Feito de extrema pequenez, egoísta e peca. Desta vez prova-o a “irracionalidade”
de Montenegro, seguindo em frente, numa vaidade indiferente a outras hipóteses
que não sejam as das suas certezas, pobre tonto, apesar de haver quem bem o
desmascare, como Rui
Ramos e algum comentador afoito e sério.
O azar
da AD
Perante as geringonças e os “casos” a
que o poder socialista reduziu a política em Portugal, talvez fizesse sentido
arriscar outra visão da vida pública. Talvez o país notasse a diferença.
RUI RAMOS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 26 jan. 2024, 00:2261
Já tínhamos, entre as expressões
proverbiais, o “azar dos Távoras”. É possível que ainda venhamos a ter o “azar
da AD”. Na última semana, a infelicidade foi insistente. Antes da convenção,
foi Nuno Melo a defender, muito seguro, que a AD, se
não ganhasse, devia ajudar a manter o PS no poder, mesmo havendo maioria para
outra solução. No dia da apresentação do programa económico, foi a
investigação na Madeira, com o presidente do governo regional suspeito de
corrupção, e os outros partidos a fazerem comparações com o caso de António
Costa.
Nunca devemos subestimar os caprichos
da fortuna. Napoleão preferia um general menos bom, mas com sorte, a um general
excelente, mas azarado. Nesta história da AD, porém, não parece
ter havido apenas infortúnio. Como todos vimos, Nuno Melo julgou estar a dizer
exactamente o mesmo que Luís Montenegro. Como
é possível, quando a AD e o Chega se acusam mutuamente de contribuir para o
prolongamento do mando socialista, que os dirigentes da AD não tivessem
arranjado meia hora para definirem uma posição conjunta e limpa sobre a
hipótese de um governo minoritário do PS?
A mesma coisa na Madeira. Os dirigentes do PSD estabeleceram regras
para candidatos a deputado comprometidos em processos judiciais. Mas
perante o precedente da demissão de António Costa, não deveriam ter também um
protocolo sobre como reagir no caso de titulares de cargos públicos? Isso
ter-lhes-ia permitido agora tomar posição de acordo com essa regra, e não, como
parece, serem obrigados a manifestar-se (ou a calar-se) em função de simples
solidariedade partidária. Foi
notória a alegria do PS, já a antecipar talvez algum pacto de silêncio sobre um
assunto que, a crer nos cartazes, a AD ia usar.
Poder-se-ia chamar a isto, impreparação. Mas talvez
não seja. Depois da convenção, Luís
Montenegro continuou a recusar-se a responder directamente aos jornalistas
sobre a viabilização de um governo socialista. Como explicar isto? É muito
provável que os dirigentes da AD prevejam um futuro de confusão a seguir a 10
de Março. Acreditarão que lhes convém, por isso, estarem disponíveis para
certos acordos?
É uma escolha. A fragmentação da Assembleia da República, a atenção
judicial ao exercício do poder político, a estagnação económica, e a degradação
dos serviços públicos tornaram tudo fluído em Portugal. Perante
isto, os políticos têm duas opções. Ou
fazem parte da indefinição e da incerteza, procurando estar à vontade para
agarrar quaisquer oportunidades, mesmo as mais manhosas; ou tentam tornar-se
focos de clareza e de direcção, e ir à frente dos acontecimentos, mesmo que
isso limite as suas opções. Admito que sejam necessárias
convicções fortes, e bastante confiança em si próprio e no país para optar pela
segunda via. Mas
perante as geringonças e os “casos” a que o poder socialista reduziu a política
em Portugal, talvez fizesse sentido arriscar outra visão da vida pública.
Talvez o país notasse a diferença. Talvez reagisse. Talvez, quem sabe, aderisse.
A melhor maneira de ter azar é
entregarmo-nos à sorte. Foi o que a AD fez até agora. O que é pena, porque o programa económico apresentado
esta semana é um bom mapa para começar a libertar Portugal da mão morta do
poder socialista. Não está lá tudo, nem podia estar, mas está lá muito do que
realisticamente se pode e deve fazer. Mas nem isso os seus dirigentes
parecem capazes de pôr em relevo, inquietos apenas em “reconciliarem-se” com o
eleitorado pensionista nos mesmos termos do poder e narrativa socialista, e por
isso renegando até Pedro Passos Coelho
– mais uma vez, para gáudio de Pedro Nuno Santos. O país precisa de uma alternativa
conservadora-liberal. É de facto azar que aqueles que se propuseram
protagonizá-la mostrem tão pouca convicção.
