Para abrir o ano de 2024, em esclarecimento
simples, acerca do deslindar das trapaças da actual história dos povos, com os BRICs
acrescentados de novos membros, em conluio contra os valores de ordem ética liberal
do ocidente europeu e americano.
Jaime Nogueira Pinto assim o historia, com
a sua chave de ouro do conhecimento eficiente e sem retórica a abrir-nos o ano,
que os ajustamentos complementares de alguns seus Observadores
vêm apoiar.
Um sinal dos tempos que aí vêm
A união dos BRICS, agora BRICS+5, é
em si e por si sinal de um mundo onde mais depressa se sabe o que não se quer
do que o que se quer.
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 30
dez. 2023, 00:1919
Os BRICS – Brasil, Rússia,
Índia, China, África do Sul (South Africa), até agora denominados pelas iniciais – vão, em Janeiro de 2024, ser reforçados
por cinco novos membros: a Arábia
Saudita, o Egipto, os Emiratos Árabes Unidos, a Etiópia e o Irão. A
Argentina, cuja entrada também estava prevista, parece ter recuado, com a
eleição de Javier Milei. São
dez países importantes, cobrindo o chamado “Sul Global”, que vêm reforçar a
multipolaridade do sistema internacional neste interregno que sucedeu à ordem
liberal.
Uma coligação negativa?
Os BRICS passarão agora a ter, além da mais importante nação da América do
Sul (o Brasil) e das duas maiores demografias mundiais (a China
e a Índia), os
maiores exportadores de petróleo (a Arábia Saudita, a Rússia e o Irão), o
detentor do maior número de ogivas nucleares (a Rússia), o primeiro Estado da
África do Norte (o Egipto) e dois países determinantes da África Subsariana (a
África do Sul e a Etiópia).
É difícil encontrar entre todos estes
países grandes denominadores comuns pela afirmativa: uns são democracias
ocidentais, como o Brasil; outros, como a Arábia Saudita e o Irão, são
autocracias medio-orientais; a China é um Estado de partido único; a Índia é
liderada por um nacional-populista e o Egipto tem um presidencialismo
para-autoritário. O Brasil tem um presidente populista de esquerda; a Arábia
Saudita lidera o sunismo e o Irão o xiismo; a China e a Índia são Estados rivais e inimigos tradicionais, mas
nos BRICS parecem muito amigos e têm políticas semelhantes em relação ao outro
membro fundador da organização: a Rússia. Os
sauditas e os iranianos, inimigos de longa data, parecem também, ali,
no melhor dos mundos.
Dito isto, e olhando as diligências
dos países-membros da organização quanto à ordem económico-financeira
internacional (e também à ordem política), a única coisa que parece
unir antigos e novos BRICS é uma recusa
da ordem liberal euroamericana. Uma ordem que, no pós-Guerra Fria, quis exportar
globalmente, não só os seus valores éticos, mas a sua tradição democrática
atlântica e os seus modelos de regime.
Era natural e compreensível
que o “Sul Global” – ou o que se lhe quiser chamar – reagisse. E reagisse mal. A República
Popular da China, como
segundo poder mundial, não iria querer que Washington e Bruxelas lhe impusessem
a democracia pluralista; a Índia de Modi, com os seus mais de 1420 milhões de
habitantes de muitas e variadas raças, cores, religiões e tradições, só muito
dificilmente se imaginaria como uma democracia liberal ao estilo americano;
e poderiam Estados onde
o Islão tradicional é a chave da legitimidade da dinastia, como a Arábia
Saudita, seguir os chamados
“valores ocidentais”?
Ou seja, a aspiração de exportação da democracia euroamericana, que
surgia vencedora da Guerra Fria há trinta anos, foi uma ilusão e uma ilusão
perigosa que, além de ter custado a vida a muitos milhares de soldados
norte-americanos e a centenas de milhares de cidadãos dos países-alvo nas
guerras perdidas do Iraque e do Afeganistão, esqueceu a grande regra das
vitórias de 1945 e 1991: nunca fazer coligações ideológicas em confrontos
globais.
Uma ordem global alternativa?
O tempo tem vindo a reforçar a velha ideia de que o interesse e a independência nacionais
são os verdadeiros guias das políticas
dos Estados; ou de que
o interesse real, geopolítico, se impõe às ideologias; e a
independência nacional, o trunfo decisivo dos Estados poderosos, terá de ser
também o trunfo dos menos poderosos que queiram sobreviver no concerto mundial.
