Um dia na vida
Não, não se trata de um dia marcado de horrores, como os descritos no
livro de Soljenítsin, nem eu saberia contá-los, alegre que fui, e
suficientemente feliz … fora os ameaços --- mas hoje as expectativas, se alguma
vez as tive - e confesso que sim - por via das reservas dos que duvidam, que é quase
a totalidade dos seres, conhecidos ou menos – foram regozijadamente preenchidas
com uma mensagem que me foi enviada por alguém que me chamou “escritora”-
E transcrevo:
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15:48 (há 1 hora) |
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Mariana Branco deixou um novo comentário na sua postagem "Não vale a pena ter pena":
«Viva!
O meu nome é Mariana Branco e sou bolseira de investigação do projeto Mulheres
Escritoras https://mulheresescritoras.pt . Estou de momento a realizar uma ficha de
autora sobre si para ser publicada na nossa base. Deste modo, questiono se
seria possível falarmos sobre o seu percurso enquanto escritora. Teria todo o
gosto em conduzir uma investigação mais aprofundada sobre o seu trabalho. Sendo
assim, deixo o meu mail mar.00@live.com.pt para futuros
contatos.
Muito obrigada desde já pela sua disponibilidade,
Mariana Branco»
Respondi, em plena euforia, ante a
risonha perspectiva:
«Srª D. Mariana Branco,
Um enorme espanto, esta sua carta causou em mim. E gratidão, confesso.
Realmente, tenho escrito ao longo da vida, mas jamais fui chamada de escritora,
(apesar dos livros publicados, cujas capas aparecem na Internet), talvez porque
eu própria, mulher, antes, de armas, de bastos trabalhos familiares e
profissionais (fui professora empenhada) tivesse a convicção suficiente da
minha falta de criatividade do tipo romanesco para me considerar como tal,
embora goste dos meus textos, em que não faltam graça, por vezes provocatória,
nem algum conhecimento do mundo. E amor. Amor pela minha pátria, isso sim, mas
não vou aborrecê-la com mais dados pessoais. Como fiquei feliz, aqui lhe
respondo, embora não tenha a certeza de que vou chegar aos seus olhos, inepta
que sou nestes malabarismos informáticos. Agradeço-lhe, do coração, as suas
palavras. E envio-lhe alguns dados pessoais, na expectativa de que os receba: (…)»
Eis, pois, um dia feliz para mim, ainda que as mazelas e as dúvidas habituais
de nos julgarmos todos vãmente com algum direito a isso, ponham a dúvida na sua
continuação. Para já, será mais uma página arrumada neste meu “gavetão” Poramaisb.
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