COMENTÁRIOS (de 61)
Ana Luís da
Silva:Excelente e corajosa reflexão. Parece que a AD
trata com opacidade o eleitorado, à maneira do PS: como carneirada ou burricada
(manada de burros) entretidos em seguir atrás da cenoura. Não clarifica como se
vai relacionar com os socialistas caso estes venham a ganhar eleições. Num momento que é grave para o país, somos
confrontados com a evidência de que temos que confiar cegamente numa AD acabada
de nascer, que ainda não deu provas de nada, mas que acha que pode calar-se
quanto às opções políticas de fundo enquanto anuncia medidas que, em abono da
verdade, qualquer outro partido também pode implementar.
É tão simples. Ou apoiam ou não apoiam um governo minoritário
dessa gente (no mínimo) incompetente que tem transformado Portugal num pântano.
Só o CHEGA e André Ventura falam claro e e quanto a mim, neste momento, estão
preparados para agregar a “direita à direita do PS”. Depois
admirem-se se os portugueses mais jovens votam CHEGA. Podem não saber por onde
vão (e se calhar até sabem), mas pelo menos sabem que não vão pelo socialismo. Pontifex
Maximus: O Rui Ramos é, obviamente, um homem bom e isso inibe-o de chamar os bois pelos nomes. Não é falta de convicção
o que afecta Montenegro e o rapaz de Guimarães, é outra coisa mais evidente:
competência, meu caro Rui Ramos, é competência que falta a essa malta. Viu
ontem o Ventura ser empurrado até ao abismo na CNN? Mas não caiu, e até
resistiu a dizer ao entrevistador que ele tinha despido o fato de entrevistador
e estava a abusar manifestamente da sua posição de jornalista e a ser mais que
amigo do PS, tão descarado era nas opiniões que manifestava. Sim, aquilo não
eram perguntas, eram comentários tipo Alberto dos Reis ao Código de Processo
Civil, mas o. Ventura manteve-se sempre calmo e explicativo. E o povo pôde
ouvir e perceber… Alexandre Barreira: Pois. Azar...azar....temos nós. Sermos esmifrados com impostos. Taxas e taxinhas de
toda a ordem. E ainda por cima sermos gozados por esta maltinha....! João Floriano
> Pedra Nussapato: Será porque ela existe e está
em crescimento não só em Portugal como no resto da Europa? Será porque as
políticas de esquerda não resolveram os gravíssimos problemas que nos
afligem? Será porque os programas dos partidos de esquerda representam mais do
mesmo? Será porque não há da parte da esquerda qualquer ideia original a não
ser impedir raivosamente que a direita consiga governar? Francisco
Almeida: Dentro do PS e dentro do PSD há um elo de ligação que se chama Maçonaria.
Na ausência de um líder forte, como foram Mário Soares, Sá Carneiro e até
Cavaco Silva - este mais por ser um "outsider" - a tendência para os
entendimentos tende a prevalecer. É apenas curioso - e muito complicativo
pensando apenas na governabilidade - que PNS ofereça menos perspectivas de
aceitar um bloco central do que Montenegro, que recusa falar sobre o assunto e
tem fumos de ligações à Maçonaria.
Paulo Silva: Caro RR, sim concordo
plenamente com outra visão da vida pública e a alternativa, mas o que é isso de
alternativa liberal-conservadora?… É um PSD a votar leis da Ideologia de
Género?!… Em 5 décadas de um regime talhado para “abrir o caminho para uma
sociedade socialista”, como fizeram questão de vincar os pais fundadores e os
próceres do regime, desde quando quiseram dar espaço a tal alternativa?... Dizem
que isto é uma espécie de democracia, e o azar do PSD e das AD’s é terem
nascido nesta espécie de democracia. A abrilada deixou um partido no centro do
regime, o PS, a quem a lei fundamental funciona como excelente meio para o
peixe socialista poder nadar a seu bel prazer para todos os lados, deixando um
PSD intoxicado com as águas do socialismo, a vir respirar à tona pedindo por
reformas… Foi assim durante 50 anos. Nos últimos anos a coisa piorou e as
direcçãos do PSD tendo perdido eleitorado para o PS, convenceram-se de que só o
recuperariam usando a estratégia da camuflagem. Querem parecer o PS, e copiam o
PS. Há muitos portugueses fartos do rame-rame. O «Chega!», como a forma da sua
própria nomenclatura indica e não esconde, nasceu de um sentimento de cansaço e
insatisfação que perpassa todos aqueles que têm preocupações censuradas pelo
sistema ideológico dominante. Não nasceu de nenhum centro de estudos ou
departamento universitário, mas a dita direita tradicional deveria ter
aproveitado o boost que o «Chega!» lhe proporciona para romper com o fado
socialista. E se há formação com força para encarnar o liberal-conservadorismo
neste país é precisamente o «Chega!». Rio e Montenegro foram cobardes perante o
assédio socialista, fizeram mal, (a menos que haja uma carta na manga).
