Sobre a história recente da Rússia e
seus satélites, que muito interessa, como síntese de acontecimentos que por nós
passaram, mas que mereceu comentários negativos dos amantes da Rússia, custe o
que custar. Limito-me, naturalmente, a recordar com gosto, por carência de outras
luzes, e de ficar grata a JOÃO RUELA RIBEIRO que
assim nos elucida sobre o passado próximo a Leste.
O ano em que
Putin começou a ver fugir o império
Nos últimos meses, Putin assistiu ao
estalar de crises em várias frentes na sua vizinhança. Há um decréscimo da
influência russa sobre os países mais próximos, ainda que o Kremlin continua
relevante.
PÚBLICO, 20 de
Dezembro de 2020
Enquanto
a pandemia do vírus SARS-CoV-2 fazia da Rússia um dos epicentros globais da
doença, com 2,8 milhões de casos de infecção, obrigando até o Presidente
Vladimir Putin, de 68 anos, a manter-se em clausura durante os últimos meses, a
sua vizinhança passou por momentos de grande instabilidade.
Não
é possível desvalorizar a importância para o Kremlin daquilo que é conhecido
como o seu “estrangeiro próximo”, que corresponde ao espaço pós-soviético. Desde que
Putin chegou ao poder, há vinte anos, que uma das prioridades da política
externa russa tem sido garantir uma forte influência sobre os países que
compõem este espaço, recorrendo à economia, recursos naturais, interferência
política e, quando tudo falha, até à guerra.
Foi
esse interesse que levou Moscovo a avançar sobre a Geórgia,
no Verão de 2008, onde ao
fim de uma curta guerra conseguiu manter sob jugo dois territórios, a Abkhazia e a Ossétia do Sul. Em 2014,
a anexação da Crimeia, que
fazia parte do território da Ucrânia,
foi outro dos marcos que pautou esse comportamento.
Há
quem veja neste percurso a intenção de “restaurar” as fronteiras da União
Soviética, ou mesmo do Império Russo, mas os
objectivos do Governo russo têm um cariz bem mais pragmático e realista. Moscovo olha para as relações internacionais
a partir de uma profunda desconfiança face às intenções de outras potências,
sobretudo os Estados Unidos da América, e, em menor grau, da China. Nesse sentido, a influência sobre os países mais
próximos permite à Rússia manter uma cintura de segurança entre o seu
território e o dessas potências.
O
investigador do Centro Carnegie de Moscovo Alexander Gabuev questiona a racionalidade de manter económica e
militarmente a influência sobre os países mais próximos, tendo em conta as
dificuldades enfrentadas pela própria Rússia, que já vê longe os tempos de
prosperidade económica do início do século XXI. “Penso que a equação aponta para deixarem
ir estes países”, afirma, citado pela
BBC.
Porém,
nota Gabuev, “a sala
de guerra do Kremlin é dominada por pessoas com um passado de contra-espionagem
que vêem ameaças em todo o lado, um espião ocidental debaixo de cada árvore.
Portanto, olham para estes países como um tampão de segurança”.
Política reactiva
Entre
as crises políticas na Bielorrússia e no Quirguistão,
o desfecho da guerra no Nagorno-Karabakh, e a mudança de Presidente na Moldávia, a influência da Rússia junto dos seus vizinhos mais
próximos parece estar a diminuir.
No entanto, “estes casos não são iguais”, observa o analista do Centro
Carnegie de Moscovo, Andrei Kolesnikov,
que falou com o PÚBLICO por e-mail, embora note que, “de uma forma geral, há
um decréscimo” da influência do Kremlin.
A tendência não é nova, apenas se
tornou mais patente em 2020, um ano em que os efeitos sanitários e económicos
da pandemia exacerbaram frustrações latentes em vários pontos do mundo. “As notícias sobre a perda de influência da Rússia
sobre o espaço pós-soviético são muito datadas”, escreve o
analista Dmitri Trenin. Uns, como os países
bálticos, juntaram-se rapidamente às instituições ocidentais
poucos anos depois da independência. Outros, como a Ucrânia, protagonizaram
um divórcio mais doloroso, e ainda por concluir, mas estão empenhados em
integrar-se na esfera ocidental.
A revolução
da Praça Maidan em 2014 marca um
dos pontos de inflexão deste processo de perda de influência de Moscovo.
Apesar da lentidão em alcançar os compromissos assumidos nessa época,
nomeadamente a aproximação à União Europeia, hoje a integração ocidental é
um consenso entre as principais forças políticas ucranianas, que a anexação
da Crimeia e a guerra
no Donbass apenas vieram reforçar. Em Moscovo, a separação forçada do “povo irmão” é um
trauma que a recuperação da Crimeia apenas mitigou. “Na mente pública
russa, especialmente entre os mais jovens, [a Ucrânia] está a tornar-se
rapidamente num país estrangeiro”, diz
Trenin.
