quinta-feira, 30 de junho de 2022

Questões práticas


Tornadas, afinal, saborosas de humor, apesar do seu carisma simultaneamente – e sobretudo – didáctico, que muito nos elucida sobre certos princípios de Economia que cabem no ambiente belicoso (tenebroso?) traumático actual, preenchidos com os conceitos e os palavrões de excelente formação grega – os monos e os oligos com que o Dr. Salles nos ilustrou. Por mim, fico reconhecida, apesar de tanta exploração que move mercados, mercadores, mercadorias, nas mercas…

DOS PREÇOS DA MODA

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO30.06.22

Os preços têm quatro modos principais de formação:

Por Decreto à moda autocrática;

Pela especulação, «à la Diable»;

Pelo confronto anónimo da oferta e da procura, à moda dos mercados transparentes;

Pela distorção da transparência (monopólios, oligopólios, monopsónios, oligopsónios).

Nesta síntese, não estou a considerar alterações no valor da moeda, tanto discretas como deslizantes.

* * *

O actual processo de subida generalizada dos preços (pactuemos com os jornalistas chamando-lhe inflacionista) resulta da redução dos fornecimentos russos de petróleo e gás natural e de cereais ucranianos. Todos sabemos das causas desta redução da oferta, escuso-me de repetir o que é do domínio público.

Estas novas condições dos mercados geram a busca de fornecedores alternativos e, com preços mais elevados, viabilizam jazidas até agora inexploradas e permitem o cultivo de terras até agora consideradas marginais. David Ricardo a saltar dos compêndios para a vida real. Só que a rigidez da oferta não acompanha as necessidades da procura e as consequências aí estão. Os preços continuarão a subir até que se restabeleça o equilíbrio num patamar de preços ainda desconhecido.

Admito que nós, em Portugal, possamos agora aumentar a produção de cereais mesmo que continuemos a não mexer uma palha no sentido da introdução da racionalidade na formação dos preços praticados no mercado doméstico.

E esta é a grande oportunidade para levarmos por diante a formação de preços sobre futuros e seus derivados ultrapassando com coragem as actuais condições de oligopsónio se não mesmo de monopsónio há muito vigentes.

Só que Ministro não entende esta conversa e pretende continuar a «gerir» a máquina de distribuição de subsídios mesmo que essa prática mais não seja do que um beco sem saída em que apenas se tenta assegurar a sobrevivência, mas não o progresso.

Nos nossos (portugueses) mercados alimentares, o risco está maioritariamente concentrado na oferta com a procura sempre a ameaçar que se o produtor nacional não aceitar o seu preço, há a oferta estrangeira sempre ávida de cá entrar. Ou seja, a oferta nacional tem custos nacionais e receitas ao nível do permitido pela concorrência externa. Urge criar condições que permitam a distribuição equitativa do risco por todos os intervenientes nos mercados – os da oferta e os da procura. E isto consegue-se com as Bolsas de Mercadorias, inexistentes entre nós, mas antigas de séculos nos mercados transparentes europeus e americanos.

Soluções necessárias:

Instalação de Bolsa de Mercadorias, nomeadamente para cereais e carnes, com operações sob futuros e seus derivados – distribuição equitativa do risco e introdução da lógica na formação dos preços;

Constituição de organismos reguladores dos preços que intervenham (comprando) e garantam preços mínimos evitando o aviltamento de mercado, combatendo picos de alta e comprando evitando picos negativos.

E assim se garantiria a transparência dos mercados com livre formação dos preços e defesa contra as grandes oscilações quer resultantes de sazonalidades quer de especulações domésticas.

O problema está em que se trataria de mexer no actual pentopsónio e, vai daí… venha a China e outros que tais.

CONCLUSÃO: Em Portugal, é urgente e oportuno mudar a «moda dos preços», ou seja, o método da sua formação.

Nota final – Sobre o funcionamento das Bolsas de Mercadorias há muita informação na Internet pelo que me escuso de a repetir aqui.

30 de Junho de 2022

COMENTÁRIOS:

Caro Dr Salles da Fonseca Temos que eleger rapidamente a "Alice", pois já temos o País das Maravilhas.😇🥱😅 Rui Bravo Martins

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Para um digno final de dia

 

Um rico texto de humor numa história belamente contada, anuída por um comentário – de ISABÉL PEDROSO, sem esquecer o acento – de expressiva malícia também, na falsa ingenuidade da escrita. Para esquecer o pesadelo a Leste. Agardecido – para meter o Solnado na história. O Dr. Salles em plena função de optimismo são.

ALTO E MAGRO Para um digno final de dia

Um rico texto de humor numa história belamente contada, anuída por um comentário – de ISABÉL PEDROSO, sem esquecer o acento – de expressiva malícia também, na falsa ingenuidade da escrita. Para esquecer o pesadelo a Leste. Agardecido – para meter o Solnado na história. O Dr. Salles em plena função de optimismo são.

