quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Um problema


Tratado com delicadeza por Helena Garrido. Trata-se de imigração, fenómeno de todos os tempos, com aspectos positivos e negativos, como em todos os tempos, a xenofobia sendo uma constante nas relações humanas, se as imigrações contiverem foros de indisciplina desordeira e até impositiva dos seus próprios costumes. Como o texto de Helena Garrido recebeu inúmeros comentários de interesse, dividi-o em duas partes, a segunda apenas com comentários.

Temos de falar de imigração

Temos andado a atirar lenha para a fogueira dos sentimentos anti-imigração. Os partidos que combatem o radicalismo têm de nos falar sobre esse tema na campanha eleitoral.

HELENA GARRIDO Colunista

OBSERVADOR, 30 jan. 2024, 00:2077

O provérbio é, aparentemente, chinês. Uma das pessoas que gostava de o citar era o ex-ministro das Finanças Sousa Franco, que morreu exactamente numa campanha eleitoral, de 2004, para as europeias. “Quando o sábio aponta para a Lua, o idiota olha para o dedo”, dizia. (Tentei lembrar-me em que circunstância o ouvi dizer isso, mas não consegui). É um ditado que chega à memória por causa daquilo a que vamos assistindo especialmente em dois temas: a imigração e a corrupção. Fica para outro dia o tema da corrupção. Hoje falamos de imigração.

Não há aqui sábios nem idiotas. O provérbio, adaptado ao que vamos assistindo na nossa vida colectiva, vai mais no sentido de os cidadãos apontarem para a Lua e os políticos olharem para o dedo. Não é o que diz o Chega que é um problema, o problema está nas razões que levam algumas pessoas a aderirem ao seu discurso. Tem de se perceber que problemas estão as pessoas a enfrentar para que as suas emoções as levem a simpatizar com soluções que ou são irracionais ou não são as melhores para problemas que, de facto, existem.

É na ausência de acção ou omissão dos governantes que temos de encontrar as causas. É no distanciamento em relação ao quotidiano do cidadão comum, que todos os dias vai trabalhar, paga os seus impostos, tem de usar os serviços públicos, vive com vizinhos imigrantes que compreende mal e assiste a sucessivas buscas e suspeitas que recaem sobre governantes, a par da lentidão da justiça, que temos de encontrar a resposta para combater a polarização da sociedade.

Uma população urbana que, com elevada probabilidade, nunca conviveu com um cigano ou não tem à sua porta imigrantes que não compreende, está muito afastada do que são as preocupações de quem vive nesse mundo. Os portugueses viveram sempre em geral bem com a comunidade cigana, em localidades no Alentejo eram vizinhos. O que não conseguem suportar é que algumas pessoas dessa comunidade violem as regras e a lei sem que nada lhes aconteça, com a polícia cada vez mais receosa de se ver condenada por actuar.

No caso dos imigrantes o problema pode ser bastante diferenteHá vários fenómenos recentes que requerem atenção. O primeiro é o acentuado crescimento da comunidade brasileira que está a gerar, surpreendentemente, a rejeição em algumas comunidades. É uma tendência que causa alguma perplexidade se nos lembrarmos de como gostávamos dos brasileiros aqui há uns anos, como os achávamos divertidos e culturalmente próximos de nós. É preciso perceber o que se está a passar.

A segunda tendência é o crescimento das comunidades asiáticas, com alguns imigrantes a viverem em condições desumanas e com fortes suspeitas de tráfico de pessoas. Temos assistido a algumas operações policiais, mas que dão mais espectáculo mediático do que resolvem o mínimo problema que seja. Quem vive perto dessas comunidades sabe que depois de todos se irem embora, polícias e jornalistas, os imigrantes regressam para os mesmos sítios onde estavam a viver, sem que nada tivesse mudado. Porque as autoridades, efectivamnete, não têm soluções e escolhem o espectáculo. Estas comunidades asiáticas são sentidas como culturalmente mais distantes e o desconhecimento, a ignorância, leva frequentemente medos injustificados.

A procura de uma vida melhor, que corresponde à imigração por razões económicas, deve ser entendida como um direito da humanidade. Mas os países que acolhem quem correu o risco de mudar de país tem de ter políticas que garantam a sua integração. E é isso que nos tem falhado, políticas que aproximem os nativos dos imigrantes e que os integrem, para que as emoções do desconhecimento, que gera o medo e a rejeição, não crie a atracção pelos partidos populistas anti-imigração. E não vale a pena tentar convencer as pessoas com os argumentos económicos que, como veremos mais adiante com base em estudos sobre o tema, não vão convencer os que já se sentem inseguros.

O peso da imigração tem aumentado em todos os países desenvolvidos, e Portugal não é excepção. O último relatório da OCDE, o Internacional Migration Outlook 2023 revela que se atingiu, em 2022, um recorde de entrada de 6,1 milhões de imigrantes nos países membros da organização, mais 26% do que em 2021. A maior parte deste aumento – que exclui os refugiados ucranianos – é explicado por razões humanitárias e de trabalho.

Portugal ocupa a 13.ª posição num conjunto de 26 países com dados comparáveis, em que o líder é os EUA seguindo-se a Alemanha. Foram 120,9 mil pessoas que entraram em Portugal em 2022, mais 28,9% do que em 2021. Mas se olharmos para o número total de imigrantes em percentagem da população, Portugal está na nona posição, com pouco mais um por cento, mais do dobro da média de 2013 a 2019. Cá como nos países da OCDE em geral está a assistir-se a um crescimento muito rápido da imigração e os seus efeitos têm de ser considerados.

Que efeitos políticos temUm estudo de 2022 de Alberto Alesina e Marco Tabellini, com o título “The political effects of immigration: culture or economics, além de fazer uma síntese de vários trabalhos sobre o tema, analisa as razões que levam à rejeição dos imigrantes. Em termos gerais, todos os estudos concluem que, em média, a imigração desencadeia acções de rejeição por parte dos nativos e favorece os partidos conservadores de direita.

Mas, alertam os autores, esse é o efeito médio. Porque a imigração pode levar a movimentos de esquerda, aumentando a abertura a diversidade, sendo isto mais provável de acontecer quando “os nativos e os imigrantes interagem por um longo período de tempo e são à partida mais liberais”. Há igualmente menos rejeição quando os imigrantes são percebidos como muito qualificados.

Porque rejeitam os nativos os imigrantes? As conclusões deste e de outros estudos dizem-nos que “as forças de origem cultural são mais fortes do que as económicas”. Quando os imigrantes são diferentes dos nativos do ponto de vista étnico, racial e cultural é mais provável que sejam rejeitados e, citando ainda o mesmo estudo, em regra os nativos sobrestimam o número de imigrantes que vive na comunidade e consideram que são mais pobres, menos educados e culturalmente mais diferentes do que é de facto a realidade. Além disso, os imigrantes são rejeitados mesmo quando melhoram as condições de vida dos nativos.

Um dos aspectos que Alesina e Tabellin identifica como um “puzzle” é o facto de “os sentimentos anti-imigração se traduzirem num maior apoio dos partidos de direita, área política menos favorável à redistribuição e ao Estado Social”. A explicação que colocam como hipótese é que isso ilustra o maior peso que os nativos dão às questões culturais, em detrimento das económicas, nas suas escolhas políticas. Além disso, “como identificam os imigrantes como pobres e culturalmente diferentes, os nativos podem preferir menos redistribuição quer porque não os querem subsidiar, quer porque não querem partilhar os bens públicos”.

Conseguimos identificar bem todas estas características nos mais diversos comentários que vamos ouvindo. Desde ‘ficam com os nossos subsídios’ ou ‘temos de lhes pagar subsídios’ até ‘têm saúde de graça e enchem as urgências’, todas essas frases ilustram bem o retrato que os estudos dão sobre os efeitos políticos da imigração.