Mais
do que uma estratégia para restaurar as fronteiras da União Soviética ou de um
qualquer império histórico ou imaginado, o
percurso da Rússia de Putin é o de uma constante adaptação a um cenário sempre
em mudança. “A Rússia não tem uma política
discernível e concreta em relação aos países da antiga URSS, a sua política é
reactiva e não-estratégica”, diz Kolesnikov.
A anexação da Crimeia é vista sob este prisma, uma reacção rápida, pouco
ponderada, mas desejada, face à incerteza trazida pelo derrube do Presidente Viktor Ianukovitch e à
percepção de um forte sentimento
anti-russo na Ucrânia.
Dmitri Trenin acredita que a Rússia tem adoptado uma postura
“pós-imperial”,
consciente das suas limitações para influenciar os seus vizinhos – e os acontecimentos
de 2020 apenas vieram reforçar essa convicção. “Isto não sugere que a Rússia esteja a
fechar-se sobre si ou preparada para fazer concessões a terceiros”, nota o analista. “Apenas significa que o seu
modus operandi na vizinhança está a mudar, e a sua postura na Eurásia está em
reconfiguração, deixando o império cada vez mais para trás.”
Influência ameaçada no "estrangeiro próximo"
Bielorrússia: Lukashenko não é insubstituível
Durante anos a
fio, o modelo político da Bielorrússia era visto como
uma metonímia do russo, embora com um carácter ainda mais autoritário. Um líder de longa data com poder quase absoluto em que o aparelho de
segurança se confunde com o poder de Estado e onde qualquer sinal de
dissidência era esmagado antes mesmo de a sociedade ter conhecimento da sua
existência. Aleksander
Lukashenko era reeleito
sucessivamente, com menor ou maior grau de fraude eleitoral, perante a aparente
apatia da população e os avisos e sanções do Ocidente, sem que nada de facto
mudasse.
Foi então que um
terramoto político abalou o Verão de 2020 na Bielorrússia, com protestos
populares nunca vistos, com um misto de frustração acumulada e animada pelo
receio da postura leviana de Lukashenko face à pandemia.
Sem a contestação soçobrar, Lukashenko já prometeu
sair quando uma nova Constituição for aprovada, embora a oposição
desconfie.
A relação do Kremlin com Lukashenko foi sempre
ambivalente, mas a possibilidade de
uma revolução popular tão perto das suas fronteiras assusta Moscovo, que ainda
convive com o espectro das “revoluções coloridas” ucranianas. O cenário ideal
seria uma transição pacífica para uma figura que mantivesse a relação de
dependência de Minsk ou que até a viesse a aprofundar.
Nagorno-Karabakh: Turquia pôs o primeiro pé no Cáucaso
O descongelamento
do conflito entre a Arménia e o Azerbaijão custou quase seis mil vidas, incluindo mais de 150 civis nos dois lados,
mas para a Rússia teve um custo geopolítico acrescentado, que aponta
desenvolvimentos futuros preocupantes. Moscovo conseguiu mediar
um cessar-fogo entre os dois países que há mais de duas décadas disputam o
território do Nagorno-Karabakh. Porém, o fim das hostilidades só foi possível com enormes
cedências territoriais por parte da Arménia, importante aliada da Rússia.
O acordo premiou
os avanços militares alcançados pelo Azerbaijão, que contou com o apoio
decisivo da Turquia, ávida de protagonismo na região do Cáucaso. “Por trás
do véu fino de um aparente triunfo de política externa, designadamente a
mediação bem-sucedida e a permanência de soldados para manter a paz na região,
a dura realidade é que a influência de Moscovo na região trans-caucasiana diminuiu
acentuadamente, enquanto o prestígio de uma bem-sucedida e audaz Turquia,
pelo contrário, cresceu incrivelmente”, disse ao Financial Times o director do Centro
para Análise de Estratégias e Tecnologias de Moscovo, Ruslan Pukhov. O futuro
dirá se o Cáucaso é suficiente para acomodar Moscovo e Ancara, simultaneamente.
Moldávia: Rumo pró-europeu, mas até quando?
A Moldávia é frequentemente descrita como um país
dividido entre duas visões divergentes quanto ao seu lugar no mundo, entre os
que defendem a aproximação à União Europeia e os que promovem uma parceria com
a Rússia. Nesse contexto,
qualquer mudança mínima na correlação entre estas forças é vista como crucial.
A eleição
surpreendente da política pró-EU Maia Sandu, em Novembro,
como Presidente, derrotando o então chefe
de Estado Igor Dodon, um pró-russo, veio alterar a bússola geopolítica na Moldávia, uma vez mais. Porém, a eleição de uma
líder que quer aprofundar as relações com Bruxelas não é sinónimo de uma saída
automática de Chisinau da esfera de influência da Rússia.
