sábado, 13 de janeiro de 2024

Seja assim, seja assado

 

A esquerda não vai deixar governar. De resto, o povo é quem ordena, manipulado por essa esquerda esmoler. A estratégia do PS, que admite a coligação com ela, será a única a resultar, a AD sabe disso. Trabalhar é complicado, como bem sabemos, por cá, que temos o exemplo dos muitos sem abrigo a preferirem o ripanço, por conta de outrem. A greve é sempre espectáculo, para desenferrujar as pernas, e podermos mostrar quão fortes somos, fazendo parar o país, por conta da côdea. 

O que o PS já percebeu, e a nova AD ainda não

A nova AD tentou imitar o que o PS tem sido, e deixou o PS ocupar a posição de onde a AD deveria ter partido.

RUI RAMOS Colunista do Observador

OBSERVADOR; 12 jan. 2024, 00:2266

Há dias, o país foi convidado a comparar o encerramento do congresso do PS e a cerimónia de lançamento da nova AD. Deixemos de lado a coreografia e o profissionalismo, embora não sejam irrelevantes. Tratemos apenas do que foi dito. Os oradores da nova AD, apesar de discursos desnecessariamente caóticos, descreveram bem o estado do país. 28 anos de poder socialista puseram Portugal a divergir dos países da coesão na UE. A Polónia ou a Roménia provaram que o mercado europeu pode ser uma via de crescimento económico. O estatismo e a canga fiscal do PS impediram os portugueses de agarrar a oportunidade. Daí, o resto: a emigração de jovens diplomados ou o colapso dos serviços públicos.

Os oradores da AD disseram tudo isso, e por vezes bem. Não tiraram, porém, as devidas conclusões. Quem as tirou foi o poder socialista, que pôs o seu novo líder a ler um discurso onde, em vez de defender o passado, fugiu para o futuro. O PS, ao contrário da nova AD, percebeu esta coisa: o país sente o impasse em que está, e quer outra coisa. Está pronto para ser desafiado. Não se vai deixar tolher por velhos receios e preconceitos.

Dir-me-ão: a nova AD ainda tem de apresentar o seu programa, nessa altura também dará conta da sua visão do futuro. Sim, claro, mas ninguém tem uma segunda oportunidade de causar uma boa primeira impressão. O pior, no entanto, nem é isso: é o que está por detrás. Os dirigentes da nova AD parecem convencidos de que o país deseja apenas um PS mais competente, e que eles só poderão vencer as eleições se provarem ser esse PS: as ideias com que até agora tentaram entusiasmar os portugueses resumiram-se, assim, a uma promessa de aumentar pensões.

É curioso: os dirigentes da nova AD falam do fracasso do PS, mas no fundo parecem acreditar que o PS teve sucesso no que importa: conquistar e manter o poder. Por isso, estão tentados a imitar o PS, tratando o país como um aglomerado de reformados egoístas, que votarão em quem lhes engrossar as pensões, ou de antifascistas histéricos, para quem o único problema do mundo é André Ventura. Daí o foco nos pensionistas, e daí a aceitação da tese esquerdista de que a fronteira da democracia passa por dentro da direita parlamentar, mesmo que isso limite a possibilidade de a AD dar ao país um governo alternativo ao PS.

Na inauguração da nova AD, o desespero de ser aceite como a equipa B do PS fez até levantar o cadáver dos “acordos de regime”. Donde vem esta cultura de rendição? Os partidos da nova AD não tiveram uma vida fácil nos últimos anos. Perderam duas eleições que não esperavam perder, e desbarataram o monopólio que tinham à direita. Esses traumatismos parecem agora impedi-los de imaginar que o país possa querer ir além de aumentos de pensões ou de rábulas esquerdistas.

Pelo contrário, o novo dirigente do PS invocou repetidamente a “comunidade nacional” e a “cadeia de gerações”, e prometeu até uma “transformação estrutural da economia”. Ninguém mais do que o poder socialista enfraqueceu a comunidade nacional, rompeu a cadeia de gerações, e bloqueou qualquer transformação estrutural. Mas foi o novo dirigente do PS e não os novos dirigentes da AD a interpelar o país desta maneira. A nova AD tentou imitar o que o PS tem sido, e deixou o PS ocupar a posição de onde a AD deveria ter partido.

Ninguém ganha eleições cheio de medo. Os dirigentes da nova AD precisam de romper o círculo em que se deixaram fechar pelo poder socialista. Não, não podem partir do princípio de que o país já não aspira a nada. Não, não podem aceitar que a direita, ao contrário da esquerda, tem problemas com a democracia, e assim pôr em dúvida a sua legitimidade e capacidade para governar, mesmo em maioria. Já não estamos no princípio, mas ainda não estamos no fim. Talvez haja tempo para ir por outro caminho.