Mas deixam-nos igualmente pistas de soluções. Se as escolhas políticas, e mais importante ainda a rejeição dos imigrantes, têm a sua causa no maior peso que dão aos factores culturais em detrimento dos económicos, é na aproximação das comunidades que está uma das soluções para reduzir esse choque. As autarquias podem ter aqui um papel muito importante, criando eventos que juntem as comunidades nativa e de imigrantes. Campanhas que dêem a conhecer a cultura dessas comunidades podem igualmente ser importantes, já que estão mais próximos de nós do que imaginamosO retrato dos imigrantes a viver em Portugal, dado pelo Censos, mostra aliás que a maioria trabalha, 44,5% vive em núcleos familiares com um filho e quase 40% têm o ensino secundário ou pós-secundário. Ou seja, não vivem de subsídios nem são regra geral menos educados nem têm uma vida muito diferente da nossa.

O que não é uma solução é, primeiro não falar do assunto ou falar dele para atacar o Chega – o que significa atacar as pessoas que estão com essas preocupações. E em segundo lugar reduzir os nossos direitos de liberdade de expressão e manifestação porque não queremos compreender as preocupações de quem vive lado a lado com imigrantes que não compreende e dos quais pode ter medo. Foi isto que aconteceu com a proibição da manifestação marcada para dia 3 de Fevereiro e que gerou a intenção de uma contra-manifestação. Vale a pena ler António Barreto para perceber porque é um erro proibir essas manifestações.

Os políticos que valorizam os direitos humanos, o direito que qualquer ser humano tem de procurar uma vida melhor, têm de ser capazes de convencer os seus compatriotas de que não há razões para ter medo dos imigrantes. Simultaneamente temos de ter políticas muitíssimo mais activas de integração para não cometermos os erros, por exemplo, de França.

Não podemos continuar a olhar para o dedo em vez de olharmos para a Lua.  Há pessoas verdadeiramente preocupadas com a imigração que merecem dos políticos que as representam uma resposta. Criticar quem tem essas preocupações é atirar lenha para a fogueira de movimentos anti-imigração.

IMIGRAÇÃO    MUNDO

Ana Luís da Silva: Como diz a articulista, as comunidades de imigrantes estão muito mais próximas de nós, os “nativos”, do que imaginamos. Só temos que nos tornar “liberais” e conviver com a sua cultura que desaparecem todos os papões que nos pomos a imaginar. Não há que ter medo nenhum de pessoas  que passeiam com cata.n-as e nava.lh.as nos lugares públicos, que viajam em grupos ruidosos nos transportes públicos, invadem praias em arrastões humanos e se envolvem em panca-da.ria com grupos rivais.   Há sim necessidade de promover alegres convívios sociais que envolvam portuguesas para que deixem de recear cruzar nas ruas com pessoas que vivem em comunidades de homens sem as suas mulheres por perto durante anos, de uma cultura e religião que juntas consideram as mulheres (ou seja metade de toda a Humanidade) um subproduto da natureza humana, que devem ser tratadas como propriedade dos homens da família, andar na rua cobertas dos pés à cabeça como sacos do lixo, não frequentarem os mesmos lugares que os homens e obedecerem cegamente aos seus donos. Também se deve aplaudir aqueles simpáticos grupos que andam ao molhe e fé em deus sem pagar em transportes públicos e que de longe a longe dão uma senhora ta.rei-a a um professor (que o merecia, sem dúvida, por andar a obrigar os meninos a fazer trabalhos de casa) que em solidariedade se deslocam em formação alcateia para os hospitais e centros de saúde onde passam à frente de todos os demais, acham muito bem que os filhos se baldem à chatice das aulas e até que deixem de lá ir de vez, pois claro, quando casam com a idade já madura de 13 anos de idade com outros jovens de 40 ou mais anos escolhidos pelas famílias. Mas sobretudo devemos incrementar uma política de portas abertas que acolha todas as pessoas necessitadas de desenvolver aqui em Portugal as actividades a que se dedicam normalmente, de tráfico humano ou de droga, ou que têm um tal amor pela ideologia que professam que estão dispostos a morrer pela sua causa e a fazer generosamente “os nativos” (despreocupados, liberais e inclusivos de tanta diversidade) passar por isso também.                Luis Gonçalves: Uma visão poética do tema. Será difícil assumir que a imigração está descontrolada? Que a população imigrante tomou conta de várias zonas do País e está a crescer sem qualquer limite ou barreira. Qual é o objectivo imediato? 25 % da população. 30%, 40%… Com que condições?  E que condições são deixadas para os nativos? Os nativos foram tidos em conta nestas contas? O grosso dos nativos deseja estas contas?
O que sobra para os nossos jovens com esta imigração descontrolada. Emigrarem? O que se passa é criminoso, nada mais. 
            Rui Lima: Acabar com o SEF, foi o maior crime cometido contra Portugal, todos os países reforçam esta polícia António Costa acaba com ela, tenho esperanças que ele seja julgado pelo maior crime feito contra o país.  Tenho um neto com 13 anos que me pergunta para que país deve partir e se possível ainda na fase de estudo, sente-se um estrangeiro na sua escola.   Portugal não terá dinheiro para pagar este desvario daqui a 10, 15, hoje é tema na Suécia ou em França o custo da imigração são muitos milhares de milhões e está a destabilizar à democracia. Tenho vários filhos de amigos que partiram até ganham muito bem aqui , entre ser estrangeiro em Portugal é preferível sê-lo lá fora e ganhado mais (mas não foi o factor material que os fez mudar)                    José Rego: Mas é assim tão difícil de perceber que o que se quer é um controlo da imigração? É preciso uma alteração legislativa (depois das várias alterações da geringonça) que realmente dê ferramentas de controlo às autoridades. Ou vamos fingir que inúmeros países da Europa não estão com problemas gravíssimos de insegurança e falta de integração por causa da imigração sem controle? Queremos uma legislação adequada a evitar esses problemas ou queremos importar esses problemas e só depois reagir, quando for tarde demais?                   JOSÉ MANUEL: Olhem para a França… e façam como a Suíça!           F. Mendes: Um longuíssimo artigo, que diz algo óbvio para quem andar de olhos abertos e saiba que o multiculturalismo falhou em toda a Europa. A Europa civilizada, há décadas, que tenta controlar a imigração, embora sem grande sucesso. Nós, ao contrário e a contraciclo, incentivamos a imigração selvagem, simulamos controlos nas fronteiras e cá dentro, não integramos muitos imigrantes, clamamos pela tolerância, mentimos sobre as vantagens da imigração, omitimos os respectivos custos, e vamos eliminando a Nação. E, quem se atrever a falar deste problema, é imediatamente classificado como xenófobo, ou muito pior. Claramente, tudo isto vai acabar muito mal.               Rui Fernandes: Esses estudos São feitos por grandes cérebros dentro de um local hermético.  Eu tenho uma empresa que trabalha muito com emigrantes e o principal medo que vejo nas pessoas é a segurança. Aliás não tem segredo nenhum se tens filhas pede para elas passarem pela frente de um grupo de asiáticos e depois diz.                  Pedro Almeida: Luis Marques Mendes diz que a imigração "ainda" não é um problema, e por isso não há mal. Eu pergunto: vamos esperar até que se torne um?                João Ramos: Esta articulista tem uma característica e que é o ser muito «naïve» ou se quisermos ingénua e depois como convém a qualquer complexado é ser contra o Chega, acham que lhes fica bem, mesmo em assuntos em que o Chega tem razão, e depois entra num raciocínio que mesmo que não o queira, acaba por dar razão ao Chega, até tem graça…                   bento guerra: Hoje,a santinha dedicou-se à baboseira. Não conheço ninguém que não tenha má opinião dos ciganos, uns por factos concretos, outros porque ouviram dizer, o que não altera a questão. O Chega faz bem em assinalar o tema, que há muito, é sensível no Alentejo. Quanto aos novos imigrantes, é preciso notar que na Europa do Mediterrâneo só entram os que sobreviveram à escandalosa viagem na mão dos negreiros. Nenhum país, de cá ou de lá, tem coragem para fretar navios ou aviões, para chegarem identificados. Assim, ilegalmente, são presa mais fácil das redes de empregos ou de prostituição. Há uns teóricos que acham que contribuem para a Segurança Social. Partem do princípio que serão sempre jovens e saudáveis e nem têm família dependente.                      Antonio Castanheira: Artigo completamente politicamente correcto, não vê nada do que todo o mundo vê.                   João Floriano: A articulista faz aquilo que costumamos chamar «dar uma no cravo e outra na ferradura». Quando comecei  a ler o artigo pensei imediatamente que se trataria de mais um manifesto anti CHEGA. No final ficamos com  a sensação que afinal até se concorda com o que o CHEGA pensa sobre imigração. A conclusão é que não podemos continuar com a política de bar aberto, portas escancaradas, para depois termos imigrantes  a viver em condições degradantes, a serem tratados como escravos e a serem alvo de tráfego humano. Tão pouco podemos ser uma porta de entrada na Europa sem vigilância e de onde se possa depois passar facilmente para o norte afluente. Como em muitas outras coisas, o discurso oficial tem sido pintar a imigração e o que a rodeia com tintas cor de rosa e pastel, com chavões escondidos atrás de declarações de fraternidade e humanismo. A realidade é outra. é por isso que o assunto não é abordado pela esquerda. O quadro que pintam não é comprovado pela realidade. Vale muito mais não mexer no assunto até porque assim pode-se sempre usar a imigração como arma de ataque ao partido que defende a regulamentação e a organização em vez da entrada descontrolada justificada com a nossa tradição de acolhimento.           Sérgio: Excelente artigo! Estão todos finalmente a acordar para algo que o Chega!, e muito assertivamente, alerta desde sempre!!! Acho que é tarde demais pois as portas continuam totalmente escancaradas e, mesmo depois de "fechadas", o problema dos que cá estão em excesso (milhares ILEGAIS!!) não tem solução. Serão obviamente futuros subsidiodependentes, pedintes e sem abrigo criados pela escumalha esquerdalhados facilitistas e irresponsáveis e desleixados imundos!              Joaquim Carvalho: A Alemanha já está a deportar os sírios que vieram no tempo da Merkel. Os países nórdicos já se puseram de acordo para negociar em conjunto acordos de extradição com países terceiros e até a social-democrata Dinamarca já tem uma política de "asilo zero". Itália está a contruir um centro na Albânia para processar os pedidos de asilo fora de Itália. Mas esta senhora vem ainda falar que precisamos de festas multiculturais nas aldeias para promover a “aceitação”. O multiculturalismo está morto!               Gabriel Madeira > Miguel Sousa: Não sou, nem militante, nem votante do CHEGA. Os loucos do CHEGA, presumo que os membros, militantes, simpatizantes e votantes, antes de serem do CHEGA, certamente já existiam (até porque o CHEGA só existe há 5 anos, e pessoas com 5 anos não têm consciência política), e certamente noutras forças políticas. Nessa altura, não eram loucos? Ou eram, e ninguém, nem eles próprios, sabiam? E pior, ninguém lhes disse? Convivi (isto é, vivi no mesmo bairro), em jovem e na fase adulta, com comunidades ciganas. Posso dizer que são do piorio. Enquanto em bairro ilegal, era mau. Tendo sido realojadas ao abrigo do PER dos anos 90, posso dizer que destruíram o edifício que conheci.              Manuel Gonçalves: Oh Sra articulista, alguma vez ouviu os franceses, belgas, alemães, canadianos  ou americanos a queixarem-se dos emigrantes portugueses? Porque será?              José B. Dias > José Rego: A Hungria pôs os pés à parede e disse não à imigração descontrolada e a receber e pagar os que já não "cabem" noutros Estado ... em resultado tem fundos europeus retidos, processos e a ameaça de a UE, de mão dada com os "mercados financeiros", a estrangular financeiramente até à bancarrota. E esta a União Europeia a que Portugal aderiu? PS: muito do problema nasce com o Tratado de Lisboa ... relembro quem foram os personagens envolvidos que no final da coisa trocaram um significativo "porreiro, pá”.