Desde logo,
porque Moscovo é crucial para
a resolução do conflito na Transnístria, um território internacionalmente
reconhecido como parte da Moldávia, mas que é gerido por um governo-fantoche pró-russo.
E também porque a experiência de cumprir com as exigências da UE por parte de
antigas repúblicas soviéticas é pródiga em decepções.
Em suma, escreve
o analista Nicolae Reutoi na Foreign Policy, “enquanto a vitória de Sandu confirma
o enfraquecimento da posição da Rússia, irá de qualquer forma continuar a
projectar uma sombra sobre o país”.
Quirguistão: Caos político que preocupa o Kremlin
Num país
habituado à convulsão política – dois Presidentes foram afastados do poder nos
últimos 15 anos –, as eleições
parlamentares de Outubro foram especialmente caóticas. A vitória de partidos
apoiados pelo Presidente, Sooronbay Jeenbekov, não foi reconhecida pela
oposição, que levantou suspeitas de fraude e rapidamente os protestos tomaram o
país.
O
primeiro-ministro apresentou a demissão, mas não conseguiu aplacar a fúria das
ruas. Em vez disso, foi criada uma nova crise política acerca da chefia do
Governo, lançando o Quirguistão ainda mais no caos.
Do ponto de vista da Rússia, a situação assemelha-se à
crise na Bielorrússia: Jeenbekov, apesar de ser
um aliado, pode ser substituído por outra figura alinhada com o Kremlin, mas é o
potencial de disrupção que mais preocupa Moscovo. O Governo russo chegou a
suspender a assistência financeira ao país vizinho até que a situação se
estabilize.
Na Ásia Central,
a Rússia tem ainda outro factor para contemplar na sua busca por influência – a
cada vez maior dependência da região do investimento chinês, sobretudo por via
do projecto da Nova Rota da Seda. No início do mês, Pequim autorizou o adiamento do pagamento de um
empréstimo pelo Quirguizistão, dando uma preciosa almofada financeira a Bishkek.
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COMENTARIOS:
OldVic1 MODERADOR: O grande princípio
orientador da política de Putin é manter as coisas como estão; está condenado
ao fracasso. É uma questão de tempo, porque a mudança é inevitável. Cada vez
mais, os povos vizinhos vão perceber que abrigar-se sob a asa do Kremlin é
ficar para trás, que os outros povos não são malvados de quem é preciso
defender-se com a ajuda da Rússia, e que o seu bem-estar depende mais da
integração no mundo livre do que em agarrar-se a uma sociedade saudosista e
retrógrada. O tempo desfaz todas as ilusões. Opinativo EXPERIENTE: Logo após a queda da USSR, em 1991, a Geórgia começou, como documentado
pela Humans Right Watch, um regime de terror e perseguição na Ossétia do Sul
semelhante ao praticado pela Sérvia no Kosovo. A Ossétia não faz parte da
Rússia nem foi invadida. É independente. A Crimeia, que já tive o prazer de
visitar, sempre foi maioritariamente habitada por "russos" ou se
preferirem "pró-russos". Obviamente que os "homens
verdes" que tomaram conta da Crimeia eram das forças especiais russas.
Mas o referendo foi real e a maioria votou ficar na Rússia. O que as pessoas
de lá querem é paz, prosperidade e estabilidade. Não lhes interessa muito
se a capital fica em Kiev ou em Moscovo. Os Tatars são realmente ostracizados
assim como os índios na América. Jonas Almeida MODERADOR: Como diz, Opinativo, aliás o Público aqui desleixou-se e esqueceu-se dos
seus próprios artigos sobre a tentativa de invasão da Ossétia pela Geórgia.
