Quer apenas saber de si, por isso tal
aliança com o Chega não cola. De
resto, as forças de esquerda nunca os deixariam funcionar, como as mortáguas,
soturnamente – imbecilmente – fazem soar. Mas as inimizades e ambições da
direita entre si, também não deixam.
O país está condenado. Pelintras que
somos, assim continuaremos, sem brio que pegue, nem amor pátrio, real, para
pugnar, a não ser por si, “cada um
sendo seus caminhos”, como Gedeão
dissera, em contexto, contudo, mais democraticamente virtuoso.
De resto, o Zé Povinho está mais
consistente do que nunca nos seus novos valores, que o incitam à mândria e ao
tal gesto negativo do "fiado", com o "toma" do seu
desprezo - que os trocos concedidos, directamente saídos dos cofres europeus
exteriores, e astutamente concedidos para efeitos de continuidade governativa -
tornaram mais orgulhosamente incisivo ainda, do que o da criação do Bordalo
Pinheiro.
O Chega todo convencidão pós-convenção
Depois da convenção, o Chega foi
acusado de não saber fazer contas. Em contrapartida, olhando para o PS, vê-se
que são óptimos a subtrair dinheiro e a somar casos de corrupção.
TIAGO DORES Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 17
jan. 2024, 00:1624
A começar, um cheirinho de Estatística: Portugal foi o país com maior excesso de
mortes na primeira semana de 2024, entre os 25 que constituem a rede europeia
EuroMOMO, que calcula semanalmente os números da mortalidade dos países
membros. E a Directora-geral da Saúde admitiu que este excesso de mortalidade
vai continuar. E eu também já me senti melhor.
Seja como for, resta-me uma dúvida e uma
certeza. A dúvida: será esta mortalidade em excesso mais culpa do estado de
coma do Serviço Nacional de Saúde, ou do estado de coma das finanças dos
portugueses que não permite a compra de medicamentos e o aquecimento das casas?
Difícil. Aposto num mix das duas. Num pijaminha de desgraças, digamos.
A
certeza, essa, é absoluta. O boletim de voto para as eleições de Março devia já
trazer, ao lado da imagem do Partido Socialista, o aviso: “Votar no PS provoca
danos irreversíveis na saúde”. Ou, em alternativa: “Os socialistas matam a
economia prematuramente.” Ou talvez: “O seu irmão emigrado na Irlanda, ou a sua
prima a viver na Suíça, podem ajudá-lo a deixar de acreditar em balelas
socialistas.”
Se bem que uma coisa é verdade. Há pelo
menos um problema que o socialismo resolve sempre. Sempre. E se comecei pela
Estatística, agora invoco a Matemática. É que o “X” que se coloca no boletim de voto para votar PS nunca
representa uma incógnita. Sabemos sempre o que vale aquele “X”. Aquele “X” é
igual a resma de impostos, regabofe de corrupção, e recorrente bancarrota. É a
Santíssima Trindade socialista. A Socialíssima Trindade.
O que fez cair o Carmo e a outra –
infelizmente – Trindade foram as propostas que o Chega fez na convenção.
Segundo os demais partidos, as propostas do Chega denotam que na agremiação de André Ventura ninguém
percebe nada de contas. Não admira. Surpreendente seria se algum partido
português hospedasse génios capazes das mais elementares operações matemáticas.
Daí que, à esquerda, a única coisa que
saibam fazer seja subtrair dinheiro em impostos e multiplicar casos de
corrupção. E que, à direita, PSD e IL prefiram fazer de conta que é melhor o PS
continuar a governar do que entenderem-se com o Chega e ensinarem-no a fazer
contas de somar.
Confesso que me surpreendeu, a
quantidade de gente estupefacta, escandalizada, enojada, até, com a ausência
de economistas na convenção do Chega. É que, muitas dessas pessoas, que
assinalaram a absoluta necessidade de um partido que se propõe governar ter, nos
seus quadros, economistas, são as mesmas que consideram nojento o programa
de governo do economista – diz que até algo reputado – presidente da Argentina,
Javier Milei. Trata-se, claramente, de discriminação – quiçá racismo! –
face a certos e determinados economistas. Onde
anda Mamadou Ba quando é mais necessário? Era retórica, a pergunta. Não faço
questão de saber.