CONTINUA

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

“Votar com os pés”

 

Um conselho do último comentador do excelente texto de Nuno Gonçalves Poças, que não merecia tal mancha no seu cardápio, nem também os seus excelentes comentadores. O conselho é grosseiramente deseducativo, não é desse modo que se poderá orientar os jovens de um país cada vez mais empobrecido em valores, não é desse modo de fuga cobarde ou interesseira que se fará o retrocesso, em termos educativos. O OBSERVADOR, com tantos bons cronistas, poderia servlr de “farol” civilizacional, embora autores haja bem atentos, noutros jornais igualmente válidos. O público não se educa mandando-o votar com os pés. Mas as escolas também são o espelho deste público que formamos, sem rei nem roque, no seu genérico de farsantes que somos.

A doença nacional do fartismo

É da degradação institucional que em boa parte se fundamenta a razão pela qual tanta gente parece estar farta disto sem que se consiga materializar o que «isto» é.

NUNO GONÇALO POÇAS, Colunista do Observador. Advogado, autor de "Presos Por Um Fio – Portugal e as FP-25 de Abril"

OBSERVADOR, 30 jan. 2024, 00:1912

E, de repente, ardeu a Madeira e, enquanto o PS julga ter ganho alguma coisa com isso, quem de facto ganhou combustível eleitoral foi o Chega. As coisas são, porventura, mais evidentes do que muitos convictamente julgarão e do que outros tantos teimam em não querer ver: a democracia não está a ser corroída pelo surgimento de novos partidos populistas, mas pelos «democratas».

Há demasiadas histórias na História destes 50 anos de democracia que continuam por contar, mas que talvez ajudassem a compreender melhor o estado a que chegámos – para lembrar uma frase famosa de Salgueiro Maia.

O compromisso de Novembro de 1975 agradou a quase todos os envolvidos, mas revela-se cada vez mais uma bomba que agora nos rebenta nas mãos. De Novembro saiu um grande vencedor, o PS, que se tornou dono do regime; um razoável vencedor, o PCP, que ficou sem a revolução, mas com o legado do PREC inscrito na Constituição da época e com direito a enxamear a Administração Pública e o poder sindical; um resignado, o centro-direita, que levou anos a recentrar o sistema e a própria Constituição, mas que nunca ganhou uma legitimidade política num país sem cultura liberal, que também nunca soube fomentar; e depois há um derrotado tolerado pelo sistema, a extrema-esquerda, que mais tarde enveredou pelo terrorismo e acabou com os seus membros quase glorificados como símbolos da democracia; e a grande derrotada e excluída cabalmente do sistema, a direita radical, que surge agora numa revanche proporcionada pelos tempos.

Por outro lado, Macau é um enorme mistério mediático, mas quem quiser compreender o legado de corrupção do Partido Socialista terá incontornavelmente de lá chegar. Como será necessário penetrar no sub-mundo do cavaquismo para perceber que também naqueles anos a corrupção se consolidou como uma fórmula que tinha raízes profundas, num país que carregava pelo menos uma década de absentismo, fraudes e burlas. Ou recuar aos velhos tempos de Alberto João Jardim e à venezuelização política que levou a cabo na ilha, sempre disfarçada por obras públicas e desenvolvimento social e económico que o Continente e a Europa pagavam.

Isto para não irmos uns degraus abaixo: às caves do que realmente se passou no processo Casa Pia ou no que de facto levou a que o Partido Socialista se tivesse aplicado tanto na concessão de uma amnistia aos terroristas das FP-25. Parece subsistir em tudo isto um manto de dúvida quanto à verdade dos factos, mas é certo que boa parte do país acusa, entre muitas outras coisas, uma clique instalada, e que se vai reproduzindo de forma degenerativa, pelo estado de degradação a que as instituições chegaram.

