quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Cada um


Quer apenas saber de si, por isso tal aliança com o Chega não cola. De resto, as forças de esquerda nunca os deixariam funcionar, como as mortáguas, soturnamente – imbecilmente – fazem soar. Mas as inimizades e ambições da direita entre si, também não deixam. 

O país está condenado. Pelintras que somos, assim continuaremos, sem brio que pegue, nem amor pátrio, real, para pugnar, a não ser por si, “cada um sendo seus caminhos”, como Gedeão dissera, em contexto, contudo, mais democraticamente virtuoso. 

De resto, o Zé Povinho está mais consistente do que nunca nos seus novos valores, que o incitam à mândria e ao tal gesto  negativo do "fiado", com o "toma" do seu desprezo - que os trocos concedidos, directamente saídos dos cofres europeus exteriores, e astutamente concedidos para efeitos de continuidade governativa - tornaram mais orgulhosamente incisivo ainda, do que o da criação do Bordalo Pinheiro.


O Chega todo convencidão pós-convenção

Depois da convenção, o Chega foi acusado de não saber fazer contas. Em contrapartida, olhando para o PS, vê-se que são óptimos a subtrair dinheiro e a somar casos de corrupção.

TIAGO DORES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 17 jan. 2024, 00:1624

A começar, um cheirinho de Estatística: Portugal foi o país com maior excesso de mortes na primeira semana de 2024, entre os 25 que constituem a rede europeia EuroMOMO, que calcula semanalmente os números da mortalidade dos países membros. E a Directora-geral da Saúde admitiu que este excesso de mortalidade vai continuar. E eu também já me senti melhor.

Seja como for, resta-me uma dúvida e uma certeza. A dúvida: será esta mortalidade em excesso mais culpa do estado de coma do Serviço Nacional de Saúde, ou do estado de coma das finanças dos portugueses que não permite a compra de medicamentos e o aquecimento das casas? Difícil. Aposto num mix das duas. Num pijaminha de desgraças, digamos.

A certeza, essa, é absoluta. O boletim de voto para as eleições de Março devia já trazer, ao lado da imagem do Partido Socialista, o aviso: “Votar no PS provoca danos irreversíveis na saúde”. Ou, em alternativa: “Os socialistas matam a economia prematuramente.” Ou talvez: “O seu irmão emigrado na Irlanda, ou a sua prima a viver na Suíça, podem ajudá-lo a deixar de acreditar em balelas socialistas.”

Se bem que uma coisa é verdade. Há pelo menos um problema que o socialismo resolve sempre. Sempre. E se comecei pela Estatística, agora invoco a Matemática. É que o “X” que se coloca no boletim de voto para votar PS nunca representa uma incógnita. Sabemos sempre o que vale aquele “X”. Aquele “X” é igual a resma de impostos, regabofe de corrupção, e recorrente bancarrota. É a Santíssima Trindade socialista. A Socialíssima Trindade.

O que fez cair o Carmo e a outra – infelizmente – Trindade foram as propostas que o Chega fez na convenção. Segundo os demais partidos, as propostas do Chega denotam que na agremiação de André Ventura ninguém percebe nada de contas. Não admira. Surpreendente seria se algum partido português hospedasse génios capazes das mais elementares operações matemáticas. Daí que, à esquerda, a única coisa que saibam fazer seja subtrair dinheiro em impostos e multiplicar casos de corrupção. E que, à direita, PSD e IL prefiram fazer de conta que é melhor o PS continuar a governar do que entenderem-se com o Chega e ensinarem-no a fazer contas de somar.

Confesso que me surpreendeu, a quantidade de gente estupefacta, escandalizada, enojada, até, com a ausência de economistas na convenção do Chega. É que, muitas dessas pessoas, que assinalaram a absoluta necessidade de um partido que se propõe governar ter, nos seus quadros, economistas, são as mesmas que consideram nojento o programa de governo do economista – diz que até algo reputado – presidente da Argentina, Javier Milei. Trata-se, claramente, de discriminação – quiçá racismo! – face a certos e determinados economistas. Onde anda Mamadou Ba quando é mais necessário? Era retórica, a pergunta. Não faço questão de saber.