Na altura foi-nos explicado que este povo caucasiano (literalmente) fala a sua
própria língua e gere o seu próprio estado, a que chama Alania. Exacto ... como
nos explicou o Público na altura, esta gente são os Alanos, os mesmos que
chegaram até nós e deram nome a Alenquer ... Joao MODERADOR: Caro Público, porquê afirmar que “Moscovo a avançar sobre a Geórgia”
remetendo para um texto de 2018 quando o Público tem a notícia desse mesmo dia
8 de Agosto de 2008 e que diz Público 8/8/2008 “Geórgia ataca capital da
Ossétia do Sul e faz 15 mortos”. Eu cá não percebo, ou melhor, até percebo,
mas é inadmissível tal coisa. Aliás Reuters 30/9/2009 “Georgia started war with
Russia: EU-backed report”. E aliás só para lembrar o “boy” que criou a guerra
anda fugido e até já a Georgia lhe retirou a cidadania e anda agora acho que na
Ucrânia a incendiar o que mais puder Nytimes “Georgian Court Sentences Mikheil
Saakashvili in Absentia to 3 Years in Prison”. Joao MODERADOR: E porque não explicar que a “anexação da Crimeia” foi a pedido, decisão do
Parlamento e dum Referendo do povo da República Autónoma da Crimeia? E isto após o golpe de Kiev, da declaração imediata da perseguição à
língua russa, do massacre de Korsun, da invasão do Parlamento da Crimeia pelo
neo-nazis de Sector Direito (réplica da de Kiev), pela morte de dois
manifestantes em Simferopol, etc por exemplo Público 26/2/2014 “Manifestantes
anti-russos invadem parlamento regional da Crimeia”. Porque não referir que a
“anexação” foi a pedido, sem tiros nem mortos? Público 6/3/2014 “Parlamento
da Crimeia pede anexação à Rússia”. Acho inaceitável tal narrativa e sua
repetição ao longo dos anos para ir reescrevendo o que se passou de forma mais
vantajosa para as estratégias expansionistas dos USA? Jonas Almeida MODERADOR: Há 10 anos atrás o Público reportou a invasão da Ossétia pela Geórgia.
Reportou também que a UE fez a sua própria investigação e chegou à mesma
conclusão - ver por exemplo "Relatório da UE conclui que Geórgia
“disparou o primeiro tiro” da guerra" de 29 Set 2009. Como é que agora nos
diz que afinal o conflito começou não com a invasão da Ossétia mas da Geórgia,
e afinal a iniciativa dos tiros foi da Rússia. Isto começa a cheirar a
Orwell em que havia um "inimigo eterno" que ia mudando: quem nos
informa mal aqui? O Público de 2009 ou o de 2020? Fernandes2 INICIANTE: "Mas a argumentação de Moscovo também não parece ter convencido os
investigadores. O relatório sublinha que a Rússia “criou e explorou as
circunstâncias” que levaram à guerra, encorajando desde há vários anos os
movimentos separatistas georgianos – tanto na Ossétia do Sul como na Abkázia –,
treinando as suas forças militares e atribuindo passaportes russos aos cidadãos
daquelas regiões." E mais uma máscara cai aqui no fórum. Joao MODERADOR: É verdade Jonas. Mas enfim, é assim. É triste. Já agora sobre o tema central, é minha opinião, continua a ser, que a
Rússia será esventrada e trucidada pois os atacantes são implacáveis. Desde séculos
que é cobiçada, mas desde 1917 é “O Inimigo” ideológico e desde a guerra é o
militar. Tudo, mas tudo, é movimentado e concentrado contra a Rússia, os
militares, os media, as finanças, a economia, tudo. O esboroar é imparável,
no Montenegro é delicioso, na Macedónia outra delícia de malabarismo corrupto e
chantagem, nos Balcãs em geral com a guerra, na Ucrânia, na Geórgia, agora na
Bielorrússia … já se sabe. Engoliram serem enganados nos Balcãs, na Líbia, mas
repare que agora os ataques são mesmo na fronteira, na Geórgia foram enganados
pois retiraram inocentemente o que nenhum outro faria ... há anos enganados no Donbass com a recusa continuada de Kiev de cumprir
Minsk, até quando continuarão a aceitar isso? Enfim, estão acantonados dentro
das suas fronteiras, militarmente será um osso duro de roer mesmo na futura
guerra do Árctico, penso que a opção imediata dos USA será fomentar a discórdia
por exemplo em Kaliningrad que acho que é Autónomo, e intensificar os habituais
terroristas wahabitas no Cáucaso, e tentar criar outro Yeltsin e destruir tudo
por dentro como o Yeltsin fez. Os USA estão a atacar em todas as frentes,
repare. O Putin só pode ir adiando. Não sei quando mas será muito pior e mortal
que os negros e terríveis anos 90.
Jonas Almeida MODERADOR: Fernandes, quantos artigos do Público precisa para se lembrar quem atacou
quem? Tem do João em cima Público 8/8/2008 “Geórgia ataca capital da Ossétia do
Sul e faz 15 mortos”. Quem tem razão o Público ou o Público? Que máscara cai aqui
no fórum? A de quem lê o Público com atenção? Alexandre Pinto-Fernandes EXPERIENTE: Putin, o KGB que governa a Rússia, é talvez dos figurões mais tenebrosos da
política internacional. A mentalidade da guerra fria, o terrorismo
internacional disfarçado, a hipocrisia e violência sobre os seus vizinhos
próximos. AARR INICIANTE: Grande e clarividente análise. Talvez a dor de cabeça ou a comichão no
braço que eventualmente pode ter sentido hoje seja obra do Putin. Deixou queimar
o arroz na cozinha? Deve ser o Putin certamente ...12/12/20
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