Sócrates não foi um caso isolado, antes um sinal de uma decadência anunciada por décadas de permissividade e por uma sociedade muito conformada e até cúmplice do velho mantra do «rouba, mas faz». E estes oito anos, que agora culminam com um Primeiro-ministro demissionário na sequência de inúmeros casos de ética duvidosa, um Governo em grande parte investigado judicialmente, um presidente de Governo regional suspeito de corrupção, um presidente da República embrulhado em histórias de influências e cunhas, podem bem ter sido uma das últimas gotas num copo que ameaça transbordar.

A democracia em Portugal, gerada em cima de uma bebedeira marxista, procurou o social antes do institucional (e a distribuição antes da produção, já agora), e isso, revela-se agora de forma cada vez mais evidente, teve os seus custos. Confundiu-se durante anos democracia com riqueza e igualdade, e isso foi um problema. Gerou-se entre nós a ideia de que qualquer imbecil dotado de acesso à rede de contactos certa é infalível, incorruptível, sério até ao mais alto grau, e, portanto, apto a desempenhar qualquer função numa instituição do Estado, quando uma democracia só funciona se as instituições forem desenhadas com base no pressuposto de que todos aqueles que as ocupam são corrompíveis e falíveis. Três intervenções financeiras do FMI em cinquenta anos não bastaram para evitar uma quarta porque não chegámos a ter a intervenção de facto necessária: a institucional.

A doença nacional do fartismo não nasce só daqui, mas também é daqui que, em grande medida, vem. É verdade que as vitórias e os Governos do PS disfarçam as evidências, fruto de uma maioria eleitoral de conformados, conservadores e preocupados com a gestão da sua pobreza. Mas o fartismo grassa, e é da degradação institucional que em boa parte se fundamenta a razão pela qual tanta gente parece estar farta disto sem que se consiga materializar o que «isto» é. Também vem de outras coisas, naturalmente: da realidade que é a criminalidade suburbana que as elites não conhecem; da estagnação económica; da sensação de que se vive num atoleiro social, de onde ninguém sai a menos que se chegue aos círculos que todos reconhecem como os de uma espécie de «grande podridão».

Ora, não estranha, pois, que, para responder a este estado de coisas, uma sociedade que, estando farta, é também incapaz de compreender que são as instituições e não os homens quem precisa de uma revolução pacífica, se vá paulatinamente aproximando da ideia da figura utópica do homem providencial. André Ventura ou outro qualquer não são solução para a doença do fartismo, como é evidente. Mas é ele o martelo que o país-que-está-farto encontrou para mostrar o que sente. Não custa, pois, imaginar que a 11 de Março o país mediático não compreenda os resultados eleitorais que se adivinham. Certo é que as coisas não vão acabar bem. A AD era uma urgência e uma necessidade. Mas temo que tenha chegado demasiado tarde. Têm pouco mais de um mês para inverter um caminho que parece traçado, mais por cobardia e inabilidade do que por erros de uma estratégia desenhada em cima de uma campanha eleitoral. Boa sorte.

CORRUPÇÃO  JUSTIÇA   SOCIEDADE

COMENTÁRIOS (de 26):

Carlos Chaves: Mesmo que a “direita” consiga uma solução de governação a 10 de março, o estado calamitoso a que os socialistas, os radicais de esquerda, Presidente da República e a comunicação social, levaram o país, terão uma tarefa hercúlea apenas para o reanimar! Sempre que a ”direita” chegou ao poder, o ambiente geral torna-se automaticamente hostil contra o governo, sindicatos e outras corporações na rua paralisando a economia, a CS a bater continuamente nos governantes (ao contrário do que hoje se passa), enfim tornam o país ingovernável. Desta vez não será diferente! Se calhar a solução é mesmo entregar isto ao radical PNS, ao PS e aos comparsas totalitários da esquerda, para que os Portugueses sintam na pele e na sua liberdade, o resultado das suas opções. Falem com um Polaco, um Húngaro, ou um Romeno sobre comunismo… Só quem passa por elas, é que tem a oportunidade de aprender a não repetir os erros!                 Ary Cloetens: Caro Gonçalo Poças Em certa medida os políticos não são mais que a extensão do povo. Eles vêm do povo. A grande questão que se põe é como fazermos uma profunda análise social e, tendo em conta as nossas características, como podemos realçar as positivas. Mas ao sermos um povo muito individualista (nos antípodas dos povos escandinavos, por exemplo), precisamos ou pedimos que venha um pai (ditador) que imponha as regras, e não através de uma responsabilização geral de cada indivíduo em dar o seu contributo à sociedade.  Dar o contributo é muito mais do que trabalhar 8h/dia. Há um contexto social, ético, moral, que tem por base a educação! Queremos um país grande em todos os sentidos? Apostemos então na educação, onde os valores humanos sejam enaltecidos… isso sim, perdeu se na história do tempo               Carlos Quartel: A corrupção resulta da pobreza, da inveja e da fraca formação intelectual. Somos fortes em todas essas matérias e poucos serão os que se metem em política pensando no bem público. Ventura não será excepção, a ambição lá está e todos cairão facilmente na tentação, quando se chegarem ao pote. Tudo deveria ter começado na escola, com um currículo que puxasse pela elevação do ser humano, com os valores da austeridade, do rigor, do trabalho, sa solidariedade. Mas tudo isto é lirismo, as famílias são incapazes de educar os filhos, os professores estão desprestigiados e de mala às costas e o futuro é sombrio. Parabéns por um excelente texto.                    Américo Silva: A crónica é meritória e elucidativa, no entanto não me parece que as instituições possam funcionar sem uma minoria, ainda que pequena, de pessoas honestas.                Pontifex Maximus: Os comentadores desta casa começam a compreender por que razão as pessoas no Chega. Não, não é por considerarem esse partido capaz de resolver os gravíssimos problemas do país pois nem tem gente / quadros capazes para isso (é um partido de um homem só, embora mais capaz do que a generalidade dos comentadores ousa admitir), é, isso sim, porque as pessoas se fartaram da bandalheira e da corrupção que o PS e o PSD praticaram nestes 50 anos de suposta democracia e perderam a fé na redenção e vergonha de o afirmar. Sim, é por isto que também votarei no Chega.              Paulo Nunes: Caro Nuno : Tenho pena de não escrever como o Nuno, porque certamente escrevia textos muito semelhantes. Concordo com a totalidade do diagnóstico que faz. Do país podre que vive de esquemas, do atoleiro, e de como o futuro é negro para quem possa dele sair. Só não concordo com a conclusão. A votação do Chega nas próximas eleições será um passo no sentido certo na medida em que permitirá dar a outros agentes a possibilidade de contrariar o estado vigente. Se o farão? Não sei... se merecem a hipótese? Por que não?...                  João Diogo: Uma crónica fabulosa , um retrato dos 50 anos de democracia , de tudo o que se fez mal nestes país, bem tem razão o economista Nuno Palma, quando diz " o meu conselho para os jovens é : votem com os pés saiam do país "

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

É certo

 

Que P.N. não recebeu a protecção dos deuses com a sua sabedoria orientadora, como os tais heróis épicos minuciosos, é mais do estilo da irmã do Solnado, que gosta muito de dizer coisas, ou seja, “pois”, embora me pareça que as coisas que Pedro Nuno diz, até bem prolixamente, estão mais viradas para o próximo futuro, e nós é que confirmamos docilmente com o “pois” da nossa anuência pacífica a essas verdades de duvidosa consecução, mas nunca se sabe se sim ou sopas, isto é, se se realizarão, ou não, sob a sua protecção, digo governação, o futuro pertencendo antes a Deus - ou mesmo ao Diabo, que também tem bons poderes nisso.