ALTO E MAGRO

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 28.06.22

A cena passou-se há uma trintena de anos mas não a esqueci. Também não me passou a dúvida que então me surgiu.*

* * *

Estava eu sentado algures no aeroporto de Bruxelas à espera de saber qual seria a porta de embarque do voo para Lisboa e, vindo não sei donde, um cavalheiro bastante alto e muito magro aproxima-se da cadeira vaga à minha frente do outro lado da coxia. Era preto (negro, para os complexados do «politicamente correcto»). Vestia de negro (para não voltar a incomodar os mais sensíveis). Pensei que os negros costumam vestir-se de cores garridas mas imaginei que pudesse estar de luto. Sentou-se lentamente como se fizesse cerimónia com a cadeira e tirou o cachecol. Vi-lhe o cabeção. Era Padre e trajava de luto por Cristo há (então quase) dois mil anos na Cruz. Pausadamente, cruzou as pernas, ajeitou a calça para não fazer joelheira e vi-lhe a meia encarnada. Era Cardeal.

Semicerrei os olhos para não perturbar (muito) a privacidade de Sua Eminência e, passados poucos momentos vi que super disfarçadamente se persignara e cruzara as mãos de dedos entrelaçados. Rezava de olhos baixos. Depois de tempo que a todos poderia ser considerado demais, o microfone chamou os passageiros com destino a Roma. Tão discretamente como de início, persignou-se, descruzou as pernas, levantou-se lentamente, agarrou a maleta que não citei de início e lá foi…

E eu fiquei a imaginar o que traria Sua Eminência na maleta. E pus-me a imaginar: um dentífrico, uma escova de dentes, uma máquina de barbear a pilhas, um after-shave, um Breviário, uma estola roxa e uma provisão de Santos Óleos para alguma emergência. Só espero que, na precipitação típica duma emergência, Sua Eminência nunca tenha sido levada a encomendar a alma de algum moribundo com o after-shave.

Contudo, a dúvida que me ficou até hoje é a de a saber se se pode rezar de perna cruzada ou se isso só é permitido a Cardeal. Será? Ora, sei lá!

28 de Junho de 2022

Henrique Salles da Fonseca

Tags: humor

COMENTÁRIOS:

Henrique Salles da Fonseca 29.06.2022 02:31: Como católica antiga praticante me ensinaram k se podia rezar de toda a maneira já k Deus tá em todo o lado e cuida de nós bons tempos quando se acreditava k os maus eram sempre castigados Isabél Pedroso

Um texto reposto


De Luís Soares de Oliveira, de 2020, no seu blog – sobre o afastamento, cada vez mais vincado, do Homem, dos tais princípios de espiritualidade a que o positivismo, o realismo, o naturalismo e correntes posteriores foram apondo o seu selo cada vez mais distante dos idealismos platónicos ou cristãos e respectivos princípios que opõem virtude e pecado - as consciências cada vez mais esmorecidas a respeito dos valores que a tradição desde sempre ditara.

Mas o cepticismo é antigo, e está patente, por exemplo, no soneto seguinte, de Gomes Leal (1848 – 1921), no qual, através de um processo sinestésico, jogando com as interferências da cor e do som (musical), assim demonstra, finalmente, a retoma de uma fé de que a sua anterior temática irreverente, criada por um espírito talvez em busca de uma exactidão científica, sentiu afinal ser bem irrisória, ante a magnitude da Criação Divina.

Luís Soares de Oliveira presta a sua homenagem a um jovem cientista genial Frank Ramsay que morreu muito jovem, e cuja frase "A ascensão da ciência em simultâneo com o ocaso da religião tornou as velhas questões ou técnicas ou ridículas" justifica o cepticismo das pessoas de mais idade, quando se confrontam com os maquiavelismos desnorteadores da educação hoje.

Eis o poema de Gomes Leal, de um possível recuo no seu conceito agnóstico, revelador de que talvez se possa esperar sempre um volte-face… apesar da perda total de valores humanos em certos casos. Hoje.

«Eu tenho ouvido as sinfonias das plantas»

Por: Gomes Leal

A Eça de Queirós

Eu sou um visionário, um sábio apedrejado,
Passo a vida a fazer e a desfazer quimeras,
Enquanto o mar produz o monstro azulejado
E Deus, em cima, faz as verdes primaveras.

 

Sobre o mundo onde estou encontro-me isolado,
E erro como estrangeiro ou homem doutras eras,
Talvez por um contrato irónico lavrado
Que fiz e já não sei noutras subtis esferas.

 

A espada da Teoria, o austero Pensamento,
Não mataram em mim o antigo sentimento,
Embriagam-me o Sol e os cânticos do dia...

 

E obedecendo ainda a meus velhos amores,
Procuro em toda a parte a música das cores,
— E nas tintas da flor achei a Melodia.

