Com estes admiráveis estudos de Jaime Nogueira Pinto, que não só
fornece dados históricos - e literários, de caminho - como lhes sabe imprimir o
sal do seu saber crítico, para reflectirmos e compararmos, industriados que
estamos com o que “por aqui nos vai”.
Colômbia: o fim da “ditadura perfeita”?
Quase todo o século XX colombiano se
passou entre liberais e conservadores. Mas aquilo a que chamaram “a ditadura
perfeita”, assente numa oligarquia de quase 100 anos, pode ter sucumbido nas
eleições.
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador
OBSERVADOR, 04 jun
2022, 00:1552
A primeira volta das eleições
presidenciais na Colômbia, no passado Domingo, 29 de Maio, foi mais um sinal da
mudança política, ideológica e sociológica que assalta o mundo euroamericano,
com novas forças de esquerda e de direita a concorrer com os partidos
tradicionais ou mesmo a tomar o seu lugar.
O paradigma é válido para muitos países
da União Europeia e está a repetir-se no continente americano, de Norte a Sul. Nos
Estados Unidos o fenómeno aconteceu no interior dos partidos tradicionais, com
o wokismo democrata e o trumpismo republicano a ganharem terreno, numa
radicalização progressiva, não só de ideias mas também de métodos de luta, que chega a pôr em causa a própria separação de
poderes. Para Robert Reich, é de uma verdadeira “guerra civil
ideológica” que se trata, ou foi assim que o antigo Secretário de
Estado do Trabalho de Bill Clinton recentemente descreveu o clima político
norte-americano no New York Times. Também no Brasil se espera um duelo final entre Jair Bolsonaro e Lula da Silva nas
próximas presidenciais já que nenhum dos candidatos centristas deverá resistir
à bipolarização.
Destinos trágicos
A Colômbia, pela força
da ficção (e da realidade), tem o
infortúnio de quase só ser conhecida como a pátria dos narcotraficantes, de
Pablo Escobar aos cartéis de Cali e Medellín. Mas tal como Portugal é mais do que uma pátria de
futebolistas ou o palco de um último sonho comunista na quase velhice da URSS, também a Colômbia é mais do que o cenário dos
narcos.
Diz-se
em Espanha que é na Colômbia que se fala “o melhor castelhano das Américas”;
porém, mais importante do que esta ambígua distinção do antigo colonizador, é a grande
literatura que a Colômbia tem dado ao mundo, a começar por Gabriel
García Márquez mas sem se esgotar nele – com autores como Hector Abad Faciolince, Laura
Restrepo ou Juan Gabriel Vasquez, todos traduzidos em português, ou como
William Ospina, criador de uma empolgante trilogia inspirada nas viagens,
aventuras e atrocidades de toda uma épica galeria de heróis “maus”: os
conquistadores e colonizadores espanhóis da América Pedro de Ursúa, Francisco
de Orellana, Gonzalo Pizarro, e Lope de Aguirre.
Há,
na vida real colombiana, um inequívoco destino trágico que paira sobre as cabeças
de quem lá vive: dizem as estatísticas que, entre 1958 e 2012,
foram ali assassinadas por razões políticas 220 mil pessoas. Dessas 220
mil pessoas, pobres, remediadas e privilegiadas, 80% eram civis, não
combatentes.
Álvaro
Gómez Hurtado, que conheci
em Washington em Dezembro de 1980 a seguir à eleição de Ronald Reagan, foi um
destes assassinados, e o seu itinerário de político conservador colombiano e
de homem do sistema diz muito do país de que estamos a falar.
Álvaro
Gomez era filho
de Laureano Gomez, chefe do Partido Conservador, várias vezes ministro e eleito
Presidente da República em 1950.
Laureano ficou doente e foi substituído por um político da sua confiança, o
ministro da Defesa Roberto Urdaneta; mas em 1953 o golpe militar do
general Rojas Pinilla interrompeu o governo de Urdaneta. O golpe aconteceu
no quadro de um conflito civil que ficaria conhecido por “La Violencia”. A
família de Laureano Gomez esteve exilada em Espanha, nos anos 50. No regresso à
Colômbia, Álvaro fez a sua carreira universitária e jornalística, dirigindo El
Siglo, e veio a assumir a liderança do Partido Conservador, “sucedendo” ao
pai. Enquanto líder dos conservadores negociou com o chefe do Partido Liberal
um acordo para uma Frente Nacional. Candidatou-se pela primeira vez à
presidência em 1974 (os outros dois candidatos eram, como ele, filhos de
ex-presidentes) mas perdeu para Lopez Michelsen. Foi embaixador nos Estados
Unidos e em 1986 voltou a candidatar-se, sendo derrotado pelo liberal
Virgilio Barco. Em Março de 1988 foi raptado por elementos do M-19
(Movimento 19 de Abril), uma organização extremista de guerrilha urbana que
acabou por libertá-lo ao fim de 53 dias de cativeiro e de negociações. Concorreu
outra vez à presidência em 1990, numa campanha eleitoral em que três dos
candidatos foram assassinados, e voltou a perder, dessa vez para o liberal
César Gaviria. Em 2 de Novembro de 1995 Álvaro
foi assassinado ao sair de dar uma aula de História Constitucional. Não se sabe
se por terroristas de esquerda, se por paramilitares, se por narcos.
