E assim vamos andando, para mais com a escola na rua, qualquer dia, em
greves dos professores, que já se preparam, não sei se com festejos de apitos e
pandeiretas, bem comandados pelos representantes sindicais… Leia-se a notícia
da Internet:
«Prestes a entrarmos na fase decisiva da pré-campanha e
campanha eleitoral, a FENPROF já prepara as iniciativas relativas à divulgação
das propostas dos partidos, as quais também serão oportunidade para estes
assumirem compromissos para a próxima Legislatura…..»
Propostas dos partidos, é o que está a
dar… Há mais formas severas de embate…
Agora, o embate será mais severo
Há ainda milhares de alunos sem
professor. Sabíamos que a onda de aposentações abalaria as escolas. Mas, porque
o Governo passou anos a ignorar o problema, essa onda formou um tsunami sobre
os alunos.
ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 04 jan. 2024, 00:2121
A palavra do ano 2023 é “professor”. Uma
escolha adequada para um ano turbulento. De facto, pelas piores razões, 2023
foi o ano em que o país ganhou consciência de como a escassez de professores
colocou em risco o funcionamento das escolas e a aprendizagem dos alunos.
Gostaria de poder tranquilizar o leitor
assegurando que a turbulência ficou para trás, em 2023. Mas a turbulência veio
para ficar — e só quem desconhece os dados poderá acreditar na ilusão de que o
pior já passou. Até 2028, a vida nas escolas prevê-se cada vez mais difícil,
com as aposentações a subir em flecha e com a pressão elevada sobre os
directores para não deixar alunos sem aulas. Como não existem soluções
mágicas, o ano lectivo em curso continuará a ser atingido pela escassez de
professores — 2024 baterá novos recordes em número de aposentações. De
acordo com estimativas ontem divulgadas pela
FENPROF, esta semana, cerca de 40 mil alunos deverão ter
recomeçado as aulas sem professor a uma disciplina, pelo menos. Mais grave
ainda: estima-se que 2 mil alunos tenham algum professor em falta desde o
arranque do ano lectivo — ou seja, ainda não tiveram aulas na disciplina
correspondente.
Educar não é complicar
Semanalmente, os temas de família,
parentalidade e educação na newsletter de Sónia Morais Santos
Imagino que muita gente se fará
surpreendida com a situação dramática que estes números retratam. Ou estavam
desatentos, ou estão a fazer teatro. Desde 2017/2018 (pelo menos), qualquer
pessoa que consultasse um relatório estatístico sobre o perfil dos docentes
teria constatado o óbvio. Por um lado, o envelhecimento dos professores
tornara-se indisfarçável e um problema iminente. A estimativa de aposentações anuais de professores (pelo CNE), entre
2020 e 2030, anunciava a saída de cerca de 40% dos professores do quadro, com
tendência crescente até 2028. Por outro lado, o recrutamento de novos
professores anunciava-se improvável na escala necessária (estimou-se
a necessidade de recrutar 34500 professores até 2030, algo difícil de
satisfazer perante os escassos inscritos nas licenciaturas e mestrados de
Ensino). Moral da história: o sistema educativo teria, mais
cedo ou mais tarde, de lidar com o risco efectivo de um vazio de professores
nas salas-de-aula, o que prejudicaria não somente os alunos como as condições
de trabalho nas escolas. Ora, 2023 foi o ano em que o problema se tornou grande
demais para ser desvalorizado.
No meio de uma tempestade, subsiste
uma grande diferença entre quem se preparou e quem foi apanhado desprevenido. A
aposentação em massa de milhares de professores, num curto período de 10 anos,
representaria sempre um grande desafio para as escolas. Mas isso não invalida
que os expectáveis efeitos negativos da escassez de professores pudessem ter
sido minimizados, caso o Ministério da Educação tivesse agido atempadamente.
Não o fez, pois só reagiu entre 2022 e 2023. Relembro o inesquecível: até final de
2021, o Governo ignorou o problema — fosse nas políticas públicas (não tomou
medidas), fosse no discurso (desvalorizou o tema). Em Dezembro de 2021, o então
ministro Tiago Brandão Rodrigues até acusou de “alarmismo” quem chamava à atenção para as dificuldades de
recrutamento nas escolas, perante a falta de professores e alunos sem aulas. Em Setembro
de 2023, já com algumas medidas de emergência em curso, o ministro João Costa pediu tempo: “um
problema com 50 anos não se resolve em meses”. Facto indesmentível: tempo foi o que se
desperdiçou, no Ministério da Educação, acordando-se tarde demais para um
desafio que exigia análise prospectiva, planeamento e pensamento reformista —
capacidades que o governo evidenciou não ter.
Em 2024, milhares de alunos estão
ainda sem professor a pelo menos uma disciplina. Todos
sabíamos que a onda de aposentações abalaria as escolas. Mas, porque o Governo
passou anos a ignorar um problema previsível, essa onda formou um tsunami sobre
os alunos. Agora, o embate será muito mais severo.
PROFESSORES EDUCAÇÃO
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO PAÍS
COMENTÁRIOS (de 21)
João Floriano: Se o governo que sair de 10 de março for de extrema-esquerda,
o assunto da falta de professores será rapidamente varrido para debaixo do
tapete. Se o governo for de direita terá de enfrentar estoicamente no
Parlamento as investidas furibundas dos deputados de esquerda, sobretudo do PS
que desde 2015 não conseguiram resolver qualquer problema significativo. Pelo
contrário, estamos cada vez pior e o país descrito por António Costa e outros
socialistas só existe na imaginação de quem em vez de resolver, oculta os
problemas. Saúde, Educação, Habitação não se resolvem de um dia para o outro.
Mas em caso de derrota eleitoral, à semelhança do que tem dito sobre os anos da
Troika e de nunca assumir responsabilidades a não ser retoricamente, a esquerda
irá atribuir as culpas ao novo governo de direita e exigir que resolvam em 2
meses o que o PS não conseguiu nem sequer melhorar em 8 anos.
Nokogiri: Tiago Brandão Rodrigues será um nome a apontar, para
além da Fenprof, que esteve caladinha durante a geringonça 1, bem podem chorar
lágrimas de crocodilo, a geringonça 2 está à porta e o analfabetismo já existe
e é muito pior que antes de Abril, valia mais a 3ª e 4ª classe da
primária ou o saber ler e escrever de então, que o 12º hoje, muitos com o
12º ano não sabem ler ou escrever, mas a Fenprof, o ME e quem lá esteve,
sabem o que fizeram, quem faz os programas escolares são professores burocratas
e ideólogos e a coisa continua.
Domingas Coutinho: Mas o ainda Primeiro-Ministro que anda por aí a
vangloriar-se dos feitos o que diz a esta situação? Porque não o vemos com o
seu séquito a visitar os hospitais?
Pedro Ferreira > JOHN MARTINS: Sim, mas não
nos podemos esquecer da culpa de 42% de Portugueses que votou nesta cambada de
energúmenos que nos tem desgovernado.
Domingas Coutinho Domingas
Coutinho: E as escolas?
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