ELEIÇÕES     POLÍTICA     PSD    PS     GOVERNO

COMENTÁRIOS (de 66)

JOSÉ MANUEL: ontem, pelas 23:15, nos canais de notícias estavam: na sic noticias 4 fulanos a falar mal do PSD (entre outras coisas), noutro canal: a dona leitoa e no outro o Tavares; resumindo: antes de a campanha começar, o PS, com a CS "conquistada", já leva um enorme avanço, e claro, os casos de uns, verdadeiros ou não, como os impostos da casa do Montenegro, são amplificados, mas ninguém fala dos negócios habitacionais do em Kosta ou dos milhões recebidos pela empresa do PNS e dos seus negócios (supostamente incompatíveis) com o Estado. Tenho feito uma espécie de inquérito a vários amigos, alguns bastante bem informados: a dívida pública desceu ou subiu: 95% dizem que sim, e desconhecem em absoluto que apenas relativamente ao PIB e ficam perplexos (às vezes vão confirmar na net), que na realidade foi aumentada pelo PS em cerca de 50.000 milhões...

Carlos Chaves: Caríssimo Rui Ramos, acho que desde que leio as suas crónicas nunca divergi das suas magníficas opiniões e interpretações da política nacional, e mais uma vez concordo em absoluto com o que aqui escreveu. Permita-me acrescentar o enorme erro que o PSD cometeu, em dar a mão ao PS em relação ao antipatriótico projecto da linha de alta velocidade nos moldes em que está para ser implementado! Se vier a ser desenvolvido como está (mal) projectado, o PNS vai cumprir o seu sonho socialista de “proteger” a “economia” portuguesa ao tornar-nos numa ilha em relação a Europa! Isto já para não falar no absurdo trajecto para “viabilizar” um aeroporto que nos querem fazer crer ser melhor localizado como resultado de altos estudos de uma suposta comissão “independente”!  É só tiros nos pés, depois admirar-se-ão se o CHEGA tiver uma votação redundante!                   João Floriano > Carlos Chaves: Uma questão: Bruxelas vai entrar com os fundos para o TGV sabendo que a nossa bitola não corresponde ao resto da bitola europeia?            Tiago Maymone: O problema da AD é que não tem reais dirigentes, alguém de quem se diga “eu com este tipo vou”. Ninguém suscita esse sentimento. Ou tratam disso depressa, ou correm o risco de enterrar de vez a velha e saudosa sigla.                   Maria Paula Silva: Duvido, mas a esperança é a última a morrer e RR tem todo o direito a tê-la. Eu, não tenho. O polvo maçónico tem tentáculos em todos os lugares, PSD inclusive, e isso é mais uma prova para a ineficácia da oposição que o PSD deveria fazer e não faz. Duvido que isso mude em 2 meses. Mas às vezes há milagres. Gostei muito do seu texto, como sempre. Obrigada.                  drumond freitas: Estranhamente todos os comentadores criticam a direita pelo que fez e pelo que não fez e mais um par de botas e glorificam o discurso de um garoto incapaz que foi demitido do governo, entre muitas outras falhas, que promete o que Costa já prometeu há oito anos e não fez e que, ele próprio, fazendo parte do governo do Costa, também pouco contribuiu. O que move a comunicação social e os comentadores para que isto aconteça? Um polvo de interesses que não quer abandonar a gamela. Ontem à noite na sic as 23 foi penoso ver 4 ventríloquos alinhados com as teorias do garoto incapaz de que agora é que é. Tive de mudar de canal. Todos percebemos que o Costa nestes últimos anos deu prioridade aos seus interesses pessoais em detrimento dos interesses dos portugueses. Foi um bom aluno na Europa para granjear apoios para os seus desígnios privados na Europa. Deixou um superavit nas contas e a ruína em vários sectores, tais como a saúde, educação, etc. Os paineleiros da nossa comunicação social estão a proteger quem? Mudar é saudável e rejuvenescedor. O Montenegro poderá não ser o ás de trunfo, mas só perceber que assusta os instalados, já é positivo e fazer pior do que o Costa fez não fará com certeza, bastando para isso ser honesto e ter bom senso. Para finalizar, só sei que sei em quem não vou votar. observador censurado: AD: Aliança de Defuntos O CDS e o PPM sabem que estão mortos. O Partido Socialista Dois (PSD) não tem consciência disso. Nos últimos 9 anos, o ponto alto do PSD terá sido, em 15.12.2022, quando o deputado André Coelho Lima afirmou: "Querem transformar isto numa taberna mas não vamos deixar", tendo arrancado aplausos da esquerda e saído aplaudido de pé pelo Partido Socialista (PS).Salvo melhor opinião, se o autor quiser ver o PSD a governar então deverá acender uma vela para o Chega ganhar as eleições e resgatar o defunto PSD.                       Rui Lima: Hoje é notícia 30% dos jovens nascidos em Portugal fugiram dos pais isto são números do 3.º mundo está é a maior desgraça nacional , isto explica porque os outros países nos passam sabendo que desde 1995 o poder tem sido quase em exclusivo do Partido Socialista este culpado tem de ser julgado.                 