As coisas que contou Ulisses, ou o bardo cego em vez dele, na pausa dos Feácios, passaram-se realmente anos antes, com as emoções e acidentes respectivos a respeito dos feitos dele e dos mais companheiros de armas, um tempo de memória que ocupa vários cantos da Odisseia, como informa PAULO RAMOS, as falas entre o velho pai Príamo e o vingativo Aquiles também se reportam a um passado acidental, num espaço de tempo não de memória mas de contemporaneidade, próprio da Ilíada, como informa o mesmo Investigador, dando a entender que o negócio discursivo  de PEDRO NUNES, de empáfia estridente, puramente de promessas, e portanto de hipotética realização, aconselhariam antes o silêncio de oiro, de que também fala o nosso engenheiro naval, embora estejamos gratos perante o que este disse, ao escrever tão expressivamente sobre o que o imortalizou. Mas Pedro Nuno não se importa tanto com a imortalidade. Ele é mais os trocos avultados que lhe conferirá a realização – não das promessas mas da possibilidade de as aplicar (ou não, isso é supérfluo), na sua esfera futura de serviço, por isso só faz isso – promessas – os sentimentos não tem que os exprimir, as lutas são puramente consigo próprio, sobre a forma de alcançar o “pois!” do seu alcance.

Não, PN não precisou sequer do auxílio dos deuses, armado ele próprio em deus previdente  e providente da nossa corporação amante e obediente. (Excepto na coisa das greves).

 

Pedro Nuno e o manjar dos Feaces

Como dizia um heterodoxo engenheiro naval muito cá de casa, "estar calado é a melhor m aneira de ter razão". Deve ser por isso que Pedro Nuno fala, digamos, tão bem.

PAULO RAMOS Investigador no Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e tradutor

OBSERVADOR, 27 jan. 2024, 00:1518

para o João Miguel, contador de histórias, arqueiro da esperança

E eis que, ao 7º dia, Pedro Nuno, o Soberbo – cônscio do seu valor mas não do Salário Mínimo nem do de um bilhete de comboio – devidamente alertado pela sua corte de assessores, anuiu a brevíssima catábase e consentiu conviver com o povaréu e seus hábitos: sentado à roda da caçarola, catou bagulho e escolheu os meninos que, prestando vassalagem e prometendo fazerem para sempre parte da sua equipa no jogo das Escondidas e do Mata, terão autorização para, a partir de Março, no recreio do Jardim Infantil, folgar com os seus brinquedos.

Apesar dos esforçados gestos de larga magnanimidade e dos avisos do seu cortejo de eunucos, Pedro Nuno passeou-se por entre torneios de chinquilho, sandes de courato, farturas e bifanas de Vendas Novas com indisfarçável fastio – a ruindade do cheiro a óleo e a povo entranha-se de tal modo em fatinhos de fino corte e camisolas de gola alta que ele pressente já o sono interrompido pelas sonoras protestações da senhora da 5àSec alertando “a Catarina” para os inconvenientes do contubérnio, mesmo que apressado, com esse tal do povo: mãos gordurosas, palmadas nos costados e o segredo comungado de as palavras serem a nossa antiga, sóbria e humílima vigília à cabeceira de um mundo que por vezes compreendemos apenas em diferido.

Nesse mundo – o mundo de Homero, no fundo – um homem usava palavras apenas para dar expressão a um pensamento que, longamente ponderado, lograra alcançar; ou então para apresentar um argumento, uma censura, ou para dar graças. Pedro Nuno, por seu turno, julgando tê-las seduzido com a velha moeda da vergonha e do esquecimento, exaspera-se quando, ao invés dos seus fabulosos domínios, elas denunciam a inutilidade de todas as suas urgências.

Conhecesse ele o mundo dos poemas homéricos – um mundo governado por convenções a que nem Príamo, na sua dor, nem Aquiles (cujas febris idas e vindas diante das muralhas denunciam a sua interminável e inútil ira) sabem como escapare talvez lograsse entrever, acima das convenções, aquela subtil sugestão da possibilidade de nem tudo estar predeterminado; de por vezes as coisas serem como são; de neste mundo, porventura também sujeito ao acaso, as coisas nem sempre serem como deveriam ser por simplesmente acabarem por ser do jeito que são.

É num desses momentos que Príamo tem a ideia de procurar Aquiles não enquanto rei, mas como pai, assumindo o vínculo mais leve de ser simplesmente um homem; suspeita ele, e com razão, que Aquiles ficará igualmente feliz por se libertar da obrigação de ser sempre um herói. Num delicioso aparte, Príamo interroga-se se não será este alijamento das convenções o verdadeiro resgate que ele poderá oferecer a Aquiles pelo corpo do seu filho.

Se a Ilíada, atravessando uma guerra, teima em mostrar-nos corpos de homens – no frenesim da acção e na estranha serenidade da morte – e luta ofegantemente com os valores que levam esses homens a agir e a morrer, Odisseia, situada no rescaldo da guerra, pode ser descrita como um poema sobre o espírito – uma celebração das qualidades intelectuais e verbais de que talvez precisemos para sobreviver naquele mundo que, em desconforto, regressa aos esquecidos hábitos da paz.

Uma qualidade espiritual que a Odisseia admira extravagantemente é a capacidade para contar uma boa história. (Se a história é verdadeira ou falsa é uma questão que atribula este poema, que de variadas maneiras se preocupa com aquilo que é, no fundo, uma questão filosófica: como é que se pode saber se algo é verdadeiro – a história que nos é contada por um completo estranho, os protestos de uma esposa que afirma a sua fidelidade.) Por vezes, é fácil esquecermos que quase todas as famosas aventuras que associamos a Ulisses (os Ciclopes, Calipso, Cila e Caríbdis, os Lotófagos) – nos são narradas não pelo narrador invisível do poema, aquele “eu” que invoca a Musa no primeiro verso, mas pelo próprio Ulisses acerca si mesmo. A certa altura da sua viagem, ele arriba a uma ilha habitada por refinados nativos e amantes do prazer, os Feaces, e, uma noite, ao jantar, conta-lhes a história do seu regresso até àquele momento, algo que ocupa quatro livros inteiros do poema de Homero.

Quase poderíamos dizer que grande parte da Odisseia é uma espécie de performance épica dentro de uma epopeia, uma longa analepse em que o poeta e o herói são a mesma pessoa. (Não será talvez coincidência que tanto os bardos como os arqueiros – e que renomado arqueiro é Ulisses! – precisem de um instrumento de cordas para alcançar as suas proezas). A narrativa épica anseia por dar descanso às palavras para que não encontra proveito nem uso fora desta solidão que nos impõe sempre que trocamos as nossas mútuas ausências pelo atrevimento de ruinosas esperanças.

As Histórias, por exemplo, começam com uma narrativa, à laia de fábula, ilustrativa dos perigos da autofagia imperialista: a história de Creso, aquele obscenamente rico rei da Lídia, “o primeiro bárbaro”, diz Heródoto, “a subjugar e a exigir tributo de alguns Helenos” e que, hélas!, acabou também ele subjugado, cego pelo seu sucesso, aos perigos que o rodeavam. Antes da grande batalha que lhe custou o reino, tinha arrogantemente interpretado mal um pronunciamento do oráculo de Delfos que deveria ter sido um aviso: “Se atacares a Pérsia, destruirás um grande império”. E realmente destruiu – o seu próprio.

Pedro Nuno, cuja afeição por cordas em tensão é desconhecida, não sabe que as ruínas são antigos locais de permanência e plenitude e por isso não é fácil ter de nelas acoitar o nosso erro, a nossa efemeridade sem revolta, pois é sobre inevitáveis ruínas também que se constrói a consciência dolorida do corpo e do tempo.

Como dizia um heterodoxo engenheiro naval muito cá de casa, estar calado é a melhor maneira de ter razão. Deve ser por isso que Pedro Nuno fala, digamos, tão bem.