 

FACEBOOK, 14 de maio de 2020

A ERA QUE FOI E A QUE É

Por vezes, os factos sucedem-se de um tal modo que nos deixam a impressão de que neste mundo reina a harmonia e tudo converge entre si e connosco. Foi o caso que adiante relato. Por estes dias, tenho vindo a analisar, conjuntamente com a sábia Professora Maria João Correia, pelo messenger, a fenomenologia do fim do Humanismo (eu com saudade, ela com firmeza) e eis que,de súbito, chega até mim o exemplar do The New Yorker, de 4 de Maio, que traz um soberbo artigo de Anthony Gottlieb sobre o malogrado Frank Ramsey, falecido em 1930, com 26 anos de idade, e ainda hoje considerado o mais brilhante e precoce cérebro que cursou na Universidade de Cambridge, no século XX. Aos 17 anos, era o companheiro peripatético de John Maynard Keynes, este já quarentão, catedrático de Economia naquela universidade e muito discutido autor de um. "Tratado sobre a Probabilidade". O critico literário inconformista Lytton Strachey disse que Ramsey "herdou de Newton a majestade do pensamento e a gentileza do temperamento". Foi a Ramsey que a Universidade encarregou de traduzir do alemão o famoso Tratactus Logico-Philosophicus, de Wittgenstein. Ramsey não só traduziu as oitocentas e tal páginas como publicou um ensaio critico sobre o mesmo. Keynes respeitava em Ramsey o génio matemático e a contribuição que deu para a introdução da matemática no estudo da economia. Isto tudo vem a propósito de me ter sido dado saber pelo artigo em causa que, há um século, Ramsey rematou a minha polémica com Maria João Correia com uma simples frase: "A ascensão da ciência em simultâneo com o ocaso da religião tornou as velhas questões ou técnicas ou ridículas". Aí está, nada de paixões. É a vez do Homo Algoritmus.

COMENTÁRIOS:

1José Correia Guedes: O "Homus Algoritmus". É mesmo isso. Seguir-se-á o Homus Artificialis quando a Inteligência Artificial dominar o mundo. Já não falta muito

Helena Astolfi: Prosaicamente acrescento aquilo que a minha velha e muita sábia avozinha já dizia: Estamos no fim do mundo... que conhecíamos, adiciono eu.

Maria João Correia: E esta, hein? Sábia professora da noite para o dia! Agradeço a sua simpatia. Excelente tema para próxima tertúlia onde, felizmente, as paixões ainda abundam. Contudo, devo dizer que sinais de humanismo na ciência estão em crescendo.

Maria José Amaro

Irei ler atentamente. Obrigada... a paixôes são necessárias....

Luis Soares de Oliveira: Aditamento ao texto. No seu último ano de vida, Ramsey ainda publicou dois ensaios. O primeiro intitulava-se "Verdade e Probabilidade" e o segundo "O Optimo Fiscal" .

Henrique Borges: Interessante, Luis. Mas a meu ver os epidemiologistas que temos ouvido sobre o COVID-19 têm dado uma fraca ideia da ciência... Como dizia outro dia um economista famoso, afinal não somos só nós que nunca estamos de acordo sobre nada...

Isabel Themudo Gallego: Extraordinário artigo Luís!!! Sempre a abrir portas a novas reflexões . Na verdade um prazer lê-lo. Muito obrigada!

Francisco Soares de Oliveira: Sempre a aprender consigo

 

Evolução como princípio


Após o muro, pois, o nuclear a céu aberto, contra o combinado… Mas já o nosso Camões o disse: “Que não se muda já como soía”…

Armas nucleares com selo da União Europeia? Um "zombie" com 65 anos que a guerra na Ucrânia veio ressuscitar

Desde 1957 que o debate sobre a arma nuclear europeia vai aparecendo e sendo esquecido. Houve até acordos secretos. Com a Ucrânia, o tema ressurgiu, mas confiança nos EUA e o "tabu" adiam decisões.

MARTA LEITE FERREIRA: Texto

OBSERVADOR, 28 jun 2022, 21:4112

Em novembro de 1957, os ministros da Defesa da Alemanha, França e Itália assinaram secretamente um protocolo em que se propunham cooperar no desenvolvimento e partilha de “aplicações militares da energia atómica”. A expressão tem uma tradução mais directa: os três países queriam construir em parceria uma arma nuclear. E comprometeram-se a fazê-lo apenas oito meses depois de a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom) e a Comunidade Económica Europeia (CEE) terem sido criadas pelos três países, juntamente com Bélgica, Luxemburgo e Países Baixos. Que de nada sabiam, apesar de todos terem prometido que iriam investir nas utilizações pacíficas da energia nuclear; e impedir a aplicação dessa tecnologia em fins militares.

Assinatura do Tratado de Roma a 25 de março de 1957 no Monte Capitolino em Roma, Itália, instituindo a Comunidade Económica Europeia (CEE) GETTY IMAGES

Este acordo, cuja missão foi delineada à margem (e contra) os princípios do Tratado da Euratom assinado em Roma em março, era especialmente útil para França. À época, os franceses geriam uma deterioração das relações diplomáticas com os Estados Unidos, com quem tinha estabelecido uma aliança firme durante a Guerra Fria. Depois de o Presidente do Egipto ter nacionalizado a Companhia do Canal de Suez, de propriedade britânica e francesa, ameaçando o acesso do Ocidente ao petróleo do Médio Oriente, os norte-americanos preferiram a abordagem diplomática para a resolução do problema. França e Reino Unido, por outro lado, recorreram a Israel para engendrar uma resposta militar.

Depois de as forças israelitas terem invadido a península de Sinai e rumado em direção ao Canal do Suez, os franceses e os britânicos enviaram tropas para o local sob pretexto de quererem proteger a região. Mas os Estados Unidos e a União Soviética não compraram a manobra e exigiram um cessar-fogo. De costas voltadas para as duas grandes potências mundiais, e com a sombra das armas nucleares a pairar sobre a Europa vinda de ambos os lados, os franceses começaram a alinhar numa estratégia militar que fosse independente dos norte-americanos e dos soviéticos. A solução parecia ser só uma: fazê-lo em parceria com outras nações europeias.

