desafinar o seu diapasão ético aceitando a aplicação da tortura
constante, sádica e cruel aos condenados? Celebrar o Natal é celebrar a
apologia descarada da tortura, por toda a eternidade; ou seja, é o mesmo que
celebrar o sadismo (e)levado à máxima potência: por toda a eternidade,
significa para sempre, o que quer dizer que se aceita a lógica(!!!) da
condenação totalmente desproporcionada; os apologistas desta forma de
"justiça" não se contentam com condenações de 100 milhões de anos, de
800 mil milhões de anos ou de 300 triliões de biliões de anos; não, tem de ser
por toda a eternidade; e, mais ainda, não se contentam com simples condenações,
já que as mesmas têm de ser profunda, constante, sádica e cruelmente aplicadas.
Celebrar o Natal é o mesmo que defender: 1 - A ideia de que milhares de milhões de inocentes
devem ser julgados e responsabilizados pelos "crimes" ou pecados
cometidos por outras pessoas (nomeadamente antepassados remotos); 2 - A ideia de que milhares de milhões de pessoas devem
ser submetidas a condenações desproporcionadas (por toda a eternidade) em
circunstâncias de puro sadismo e crueldade. Celebrar
o espírito do Natal? Só para quem aceita desafinar o seu diapasão ético! Vashny Karpouzis > Paulo Alexandre : Ateu Quem assim escreve demonstra que não
quer entender nem raciocinar sobre o tema. O problema não está no
‘casalinho-que-nunca-existiu’ (tese, aliás, passível de debate mais
aprofundado); o problema está é ‘na consequência’ (nas consequências) do acto
que o ‘casalinho-que-nunca-existiu’ conscientemente praticou. O problema da
Queda (segundo a perspectiva que perfilho) é muito mais complexo e de
implicações muito mais profundas do que o ‘facilitismo’ com que se pretende
negar o ‘casalinho-que-nunca-existiu’. Convido os leitores do Observador a
procurarem no YouTube os trechos de um grande apologeta Cristão (curiosamente,
oriundo da Índia), talvez o maior do século XX, para maiores e melhores
desenvolvimentos sobre o tema. Seu nome: Ravi Zacharias. Há vários canais a publicarem os ‘seus’ vídeos, mas
atrever-me-iria a sugerir dois: ‘Naga Seminarien’ e da organização ‘RZIM - Ravi
Zacharias International Ministries’. Paulo Alexandre : Ateu V Vashny Karpouzis: Quem assim escreve demonstra que não percebe nada de
nada sobre ética e ainda menos sobre as ridículas narrativas cristãs. O
problema está no facto de haver tanta gente acéfala ao ponto de se deixarem
doutrinar, acreditando que um bebé acabadinho de nascer é responsável e culpado
por actos cometidos por terceiros. Mais, na narrativa cristã, a treta do pecado
original não é a única situação onde inocentes são responsabilizados por actos
cometidos por terceiros. Seja como for, obrigado por achar que, segundo o seu "sistema
de valores", os crimes de Hitler são menos graves do que os de Adão e de
Eva. Por sinal, sobre o ponto 2, nem abriu a boca! Não me
diga que subscreve a aplicação de penas de tortura sádica por toda a
eternidade? Como são "justos" os seus valores!
josé maria: Prefiro "Quando um Homem Quiser" de José Carlos Ary dos Santos:
Tu que
dormes à noite na calçada do relento
numa
cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que
tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
E tu
que dormes só o pesadelo do ciúme
numa
cama de raiva com lençóis feitos de lume
e
sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
Natal é
em Dezembro
mas em
Maio pode ser
Natal é
em Setembro
é
quando um homem quiser
Natal é
quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é
sempre o fruto que há no ventre da mulher
Tu que
inventas ternura e brinquedos para dar
tu que
inventas bonecas e comboios de luar
e
mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
E tu
que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias
de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um
sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu
irmão, amigo, és meu irmão
advoga diabo > josé maria: Simplesmente maravilhoso! Parabéns pela escolha. Maria Augusta > josé maria: Devias ir fazer essa serenata ao teu amigo, vigarista
profissional, xuxareco incompetente como é habitual, de seu nome Pinocrates 44! Vashny Karpouzis > josé maria: A sensibilidade com que Ary dos Santos escreveu este
poema - e cujo ‘fundo ético’ eu perfilho - está ‘na linha’ da tese de Charles
Dickens que o Autor desta crónica tão eloquentemente expressou, neste texto que
aqui publicou. ... e a tragédia suprema é quando nós queremos ajudar quem
‘dorme à noite na calçada do relento ( não será: ‘ao relento’?)’ e quem ‘dorme
à noite na calçada, ao relento’ recusa a nossa ajuda... ... Noémia Santos > Vashny Karpouzis: Verdade o que refere e muito
doloroso para aqueles que perante isso se sentem totalmente incapazes. advoga diabo: Reler Dickens com arejada interpretação laica, muito
contribuirá para transformar a sua datada forma, assim saudavelmente
contribuindo para renovar o belo espírito do seu conteúdo. Maria Augusta > advoga diabo: blablablabla
blablablabla blablablabla blablablabla blablablabla blablablabla blablablabla
blablablabla blablablabla blablablabla blablablabla blablablabla do seu
conteúdo. José
Leandro: Muito obrigado. Feliz Natal! FME: Uma Canção de Natal de Dickens
como uma forma de reencontrar e espírito da Esperança e da Salvação para a actual
desgraça que vivemos, é a mesma coisa que acreditar que os espíritos de Natal
fizeram ontem uma aparição aos comunistas, bloquistas e socialistas, incluindo
o ministro Cabrita e ao candidato Marcelo. Se assim fosse, hoje acordaram todos, pessoas
diferentes. Os comunistas criticam abertamente Stalin e o regime da Coreia do
Norte, os bloquistas condenam o regime da Venezuela, deixam de querer ir buscar
o dinheiro ao banco de quem o anda a poupar, e aplaudem a iniciativa privada,
os socialistas deixam de querer ser comunistas, respeitam o resultado das
eleições e Costa assume que se está lixando para o resultado das próximas
eleições. O ministro Cabrita faz o acto de contrição, pede desculpa aos
portugueses, porque, à família da vítima já pediu, e vai pastorear para outras
bandas, enquanto que o candidato Marcelo deixou de vez de ser um populista bom
que quer agradar a gregos e troianos tornando-se um bússola certeira.
