De LUÍS SOARES DE OLIVEIRA
Chegado ontem, tal como o telefonema para o meu “terceiro dia de
euforia”, talvez na concretização de um sonho – um sonho de vida, antes que
esta se acabe, e daí que relembre Miguel Torga e o seu “Menino de Bibe”, que
também nunca deixei de me sentir, nisto da “ilusão”. Um poema de 1941, tinha eu
seis anos, nessa altura do poema que o poeta deve aplicar a si próprio,
justamente ciente do seu valor. Quanto a mim, nunca usei bibe e fui sempre inepta
nos meus lançamentos do papagaio de papel, que também fiz, nas correrias de
infância, terrena e desprendida nas convicções de então - mais do que hoje,
todavia.
Brinquedo
Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel,
Um cordel
E um menino de bibe.
O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
Miguel Torga, Diário I, 1941
Mas LUÍS SOARES DE OLIVEIRA envia
esta mensagem neste dia de mais uma conversa telefónica com MARIANA BRANCO, e
parece-me um milagre que tenha trazido a IGREJA, nesta frase de conteúdo
universal, para cobrir de felicidade este meu “terceiro dia” de “cordel cortado”.
Por isso, coloco aqui o seu email, que confirma o poder da crença na
importância da IGREJA nos destinos dos mundos, mesmo os individuais, e não só os
portugueses, embora muitos portugueses tenham expandido pelo mundo a
universalidade dessa IGREJA de que trata a sentença do Sr. Embaixador. Também o
comentário de LAURA GOUVEA PEDROSA vem no apoio de uma tese que não se
circunscreve, todavia, apenas a um país pequeno mas ambicioso de projecção e
que usou a Igreja como auxiliar poderoso das suas manobras expansionistas, e
mesmo nas da sua interioridade governativa, pois que, se a IGREJA contribuiu
para alargar a dimensão do saber pátrio português, por outro lado foi também meio
para o coarctar, entregando ao poder divino, mais do que à competência própria,
a sua fé na realização dos seus andamentos por este mundo de Cristo.
«QUEM NÃO CONHECE A HISTÓRIA DA
IGREJA NUNCA COMPREENDERÁ PORTUGAL E SUA HISTÓRIA.»
«LAURA GOUVEA PEDROSA: Eu diria mesmo que quem não conhece a História da Igreja não consegue
compreender a História
do Mundo.»
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