Uma “ditadura perfeita”
Quase todo o século XX colombiano se
passou, politicamente, entre liberais e conservadores. Houve derivas à esquerda, influenciadas pelo
Partido Comunista da Colômbia, alinhado com Moscovo, e um período curto de
ditaduras militares, como a de Rojas
Pinilla, que
alguns qualificarão como “populista de direita”, mas o bipartidarismo resistiu.
Com
a revolução cubana, o cisma sino-soviético e o Maio de 68 surgiram na Colômbia
esquerdas fora da tutela soviética.
Apareceu ainda a Teologia da
Libertação, de que foi
representante o padre colombiano Camilo Torres, que integrou o Exército de
Libertação Nacional e morreu em combate na guerrilha. Assim, os anos 70
viram ali um revivalismo
de famílias de esquerda, trotskistas
e chinesas, partidárias da acção directa e hostis à luta eleitoral legal, mas
sem que o sistema se alterasse.
A tudo isto viera juntar-se o
narcotráfico, com os cartéis da droga e a sua imensa riqueza e influência na
política, pela corrupção e pelo medo. Note-se que o país não alcançou o lugar cimeiro na
economia narco pela produção de cocaína, mas sim pela sua refinação e
distribuição internacional. Nos anos 80, as receitas da cocaína ultrapassaram
as do café.
Mas
nem esta economia
paralela alterou o
rotativismo, que entrou
pelo século XXI e só foi aparentemente interrompido em 2010, com a eleição
de Juan Manuel Santos, pelo Partido Social da Unidade Nacional. Santos
sucedia a Álvaro Uribe,
do Partido Liberal. O seu Partido Social da Unidade Nacional tinha sido criado em 2005 por dissidentes do
Partido Liberal, que depois se juntaram a outros liberais e conservadores,
propondo reformas económicas liberalizantes e uma aproximação aos Estados
Unidos e afirmando um comum repúdio do bolivarianismo chavista. Mas apesar
da aparente novidade das siglas, as famílias dominantes eram as mesmas e a oligarquia
permanecia intacta. Ivan Duque,
um protegido de Uribe, venceria as eleições de 2018, derrotando Gustavo Petro,
esse sim candidato de uma nova esquerda alheia ao “sistema” e independente do
Partido Liberal.
Entretanto,
nem a fragmentação activista nem o
narcotráfico nem a guerrilha pareciam
alterar substancialmente um sistema que, praticamente desde a independência,
mantinha o poder nas mãos de uma oligarquia não só de classe, mas também de
famílias, com o poder a rodar entre conservadores e liberais e a passar de pais
para filhos e de filhos para netos. Entre 1914 e 2010, tirando o
quinquénio militar entre 1953 e 1958, conservadores e liberais foram alternando
na Presidência da República: era, diziam os críticos, uma “ditadura perfeita”,
em que o governo, conservador ou liberal, acabava por ir parar “sempre aos
mesmos”.
Os filósofos e historiadores gregos, de
Aristóteles a Tucídides, perceberam e registaram a natureza inevitavelmente
oligárquica do poder político em estabilidade; coisa que as modernas escolas
realistas, de Maquiavel a Vilfredo Pareto, de Karl Marx a Raymond Aron, também
souberam perceber e registar, mesmo quando a criticavam. As excepções, o poder pessoal de um Rei ou de Líder –
a monocracia absoluta – ou o poder de todos – a democracia plena – podiam
ser formas constitucionais, mas acabavam, na prática, por assumir contornos
oligárquicos, num processo de “circulação das élites”, como o descrito por
Pareto. Daí a
“ditadura perfeita” da democracia liberal colombiana
Entre dois “outsiders”
Nesta
eleição, o candidato apoiado pelas direitas sistémicas conservadoras e
liberais, na coligação Equipo por Colombia, era Frederico (“Fico”) Gutiérrez,
ex-alcaide de Medellin. Mas “Fico” ficou pelo caminho, com 24% dos votos.
O
candidato da Esquerda Unida, Gustavo Petro, pela Unión Patriótica, que obteve 40% dos votos, tem um perfil diferente
do dos políticos colombianos tradicionais. Nascido em 1960, Petro integrou
aos 17 anos a guerrilha do M-19, o grupo terrorista que protagonizou o assalto
ao Palácio da Justiça, com mais de 100 vítimas, mas, desde então, mudou muito.