Há um total de 370 ogivas em cinco países do bloco europeu. Um deles é precisamente França, com 290 armas nucleares. Os outros quatro países são a Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Itália. Nenhum destes Estados-membro tem um arsenal nuclear próprio, como tem França, mas juntos armazenam um total de 80 bombas nucleares do tipo B61, todas norte-americanas, à luz das políticas de partilha estabelecidas pelaNATO.

Era apenas o retomar de uma conversa nos bastidores das altas patentes militares europeias que durava desde 1954. O plano, até aqui puramente teórico, passou à esfera política quando conselheiros do então primeiro-ministro francês Pierre Mendès-France partilharam com o diplomata italiano Pietro Quaroni a ideia de França, Alemanha e Itália formarem uma “Proposta de Paris”, um “Consórcio de Armamentos Europeus” com três ramos: atómico, eletrónico e aviação. Itália, não tendo um peso estratégico tão importante como os outros dois países, interessava-lhes por ser o berço do físico Enrico Fermi, que descobriu a fissão nuclear e foi pai do primeiro reator nuclear. Fermi viria a morrer nesse mesmo ano, em novembro, sem nunca ter trocado os Estados Unidos pelo país natal. Mas Itália continuou incluída no acordo, cujo objectivo final era dotar a Europa das “armas essenciais de hoje: atómica e termonuclear, a parte eletrónica estritamente ligada a eles e aeronaves ou mísseis para implantar as bombas A [atómico] ou H [de hidrogénio]”.

Quatro meses depois de o protocolo ter sido assinado, com Félix Gaillard à frente do governo e René Coty na presidência, França abria a produção de urânio enriquecido à Alemanha e a Itália com o objetivo de produzir armas nucleares europeias em instalações francesas — os alemães e italianos contribuíram com investimento e o conhecimento científico. Mas o protocolo esteve em acção por apenas três meses: quando Charles de Gaulle se tornou primeiro-ministro, só precisou de 16 dias no cargo para quebrar o acordo trilateral, argumentando que as armas nucleares não podiam ser partilhadas. A posição causou estranheza porque o então primeiro-ministro francês, antes de assumir o cargo, tinha confidenciado a Pietro Quaroni que era a favor da “bomba atómica europeia” e que até tinha participado na conceção do plano. Além disso, Jacques Chaban-Delmas, ministro da Defesa francês que assinou o acordo, era gaullista.

As armas nucleares guardadas nos países da UE — até naqueles que não as têm

Não é que, passadas mais de seis décadas, o travão de Charles de Gaulle tenha evitado a entrada de armas nucleares na União Europeia. Há um total de 370 ogivas em cinco países do bloco europeu. Um deles é precisamente França: aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (que procura garantir uma utilização pacífica desta tecnologia e impedir a disseminação do arsenal bélico), mas não ao Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares (que as pretende eliminar por completo) e tem actualmente 290 armas nucleares. Em 2020 investiu mais de 5,4 mil milhões de euros a produzi-las e a mantê-las.

Os outros quatro países são a Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Itália. Nenhum destes Estados-membro tem um arsenal nuclear próprio, como tem França, mas juntos armazenam um total de 80 bombas nucleares do tipo B61, todas norte-americanas, à luz das políticas de partilha estabelecidas pela NATO, que estão previstas no Tratado de Não Proliferação. Em 2021, e segundo o Bulletin of the Atomic Scientists, havia 20 bombas nucleares dos Estados Unidos estacionadas em cinco bases militares naqueles países, duas delas italianas. Outras 20 estão na Turquia, o único país europeu que não é um Estado-membro e que também recebeu armamento americano.

Dos três países da NATO que têm armamento nuclearFrança, Reino Unido e Estados Unidos —, os norte-americanos são os únicos que o partilham com outros membros da Aliança e fazem-no desde 1966, nos tempos da Guerra Fria. Mas em setembro de 1954, já os militares segredavam entre si sobre a criação de uma arma nuclear com selo europeu, os Estados Unidos começaram a enviar bombas de gravidade com ogiva nuclear para bases aéreas militares no Reino Unido. Grécia também chegou a receber este tipo de arsenal e a Alemanha foi o país que mais sistemas nucleares armazenou. Portugal nunca esteve na lista.

Sem os Estados Unidos no panorama, “de certeza que os europeus teriam de construir uma verdadeira defesa europeia”, considerou Frédéric Mauro. Kjølv Egeland também defendeu em conversa com o Observador que o surgimento de uma arma nuclear com o selo europeu seja “provável”. “Não tenho certeza de qual problema isso resolveria”, acrescenta.