O PSD foi ainda mais longe nas críticas, ao garantir que a convenção do Chega foi um “entreposto de banha da cobra”. Se o PSD o diz, é possível que tenha sido, é. Não esqueçamos os quatro anos em que o partido, sob a liderança de Rui Rio, mais não foi do que um entreposto para levar banhadas de António Costa. Dá ideia de perceberem do assunto, realmente.

Por outro lado, com esta crítica violenta, os sociais-democratas deram a entender que o Chega baixou o nível da política portuguesa. Quando, na verdade, é quase o oposto. Desde que há Chega, e de repente, todos passámos a fingir que os políticos que nos últimos 50 anos tornaram este país no éden que está à vista, são gente cheia de qualidade.

ELEIÇÕES     POLÍTICA

COMENTÁRIOS (de 24)

Maria Tubucci:: Gostei da Socialíssima Trindade: resmas de impostos, regabofe de corrupção, e recorrente bancarrota. Estava inspirado, Sr. TD! Portugal está a empobrecer devido ao socialismo e à desistência do PSD em fazer oposição, mas o jornalismo com trela, os bitaiteiros, jornaleiros e comentadeiras, do regime vão todos escrutinar o CH, que não governa. Deixando, assim, o PS à rédea solta para fazer todos os desmandos económicos e sociais, sem ser escrutinado. É o melhor dos mundos, desviar as atenções, criar cortinas de fumo para passar entre os pingos da chuva! Esta estratégia do PS em considerar que os portugueses são todos imbecis, e que os pode ludibriar sempre, tem de acabar, caso contrário estamos todos lixados                 Amigo do Camolas: Gostei da crónica, mas destaco esta: "Daí que, à esquerda, a única coisa que saibam fazer seja subtrair dinheiro em impostos e multiplicar casos de corrupção. E que, à direita, PSD e IL prefiram fazer de conta que é melhor o PS continuar a governar do que entenderem-se com o Chega e ensinarem-no a fazer contas de somar." Por isso é que já ninguém os ouve, ninguém os lê, ninguém confia neles e ninguém gastava um euro de livre vontade para os ouvir, os ler ou os ter. Mas continuo a achar que Jornalistas, paineleiros, comentadores… são eles os maiores responsáveis pelo crescimento do Chega. Eles conseguem estar a criticar o jornalismo durante 10 minutos seguidos, com o argumento de que numa democracia ninguém está imune da critica, e no minuto seguinte dizer que o Chega não é um partido democrático, com o argumento de que tem um discurso antipolíticos. Ou seja, os jornalistas criticarem o jornalismo é a democracia a funcionar. Partidos políticos criticarem partidos políticos é ser antipolíticos/antissistema. E é neste esgoto em que nadam os nossos especialistas.                   João Floriano: Excelente! Até  a bater as botas somos os melhores do mundo. Mas não admira o excesso de mortalidade porque temos um excesso de população que já passou do prazo de validade e que ficou extremamente fragilizada durante a pandemia com todos os casos de doenças mesmo graves que não foram tratadas. Mesmo as doenças menos graves, agravaram-se (passe o termo) com os problemas da falta de imunidade. Há mais de 40 anos quando o meu filho ainda andava no infantário, as crianças coitadinhas apanharam uma carga de lombrigas à excepção do meu  que passava a vida  a brincar no galinheiro e coelheira da avó.  Quanto às contas dos vários partidos, Tiago Dores esqueceu-se de mencionar as famosas contas missanga, com que os holandeses compraram Manhattan aos índios, para além de espelhinhos. O PS também compra os pensionistas com missangas e também lhes fornece espelhinhos para observarem  a cremalheira em mau estado que PNS se propõe transformar num sorrido à hollywood com a saúde oral no SNS.                Jorge Martins: Muito bom, excelente                Pedro Almeida: Ricardo Araújo Pereira usa técnicas de marketing o seu programa semanal para beneficiar a esquerda e prejudicar a direita. Nunca percebi como um programa de meras gravações a dizer mal dos outros tem tanta popularidade. Ou melhor, até percebo. O patético Zé Povinho é facilmente manipulável. Tiago Dores e Diogo Quintela fariam algo de melhor e original                    Isabel Amorim: Exactamente! É tudo isso. O que eles gostam é do Dubai, Katar e Los Angeles, Portugal é para brincar, se promoverem e que se lixe um dia alguém que tome conta disto. Problemas? Não há! O Chega inventa tudo, são os novos papões de gente cujos pais não leram histórias ao deitar... 

 

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