O PSD foi ainda mais longe nas críticas,
ao garantir que a convenção do Chega
foi um “entreposto de banha da cobra”. Se o PSD o diz, é possível que tenha
sido, é. Não esqueçamos os quatro anos em que o partido, sob a liderança de Rui
Rio, mais não foi do que um entreposto para levar banhadas de António Costa. Dá
ideia de perceberem do assunto, realmente.
Por outro lado, com esta crítica violenta,
os sociais-democratas deram a entender que o Chega baixou o nível da política
portuguesa. Quando, na verdade, é quase o oposto. Desde que há Chega, e de repente, todos passámos a fingir que os
políticos que nos últimos 50 anos tornaram este país no éden que está à vista,
são gente cheia de qualidade.
COMENTÁRIOS (de 24)
Maria Tubucci:: Gostei da Socialíssima Trindade: resmas de
impostos, regabofe de corrupção, e recorrente bancarrota. Estava inspirado, Sr.
TD! Portugal está a empobrecer devido ao socialismo e à desistência do PSD em
fazer oposição, mas o jornalismo com trela, os bitaiteiros, jornaleiros e
comentadeiras, do regime vão todos escrutinar o CH, que não governa.
Deixando, assim, o PS à rédea solta para fazer todos os desmandos económicos e
sociais, sem ser escrutinado. É o melhor dos mundos, desviar as atenções,
criar cortinas de fumo para passar entre os pingos da chuva! Esta estratégia
do PS em considerar que os portugueses são todos imbecis, e que os pode
ludibriar sempre, tem de acabar, caso contrário estamos todos lixados. Amigo do
Camolas: Gostei
da crónica, mas destaco esta: "Daí que, à esquerda, a única coisa que
saibam fazer seja subtrair dinheiro em impostos e multiplicar casos de
corrupção. E que, à direita, PSD e IL prefiram fazer de conta que é melhor o PS
continuar a governar do que entenderem-se com o Chega e ensinarem-no a fazer
contas de somar." Por isso é que
já ninguém os ouve, ninguém os lê, ninguém confia neles e ninguém gastava um
euro de livre vontade para os ouvir, os ler ou os ter.
Mas continuo a achar que Jornalistas, paineleiros, comentadores… são
eles os maiores responsáveis pelo crescimento do Chega.
Eles conseguem estar a criticar o jornalismo durante 10 minutos
seguidos, com o argumento de que numa democracia ninguém está imune da critica,
e no minuto seguinte dizer que o Chega não é um partido democrático, com o
argumento de que tem um discurso antipolíticos. Ou seja, os jornalistas
criticarem o jornalismo é a democracia a funcionar. Partidos políticos
criticarem partidos políticos é ser antipolíticos/antissistema. E é neste
esgoto em que nadam os nossos especialistas. João
Floriano: Excelente!
Até a bater as botas somos os melhores do mundo. Mas não admira o excesso
de mortalidade porque temos um excesso de população que já passou do prazo de
validade e que ficou extremamente fragilizada durante a pandemia com todos
os casos de doenças mesmo graves que não foram tratadas. Mesmo as doenças
menos graves, agravaram-se (passe o termo) com os problemas da falta de
imunidade. Há mais de 40 anos quando o meu filho ainda andava no infantário, as
crianças coitadinhas apanharam uma carga de lombrigas à excepção do meu
que passava a vida a brincar no galinheiro e coelheira da avó.
Quanto às contas dos vários partidos, Tiago Dores esqueceu-se de mencionar as
famosas contas missanga, com que os holandeses compraram Manhattan
aos índios, para além de espelhinhos. O PS também compra os
pensionistas com missangas e também lhes fornece espelhinhos para
observarem a cremalheira em mau estado que PNS se propõe transformar num
sorrido à hollywood com a saúde oral no SNS. Jorge
Martins: Muito
bom, excelente Pedro
Almeida: Ricardo Araújo Pereira usa técnicas de marketing o seu
programa semanal para beneficiar a esquerda e prejudicar a direita. Nunca
percebi como um programa de meras gravações a dizer mal dos outros tem tanta
popularidade. Ou
melhor, até percebo. O patético Zé Povinho é facilmente manipulável. Tiago
Dores e Diogo Quintela fariam algo de melhor e original Isabel
Amorim: Exactamente!
É tudo isso. O que eles gostam é do Dubai, Katar e Los Angeles, Portugal é
para brincar, se promoverem e que se lixe um dia alguém que tome conta disto.
Problemas? Não há! O Chega inventa tudo, são os novos papões de gente cujos
pais não leram histórias ao deitar...
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