As 80 bombas nucleares dos Estados Unidos que estão actualmente implantadas nos quatro países da União Europeia servem para “garantir a segurança dos seus Aliados”, explica a própria NATO: as armas “permanecem sob custódia e controlo dos EUA em total conformidade com o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”; e os norte-americanos “seguem procedimentos rigorosos para garantir a segurança das armas estacionadas na Europa a todo o momento”. As bombas só podem ser utilizadas no contexto de uma missão nuclear da NATO — não por iniciativa dos países que as armazenam, nem de modo independente por decisão da Comissão Europeia, à margem da Aliança. E, para isso, é necessária a aprovação política do Grupo de Planeamento Nuclear da NATO (composto pela secretaria-geral e pelos ministros da Defesa de todos os membros com exceção de França) e a receção da notificação dessa decisão pelo Presidente dos Estados Unidos e pelo primeiro-ministro do Reino Unido em funções.

Susto com Donald Trump reavivou debate sobre arma nuclear

Mas o que acontece se uma União Europeia sob ataque não receber o aval para accionar a protecção a que alguns estados-membros estão sujeitos por parte da Aliança? Ou se os norte-americanos saírem da NATO, retirando do acordo um dos maiores arsenais bélicos do mundo e desfalcando o grupo dos 27 de armamento nuclear? A questão soa meramente teórica, mas houve momentos da História recente em que ela parecia menos hipotética. John R. Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, recordou no livro de memórias da passagem pela Casa Branca, “The Room Where It Happened”, os tempos em que o então Presidente norte-americano, Donald Trump, ponderou seriamente sair da NATO.

John Bolton recorda que recebeu uma chamada de Trump durante a cimeira da NATO em 2018 propondo que os Estados Unidos anunciassem a saída da NATO caso a Alemanha avançasse com a construção do Nord Stream 2, o gasoduto entre a Alemanha e a Rússia que atravessa o Mar Báltico e cuja certificação os alemães suspenderam como forma de castigar Vladimir Putin pelo reconhecimento da independência do Donbass, que viria a espoletar a invasão da Ucrânia. O chefe de Estado dos Estados Unidos considerava que a NATO estava “obsoleta”, que o país contribuía desproporcionalmente mais do que outros membros porque não cumpriam o compromisso de gastar 2% do PIB na Aliança; e que a proximidade de Angela Merkel com a Rússia era “injusta” para os restantes países. No fim de contas, Trump recuou e admitiu que estava alinhado com a NATO, mas não nos termos em que as contribuições para a Defesa estavam a decorrer. Ainda assim, John Bolton não põe as mãos no fogo em como, se regressasse à Casa Branca em 2024, Donald Trump não retomaria esse tema. Nem se, desta vez, não iria mais longe.

Sem os Estados Unidos no panorama, “de certeza que os europeus teriam de construir uma verdadeira defesa europeia”, considerou Frédéric Mauro, historiador e especialista em questões de defesa e jurídicas relacionadas com políticas comuns de segurança e defesa, em entrevista ao Observador. “Iria França aceitar estender a sua protecção aos outros estados-membros? Talvez. Vão os outros estados aceitá-lo? Por enquanto, não querem falar sobre isso porque o nuclear é um tabu, especialmente na Alemanha. Mas sem os EUA, vão ter de pelo menos falar sobre isso”. Kjølv Egeland, especialista em segurança internacional e armamento nuclear do Centro para Estudos Internacionais (CERI, em Paris), também defendeu em conversa com o Observador que o surgimento de uma arma nuclear com o selo europeu seja “provável”. “Não tenho certeza sobre qual o problema que isso resolveria”, acrescenta.

Volvidos mais de 60 anos desde que Charles de Gaulle dissolveu o protocolo secreto com a Alemanha e Itália, a França, único país da União Europeia com um arsenal nuclear próprio, dá sinais de um interesse em partilhar uma política conjunta de defesa. Em fevereiro de 2020, Emmanuel Macron manteve a visão de Charles de Gaulle num discurso na École de Guerre, dizendo que as armas nucleares só devem ser usadas para defesa do povo francês em “circunstâncias extremas de auto-defesa”. Mas também sugeriu que os estados europeus deveriam entrar num “diálogo estratégico” sobre “o papel da dissuasão nuclear de França” da segurança colectiva da Europa. Emmanuel Macron disse mesmo que estava na hora de a Europa desenvolver uma maior “autonomia”.

Para Benoît Pelopidas, fundador do programa “Nuclear Knowledges” no CERI, em Paris, e investigador do Centro para a Segurança e Cooperação Internacional (Universidade de Stanford, EUA), o discurso de Macron tem três motivações, como descreve no artigo que assina a meias com Kjølv Egeland. A primeira tem a ver com a política interna: a “dispendiosa modernização da força nuclear francesa levantou questões sobre as prioridades de gastos públicos e a necessidade de uma díade nuclear”, uma coligação que permitisse dividir a conta. A segunda está relacionada com o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, que “destacou a oposição global à prática de dissuasão nuclear e aumentou a pressão sobre os formuladores de políticas francesas para honrar as obrigações de desarmamento nuclear da França”. A terceira diz respeito às “fissuras transatlânticas, aprofundadas pelas repetidas advertências” de Donald Trump contra a NATO: avisos que “alimentaram argumentos para aumentar a cooperação de defesa europeia em geral e a cooperação de defesa franco-alemã mais especificamente”.

