domingo, 28 de janeiro de 2024

Uma história real

 

De uma rainha plebeia

No início da campanha para estas primárias republicanas, Nikki Haley começou realmente com o estatuto de alguém cujas chances de vencer eram praticamente nulas: BLOOMBERG VIA GETTY IMAGES

Nikki Haley. A republicana que "foi sempre a underdog" e que espera derrotar Trump

Defensora da Ucrânia e de Israel e de "dieta" nas contas públicas, Nikki Haley é a única candidata que ainda desafia Trump entre os republicanos. E quer que história de "underdog" vingue novamente.

JOSÉ CARLOS DUARTE: Texto

OBSERVADOR, 28 jan. 2024, 11:1618

 Fui sempre a underdog. Eu gosto disso. É isso que me torna uma lutadora.” Esta frase está a ser por várias vezes repetida na campanha para as primárias republicanas pela antiga governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, uma contabilista filha de pais indianos que se assume como a personificação do sonho americano. “Ganhei primárias e eleições gerais complicadas. Fui sempre a underdog em cada uma das vezes. Quando as pessoas me desvalorizam, é sempre engraçado. Mas nunca perdi uma eleição. E não vai ser agora que vou começar a perder.”

No início da campanha para estas primárias republicanas, Nikki Haley começou realmente com o estatuto de alguém cujas chances de vencer eram praticamente nulas. As sondagens davam-lhe apenas 8% das intenções de voto, sendo o cenário mais provável um duelo entre o governador da Florida, Ron DeSantis, e o antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump. Afastando-se de uma retórica mais radical e tentando cativar o eleitorado mais moderado entre os republicanos, a contabilista foi ganhando apoiantes e financiamento ao longo destes meses.

A cerca de seis meses de os republicanos escolherem quem será o candidato que vai enfrentar Joe Biden nas presidenciais marcadas para novembro, Nikki Haley desafiou todas as probabilidades e tornou-se a principal rival de Donald Trump dentro do Partido RepublicanoA mulher de 52 anos é a única que permanece na corrida nas primárias, após a desistência de Ron DeSantis. Esta terça-feira, no New Hampshire, a antiga governadora angariou 43% dos votos, ficando a cerca de doze pontos de distância do ex-chefe de Estado. Mesmo tendo perdido, declarou que “este era apenas o início” das primárias: “A nossa luta ainda não acabou. Ainda temos um país para salvar”.

O guião da candidata que ninguém valoriza e que todos preconizam inicialmente que perderá — se bem que acabe surpreendentemente por vencer — repetiu-se inúmeras vezes durante a carreira de Nikki Haley, como a própria assume. Um talento natural para a comunicação, uma capacidade de adaptação fora do normal e uma postura camaleónica em assuntos mais relevantes (dando muitas vezes o dito pelo não dito) tornam a mulher de 52 anos, na underdog perfeita, principalmente num partido conservador como o republicano.

Esta postura revelava-se, contudo, essencial para a sua sobrevivência política dentro do Partido Republicano. Sendo mulher e filha de imigrantes, a antiga governadora teve de derrubar várias barreiras para obter sucesso político. Enquanto conservadora e mulher, bebeu muita da sua inspiração com a dama de ferro, Margaret Thatcher, utilizando uma das frases mais repetida pela antiga primeira-ministra britânica: “Se se quiser que alguém diga alguma coisa, peça-se a um homem; se se quiser que alguém faça alguma coisa, peça-se a uma mulher”. 

A nível federal, Nikki Haley ganhou a fama de uma republicana determinada e mais moderada do que os seus correligionários. Mas essa reputação não deverá ser suficiente para derrotar Donald Trump, especialmente dentro do Partido Republicano. A antiga governadora, que também foi escolhida para ser a embaixadora norte-americana das Nações Unidas pelo antigo Presidente, promete que não vai baixar os braços e quer continuar nas primárias, esperando enfrentar Joe Biden nas presidenciais. A esperança mantém-se, ainda que quase todos os indicadores apontem para uma muito provável vitória do ex-chefe de Estado na corrida republicana.

Aliada da Ucrânia, contra o aborto e rigorosa nas contas públicas: o que defende Nikki Haley?

É uma das maiores diferenças de Nikki Haley face aos adversários nestas primárias republicanas. A antiga embaixadora das Nações Unidas é a favor de que os Estados Unidos continuem a prestar apoio militar à Ucrânia. Ron DeSantis considerava que Kiev não deveria receber mais ajuda, ao passo que Donald Trump mantém um posicionamento ambíguo, garantindo somente que terminará o conflito em 24 horas — o que pode implicar eventuais cedências territoriais.