Em 1990 foi um dos signatários do acordo de paz com o Governo; em 2010 foi
candidato à Presidência da República pelo Polo Democrático Alternativo; em 2012
foi eleito alcaide de Bogotá e em 2018 concorreu contra Ivan Duque e perdeu.
Agora
que os tempos são outros, volta a tentar a presidência. Petro apresenta os clássicos programas de esquerda latino-americana
– como as nacionalizações no sector económico, na saúde e na educação – mas
traz versões neo-ecológicas, como proibir as novas explorações petrolíferas o
que na actual conjuntura nacional e mundial, em que a energia é um recurso
útil, peca por algum irrealismo. O candidato
preocupou-se, também, em actualizar-se “ideologicamente”, incluindo no programa
os temas da nova agenda woke e LGBT. Para tal, foi buscar como candidata a
vice-presidente uma mulher negra – Francia Marquez Mina –, que vem denunciando
o “racismo sistémico”, o “privilégio branco” e o “supremacismo branco” como
factores estruturantes da desigualdade social na Colômbia.
Para
os críticos, a agenda agora
agitada por Petro é uma importação norte-americana sem tradução directa na Colômbia,
onde dizem que nunca houve Apartheid ou sequer segregação oficial. É a universalização cega de uma cartilha neomarxista
que quer substituir a luta de classes pela luta de identidades, a fim de
compensar a erosão do velho binómio proletariado/burguesia com a constante
adição de outros polos conflituantes: brancos/negros; homens/mulheres;
heterossexuais/homossexuais, bissexuais, transgéneros e outros géneros.
Mas
a grande surpresa da eleição, com 28% dos votos, foi um outro “outsider”: Rodolfo Hernandez, de 77 anos,
empresário da construção civil e ex- alcaide de Bucaramanga,
capital da província de Santander, a quinta província económica da Colômbia mas
a primeira em renda per capita e a que tem menos desemprego. Hernandez
fundou em 2019 a Liga de Gobernantes Anticorrupción e é descrito como
“independente, controverso, antipolítico e populista”. Qualifica-se como “um engenheiro que quer tirar os
ladrões do governo”, acrescentando que a corrupção é o maior imposto que os
colombianos pagam.
Quando
lhe chamam o Trump
colombiano, fazem-no
pela sua linguagem directa e irreverente, o uso e abuso de redes sociais, como
o Tiktok, onde tem mais de meio milhão de seguidores. Algumas das suas propostas de controlo de gastos
públicos são engenhosas mas demagógicas, como nomear embaixadores colombianos
já residentes no exterior, ou premiar os denunciantes de actos de corrupção de
políticos e funcionários.
Populismo à porta?
Parte
dos estudiosos do populismo latino-americano considera que a Colômbia, uma grande economia cafeeira, por razões da sua tardia industrialização, não
conheceu fenómenos populistas de tipo nacional-autoritário, como o peronismo argentino e o varguismo
brasileiro. Eliecer Gaitán,
nos anos 30 e 40, terá estado próximo desse tipo de populismo, mas Gaitán não
triunfou e foi assassinado em 1948, em Bogotá.
O
confronto da segunda volta, em 19 de Junho, é, por isso, uma novidade. O
duelo entre dois metecos ou hilotas que capitalizaram o descontentamento da
maioria marca a ruptura da hegemonia de uma classe política e político-social
que monopolizou o poder num rotativismo pactado e sobreviveu a décadas de
violência e crime organizado.
“Fico”
Gutiérrez disse que iria votar em Hernandez; Hernandez respondeu-lhe que não
fazia alianças. Assim, num país importante de um subcontinente também
importante – que as últimas Administrações americanas descuraram e onde a China
tem vindo a avançar economicamente em grande força nos últimos vinte anos – o
resultado das eleições é ainda uma incógnita.
COMENTÁRIOS:
Jorge Carvalho: É sempre um ESPANTO nos dias sombrios e néscios de hoje termos a
Graça de ainda podermos usufruir de artigos desta qualidade. Obrigado JNP Elvis
Wayne: Que gosto é ler mais um artigo
magistral do caro Jaime. Por alguma razão só ontem é que consegui ler o artigo
da semana passada sobre os acontecimentos em Budapeste, mas mesmo com atraso,
não deixei de apreciar a prosa. Cumprimentos e continuação! Tom
Gallagher: Encontrando-se
em uma encruzilhada política crucial, o passado turbulento da Colômbia e a pressão que agora enfrenta da América
do Norte 'Woke' da China predatória são discutidos com clareza e alguma
simpatia por Jaime Nogueira Pinto. A Colômbia tem alguns activos, pois enfrenta
um novo ataque de uma esquerda desta vez armada com armas culturais. Não é
racialmente polarizado. Tem uma classe média culta e politicamente alerta.