ELEIÇÕES    POLÍTICA    PEDRO NUNO SANTOS

COMENTÁRIOS (DE 18)

Domingas Coutinho: Eça não escreveria com mais audácia.                     Alexandre Barreira: Pois. Ao ler este "relambório". Lembrei-me do grande Cipião. Será que ainda é vivo? Tenho saudades das suas "lendas"....!                      João Floriano: Pedro Nuno diz sempre o mesmo em cada entrevista que dá, Vai ser bem difícil debater com ele, do mesmo modo que é completamente impossível tourear um miúra que não quer sair das tábuas. Poderá ser imponente, ter uma estampa notável, mas se se recusar a enfrentar o toureiro ou o cavaleiro, de nada servirá e terá de ser recolhido com  a ajuda dos cabrestos. Sem querer de modo algum ser ofensivo é isso mesmo que serão os debates de PNS quando o confrontarem com os seus inúmeros fracassos enquanto governante. Onde PNS vê sucesso e lucros conseguidos pela sua acção, o contribuinte vê milhões perdidos que nunca serão restituídos como noutros países onde  a direita ignóbil e repulsiva governa, mas onde o contribuinte é respeitado. Por cá saiu-nos  a sorte grande com um governo de esquerda que não vai reembolsar a nação valente, imortal, falida e sem saídas a não ser as dos que partem. PNS move-se verdadeiramente num campo para além de arruinado pelo PM anterior, é igualmente um campo minado. Infelizmente para ele e para nós, que podemos muito bem ter de o aturar como PM, e não só  a ele como ao seu séquito de extrema-esquerda, não há futuro quando se pretende erguer um edifício sobre alicerces arruinados e ainda por cima uma construção inspirada na visão errada do seu construtor e não nas adversas condições que terá de enfrentar. Ulisses chegou a Ítaca. PNS não chega à sua Ítaca de certeza absoluta.  Naufraga pelo caminho e nós vamos ao fundo com ele.                     Vítor Araújo: Uma maravilha!                    bento guerra: "Cortejo de eunucos"? PS! PS! PS!                      mais um: Interessante e infelizmente bastante realista.

 

domingo, 28 de janeiro de 2024

Os que saboreiam


Os que condenam tais sabores, e os arrotos respectivos. Helena Matos aponta a verdade, com muitos seguidores igualmente lúcidos. Bem hajam todos, que ainda têm esperança, talvez. Ou vergonha na cara.

E no fim a justiça ficou com o que era da política

...a política ficou sem nada e o país ficou a braços com um manto de decadência. Não, isto não é a democracia a funcionar. É sim um modo perigoso de funcionar na democracia.

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 28 jan. 2024, 00:2383

 É uma democracia que funciona. É uma democracia que funciona.” — repetia Marcelo Rebelo de Sousa à jornalista que o interrogava sobre as crises políticas que o país vive. O mantra da democracia a funcionar sucede ao já obviamente caduco e ultrapassado pela vertigem dos acontecimentos do “À justiça o que é da justiça. À política o que é da política” que nos trouxe a este Janeiro de 2024. Um e outro procuram apenas tirar o foco da responsabilidade dos protagonistas e transferir para nós a responsabilidade e a culpa: ou porque estamos a discutir na política o que é da justiça (ou vice-versa) ou porque não percebemos que isto é uma democracia a funcionar. Mas isto não é a democracia a funcionar.

Enquanto escrevo esta crónica, Portugal tem um primeiro-ministro demissionário a ser investigado pelo Supremo Tribunal de Justiça e vários membros do seu governo/equipa também a serem investigados. O agora demissionário presidente do governo regional da Madeira foi constituído arguido. O também demissionário presidente da câmara do Funchal está detido para interrogatório. O Presidente da República não consegue dar explicações convincentes sobre o uso do seu nome e influência no chamado caso das gémeas. O líder da oposição é objecto de um inquérito sobre os benefícios fiscais atribuídos à sua casa em Espinho. Um antigo primeiro-ministro socialista está acusado de 22 crimes três dos quais de corrupção, 13 de branqueamento de capitais e seis de fraude fiscal sem que o PS tenha até agora reflectido sobre esse período recente da sua e da nossa história.

É isto uma democracia a funcionar? Não, isto não é a democracia a funcionar. É sim um modo perigoso de funcionar na democracia. E é esse modo que temos de discutir, criticar e abordar porque a alternativa é aquilo que está a acontecer: a justiça ficou com o que era da política, a política ficou sem nada e o país imerso num manto de sordidez, decadência e bruteza, vive de sobressalto em sobressalto, viciado numa escala crescente de indignação em que o inimaginável que acontece hoje banaliza o que na véspera era impensável.

A emergência de que não se fala: a violência nas escolas. “Aluno de 11 anos sodomizado por oito colegas em escola de Vimioso na presença de uma funcionária – A cada linha das notícias sobre este caso surge mais uma questão. A primeira e óbvia: porque não interveio a funcionária? Mas há mais: como conseguem oito jovens com idades entre os 13 e os 16 anos agredir desta forma um colega (e irmão de um dos agressores) sem que ninguém mais, além da funcionária que “nada fez”, perceba que algo de anormal está a ter lugar? Os outros funcionários e professores da escola não deram por nada? Note-se que tudo isto terá acontecido pelas 12h 30 hora em geral movimentada em qualquer escola. Mas não acabam aqui os factos a exigirem esclarecimento: o presidente da Junta de Freguesia de Vimioso, José Manuel Alves Ventura, que tem tido um papel muito mais activo que os responsáveis do agrupamento escolar na denúncia deste caso alerta para “um clima de terror e de encobrimento” que, segundo ele, se vive no Agrupamento de Escolas de Vimioso, relatando mesmo vários casos de violência entre alunos, entre alunos e funcionários. Algo de francamente anormal está a acontecer neste agrupamento escolar.

A violência nas escolas deixou de ser assunto o que não quer dizer que tenha deixado de existir, antes pelo contrário. Mas como acontece quando a ideologia pretende determinar a realidade os números foram sendo trabalhados e apagados para que os resultados fossem conformes aos amanhãs cantados pela equipa do ministério da Educação: em Dezembro de 2023, um estudo revelava que o número de ocorrências em ambiente escolar comunicado às forças de segurança é 48% superior aos casos que depois surgem contabilizados nos relatórios oficiais.

Mas nem a brutalidade do acontecido na escola de Vimioso foi suficiente para que se quebrasse o muro de silêncio que se tem levantado em torno do que está a acontecer nas escolas: dos resultados à violência. Antes de começar o coro de críticas à funcionária que “nada fez” quero recordar que essa funcionária e os demais que as 12h 30 m não viram nem ouviram nada de estranho naquela escola agem como toda a sociedade portuguesa que tanto se tem esforçado por não ver nem ouvir o que de estranho lhes chega das escolas portuguesas.

PS. Continuam a aguardar-se explicações sobre a morte de uma aluna na Escola Secundária de Seia após ter chocado com uma porta de vidro. Os diferentes vidros que se podem usar nas escolas está especificado e devidamente regulamentado. Logo não é verdade que como o ministro João Costa defendeu se trate “de um acidente que poderia ter acontecido, infelizmente, em qualquer escola ou em qualquer lugar onde haja vidro.”