Ciente de que a ajuda à Ucrânia é um tópico sensível junto a republicanos mais à direita com ideias mais viradas para o isolacionismo, Nikki Haley afinou o discurso para tentar agradar-lhes. Mesmo defendendo o apoio a Kiev, a antiga governadora enfatiza que deve ser apenas militar, através do envio de armamento e munições, e nunca económicoE mantém sempre um tom crítico a Joe Biden, acusando a administração democrata de não revelar todos os detalhes sobre o que envia para território ucraniano.

“Joe Biden nunca disse às pessoas porque é que se devem importar com a Ucrânia”, acusou Nikki Haley durante uma entrevista à Fox News. O argumento que a antiga embaixadora da ONU utiliza é que ajudar a Ucrânia leva a que se “previna um confronto” maior. Dito doutro modo, ajudar Kiev serve como um impedimento para que a Rússia não invada um Estado-membro da NATO, evitando-se assim o envio de tropas norte-americanas para a Europa.

 Nikki Haley, ao contrário de quase todos os ex-candidatos do Partido Republicano, defende a continuidade do apoio militar à Ucrânia CAROLINE BREHMAN/EPA

A guerra na Ucrânia é, por isso, um “interesse de segurança nacional” para Nikki Haley, não sendo apenas uma disputa territorial. “Esta é uma guerra sobre liberdade e nós devemos vencê-la”, afirmou à CNN internacional. Em assuntos de política externa, a antiga governadora também mantém um discurso bastante crítico contra a China, atribuindo-lhe o estatuto de maior ameaça para os Estados Unidos. Aliás, a antiga embaixadora da ONU defende que os EUA devem ajudar militarmente Taiwan caso seja invadido por Pequim.

 “Se a Rússia ganhar, a China ganha”, aponta ainda Nikki Haley, que é igualmente defensora de Israel e das suas acções contra o Hamas. “Se o Hamas ganhar, o Irão ganha. Se a maldade tiver sucesso, coloca-nos a todos em risco. Os Estados Unidos não começam guerras, previnem-nas”, avisou a antiga embaixadora das Nações Unidas numa campanha publicitária.

Noutros tópicos da política interna, mais de cariz social, Nikki Haley caracteriza-se como uma “conservadora de linha dura”. Um desses exemplos é que é abertamente contra o direito ao aborto e utiliza um episódio da sua história de vida para explicar o seu posicionamento. Citada pela NBC News, a antiga governadora recordou as dificuldades para engravidar e como isso a fez “apreciar” os movimentos pró-vida. Conta ainda outra história: a do que o marido, Michael Haley, que é adoptado.

 Nikki Haley e o marido, Michael Haley GETTY IMAGES

Assumindo-se como “100% a favor” dos movimentos pró-vida, Nikki Haley não descarta avançar com uma legislação que proíba o aborto em todos os estados, mesmo estando “satisfeita” com a legislação actual, esta que, após a reversão judicial do caso Roe v. Wade, retirou o direito ao aborto da constituição norte-americanaNo entanto, a posição da ex-embaixadora não é completamente clara. “Não julgo ninguém por ser a favor do aborto”, disse a antiga governadora, entendendo que o aborto é um assunto “pessoal” e que “deve ser tratado dessa maneira”. Isso valeu-lhe críticas dos rivais, como nota o Washington Post, por não ser clara nos seus posicionamentos.

Em parte devido às suas origens, Nikki Haley adopta um posicionamento bastante ambíguo no que diz respeito às migrações e ao estado da fronteira. Por um lado, a antiga governadora quer endurecer os requisitos de entrada nos Estados Unidos, mas por outro, salienta que o processo deve ser feito numa base humanista. Por exemplo, a antiga embaixadora manifesta-se contra a que se separem famílias nas fronteiras.

“Penso que devemos parar o derrame de sangue na fronteira e fazer uma reforma”, defende a ex-governadora da Carolina do Sul, apelando a que democratas e republicanos se entendam no assunto e “comecem a trabalhar para o povo norte-americano”. Na óptica de Nikki Haley, os dirigentes norte-americanos devem procurar os motivos pelos quais “os imigrantes ilegais” entram nos Estados Unidos, ou por que motivo é que eles chegam às fronteiras, e agir nessa base.

 Nikki Haley mantém um posicionamento ambíguo nas migrações GETTY IMAGES

Na economia, Nikki Haley define que quer ser a “contabilista” da Casa Branca, à semelhança da sua profissão antes de ingressar no mundo político. A política de 52 anos aspira a cortar a despesa pública e reduzir a dívida norte-americana. “Há um gasto excessivo na maneira como governamos”, afirmou a republicana numa entrevista citada pela Forbes. É preciso, por isso, acabar com “burocracia” e com programas sociais que não são necessários.