As instituições profissionais são penetradas pela esquerda, mas os
centristas e conservadores são muito mais fortes do que em outras partes do
mundo ibero-americano. Há uma forte identidade local e regional e fontes
de orgulho do tipo que frustram projectos autoritários. Os conflitos
civis por cinquenta anos até o início deste século criaram camadas alertas,
estóicas e resilientes da sociedade que são fortes o suficiente para impedir
uma tomada antidemocrática da esquerda. Finalmente, a incrível
topografia do país - cadeias de montanhas arborizadas, comunidades costeiras e
de vales independentes e variações costeiras dramáticas, provavelmente o tornam
um dos melhores locais do planeta capazes de resistir a uma reversão das
fortunas globais na escala de 410, 1453 ou 1917. (Apenas algumas reflexões para
seguir um artigo muito estimulante). José Mendes > Tom Gallagher: Como "ataque da
esquerda"? Há é um largo descontentamento que se exprime de muitas formas
incluindo nas urnas. Porém na Colômbia não há eleições livres e juntas. Na
segunda volta as eleições serão ganhas, custe o que custar, pelo amigo do Trump! A ditadura perfeita ficará
ainda mais autoritária e assassina. Joaquim Almeida > Tom Gallagher: Oxalá, porque os novos vândalos
estão à porta. Veremos se 24+28 = 51%. Geraldo Sem Pavor: a Colômbia é um país deveras
interessante, do ponto de vista económico francamente mais avançado e menos
corrupto que os seus principais vizinhos, como o Brasil, Venezuela e Argentina,
funcional para as empresas portuguesas, que em geral se têm dado bem. Acresce
que tem uma população jovem bem formada e trabalhadora. oxalá possam evitar
mais uma deriva esquerdista de pendor tropical que só tem trazido desgraça para
o Continente Ah Pois: A Colômbia é parceiro global da
NATO. Petro, neomarxista, woke e
disposto a formar um governo homocrático é mais-que-perfeito para os USA. José
Mendes > Ah Pois: Petro vai perder as eleições
seja como for! Colômbia
é uma colónia dos EUA onde todos os dias se mata quem mexe uma palha. Ah Pois
> José Mendes:
Os americanos estão sempre salvaguardados,
seja qual for o que vença, era isso o que ia queria dizer Pedro Belo: Excelente artigo como sempre josé maria : A "ditadura perfeita"
não foi aquela que o JNP continua a admirar, a salazarista ? Vitor
Batista > josé maria: Cresça e apareça ,e deixe de ser garoto. TIM DO Ó > josé maria:
Sem crescimento não pode haver distribuição.
Agora não há nada para distribuir. Só dívida. Se não fosse o 25 de Abril,
Portugal seria hoje um país rico e, consequentemente, um país com dinheiro 💸
para distribuir. Hoje, repito, só há dívida para distribuir. Pelos mais novos e
pelos mais velhos. Uma tragédia dificilmente reversível. josé maria > TIM DO Ó:
Portugal nunca atingiu um maior nível de
distribuição do que depois de 2015, basta comparar as estatísticas sobre o
índice Gini, por exemplo. Antes de 25 de Abril, a riqueza acumulada estava
concentrada num grupo muito restrito de oligarcas, protegidos pelo regime. A
política insana do condicionamento industrial fez o resto. Crescimento
económico e riqueza concentrada é muito diferente de distribuição da riqueza. André Mesquita > josé maria: A esquerda portuguesa quer
distribuir a riqueza que o país não tem. E não tem por causa da carga fiscal
elevada, do endividamento público e da burocracia que afastam investimentos. josé maria > André Mesquita:
Tem razão relativamente à burocracia, mas não
em relação à carga fiscal: Na medida de carga fiscal, que considera apenas a
receita de impostos, Portugal tem a 16º mais baixa entre os 27 países
da União Europeia. No entanto, se for considerado o sentido lato, que, além da
receita de impostos, abrange ainda as contribuições para a Segurança Social,
Portugal tem a 10º mais baixa da EU - Jornal de Negócios, 24/1/2022 Em 2020,
entre os 27 Estados Membros (levando já em conta a saída do Reino Unido),
Portugal foi o 8º com menor carga fiscal, um registo inferior, por exemplo, ao
da Espanha (36,6%), da Grécia (38,6%) e da Itália (42,8%). Jornal de Negócios,
11/5/2021. Não há Estado Social desenvolvido sem impostos condizentes. Quem
quer um SNS forte, hospitais públicos modernos, educação de bom nível, tem que
puxar os cordões à bolsa, de acordo com a natureza dos seus rendimentos e em
conformidade com o princípio da progressividade fiscal. A Dinamarca tem uma das
maiores cargas fiscais do mundo e é um país altamente desenvolvido a nível
mundial. André
Mesquita > josé maria: A diferença entre Portugal e a
Dinamarca é que estes últimos têm rendimentos muito superiores aos nossos. Se eu ganhar 1000€ líquidos e
descontar 35%, ou se ganhar 5000€ e descontar 45%, posso dizer que a carga
fiscal no segundo caso é mais elevada, mas mesmo assim pagando 45% sobre 5000€,
sobra-me mais dinheiro. Portugal tem uma carga fiscal incomportável para os nossos