ELEIÇÕES    POLÍTICA    DEMOCRACIA    SOCIEDADE    JUSTIÇA

COMENTÁRIOS (de 83)

Manuel Martins: Relativamente ao aumento da violência nas escolas,  parece-me que resulta de vários factores: - o foco exacerbado nos temas do sexo e do género, introduzido pelo ministério e deputados com as novas leis,  cria o contexto para a emancipação da sexualidade, e dos abusos sexuais  - os ataques institucionais à autoridade dos professores,  aliado a professores mais preocupados com a sua carreira e salários,  criaram um ambiente em que estes se desinteressaram completamente pelo comportamento dos alunos  - uma geração de alunos,  a quem não se exige estudo e esforço,  em que os pais e professores se tornam criminosos se contrariarem as suas vontades, hiper sensíveis e  mimados  - entrada massiva de alunos estrangeiros,  que não falam a língua e com hábitos sociais diferentes,  atrasaram os objectivos escolares para todos os alunos,  tornando as escolas mais como espaços de integração e doutrinação social, ficando a aprendizagem para segundo plano. Etc              Maria Paula::Excelente, como sempre. Esta frase: "em que o inimaginável que acontece hoje banaliza o que na véspera era impensável." é de uma acuidade profunda, o melhor retrato da situação actual do país. Quanto à situação de violência nas escolas é coisa que já começou há pelo menos duas décadas (tenho muitos amigas e amigos professores), senão mais. De tal forma que, no início do milénio, lá para 2003, 2005, as escolas começaram a promover workshops para os alunos, a que era obrigatório ir, intitulados "a violência no namoro". É significativo e sintomático. Mas a violência não se manifestava apenas entre jovens na puberdade e adolescentes, em namoro. Os próprios professores eram alvo de ameaças e por vezes alguma violência.  Tanto de alunos, como de pais. Dependia muito das escolas. Há escolas piores que outras. A situação tem vindo a piorar e a degradar-se e muitas vezes, tanto professores como auxiliares têm medo de intervir. A realidade escolar é de facto preocupante e assustadora. Mas, no caso de Vimioso, parece-me que o caso apresenta contornos um pouco diferentes. O irmão mais velho é um dos dois mais velhos do grupo  (dois com 16 anos) de 8 que atacam o miúdo de 11 anos. O irmão mais velho e os seus amigos atacam o irmão de 11 anos no dia em que o irmão mais velho faz 16 anos. Não vos soa nenhum alerta? SE o irmão mais velho não  odiasse o irmão mais novo, alguma vez permitiria que fizessem aquilo ao irmão? Não, o irmão mais velho é o violador.  Muita coisa há para investigar sobre o que se passa nessa família. E ficamos sem saber se esse grupo a que pertence o irmão mais velho não será o grupo, ou um dos grupos, que  provoca a violência anormal nas escolas e na Freguesia de Vimioso, de acordo com o que diz o Presidente da Freguesia, José Manuel Ventura: "“um clima de terror e de encobrimento” que, segundo ele, se vive no Agrupamento de Escolas de Vimioso," Esse irmão mais velho tem que ser muito bem investigado e analisado.               L Faria: Mas a culpa disto é do passos? Do Cavaco? Ou deste povo me(r)droso que não se importa com a degradação moral e ética a que este país chegou por via da esquerda, desde que no fim do mês lá tenha mais dez euritos no vencimento e a promessa de aumento do ordenado mínimo. Comportamento típico de menina de beira de estrada. Somos um povo sem carácter, que, desde que dado pela esquerda, até meeerda come. O que está a acontecer na Madeira resulta de anos e anos com a mesma força política no poder. Não por acaso, também na Madeira o nome de passos coelho é maldito. No entanto existe, sempre a direita uma diferença fundamental. É que é a seguinte: ninguém a direita atacou a justiça como fez o nazi santos Silva e toda a corja de lambe tomates do Costa. O povo idolatra os corruptos de esquerda e morde nos da direita. Não admira que sejamos os pedintes da Europa. Deixei de votar psd com Rui Rio. Não voto em socialistas, nunca votei e podem internar-me se algum dia disser que votarei à esquerda. Não voto em canaaalhas e gente sem valores ou escrúpulos.                   Ana Luís da Silva: O exemplo vem de cima e, como denunciou e bem Helena Matos neste artigo, se a miséria moral e a irresponsabilidade são as escolhas com que os políticos no poder nos “premeiam” diariamente, como se pode exigir a uma funcionária de uma escola que aja com autoridade moral e responsabilidade? O medo sobrepôs-se ao dever, porque não existe autoridade na escola Os partidos da esquerda na AR e no Governo, têm feito de tudo, em legislação e atitudes irresponsáveis, para retirar a autoridade a quem de direito no espaço escolar. Valha-nos o poder judicial, a liberdade de imprensa, Helena Matos, Alexandre Homem de Cristo e Gabriel Mithá Ribeiro, pelo menos isso                   Vitor Batista: A sordidez da política já chegou às escolas há muito tempo, e o país degrada-se a todos os níveis e relatos que ouço de quem tem filhos em idade escolar, e aquilo que se passa, deixa qualquer um estarrecido. É a herança xuxalista a funcionar, foi isto que a extrema esquerda sempre almejou, por isso já CHEGA!!       Miguel Sanches: Os que enchem a boca com a "democracia madura" de abril, à falta de justificação para esta lástima, atiram ao Chega. Assim se trata uma Nação com mais de 8 séculos de existência.               Henrique Mota: Que os partidos do chamado “arco da governação “ não se queixem do crescimento do CHEGA. Eles são a sua causa. Tal como os pais não se queixem do comportamento dos filhos. Também eles são os responsáveis  Coxinho: Um artigo brilhante. Um retrato da realidade. Um grito de alerta. Provavelmente um grito no vazio porque Portugal foi anestesiado. A não ser que os partidos chamados de direita resolvam sacudir o torpor que os invadiu e expulsar os anestesistas.                Manuel Martins: Em teoria,  basta uma denúncia anónima, um procurador do MP escrupuloso, e vasculhar tudo da vida de alguém durante o tempo suficiente,  e todos neste país podem ser suspeitos de crimes. Como se percebe de casos mediáticos,  se os juízes podem ter perspectivas tão díspares sobre as leis,  e todos os políticos acham normal e que isso é a justiça a funcionar,  como pode o cidadão comum evitar tornar-se um criminoso?  A consequência óbvia do que se está a passar é a dificuldade,  para qualquer governo, de recrutar pessoas competentes e que priorizem o bem público: se são competentes e não têm interesses próprios, ganham mais fora do governo, não têm a vida devassada e não arriscam meter-se com a justiça,  de onde quase nenhum político sai bem...          Amigo do Camolas: Ao apresentarem-se como defensores da democracia, os partidos políticos - de onde saem corruptos como pipocas com o PS isolado na frente - evitam ter que definir o que realmente representam. Um grupo organizado de corruptos e aldrabões conhecidos. Um grupo de autoritários que só exigem linhas vermelhas para os outros. E um grupo de larápios "moderados" antidemocráticos. Agora, eles não concorrem para ganhar as eleições e para acabar com qualquer tipo de extremismo, mas para proteger a democracia da direita - usando a palavra extrema-direita. E quem defenderá a democracia dos defensores da democracia? Defender a democracia é a ideia profundamente antidemocrática de que há algo de antidemocrático na forma como as eleições são praticadas hoje ou como os partidos foram todos legalizados ontem. E quando os partidos afirmam que querem mais pessoas envolvidas no processo político, o que eles realmente querem é tirar os que eles consideram "errados" dele. Não os seus camaradas corruptos, mas quem faz mais alarido. É por isso que há tanta demonização e tentativas de censura ao Chega. O problema da democracia é que, às vezes, as pessoas "erradas" ganham. E o objectivo deles é garantir que isso nunca aconteça. E no fim os partidos da democracia tornaram-se os partidos antidemocráticos.  Mas o que mais dá pena neste lodo de corrupção em que o País vive é ver agora a nossa velha e barata comunicação social e seus paineleiros sempre que surge mais um novo caso de corrupção na classe politica, alertar que isto só alimenta o Chega. Já foi que numa "democracia" são as pessoas que escolhem livremente seus representantes através do voto. Se é isso que significa democracia, o que significa quando um partido político - Chega - e seu eleitorado são completamente demonizados e desprezados? Ou, se é isso que significa democracia, um partido como Chega ser considerado por todo o mundo de xenófobo por criticar os ciganos, o que significa quando todo esse mesmo mundo faz o mesmo ou mil vezes pior ao Chega - como se tivessem a lepra?  Ou: Em que tipo de "democracia" um partido como o PS e seus políticos mentem e depois seus amigos e eles se apropriam indevidamente do dinheiro dos contribuintes de várias formas e feitios? E que tipo de democracia falha em responsabilizá-los por sua corrupção?Essas perguntas respondem a si mesmas.         Álvaro Venâncio: Muito bem, invariavelmente, a Helena Matos: isto é Serviço Público que lhe reconheço e agradeço.            Miguel Vilaverde: Por mais que custe encarar isto, quero dizer, os políticos e a politica corrupta, a violência nas escolas fruto da libertinagem ideológica alucinada da extrema esquerda lusitana, a justiça inoperante reflexo de uma cultura que não gosta de encarar a realidade e a verdade de frente, que se preocupa mais com os direitos dos criminosos e prevaricadores do que das vítimas; vítimas que esperam décadas por uma justiça que é um simulacro. Jamais faremos uma reforma da justiça efectiva, para isso teríamos de "mudar" primeiro de povo.