 O governo tem a responsabilidade de assegurar os direitos e as liberdades das pessoas. Nunca deveria fazer tudo e ser responsável por tudo”, defende Nikki Haley, que considera que a actual administração Biden “inchou” o Estado, que “precisa agora de se submeter a uma dieta”. “Acho que não é o tempo de os contribuintes continuarem a pagar pelo governo. É tempo de os contribuintes verem algum retorno nos seus investimentos.”

Quem é a antiga contabilista que não tem medo dos bullies?

Foi na região de Punjab, no norte da Índia, que os pais de Nikki Haley, crentes do sikhismo, se conheceram em meados dos anos 50. O pai, Ajit Singh Randhawa, licenciou-se em Biologia na Universidade de Nova Deli, enquanto a mãe, Raj Kaur Randhawa, foi uma pioneira a frequentar o ensino superior na Índia, tendo sido uma das raras mulheres a completar o curso de Direito. Os dois mudam-se para Vancouver, no Canadá, de modo a Ajit Singh Randhawa fazer um doutoramento. 

 Nikki Haley numa visita à Índia em 2014 AFP VIA GETTY IMAGES

Após a conclusão do doutoramento, Ajit Singh Randhawa procurou emprego e viu que havia uma vaga numa pequena universidade na província de Denmark, na Carolina do Sul. Apesar da resistência da mulher, o casal acabou por se mudar para os Estados Unidos e estabelecem-se na cidade de Bamberg. A integração de dois indianos, num meio bastante conservador, não foi fácilComo conta o Politico, na localidade havia uma segregação entre brancos e negros; e o casal não se integrava em nenhum dos lados.

Nimarata Nikki Randhawa, que mais tarde viria a adoptar o apelido do marido, nasce em 1972 e é a primeira filha do casal a nascer nos Estados Unidos da América, algo que lhe possibilitou candidatar-se à Casa Branca, uma vez que a constituição norte-americana proíbe que alguém nascido fora do país chegue a Presidente ou mesmo a vice-presidente. A infância da filha do meio — tinha ainda um irmão e uma irmã mais velhos — não foi nada fácil.

“Eu isolava-me, porque enquanto os meus amigos comiam esparguete e cheeseburgers, eu tinha de comer sempre comida indiana com a minha mãe”, recordou ao Politico, jornal ao qual também desabafou sobre as roupas e acessórios que os pais usavam — como o turbante ou roupas tradicionais —, que originavam muitos olhares. “Havia sempre pessoas a olhar e a apontar, ouvia-os a gozarem com o meu pai, ou com aquilo com que a minha mãe estava vestida… Ninguém se sentava connosco.”

Nikki Haley

A vida de Nikki Haley e dos irmãos muda quando os pais decidem abrir uma loja de roupa em Bamberg, de nome ExoticaAs cores vibrantes dos vestidos que vendiam tornaram-se a referência da marca, que chegava a ser procurada por cantoras de gospel famosas. Sempre estudiosa e a querer contribuir para os negócios da família, aos 13 anos, Nimarata Randhawa começa a ajudar nas contas e na gestão da loja.

Foi este sucesso no negócio familiar que permitiu Nikki Haley ingressar numa escola privada e, mais tarde, na universidade de Clemson para estudar contabilidade, com um objetivo em mente: ajudar a gerir a Exotica. Nessa altura, a política ainda não ocupava praticamente espaço nenhum na vida da jovem. Aliás, a política entra na sua vida através do activismo social.

Quando se licencia e após se casar com Michael Haley — que conheceu na segunda semana da universidade e pelo qual ainda se mantém apaixonada —, Nikki Haley dedica-se à gestão da loja de roupa, tentando fazer crescer a marca. Enquanto empresária, ingressou na câmara de comércio de Lexington e foi aí que teve contacto com a política, numa altura também em que a Exótica estava a sofrer uma fase negativa.

 Nikki Haley em 2009 quando ainda era congressista na Carolina do Sul TRIBUNE NEWS SERVICE VIA GETTY I

Em 2004, Nikki Haley chega a um primeiro cargo para ser congressista na Câmara de Representantes da Carolina do Sul, tornando-se a primeira pessoa com origens indianas a ocupar essa função. É reeleita em 2008, mas, dois anos mais tarde, aproveita a ocasião para dar ainda um salto mais ambicioso: chegar a governadora

A tarefa não se afigurava fácil. “Quando concorri a governadora, enfrentei um vice-governador, um congressista, um procurador e um senador. Eu a era a Nikki quem? Ninguém tinha ouvido falar de mim”, recordou Nikki Haley à revista New Yorker. Entrava na corrida como uma underdog, como tinha sido, aliás, para o cargo de congressista. Ao Politico, um amigo de longa data da republicana, Matt Moore, recorda que ela não era “levada a sério”. “Havia pessoas que pediam que ela desistisse.”