joaquim zacarias: PSD após PPC, e PS desde
sempre, são farinha do mesmo saco. Acabar com o bloco central de interesses e corrupção, só
votando CH. Rui
Pedro Matos: O sr. Rui Ramos já escreve, alternativa conservadora-liberal. Está quase
lá..... A alternativa é o lado direito do Hemiciclo, a ala do pensamento de
direita, da iniciativa privada, na iniciativa individual e dos Valores: Deus,
Pátria, Família e Trabalho. Maria
Cordes: Na mouche, o PSD quer estar bem com Deus e com o diabo, foi assim com Rio,
que pendeu sempre para o lado do diabo, fazendo letra morta dos interesses do
país, e é assim com Montenegro, menos ostensivo. Coluna vertical, homem de Sá
de Miranda, de uma só face... isso não está no ADN deste PSD. Os
portugueses, apesar de desclassificados, da campanha para os embrutecer, nas
escolas, e nos programas televisivos, têm a intuição dos inocentes, não
acreditam, nesta AD, que cravou agora o último prego no caixão, ao não se
demarcar de Albuquerque. J.
D.L.: A maior parte dos políticos portugueses não têm dedicação exclusiva à causa
pública. Muitos deles têm os seus negócios, os seus escritórios e o seus
empregos, pelo que não admira que estejam sempre impreparados. Impreparados
para a oposição. E ainda menos preparados para o governo (e para a câmara
municipal, a junta de freguesia, etc). Alberico Lopes: Que grande lição! Pena é que
o Luiz Montenegro e a sua plêiade de coristas não entenda a profundidade
e clareza deste excelente texto! Vitor Batista > pedro dragone: Queres que eu vote nos laranjas
ou nos vermelhos?ou vote ps? Carlos
Costa > Ana Luís da Silva: Já não sou jovem, mas vou votar
CHEGA... Carlos
Real: O que se passa
com a AD nao e azar. Todos sabemos que os chuchialistas sao os campeoes da
corrupçao e do dinheiro sujo, simplesmente porque dominam os mais altos cargos
do Estado e a maioria das camaras. O PSD tem o mesmo ADN. Veja-se a forma
como Albuquerque fez a negociata com o PAN. Os negocios com a Construtora do
Tamega. Como Montenegro recriou a velha AD dando ao CDS deputados virtuais,
e uma coligaçao com o PPM que alcançou 260 votos nas ultimas eleiçoes. Ate
um casamento costuma ter mais gente. Inacreditavel. Agora qualquer eleitor
potencial da AD sabe que Montenegro e mais do mesmo. Nao existe diferença entre
o PS e o PSD. Nem no nome. PSD significa PSDois. Sérgio: Soberbo. É "azar" a somar a total
falta de visão (do panorama actual) e incompetência! O PSD jamais deveria ter criado
"linhas vermelhas e cercas sanitárias" ao Chega!, mas aos janados
sebentos e mafiosos e imundos esquerdalhados. bento
guerra > Luis Figueiredo: Não sei, mas julgo que os
laranjas já perceberam que o Montenegro é um enorme erro de "casting"
e de conversa. Ele disse que as centenas de milhares que votem Chega não
contam. Já o PS tem o maior pantomineiro, depois do Sócrates bento
guerra: É possível que ,a 11 de Março, o Ventura ofereça a governação ao PSD, de
acordo com balizas pré-estabelecidas. Na condição auto-infligida por
Montenegro, de que não vai ser PM, mas "alguém"....Na entrevista à
CNN ,o Ventura deu a entender que há gente no PSD com sentido das realidades e
que não aceita o PS a governar "whatever it takes". José
cordeiro Cordeiro: Este é um país de políticos
incompetentes, seja ele o quadrante em que se situam! Os poderes foram
usurpados por gente corrupta e sem ética, daí a desmobilização do eleitorado. O
futuro vai ser complicado!!!!
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