António Soares: A fuga em massa para o estrangeiro, dos jovens portugueses, já faz lembrar a fuga dos venezuelanos da miséria. A única diferença é que, enquanto os venezuelanos saem a pé, encetando uma longa e penosa marcha tentando alcançar o sonho americano, os jovens nacionais procuram condições de vida dignas noutros países, partindo por via aérea, rodo ou ferroviária. Mas o objectivo é o mesmo, fugir Duma deprimente apagada e vil tristeza.                Lourenço de Almeida: O país efectivamente a única coisa que quer são aumentos de pensões e a rábula esquerdista. E é natural uma vez que entre pensionistas verdadeiros e os pensionistas que fingem produzir que são muitos dos funcionários públicos, está quase metade do eleitorado e mais de metade do eleitorado que vota.                 Carlos Quartel: Vincar as asneiras e as corrupções anteriores, o estado miserável dos serviços, desde o SNS até às repartições encerradas, passando pelas noitadas à porta de hospitais, é um dever cívico. Quanto ao descaramento do PS , aparecendo como se nada se tivesse passado, falando de dentistas quando os cancros são operados com atrasos e a mortalidade aumenta por falta de assistência, só define a falta de vergonha dessa gente. Quanto às apresentações e ao espectáculo, é palha para enganar burro. Em democracia presume-se que o eleitor é capaz de distinguir a mentira e o engano. Se assim não for, qualquer vigarista pode chegar ao poder. Por mim. sei muito bem em quem não devo votar.....                    Por8175: Não há diferenças estruturais entre o PSD e o PS: ambos são SOCIALISTAS! Foi o SOCIALISMO em que vivemos desde 1974, que nos trouxe até aqui, e que nos quer fazer acreditar que podemos viver para sempre com o dinheiro dos outros, sejam eles os Portugueses "ricos" (que já não há) ou a UE (onde o dinheiro vai, um dia, acabar). Não temos dinheiro que garanta o pagamento das reformas (nem sequer das que estão a pagamento) e queremos (a) fazer aeroportos de que não precisamos (o turismo não vai continuar a crescer até ao infinito), (b) construir TGV's que só servem para poupar minutos e (c) ter cada vez mais Estado que se intrometa em todos os aspectos da vida de cada um (saúde, educação, transportes, justiça, costumes, etc.). Só quando tivermos a coragem de assumir a responsabilidade pela vida de cada um, e nos livrarmos de vez do SOCIALISMO, é que podemos deixar para os nossos netos um País onde valha a pena viver              Francisco Ramos  > António Sennfelt: Ainda não consegui perceber se a posição do PSD relativamente ao CHEGA é só estupidez, ou algum insondável mistério que só a história a muito custo conseguirá deslindar. Se alguém me conseguir explicar fico-lhe grato.                   Francisco Ramos > JOSÉ MANUEL: Pois o problema é exactamente esse. Temos os ouvidos cheios com a mensagem de que a dívida baixou, quando na realidade isso é uma tremenda mentira. Até jornalistas conceituados (?) apregoam essa loa. E suponho que até o Presidente da República. Em tempos tivemos a peste negra, e agora temos o PS, que é a mesma coisa!!!!!!!!!!!!                Carlos Costa > Carlos Chaves: Espero que o Chega tenha uma votação redundante, pois vou ajudar nisso no dia 10 de Março.                 Ana Maia: O PSD ou "AD" quer ser a direita fofinha que a esquerda deixa. Como já referi várias vezes e o RR confirma neste texto, nada no discurso do PSD tem sido diferente do discurso do PS, não há nada nas propostas do PSD que não pudessem ser propostas PS, é dar dinheiro a tudo e a todos. E ainda vamos ouvir o PS muitas vezes a acusar o PSD (ou "AD") de irresponsabilidade, de pôr em causa as contas públicas, e será o PS a pôr austeridade pesada e saindo da fotografia como o "partido responsável" e colando ao PSD a imagem de irresponsáveis e despesistas. É bem feito para o PSD que não só tem sido o PSDois mas que continua a deixar-se enredar nas narrativas socialistas (e gosta, até ajuda o PS a aprovar o TGV e traça linhas á direita em vez de á esquerda). Quando perceber que a falta de carácter que demonstram ao abdicar dos seus valores para se submeterem ao discurso fácil dos socialistas, não os favorece, já será tarde demais, assumindo que ainda não é.               Carminda Damiao: Excelente artigo. Também me parece que os dirigentes da nova AD pensam que o país apenas deseja um novo PS e por isso se colam a ele e aceitam as linhas vermelhas que lhes traçam. Vão ter uma grande surpresa quando perceberem que o povo quer mudanças, só espero que não seja demasiado tarde.                  João Amorim: Excelente artigo, uma vez mais. Só um comentário, todavia, e aliás na linha do anterior texto do autor: a nova AD é numa farsa, uma falsa “frente unida”, um teatrinho montado por Montenegro com dois partidos inexistentes para tentar travar o crescimento do Chega (e da IL). Um momento de fogo de artifício, de propaganda revivalista com baixo custo para o PSD, que se limitou a ceder dois lugares de deputado a dois próximos desempregados políticos do defunto CDS (o velho PPM não teve direito sequer a um lugar elegível nas listas: só um momento de efémera glória como contrapartida da autorização para o uso da sigla).

 

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