Leio o PÚBLICO de 18/6. Leio e a crónica de Miguel de Sousa Tavares sobre José Sócrates e a sua ida ao Brasil sem dar
cavaco– “TUDO AQUILO QUE JOSÉ SÓCRATES ME
ENSINOU (E FOI MUITO)” e a Crónica de António Barreto, “A
TEMPO” sobre as questões levantadas em torno dos “SERVIÇOS DE SAÚDE”.
Admiro a lisura de ambos os cronistas e a
coragem no desmascarar das situações que abordam – a infâmia do comportamento governamental
(e mediático), na pouca relevância dada ao comportamento insolente e arrogante
no primeiro caso, de uma permissividade a sugerir amplo complô de
apadrinhamento anterior à partida do ex-ministro para o Brasil, implicando todo
um desprezo social e jurídico na desprezível aceitação desse escândalo, o que
sempre acontecera, aliás, aquando da sua governação isenta de qualquer pena
jurídica, como bem lembra JM
Tavares; O caso do descalabro nos Serviços
de Saúde de que tão competentemente trata António Barreto, revelando igualmente o desprezo e o
cinismo dos governantes pela classe médica e de enfermagem, além do descalabro
económico a que foram conduzidos os Serviços de Saúde:
De
MIGUEL DE SOUSA TAVARES:
«Se
houvesse um campeonato do descaramento, José Sócrates seria recordista mundial.
Ele é o CR7 da desfaçatez. O João Garcia que trepou os sete cumes do topete. A
sua última entrevista à SIC Notícias, a propósito daquelas viagens
ao Brasil que ele entende ter o direito de fazer a seu bel-prazer e sem dar
cavaco a ninguém – até porque o tribunal (palavras suas) não lhe perguntou onde
é que ele tinha ido “com bons modos” –, é mais um pináculo da insolência
e do insulto à justiça, a começar nos juízes e a acabar no Ministério Público,
que Sócrates trata invariavelmente como se fosse a varejeira que insiste em
incomodar o seu churrasco com os amigos. Nunca se viu nada assim…» …………….«Sócrates é um magnífico mamífero e um
excelente caçador. A sua energia para resistir, fingir, dissimular é
inesgotável. Aos poucos, todos à sua volta desistem, ou são convidados a
desistir. O poder do juiz Carlos Alexandre diminuiu
drasticamente no último ano. O juiz Ivo Rosa vai para a
Relação de Lisboa. A juíza que agora o iria julgar pediu
transferência. Sócrates, não. Continua. Persiste. Resiste. O país
nunca teve pedalada para ele enquanto foi primeiro-ministro. Agora que é
primeiro-arguido continua a não ter, como se vê.»
De
ANTÓNIO BARRETO:
«O
Governo detesta os médicos e os enfermeiros, classes profissionais que não pode
dispensar nem despedir. Não lhes paga bem. Não os respeita. Não lhes dá
condições adequadas para exercerem os seus ofícios sem perder tempo com tarefas
colaterais, designadamente burocráticas. Tolera e considera os que lhe obedecem
ou são mudos. Pensa, como já vários o disseram, que “os médicos e os enfermeiros são
profissionais como quaisquer outros, têm de ser tratados como todos os outros”.
O que não é verdade: aos médicos e aos enfermeiros, e poucos mais grupos
profissionais, exige-se tudo, pede-se de mais, espera-se sempre. » …
«……….. Com quem é que o Governo quer governar a
saúde? Com os médicos a quem paga mal? Com os enfermeiros que aliena? Com as
Ordens que despreza? Com os privados que ameaça de morte? Com os doentes e
familiares que esperam por consulta e cirurgia? Talvez apenas com um espelho.»
Nenhum comentário:
Postar um comentário