Sem embargo, Nikki Haley não desistiu e contou com alguém de peso ao seu lado, o que surpreendeu o Partido Republicano. O antigo candidato às primárias em 2008, Mitt Romney, que havia perdido para John McCain (que, por sua vez, perdeu as presidenciais para Barack Obama), declarou o apoio àquela novata. “Conheci a Nikki Haley durante a minha campanha para presidente e fiquei enormemente impressionado com ela enquanto pessoa de carácter e como porta-voz de uma nova geração de liderança para a Carolina do Sul. Ela provou que luta contra gastos excessivos, defendendo um governo mais eficiente e mais pequeno.”

 Apoio de Mitt Romney foi essencial para a afirmação de Nikki Haley na corrida para governadora da Carolina do Sul GETTY IMAGES

Foi o pontapé de saída para uma campanha bem-sucedida. Para além do apoio, Mitt Romney deu 3.500 dólares para a campanha de Nikki Haley, o que cativou outros investidores a apoiarem a antiga congressista da Carolina do Sul. No final, aquela novata em que ninguém acreditava inicialmente acabou por vencer e tornar-se a nova governadora do estado. No discurso da vitória, a mulher dizia ser uma “grande noite para milhares de pessoas em todo o estado que acreditavam numa campanha de uma underdog e na mensagem de reforma”.

O percurso político de Nikki Haley ia acumulando sucessos. Foi reeleita em 2014 e, dois anos mais tarde, recebeu um convite inesperado. O novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convida-a para ser embaixadora do país nas Nações Unidas, apesar da aparente falta de experiência no que concerne à política externa. Mesmo assim, a governadora aceita o cargo, embora já tivesse acumulado algumas tensões com o magnata no passado.

Para justificar o novo cargo, Nikki Haley utilizou o argumento do “sentido de dever”, depois das eleições de 2016 terem trazido “mudanças excitantes à América”: “O nosso país enfrenta enormes desafios quer internos, quer internacionais”. “Quando o Presidente acredita em ti para fazer uma grande contribuição para o bem-estar da nossa nação, para a posição da nossa nação no mundo, este é um chamamento que é importante aceitar.”

Nikki Haley sobre aceitar o cargo para embaixadora da ONU

Com uma nova política externa mais agressiva, Nikki Haley segue as directrizes de Donald Trump. Tanto assim foi que a ex-embaixadora defendeu a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irão, a saída de Washington do acordo de Paris, do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e da UNESCO. Para além disso, a responsável é lembrada pelo apoio a Israel, acusando a ONU de ter “dois pesos e duas medidas” no que concerne às acusações contra Telavive. E defendeu igualmente que a embaixada norte-americana em Israel devia instalar-se em Jerusalém.

Em 2018, por iniciativa própria, Nikki Haley abandona o cargo nas Nações Unidas, o que surpreendeu a Casa Branca. A ex-embaixadora era dos poucos rostos com relevância na administração Trump que nunca entrou em rota de colisão com o Presidente de então e que usufruía de uma elevada popularidade. Tanto assim foi que o ex-Chefe de Estado, parco em elogios, afirmou que a representante tinha feito um “trabalho fantástico” na ONU. “Estamos todos contentes, mas odiamos perder-te.”

Nikki Haley lograra o que poucos nomes ligados à administração Trump conseguiram: sair sem polémicas e sem mazelas. Depois das Nações Unidas, afastou-se temporariamente da vida política. Nos anos que se seguiram, juntou-se a um escritório de advogados e esteve na administração da fabricante de aviões Boeing. Mas havia sempre a sombra do regresso da antiga governadora, especulando-se que poderia concorrer às primárias republicanas, tendo ainda um papel nos bastidores nas eleições intercalares de 2022.

 Nikki Haley nas Nações Unidas JUSTIN LANE/EPA

Em fevereiro de 2023, Nikki Haley anunciou que se iria candidatar às primárias republicanas. E lembrou a sua infância para assinalar que desejava unir a sociedade em torno de uma candidatura forte. “Fui uma filha orgulhosa de imigrantes indianos. Não preta, não branca. Era diferente. Mas a minha mãe sempre disse que o trabalho não se deve focar nas diferenças, mas nas similaridades.”

Numa mensagem a Donald Trump, que também já estava na corrida das primárias, Nikki Haley apelou a uma “mudança geracional” dos líderes políticos. “Devem saber isto sobre mim. Eu não tolero bullies. E quando se responde aos bullies, dói-lhes mais se se estiver a usar saltos”, disse ainda. A filha de pais indianos que sempre se sentiu diferente e que conseguiu triunfar nas circunstâncias mais inóspitas vai tentar mais uma vez ser a underdog. Mas tem uma tarefa muito difícil pela frente: derrotar o bully.

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