rendimentos, e pagamos a electricidade e os combustíveis mais caros da UE. Não
vejo a carga fiscal como uma inevitabilidade. O SNS por exemplo, não é o único
modelo para fornecer cuidados de saúde, o canadiano seria uma boa alternativa. Na
educação, vários estudos independentes apontam que custa menos ao Estado por
cada aluno tê-los no privado do que numa escola pública. josé maria > André Mesquita: Não está em causa que a Dinamarca tem rendimentos muito
superiores aos nossos, mas esse dado é completamente irrelevante para o tema em
confronto. Está em causa, sim, saber, se com uma carga fiscal inferior à que
temos, e que até está longe de ser uma das maiores da UE, como
já demonstrei, é possível Portugal possuir um Estado Social que supra as
carências sociais que o nosso país ainda possui. Quando alguém
fala em diminuição da carga fiscal, tem que demonstrar como é possível o nosso
Estado cumprir as suas obrigações constitucionais, sem o nível de carga fiscal
que temos, neste momento. Já viu algum partido da oposição fazer essa
demonstração, de forma inequívoca, para além do princípio de demagogia fácil e
populista, a que habitualmente se exercita ? Não viu, pois não ? A mera
retórica é muito poucochinha para demonstrar seja o que for. Como é que o nosso
Estado poderia ter feito um apoio social tão gigantesco, como aquele que
realizou durante a pandemia, sem uma carga fiscal elevada ? Como é que pensa
que o nosso Estado realizou esse apoio descomunal ? Com maná caído do céu aos
trambolhões ? Depois, para se falar, em carga fiscal, é preciso saber-se como é que esse conceito tecnicamente se configura. A carga fiscal
não se mede estritamente pela incidência tributária global.Em termos de
finanças públicas, a carga fiscal ou pressão fiscal de um país corresponde à
relação percentual entre o total dos impostos e contribuições efetivas para a
Segurança Social e o Produto Interno Bruto (PIB). Havendo maior actividade
económica e maiores contribuições para a SS, até pode ser um bom sinal o
aumento da carga fiscal. Quando se debate uma controvérsia sobre a carga
fiscal, importa afinar o conceito de uma forma superior à basilar, para não se
incorrer em análises demagógicas, populistas e superficiais. José Mendes
> josé maria: Não há ditaduras perfeitas nem
mais que perfeitas. Ditadura ocorre sempre que ocorre exercício de poder
discricionário, arbitrário independente e fora da lei. Quer dizer que há
momentos ditatoriais por todo o lado. Exemplo disso são as decisões
discricionárias e arbitrárias de Passos Coelho a que o Tribunal Constitucional
pôs fim. A tentação ditatorial está por todo o lado. Sem oposição
institucional, natural, legal ou clandestina só havia ditadores. Basta ler
estas caixas de texto para ver ditadores dentro de quase todas. Todos sabem
como fazer tudo sem pensar nos outros, na sua dignidade e força e, pior de
tudo, sem pensar no respeito pelas leis. TIM DO Ó > josé maria: Qual riqueza há para
distribuir?!? Só se for a pobreza. E isto ainda vai piorar mais... E o pouco
que vai havendo, mendigado e entregue pelos estrangeiros de que Portugal
depende para sobreviver, é roubado pelas elites socialistas. Ao povo que
trabalha, os impostos!
…………………………….ime Nogueira Pinto, que não só
fornece dados históricos - e literários, de caminho - como lhes sabe imprimir o
sal do seu saber crítico, para reflectirmos e compararmos, industriados que
estamos com o que “por aqui nos vai”.
Colômbia: o fim da “ditadura perfeita”?
Quase todo o século XX colombiano se
passou entre liberais e conservadores. Mas aquilo a que chamaram “a ditadura
perfeita”, assente numa oligarquia de quase 100 anos, pode ter sucumbido nas
eleições.
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador
OBSERVADOR, 04 jun
2022, 00:1552
A primeira volta das eleições
presidenciais na Colômbia, no passado Domingo, 29 de Maio, foi mais um sinal da
mudança política, ideológica e sociológica que assalta o mundo euroamericano,
com novas forças de esquerda e de direita a concorrer com os partidos
tradicionais ou mesmo a tomar o seu lugar.
O paradigma é válido para muitos países
da União Europeia e está a repetir-se no continente americano, de Norte a Sul. Nos
Estados Unidos o fenómeno aconteceu no interior dos partidos tradicionais, com
o wokismo democrata e o trumpismo republicano a ganharem terreno, numa
radicalização progressiva, não só de ideias mas também de métodos de luta, que chega a pôr em causa a própria separação de
poderes. Para Robert Reich, é de uma verdadeira “guerra civil
ideológica” que se trata, ou foi assim que o antigo Secretário de
Estado do Trabalho de Bill Clinton recentemente descreveu o clima político
norte-americano no New York Times. Também no Brasil se espera um duelo final entre Jair Bolsonaro e Lula da Silva nas
próximas presidenciais já que nenhum dos candidatos centristas deverá resistir
à bipolarização.