A breve história e a estrutura realista dos BRICS, agora aumentada,
é um exemplo a observar com atenção para quem queira entender a realidade evolutiva
do mundo e da ordem ou desordem internacionais sem os preconceitos ideológicos
ou os maniqueísmos que sempre perturbam e prejudicam a visão correcta dos
homens, das nações e da História.
A união dos BRICS, agora BRICS+5, é em si
e por si um exemplo de um mundo em convulsão, onde mais depressa se sabe o que
não se quer do que o que se quer.
Estarão os BRICS+5 preparados para,
além de escaparem à ordem internacional liberal e até de a abalarem, constituir
uma ordem global alternativa? O certo é que parte das pretensões levantadas por alguns
representantes de países membros – como a criação de uma moeda de reserva
alternativa ao dólar norte-americano – parecem, por enquanto, não passar de
aspirações longínquas.
Na reunião deste ano, em Joanesburgo,
entre 22 e 24 de Agosto, o tom do ministro indiano dos Negócios Estrangeiros
era mais de queixa contra os “poucos privilegiados” que, na ordem económica
internacional, “decidiam pela maioria”, do que o de quem quer apresentar uma
agenda alternativa à do Ocidente. E tem sido essa a atitude de três dos cinco fundadores dos BRICS nos
grandes conflitos: a Rússia e a China aproximaram-se na
hostilidade aos Estados Unidos e aos europeus, activamente solidários com Kiev; mas a Índia, o Brasil e a África do Sul
ficaram aquartelados numa neutralidade colaborante com todas as partes.
Na sua afirmação – e nas suas
contradições, que não os impedem de estar unidos – os BRICS aparecem como um
símbolo dos tempos que nos esperam no ano que aí vem; ano de alguns perigos,
mas sobretudo de incerteza e ambiguidade entre os principais competidores do
Grande Jogo do Mundo.
BRICS ECONOMIA RELAÇÕES
INTERNACIONAIS POLÍTICA MUNDO
COMENTÁRIOS (de 19)
Caetano Ramalho: Será a civilização ocidental a cavar a sua própria
sepultura com a ideologia woke e a imigração descontrolada. Faltam-nos homens
de visão a longo prazo e homens da categoria daqueles que emergiram no
pós-segunda guerra. Somos governados por gente fraca, demasiada ideologia
de esquerda. Tudo isto se irá pagar caro nas próximas décadas. Na história nada
é eterno. Civilizações nascem, florescem e morrem. A civilização ocidental está
em queda, com uma gigantesca massa acéfala, em que as pessoas não reagem, não
contestam, não querem saber. Esses países estão a impor-se gradualmente e de
forma sólida, enquanto o governo português, a exemplo no mundo ocidental,
preocupa-se se uma criança de 6 anos poderá utilizar a casa de banho com o género
que se identifica. Tudo se pagará. Homens fracos, lideranças fracas, estão
sempre condenadas ao fracasso das civilizações. Outros virão e tomarão o poder
á sua maneira. São ciclos na história. Veja-se a queda do império romano a
exemplo dos dias de hoje com a civilização ocidental.
João Floriano: Com tantos
motivos para desentendimento e divergência os BRICS + 5 ou melhor dizendo o Sul
Global têm um grande objectivo comum: detonar o eixo euroamericano, a
tradicional ordem mundial e instalar a NOM. Depois logo se vê o que vai
acontecer porque deixando de haver o objectivo comum, em breve se voltarão uns
contra os outros porque ódios de milhares de anos e fanatismos religiosos não
desaparecem por magia. O futuro mundial parece envolvido em guerras
inevitáveis. madalena
colaço: Partilho a visão de que a ideologia não se deve impor na ordem mundial. A
realidade dos factos é o que verdadeiramente interessa. A título de exemplo a
guerra entre a Rússia e a Ucrânia deveria ser referida como a guerra entre EUA
e a Rússia. A hegemonia ideológica de Biden e seus assessores, tinham por
objectivo pôr a Rússia de joelhos. Julgaram que com as centenas de sanções a
Rússia não aguentaria. Enganaram-se, pois Putin preparou-se, desde 2014,
para algo semelhante, o exemplo de retirarem a Rússia do sistema Swift é
demonstrativo. No dia seguinte à sanção Putin operava no sistema de
pagamentos internacionais com a China. Cortar a ligação da Europa com a Rússia
no fornecimento de gás foi também um dos objectivos dos EUA. Agora a
Europa compra muito mais caro o gás liquefeito exportado do EUA. Quem de facto
sofre, é a população ucraniana que está a servir de carne para canhão. O
Ocidente obrigou Zelensky a continuar com a guerra em lugar de avançarem para
negociações de paz. Boris J. então primeiro ministro foi a Kiev dizer que
ele tinha o suporte do Ocidente e que nada de se sentar à mesa das negociações.