O Presidente norte-americano Donald Trump entra na conferência de imprensa no segundo dia da cimeira da NATO a 12 de julho de 2018 em Bruxelas, Bélgica GETTY IMAGES

Acontece que o Presidente francês não está a conseguir mover os Estados-membros para um debate desta natureza — nem mesmo com Trump na Casa Branca ou com a possibilidade de ele regressar. Os dois investigadores dizem mesmo que Emmanuel Macron recebeu “poucas ou nenhumas” respostas oficiais ao chamamento para o tal “diálogo estratégico” — e que, de resto, os apoiantes (nacionais e internacionais) de um acordo como o proposto pelo chefe de Estado francês sempre foram consideravelmente menos do que os críticos. Sempre foi assim ao longo da História, quando o “Debate Euro-Nuke” era retomado. E apesar da resistência que a ideia foi encontrando desde os anos 50 até agora, ela “continua a reaparecer em intervalos irregulares, como um zombie que nunca pode finalmente ser abatido”.

Actualmente, e de acordo com os dois investigadores, “embora pareça haver apoio entre os públicos europeus para aumentar a cooperação em defesa em geral, esse apoio não se estende ao domínio nuclear”. Embora não haja uma estrutura de Defesa própria, há um quadro legal para a cooperação no seio da União Europeia. Uma cláusula introduzida no Tratado de Lisboa — o ponto sete do artigo 47 — estabelece que, “se um país da UE for vítima de agressão armada no seu território, os outros países da UE têm a obrigação de o ajudar e prestar assistência por todos os meios ao seu alcance, em conformidade com o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas”. Outro artigo (o 222 do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia) esclarece também que “os países da UE são obrigados a agir conjuntamente quando um país da UE é vítima de um ataque terrorista ou de uma catástrofe natural ou de origem humana”.

Destas armas nucleares mais poderosas, a Rússia tem 12, os Estados Unidos tem 18; e o Reino Unido e França possuem quatro cada um. Algumas das ogivas nucleares francesas têm 300 quilotoneladas de potência — a destruição em Hiroshima e Nagasaki foi causada por bombas com apenas 15 a 30 quilotoneladas. “O que muita gente não compreende é que não é preciso ter 5.000 bombas nucleares para se ser credível. Era assim no início da Guerra Fria. Mas é ridículo porque uma é o suficiente”, entende Frédéric Mauro.

Apesar de todos os Estados-membros da União Europeia terem a obrigação de seguir estas cláusulas de defesa mútua, isso “não afecta a neutralidade de alguns países da UE e é consistente com os compromissos dos países da UE que são membros da NATO”, continua o artigo 47. Além disso, as regras da NATO sobrepõem-se às da União Europeia para os Estados-membros que também pertencem à Aliança: “Os compromissos e a cooperação nesta área devem ser consistentes com os compromissos assumidos na Organização do Tratado do Atlântico Norte, que, para os Estados que dela são membros, permanece a base da sua defesa colectiva e o fórum para a sua implementação”.

Como a confiança nos EUA está a sabotar o plano da “Euro-Nuke”

Mas, no caso particular da utilização de armas nucleares, não há sequer consenso entre os estados-membros. Por exemplo, o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares foi aprovado com 122 votos a favor, um voto contra dos Países Baixos e a abstenção de Singapura. Mas 69 países nunca chegaram a votar, incluindo todos os estados com arsenal nuclear e todos os membros da NATO. Há três países da União Europeia que assinaram e ratificaram o Tratado — Áustria, Irlanda e Malta —, mas “isso não interessa realmente porque não se espera nada da UE”, considerou Frédéric Mauro: isso só seria de relevância se houvesse uma estrutura de política integrada na União que fosse capaz de tomar decisões sobre o uso de armas nucleares”.

Não há e o investimento não será um problema — pelo menos não um dos mais preponderantes. Bruxelas não necessitaria de abrir demasiado os cordões à bolsa porque França, com uma vasta experiência na área, já tem a infraestrutura montada: tem quase tantas armas nucleares como a China (cerca de 300), mais do que tem o Reino Unido (cerca de 250). E embora esteja muito atrás das 1.600 armas nucleares dos Estados Unidos e das 1.500 nas mãos dos russos, os franceses possuem algo que nem os norte-americanos têm: um tipo de míssil de cruzeiro com ogiva nuclear que pode ser disparado de aviões militares em altitude e que funciona como um “tiro de advertência” — as ASMP. Há dois tipos de armas nucleares: as tácticas, com poucas quilotoneladas de potência; e as estratégicas, capazes de destruir cidades ou países inteiros, mantidas por segurança em submarinos. As ASMP estão entre uma e outra.

Ilustração de um míssil francês a ser lançado de um Mirage (ASMP) em 1987 GAMMA-RAPHO VIA GETTY IMAGES

Destas armas nucleares mais poderosas, a Rússia tem 12, os Estados Unidos têm 18; e o Reino Unido e França possuem quatro cada um. Algumas das ogivas nucleares francesas têm 300 quilotoneladas de potênciaa destruição em Hiroshima e Nagasaki foi causada por bombas com apenas 15 a 30 quilotoneladas. Mas, neste caso, a União Europeia nem sequer precisava de todas as armas nucleares francesas para se assumir como uma potência. “O que muita gente não compreende é que não é preciso ter 5.000 bombas nucleares para se ser credível. Era assim no início da Guerra Fria. Mas é ridículo porque uma é o suficiente”, entende Frédéric Mauro.