Destinos trágicos
A Colômbia, pela força
da ficção (e da realidade), tem o
infortúnio de quase só ser conhecida como a pátria dos narcotraficantes, de
Pablo Escobar aos cartéis de Cali e Medellín. Mas tal como Portugal é mais do que uma pátria de
futebolistas ou o palco de um último sonho comunista na quase velhice da URSS, também a Colômbia é mais do que o cenário dos
narcos.
Diz-se
em Espanha que é na Colômbia que se fala “o melhor castelhano das Américas”;
porém, mais importante do que esta ambígua distinção do antigo colonizador, é a grande
literatura que a Colômbia tem dado ao mundo, a começar por Gabriel
García Márquez mas sem se esgotar nele – com autores como Hector Abad Faciolince, Laura
Restrepo ou Juan Gabriel Vasquez, todos traduzidos em português, ou como
William Ospina, criador de uma empolgante trilogia inspirada nas viagens,
aventuras e atrocidades de toda uma épica galeria de heróis “maus”: os
conquistadores e colonizadores espanhóis da América Pedro de Ursúa, Francisco
de Orellana, Gonzalo Pizarro, e Lope de Aguirre.
Há,
na vida real colombiana, um inequívoco destino trágico que paira sobre as cabeças
de quem lá vive: dizem as estatísticas que, entre 1958 e 2012,
foram ali assassinadas por razões políticas 220 mil pessoas. Dessas 220
mil pessoas, pobres, remediadas e privilegiadas, 80% eram civis, não
combatentes.
Álvaro
Gómez Hurtado, que conheci
em Washington em Dezembro de 1980 a seguir à eleição de Ronald Reagan, foi um
destes assassinados, e o seu itinerário de político conservador colombiano e
de homem do sistema diz muito do país de que estamos a falar.
Álvaro
Gomez era filho
de Laureano Gomez, chefe do Partido Conservador, várias vezes ministro e eleito
Presidente da República em 1950.
Laureano ficou doente e foi substituído por um político da sua confiança, o
ministro da Defesa Roberto Urdaneta; mas em 1953 o golpe militar do
general Rojas Pinilla interrompeu o governo de Urdaneta. O golpe aconteceu
no quadro de um conflito civil que ficaria conhecido por “La Violencia”. A
família de Laureano Gomez esteve exilada em Espanha, nos anos 50. No regresso à
Colômbia, Álvaro fez a sua carreira universitária e jornalística, dirigindo El
Siglo, e veio a assumir a liderança do Partido Conservador, “sucedendo” ao
pai. Enquanto líder dos conservadores negociou com o chefe do Partido Liberal
um acordo para uma Frente Nacional. Candidatou-se pela primeira vez à
presidência em 1974 (os outros dois candidatos eram, como ele, filhos de
ex-presidentes) mas perdeu para Lopez Michelsen. Foi embaixador nos Estados
Unidos e em 1986 voltou a candidatar-se, sendo derrotado pelo liberal
Virgilio Barco. Em Março de 1988 foi raptado por elementos do M-19
(Movimento 19 de Abril), uma organização extremista de guerrilha urbana que
acabou por libertá-lo ao fim de 53 dias de cativeiro e de negociações. Concorreu
outra vez à presidência em 1990, numa campanha eleitoral em que três dos
candidatos foram assassinados, e voltou a perder, dessa vez para o liberal
César Gaviria. Em 2 de Novembro de 1995 Álvaro
foi assassinado ao sair de dar uma aula de História Constitucional. Não se sabe
se por terroristas de esquerda, se por paramilitares, se por narcos.
Uma “ditadura perfeita”
Quase todo o século XX colombiano se
passou, politicamente, entre liberais e conservadores. Houve derivas à esquerda, influenciadas pelo
Partido Comunista da Colômbia, alinhado com Moscovo, e um período curto de
ditaduras militares, como a de Rojas
Pinilla, que
alguns qualificarão como “populista de direita”, mas o bipartidarismo resistiu.
Com
a revolução cubana, o cisma sino-soviético e o Maio de 68 surgiram na Colômbia
esquerdas fora da tutela soviética.
Apareceu ainda a Teologia da
Libertação, de que foi
representante o padre colombiano Camilo Torres, que integrou o Exército de
Libertação Nacional e morreu em combate na guerrilha. Assim, os anos 70
viram ali um revivalismo
de famílias de esquerda, trotskistas
e chinesas, partidárias da acção directa e hostis à luta eleitoral legal, mas
sem que o sistema se alterasse.