Apesar das diferenças abissais que assinala entre os países dos Brics o que
de facto os une é não suportarem a ideologia que os EUA querem sempre impor ao
mundo. A Europa, não passa de uma criança, que segue, sem crítica, tudo
o que os EUA lhe impõe, veja-se a figura da senhora Ursula, que tudo faz o que
Biden e assessores lhe mandam fazer. Manuel
Bernardo: Neste final do Ano gostava que comentasse esta de
António Costa : Nos termos do artigo 44.º do Código do
Procedimento Administrativo, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 4/2015, de 7
de janeiro, na sua redação actual, e nos termos das alíneas c) e f) do n.º 1 do
artigo 200.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve:1 - Autorizar
a disponibilização de um montante extraordinário de 34 000 000,00 EUR para
apoio directo ao Orçamento Geral do Estado de Angola, a desembolsar até ao
final do ano de 2023, destinado a contribuir para o restauro e apetrechamento
da Fortaleza de São Francisco do Penedo, em Luanda, com vista à construção,
naquele espaço, do Museu da Luta pela Libertação Nacional de Angola.2 -
Determinar que os encargos financeiros decorrentes do número anterior são
assegurados pelas verbas a inscrever no orçamento do Camões - Instituto da
Cooperação e da Língua, I. P., por contrapartida de verbas a transferir pelo
Ministério das Finanças.3 - Delegar, com faculdade de subdelegação, no membro
do Governo responsável pela área dos negócios estrangeiros a competência para a
prática de todos os actos subsequentes a realizar no âmbito da presente
resolução, sem prejuízo das competências do membro do Governo responsável pela
área das finanças relativas ao respetivo orçamento.4 - Estabelecer que a
presente resolução produz efeitos a partir da data da sua aprovação.Presidência
do Conselho de Ministros, 23 de novembro de 2023. - O Primeiro-Ministro,
António Luís Santos da Costa. Bom Ano para si e família- Ab. MB Rui Lima: Com
mestria escolhe para última crónica do ano o assunto que conta a luta
pela liderança do mundo e as novas alianças. Defendo que o mundo ocidental
devia-se adaptar-se a nova realidade todo foi feito com o
princípio que o mundo ia ter os mesmos valores ia ser todo democrático no
nosso direito ,tratados e convenções , os tribunais nacionais ou
europeus assim o aplicam devemos receber todo o habitante do
planeta que não viva em democracia são os famosos refugiados , mais não podemos
devolver um terrorista ou criminoso se o seu país de origem não tiver o nosso
padrão de direitos humanos pode ser maltratado no regresso , como 80% dos
países do mundo não aplicam os nossos princípios , quase todo o habitante
da terra tem direito a casa e comida na Europa. Vendo essa aliança o seu
primeiro objectivo é acabar com o privilégio exorbitante dos USA o
“fabrico” do dinheiro do mundo querem estar fora do domínio do
dólar, para já tarefa é impossível criar uma moeda alternativa
vão falhar por razões diversas na verdade o mundo funciona
melhor e poupa dinheiro com uma só moeda com 2 ou 3 é pior para todos . Não
existe moeda alternativa, fabricar uma não vai funcionar, muitos falam
do renmimbi por ser da 2.ª economia do mundo além de ter hoje uma
cotação artificial a China não tem um déficit com o exterior
, os USA distribui montanhas de dólares a todos por serem
deficitários essa é uma condição para ser moeda do mundo . Um mundo com a
moeda de um país sem déficit exterior seria um mundo em crise permanente,
a morte do dólar não será ainda neste século a não ser que
morram os USA .
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