Só num conto de Natal, só na imaginação fértil de
Charles Dickens! Jorge
Graça: Uma feliz e sensata abordagem do nosso
Natal. Um Santo Natal! Miguel
Oliveira: Excelente. Um Santo Natal. Carlos Quartel: O dito "espírito de Natal"
é uma ilusão e uma falácia. A solidariedade, a preocupação com os outros não é
assunto para um dia ou uma semana. É permanente, deve ser parte constituinte de
uma pessoa bem formada. Haverá hipocrisia mais dolorosa do que, em plena
guerra, se fazerem tréguas de Natal? No dia seguinte continua a matança!!
Quanto a
tradições, as culpas estão divididas. O marxismo ateu tentou destruí-las, mas o
grande rombo foi dado pelo capitalismo, que transformou o Natal numa banca de
mercado. Tudo se faz, tudo funciona tendo por objectivo fomentar o consumo, o
gasto, o desperdício e a irracionalidade consumista. Marx está bem acompanhado por Wall
Street ...... Domingas
Coutinho: Que texto lindo. Obrigada! Feliz Natal.
Maria Nunes: Excelente como
é habitual. Obrigada e também para si e sua família, um Santo Natal. Y H W H: Depois de séculos de catolicismo agressivo como
surpreender-se ou pretender o choque advindo de meras amostras de laicismo da
mesma tipologia?... Gil Lourenço > Y H W H: Viveu
nesses séculos, foi? Quer o quê, retroactivos? Basta ver o ateísmo militante
dos comunas para perceber muitas coisas... Maria Cordes: A minha primeira reacção, foi a
novidade de não ter feito esforço algum para que o texto fluísse, primeiro pelo
cérebro, depois pelos glóbulos de todo o corpo. Foi um deslizar lento, e muito
triste, de confirmação da lavagem ao cérebro que nos andam a fazer, sub-repticiamente,
durante algum tempo, descaradamente, agora. Depois, lembrei-me dos bonnets
rouges do séc XVIII, onde estão, é para onde estes caminham, sem apelo.
Aflige-me mais, a ignorância e iliteracia, que semeiam nas novas gerações.
Gostei muito da evocação carinhosa, e saudosa de Dickens, sou do tempo em que o
líamos. Na minha casa, onde agora se reúnem as gerações mais novas, a árvore de
Natal não existe. Há só presépio. Todos os anos, sem falha, há uma voz que
pergunta, então a árvore? Só agora, reparei. Sata: Muito obrigado pelo texto Dr. Jaime Nogueira Pinto.
Motivou-me a reler algumas das obras de Charles Dickens. Hugo Gonçalves: Eu, ateu, mas ex-católico, confesso, faz-me mta
confusão já ñ ouvir ninguém desejar feliz Natal. Apenas “boas festas”. Apesar
de ñ festejar o Natal católico, festejo uma tradição milenar e tb portuguesa,
da qual ninguém se deveria envergonhar. Paulo
Alexandre : Ateu > Hugo Gonçalves: Eu, ateu, mas ex-católico, confesso que me faz muita
confusão o facto de haver quem festeje o nascimento de um "salvador"
que nos veio "salvar" de uma condenação que recai sobre cada ser
humano por causa de um acto praticado por um original casalinho de antepassados.
Ou seja, muito estranho eu o facto de haver quem esteja disposto a aceitar que
lhe digam que nasceu responsável e culpado por um acto praticado por um casal
de remotos antepassados, para depois precisar de ser "salvo" dessa
responsabilidade e dessa culpa. Há muito, mas mesmo muito, de vergonhoso, nas
natalícias tradições milenares. Até porque, segundo
as palavras do celebrado natalício, a maior parte da humanidade merece passar a
eternidade no fogo eterno. Por isso, quer-me parecer que há muitas razões para
ter vergonha de celebrar o nascimento de uma personagem tão sádica e cruel. Gil Lourenço : Paulo Alexandre : Ateu: Se lhe faz muita confusão é porque tem a cabeça
confusa. Se não quiser comemorar não comemore. Vá choramingar para o muro das
lamentações dos seus congéneres. Noémia Santos > Paulo Alexandre : Ateu: Tanto ódio não lhe faz nada bem.
Afinal sofre dos mesmos males daqueles a quem aponta o seu dedo inquisidor.
Tenha calma, relaxe, e disfrute de uma época do ano que nos permite ter alguma
esperança no que o ser humano tem de melhor. Gil Lourenço > Hugo Gonçalves: Nem mais!
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