A tudo isto viera juntar-se o
narcotráfico, com os cartéis da droga e a sua imensa riqueza e influência na
política, pela corrupção e pelo medo. Note-se que o país não alcançou o lugar cimeiro na
economia narco pela produção de cocaína, mas sim pela sua refinação e
distribuição internacional. Nos anos 80, as receitas da cocaína ultrapassaram
as do café.
Mas
nem esta economia
paralela alterou o
rotativismo, que entrou
pelo século XXI e só foi aparentemente interrompido em 2010, com a eleição
de Juan Manuel Santos, pelo Partido Social da Unidade Nacional. Santos
sucedia a Álvaro Uribe,
do Partido Liberal. O seu Partido Social da Unidade Nacional tinha sido criado em 2005 por dissidentes do
Partido Liberal, que depois se juntaram a outros liberais e conservadores,
propondo reformas económicas liberalizantes e uma aproximação aos Estados
Unidos e afirmando um comum repúdio do bolivarianismo chavista. Mas apesar
da aparente novidade das siglas, as famílias dominantes eram as mesmas e a oligarquia
permanecia intacta. Ivan Duque,
um protegido de Uribe, venceria as eleições de 2018, derrotando Gustavo Petro,
esse sim candidato de uma nova esquerda alheia ao “sistema” e independente do
Partido Liberal.
Entretanto,
nem a fragmentação activista nem o
narcotráfico nem a guerrilha pareciam
alterar substancialmente um sistema que, praticamente desde a independência,
mantinha o poder nas mãos de uma oligarquia não só de classe, mas também de
famílias, com o poder a rodar entre conservadores e liberais e a passar de pais
para filhos e de filhos para netos. Entre 1914 e 2010, tirando o
quinquénio militar entre 1953 e 1958, conservadores e liberais foram alternando
na Presidência da República: era, diziam os críticos, uma “ditadura perfeita”,
em que o governo, conservador ou liberal, acabava por ir parar “sempre aos
mesmos”.
Os filósofos e historiadores gregos, de
Aristóteles a Tucídides, perceberam e registaram a natureza inevitavelmente
oligárquica do poder político em estabilidade; coisa que as modernas escolas
realistas, de Maquiavel a Vilfredo Pareto, de Karl Marx a Raymond Aron, também
souberam perceber e registar, mesmo quando a criticavam. As excepções, o poder pessoal de um Rei ou de Líder –
a monocracia absoluta – ou o poder de todos – a democracia plena – podiam
ser formas constitucionais, mas acabavam, na prática, por assumir contornos
oligárquicos, num processo de “circulação das élites”, como o descrito por
Pareto. Daí a
“ditadura perfeita” da democracia liberal colombiana
Entre dois “outsiders”
Nesta
eleição, o candidato apoiado pelas direitas sistémicas conservadoras e
liberais, na coligação Equipo por Colombia, era Frederico (“Fico”) Gutiérrez,
ex-alcaide de Medellin. Mas “Fico” ficou pelo caminho, com 24% dos votos.
O
candidato da Esquerda Unida, Gustavo Petro, pela Unión Patriótica, que obteve 40% dos votos, tem um perfil diferente
do dos políticos colombianos tradicionais. Nascido em 1960, Petro integrou
aos 17 anos a guerrilha do M-19, o grupo terrorista que protagonizou o assalto
ao Palácio da Justiça, com mais de 100 vítimas, mas, desde então, mudou muito.
Em 1990 foi um dos signatários do acordo de paz com o Governo; em 2010 foi
candidato à Presidência da República pelo Polo Democrático Alternativo; em 2012
foi eleito alcaide de Bogotá e em 2018 concorreu contra Ivan Duque e perdeu.
Agora
que os tempos são outros, volta a tentar a presidência. Petro apresenta os clássicos programas de esquerda latino-americana
– como as nacionalizações no sector económico, na saúde e na educação – mas
traz versões neo-ecológicas, como proibir as novas explorações petrolíferas o
que na actual conjuntura nacional e mundial, em que a energia é um recurso
útil, peca por algum irrealismo. O candidato
preocupou-se, também, em actualizar-se “ideologicamente”, incluindo no programa
os temas da nova agenda woke e LGBT. Para tal, foi buscar como candidata a
vice-presidente uma mulher negra – Francia Marquez Mina –, que vem denunciando
o “racismo sistémico”, o “privilégio branco” e o “supremacismo branco” como
factores estruturantes da desigualdade social na Colômbia.
Para
os críticos, a agenda agora
agitada por Petro é uma importação norte-americana sem tradução directa na Colômbia,
onde dizem que nunca houve Apartheid ou sequer segregação oficial. É a universalização cega de uma cartilha neomarxista
que quer substituir a luta de classes pela luta de identidades, a fim de
compensar a erosão do velho binómio proletariado/burguesia com a constante
adição de outros polos conflituantes: brancos/negros; homens/mulheres;
heterossexuais/homossexuais, bissexuais, transgéneros e outros géneros.