Colectivamente como povo somos isto....inaptos e incompetentes, sem amor próprio e que nem se dá ao respeito.

Os politicos sabem bem o povo que apascentam.                José Costa: Sim, há culpados na morte da menina na Escola! Quando, estupidamente, o sr. Ministro desvaloriza, torna-se conivente de um crime por negligência. Gente de "indecente e má figura"...              Tim do Á: Parabéns Helena Matos.              Carlos Chaves: Caríssima Helena, obrigado por mais esta sua crónica, Não é só a democracia e a justiça que estão em causa, é o próprio povo português que parece preferir as propostas que nos levam à pobreza, ao atraso, ao descalabro da educação, ao caos na assistência à saúde (incluindo a saúde mental e os cuidados paliativos) e à terceira idade, à decadência na segurança e na defesa, à inexistência de transportes eficientes, à degradação das infraestruturas, à falta de habitação, ao aumento da dívida pública, aos salários e pensões miseráveis (para a maioria), à maior carga de impostos da nossa história, a baixíssimas taxas de natalidade agravadas pela emigração de jovens e obviamente levando ao envelhecimento da população e à falta de sustentabilidade da segurança social... Martelar uns números em relação ao aumento da violência nos espaços escolares, e dizerem umas mentiras para abafar responsabilidades, quem sabe criminais, de um episódio que levou uma jovem à morte numa escola, são pequenos pormenores desta criminosa esquerda rumo à implementação de uma ditadura de esquerda neste velho país! Os portugueses parecem preferir isto, desta vez com a esquerda mais radical a ocupar pastas ministeriais e secretarias de estado. E a comunicação social tudo faz para que assim venha a acontecer! Vivemos tempos muito sombrios, poderemos estar no ínício de uma catástrofe, da destruição de Portugal tal como o conhecemos!             Maria Tejo: Esta crónica da HM é seguramente a melhor crónica de denúncia que escreveu e eu li. Ao mesmo tempo, provocou-me uma sensação de náusea indescritível face à nossa falência de portugueses sem coluna vertebral; quais marionetes manipuláveis, acríticas e indiferentes a esta degradação inexplicável e sufocante.       João Amorim > João Amorim: A tomar-nos por parvos, pela enésima vez           José Paulo C Castro: Ainda acha que o timing da PJ na intervenção da Madeira, no dia da apresentação do programa da AD, foi por acaso? Tal como acha que a dispensa da PJ na intervenção em S. Bento foi por acaso? Recorreu-se à PSP... E o subsídio de risco pago à PJ, não à PSP e GNR, aprovado pelo PM directamente, foi por acaso ? E a presença de jornalistas avisados previamente em todos estes casos da PJ, é por acaso? Eu começo a achar que é o contrário do que diz: nunca a justiça foi tanto da política como desde 7 de Novembro. A guerra política passou claramente para dentro das instituições da Justiça. As armas todas estão a aparecer, desde que surgiu a primeira notícia do caso das gémeas (ainda antes da entrada do processo do STJ contra Costa mas depois da inauguração do espaço de comentário de PNS na tv) numa catadupa de lançamento de processos que estavam em segredo investigatório. É um zangar de comadres, mas iniciado por alguém. Isto vai acabar mal, porque a própria Justiça, ainda não os juízes, está a mostrar demasiada gente com vendas furadas. Podiam fazer tudo num timing que não levantasse suspeitas, mas já não resistem a isso. E, no entanto, o plano iniciado a Outubro de 2023 segue em popa, com o fito de substituir Costa por PNS no poder e permitir o acesso dos aliados de Putin à esfera do mesmo e ao Estado. No fim, depois de todos os "tiros" e "contra-tiros" até às eleições, veremos se não era esse o objectivo de uma fação organizada dentro do nosso Estado.             Afonso Soares: Mas alguém de boa fé espera algo de bom nesta sociedade em decadência. Tudo é permitido aos eleitos e seus nomeados e nós sociedade civil encolhemos os ombros e seguimos em frente. E depois admirem-se se algum dia acordarmos com um novo ABRIL mas de sentido contrário. Os pais não podem educar os filhos correndo o risco de lhes serem retirados pelo tribunal. Elegemos sempre os mesmos apesar de tudo o que está e tem acontecido. Tudo desculpamos porque lá no fundo da nossa consciência teremos a tentação de sermos iguais? Ou não temos em quem confiar? As empresas remuneram mal e depois admiramo-nos de que os jovens vão para o estrangeiro onde são valorizados. Os governos fazem várias legislaturas seguidas mas quando não resolvem os problemas a culpa é sempre dos anteriores. Nunca assumem nada. Tudo lhes é perdoado e depois resmungam que ninguém faz nada mas nós também não fazemos a nossa.              Carlos Quare: A lassidão de costumes, a militância sexista e o experimentalismo "revolucionário" têm tido campo preferencial no ambiente escolar. Teatrinhos com miúdos cor de rosa a brincar com bonecas  e miúdas de bigode mecânicas de automóveis, casas de banho unissexo e outras bizarrias estabelecem uma confusão nos cérebros infantis. Não esquecer também o acesso a pornografia nos telemóveis, vistos por crianças com menos de 10 anos. Quanto à corrupção e à justiça, é outro patamar. A democracia é para cidadãos com vergonha, carácter e decência, o que parece faltar a grande parte da população portuguesa. Vejamos as baixas voluntárias, todas às segundas-feiras ou vésperas de feriado. Vi ontem Francisco Assis proclamar o êxito da nossa democracia. Eu seria muito mais cuidadoso.                  João Amorim: O papagaio de Belém no seu pior         Manuel Rodrigues: Quando não se vinga na  actividade privada e se tem medo da concorrência opta-se pela  actividade política. Os politiqueiros actuais, claro, recusam a meritocracia e preferem servir-se  a seu belo prazer dos impostos pagos com o suor dos  contribuintes É mais fácil e perante os seus actos censuráveis preferem ser  inimputáveis.. O respeito pela ética, honradez, dignidade são dispensáveis. Há excepções honrosas, de louvar...              Ema Gomes: Um agradecimento a todos os jornalistas que levantam um pouco este manto socialista do encobrimento. Portugal tem neste momento tanto por repulsar que os governos socialistas nunca deixaram grande herança, mas a do primeiro-ministro demissionário António Costa é, sem dúvida, uma das mais difíceis de combater tal o peso destes oito anos carregados de novos hábitos, que nada beneficiam qualquer sector de actividade a médio prazo, e que manteve, se não agravou, os velhos costumes da corrupção e da liberdade de imprensa.. Tantas alterações que provocou para um primeiro-ministro que chega ao poder sem vencer as eleições. Cara Helena Matos, e jornal Observador, continuo a aguardar uma crónica, notícia sobre a situação Israelita, e o alegado envolvimento de funcionários das Nações Unidas no atentado de 7 Outubro em Israel. Não é pelo presidente das Nações Unidas ser português que temos de estar de olhos vendados, pois não? Este ano celebra-se o cinquentenário do termo da ditadura Salazar e não precisamos de estar todos em uníssono para a realidade ser relatada, mesmo sendo um português.                   António Lamas: Uma coisa é certa Marcelo vai ficar na história como alguém que ocupou o cargo de PR no período mais negro da democracia pós 25A. Esta República acabou, este regime apodreceu de vez, e só mesmo uma revolução para correr com este partido Socialista da política portuguesa.