“A minha tese é que um núcleo de Estados-membros que realmente querem construir uma defesa comum deve reunir-se”. Algo como um Conselho de Segurança Europeu ou um Conselho de Defesa Europeu, exemplifica o especialista: “Esqueçam as armas. Primeiro é preciso organizar a capacidade para decidir”.

Mesmo com um número de armas nucleares nos quatro dígitos na posse da União Europeia, o problema central nunca é desfeito: o bloco não tem uma defesa própria, independente da palavra final dos estados-membros. Frédéric Mauro acredita que a receita para a compor dependeria de três factores que se multiplicam entre si: vontade política, capacidade para decidir e capacidade para agir. Basta uma delas se igualar a zero para deitar por terra a habilidade de erguer essa estrutura de defesa. E tanto ele como Kjølv Egeland acreditam que todas são nulas.

É que a vontade não existe no bloco europeu — pelo menos não enquanto os EUA e a NATO reunirem a confiança que têm neste momento. “A única coisa que precisamos de fazer é manter as ligações com os Estados Unidos”, diz o especialista: “Podemos falar de autonomia estratégica, podemos falar de defesa europeia, mas isso não nos preocupava antes da guerra na Ucrânia porque não nos sentíamos ameaçados. E se nos sentíamos ameaçados, havia a ligação aos EUA”. Mas essa ligação não é um dado adquirido, acredita Frédéric Mauro: “Os historiadores daqui a 100 anos verão que é intrigante porque é que 340 milhões de americanos têm de proteger mais de 500 milhões de europeus contra 144 milhões de russos. Não faz sentido”.

O factor da capacidade para decidir também não existe, na perspetiva dos peritos ouvidos pelo Observador, porque o presidente da Comissão Europeia (que, actualmente, é Ursula von der Leyen) não tem legitimidade para tal.Na ausência de um governo central da União Europeia que pudesse controlar armas nucleares e exercer comando e controle, a dissuasão europeia não seria mais credível do que a que existe agora”, opinou Kjølv Egeland. A solução, acredita Frédéric Mauro, seria criar um novo organismo à margem dos tratados associados ao funcionamento da União Europeia: “A minha tese é que um núcleo de Estados-membros que realmente querem construir uma defesa comum deve reunir-se”. Algo como um Conselho de Segurança Europeu ou um Conselho de Defesa Europeu, exemplifica o especialista: “Esqueçam as armas. Primeiro é preciso organizar a capacidade para decidir”.

Não há um enquadramento legal que permita à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tomar decisões sobre ataques nucleares GETTY IMAGES

Depois vem a capacidade para agir, que, para Frédéric Mauro, está condicionada pelos outros dois factores: “Se não se consegue sequer decidir que tipo de guerra se quer travar e que tipo de ferramentas militares se quer construir, não faz sentido. Pode-se ter grupos de batalha e capacidade de implantação rápida.Não adianta se não se puder decidir o que fazer”.

As histórias da tentativas falhadas para criar uma força nuclear europeia

A história comprova-o. O “zombie” da arma nuclear europeia a que Kjølv Egeland e Benoît Pelopidas fazem referência no seu artigo sobre as tentativas de erguer defesa conjunta da União Europeia ressuscitou pela primeira vez em 1963, três anos depois de França ter feito o primeiro teste a uma arma nuclear nacional. O eurodeputado Christian de la Malène escreveu um artigo que propunha a criação de uma cooperação europeia para enfrentar uma proposta norte-americana de uma força nuclear multilateral da NATO, o que reuniu apoio de membros do governo francês.

Nicolas Sarkozy reavivou o “zombie” quando entrou na presidência francesa e admitiu que era um “facto” que as armas nucleares daquele país eram um “elemento-chave da segurança da Europa”. Sarkozy pediu um “diálogo aberto sobre o papel da dissuasão nuclear e a sua contribuição para a nossa segurança comum”, mas encontrou ainda menos abertura dos Estados-membro desta vez.

Jean Monnet, um dos pais da União Europeia, e Henry Kissinger, à época conselheiro para os negócios estrangeiros do Presidente dos Estados Unidos, eram dois nomes de peso a apoiar a sugestão francesa. Mas nem isso convenceu o resto da Europa a prestar-lhe atenção: “A integração política da Europa prosseguiu lentamente e nenhum outro estado europeu se demonstrou particularmente interessado na proposta francesa”, contam os dois peritos. Nem sequer o próprio Presidente francês, Charles de Gaulle, ficou convencido pela proposta de Christian de la Malène: para ele, a usar-se sequer armas nucleares, elas só poderiam servir aos interesses nacionais, não os de aliados.

O assunto é retomado já nos anos 80, quando o teórico das relações internacionais Hedley Bull sugere num artigo a implementação de uma política europeísta com um “mínimo” de força nuclear. Desta vez, o novo Presidente francês, Valéry Giscard d’Estaing, estava interessado no acordo e até considerou que a Alemanha Ocidental devia ser incluída nele para se poder escudar com as armas nucleares francesas. Mas depois de François Mitterrand ter assumido o governo, o processo perdeu estamina: o novo Presidente de França demorou a iniciar os diálogos com outros países europeus — tanto que, quando eles começaram, já nem a Alemanha estava interessada em participar.

