Os espantos das descobertas, num mundo do cada vez mais explícito “só sei que nada sei”.
Descoberta galáxia quase invisível que
desafia modelo da matéria escura do Universo
“Nuvem”, uma galáxia que estima-se
que esteja a 300 milhões de anos-luz da Terra, será dez vezes mais ténue do que
outras galáxias anã, mas também dez vezes mais extensa do que outras galáxias.
OBSERVADOR, 09
jan. 2024, 22:40 1
▲A galáxia
será dez vezes mais ténue do que outras galáxias anãs, mas também dez vezes
mais extensa do que outras galáxias
Astrofísicos descobriram uma galáxia anã
quase invisível cujas propriedades desafiam o modelo da matéria escura
(invisível) fria do Universo, foi esta terça-feira divulgado.
A galáxia, que uma equipa
liderada por investigadores do Instituto de Astrofísica das
Canárias (IAC), em Espanha, estima estar a 300 milhões de
anos-luz da Terra, será dez vezes mais ténue do que outras galáxias anãs, mas
também dez vezes mais extensa do que outras galáxias com um número comparável
de estrelas.
“À luz do conhecimento actual
não compreendemos como uma galáxia com tais características extremas pode
existir”, afirmou, citada em comunicado do Instituto de Astrofísica das
Canárias, a astrofísica Mireia Montes, que coordenou a equipa.
A
galáxia, a que foi dado o nome de “Nuvem” pela filha de um dos investigadores, tem uma aparência muito difusa que a tornam quase invisível mesmo
quando observada por meio de telescópios.
Regra geral, as galáxias têm
uma densidade muito maior de estrelas nas suas regiões internas, com a
densidade a diminuir rapidamente à medida que as estrelas se afastam do centro.
Contudo, na galáxia “Nuvem”, a densidade de estrelas varia muito pouco
em toda a sua extensão.
Segundo os autores da
investigação, publicada na revista científica Astronomy & Astrophysics, as simulações cosmológicas não
são capazes de reproduzir as características peculiares desta galáxia, mesmo na
base de diferentes cenários.
“Ficámos sem uma explicação viável dentro
do modelo cosmológico actualmente aceite, o da matéria escura fria”,
assinalou Mireia Montes, admitindo que “é possível” que com a galáxia “Nuvem” e
outras eventualmente semelhantes possam ser encontradas “pistas
adicionais” que abram “uma nova janela para a compreensão do Universo”.
O modelo da matéria escura fria
pode reproduzir estruturas de larga escala no Universo, mas há cenários de
pequena escala, como é o caso da galáxia “Nuvem”, aos quais não dá resposta.
De acordo com este modelo, a matéria escura seria constituída por
partículas com uma velocidade bem menor do que a da luz, que interagem
muito pouco com a matéria comum (matéria visível como planetas e estrelas) e
facilmente se agrupariam formando estruturas como aglomerados de galáxias e
galáxias.
Uma das hipóteses assumidas
pelos autores do estudo é que as propriedades invulgares da galáxia “Nuvem”
podem revelar que as partículas que compõem a matéria escura têm uma massa
extremamente pequena.
A descoberta e a caracterização
da galáxia “Nuvem” foram feitas com base em observações realizadas com o Grande Telescópio das Canárias, em Espanha, e o
Radiotelescópio de Green Bank, nos Estados Unidos.
ESPAÇO CIÊNCIA ASTROFÍSICA ESPANHA EUROPA MUNDO
Nenhum comentário:
Postar um comentário