Em 1992, no entanto, François Mitterrand volta à carga para “europeizar” a força nuclear francesa, explicam Kjølv Egeland e Benoît Pelopidas: o Presidente disse mesmo que “a compatibilidade entre as forças nucleares francesas e a defesa europeia teria de ser abordada”; e o ministro da defesa, Jacques Mellick, acrescentou que devia estabelecer-se um “acordo de dissuasão concertadapara abrir um “guarda-chuva nuclear” sobre os países europeus. Mas França já tinha perdido a oportunidade de vender a ideia “altruísta” de uma defesa partilhada, em cooperação, quando não entrou nos acordos de partilha da NATO — que tinham sido adoptados pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido. François Mitterrand deixou de promover a proposta, Jacques Chirac não lhe conseguiu dar andamento quando o substituiu; e ela ficou abandonada ao longo de uma década, entre 1998 e 2008.

Nicolas Sarkozy reavivou o “zombie” quando entrou na presidência francesa e admitiu que era um “facto” que as armas nucleares daquele país eram um “elemento-chave da segurança da Europa”. Sarkozy pediu um “diálogo aberto sobre o papel da dissuasão nuclear e a sua contribuição para a nossa segurança comum”, mas encontrou ainda menos abertura dos estados-membros dessa vez: nem sequer a Alemanha, que em algumas destas tentativas se foi mostrando alinhada com a sugestão francesa, estava interessada. Pelo contrário, durante a campanha eleitoral, o novo governo alemão que entrou em funções em 2009 fez da retirada do armamento nuclear norte-americano estacionado no país desde os tempos da Guerra Fria uma bandeira.

François Hollande veio a manter que a força nuclear francesa era uma arma de defesa da Europa, mas não insistiu em diálogos internacionais e o assunto voltou a esmorecer. A luz ao fundo do túnel, em caso de necessidade, continua até hoje a ser os Estados Unidos América.

GUERRA NA UCRÂNIA  UCRÂNIA  EUROPA  MUNDO

COMENTÁRIOS:

Leão da Estrela: Cautela, não se tratam de fisgas ou fundas .           Miguel M: Estes artolas da UE nunca vão aprender que já perderam o comboio, que já perderam a guerra e que quando mais se armam em maus mais caro lhes vai sair.            Toini Silva > Miguel M: Mas a intenção é mesmo essa...e terão sempre uma "desculpa" É arrasar com tudo, até ao ponto de as pessoas aceitarem como inevitável o "Grande reinicio" Miguel MToini Silva: Por este andar antes do fim do ano já estaremos todos nos anjinhos, incluindo os ideólogos do grande reset.         Pipa Melo: Os milhares de milhões que terão de ser gastos em defesa vão ser retirados do estado social europeu. Mas realmente valores mais altos se levantam, perante uma ameaça de invasão russa em larga escala a União Europeia tem de se rearmar, incluindo com armas nucleares. A UE é muito mais rica que a Rússia, só não tem forças armadas e um arsenal nuclear muito superior ao russo se não quiser. Anti Ditadores: Infelizmente a Europa terá de se rearmar de forma acelerada e a questão de armas nucleares é vital,  não me espantaria nada daqui a poucos anos a Alemanha   Itália e outros países europeus terem armamento nuclear nos seus arsenais. O ditador psicopata nazi do Putin abriu a caixa de pandora, agora não há alternativas, a Europa vai fazer frente à Rússia e esmagar  a economia Russa e prestar ajuda militar e económica para derrotar os exércítos Russos que invadiram a Ucrânia. A Rússia rapidamente vai retroceder 30 anos e vamos ver as prateleiras vazias dos hipermercados como o eram nos tempos da URRS.          Mad Max - Justice DankulaAnti Ditadores: Negociar, não? Até com Stalin se negociou...Essa mentalidade de caca ...A Europa vai fazer frente a quem, se são os Russos que fornecem a maior parte da energia? A Europa vai comprar petróleo à Venezuela e ao Irão, 2 ditaduras sanguinárias que tais? E quem é que paga no final de contas?         Pipa Melo > Mad Max - Justice Dankula: O Putin já disse como negoceia, os ucranianos têm de se render e aceitar todas as condições russas. Que se saiba Venezuela e Irão ainda não ameaçaram invadir a Europa ou destruí-la com ataques nucleares. A Europa tem todo o direito a recorrer a todas as alternativas energéticas possíveis.          Luís Abrantes: Limpem o sebo ao putine que tudo se resolve…       Mad Max - Justice Dankula: Ó moderadores do Observatório... Es tu pi dez não faz parte do léxico de Português?            Mad Max - Justice Dankula: Hiroshima... Nagasaki... Será que se aprendeu alguma coisa? A estupidez humana não tem limites! Fecham as centrais energéticas mas abrem um precedente para as armas nucleares...         Patricio Guerreiro: A UE aqui tem um bom trunfo, a França, que já possuindo armas atómicas lhe abre a porta a vir a ser Potência Nuclear. A Rússia de Putin abriu a Caixa de Pandora e agora nada a fechará! M