Mas
a grande surpresa da eleição, com 28% dos votos, foi um outro “outsider”: Rodolfo Hernandez, de 77 anos,
empresário da construção civil e ex- alcaide de Bucaramanga,
capital da província de Santander, a quinta província económica da Colômbia mas
a primeira em renda per capita e a que tem menos desemprego. Hernandez
fundou em 2019 a Liga de Gobernantes Anticorrupción e é descrito como
“independente, controverso, antipolítico e populista”. Qualifica-se como “um engenheiro que quer tirar os
ladrões do governo”, acrescentando que a corrupção é o maior imposto que os
colombianos pagam.
Quando
lhe chamam o Trump
colombiano, fazem-no
pela sua linguagem directa e irreverente, o uso e abuso de redes sociais, como
o Tiktok, onde tem mais de meio milhão de seguidores. Algumas das suas propostas de controlo de gastos
públicos são engenhosas mas demagógicas, como nomear embaixadores colombianos
já residentes no exterior, ou premiar os denunciantes de actos de corrupção de
políticos e funcionários.
Populismo à porta?
Parte
dos estudiosos do populismo latino-americano considera que a Colômbia, uma grande economia cafeeira, por razões da sua tardia industrialização, não
conheceu fenómenos populistas de tipo nacional-autoritário, como o peronismo argentino e o varguismo
brasileiro. Eliecer Gaitán,
nos anos 30 e 40, terá estado próximo desse tipo de populismo, mas Gaitán não
triunfou e foi assassinado em 1948, em Bogotá.
O
confronto da segunda volta, em 19 de Junho, é, por isso, uma novidade. O
duelo entre dois metecos ou hilotas que capitalizaram o descontentamento da
maioria marca a ruptura da hegemonia de uma classe política e político-social
que monopolizou o poder num rotativismo pactado e sobreviveu a décadas de
violência e crime organizado.
“Fico”
Gutiérrez disse que iria votar em Hernandez; Hernandez respondeu-lhe que não
fazia alianças. Assim, num país importante de um subcontinente também
importante – que as últimas Administrações americanas descuraram e onde a China
tem vindo a avançar economicamente em grande força nos últimos vinte anos – o
resultado das eleições é ainda uma incógnita.
COMENTÁRIOS:
Jorge Carvalho: É sempre um ESPANTO nos dias sombrios e néscios de hoje termos a
Graça de ainda podermos usufruir de artigos desta qualidade. Obrigado JNP Elvis
Wayne: Que gosto é ler mais um artigo
magistral do caro Jaime. Por alguma razão só ontem é que consegui ler o artigo
da semana passada sobre os acontecimentos em Budapeste, mas mesmo com atraso,
não deixei de apreciar a prosa. Cumprimentos e continuação! Tom
Gallagher: Encontrando-se
em uma encruzilhada política crucial, o passado turbulento da Colômbia e a pressão que agora enfrenta da América
do Norte 'Woke' da China predatória são discutidos com clareza e alguma
simpatia por Jaime Nogueira Pinto. A Colômbia tem alguns activos, pois enfrenta
um novo ataque de uma esquerda desta vez armada com armas culturais. Não é
racialmente polarizado. Tem uma classe média culta e politicamente alerta.
As instituições profissionais são penetradas pela esquerda, mas os
centristas e conservadores são muito mais fortes do que em outras partes do
mundo ibero-americano. Há uma forte identidade local e regional e fontes
de orgulho do tipo que frustram projectos autoritários. Os conflitos
civis por cinquenta anos até o início deste século criaram camadas alertas,
estóicas e resilientes da sociedade que são fortes o suficiente para impedir
uma tomada antidemocrática da esquerda. Finalmente, a incrível
topografia do país - cadeias de montanhas arborizadas, comunidades costeiras e
de vales independentes e variações costeiras dramáticas, provavelmente o tornam
um dos melhores locais do planeta capazes de resistir a uma reversão das
fortunas globais na escala de 410, 1453 ou 1917. (Apenas algumas reflexões para
seguir um artigo muito estimulante). José Mendes > Tom Gallagher: Como "ataque da
esquerda"? Há é um largo descontentamento que se exprime de muitas formas
incluindo nas urnas. Porém na Colômbia não há eleições livres e juntas. Na
segunda volta as eleições serão ganhas, custe o que custar, pelo amigo do Trump! A ditadura perfeita ficará
ainda mais autoritária e assassina. Joaquim Almeida > Tom Gallagher: Oxalá, porque os novos vândalos
estão à porta. Veremos se 24+28 = 51%. Geraldo Sem Pavor: a Colômbia é um país deveras
interessante, do ponto de vista económico francamente mais avançado e menos
corrupto que os seus principais vizinhos, como o Brasil, Venezuela e Argentina,
funcional para as empresas portuguesas, que em geral se têm dado bem. Acresce
que tem uma população jovem bem formada e trabalhadora. oxalá possam evitar
mais uma deriva esquerdista de pendor tropical que só tem trazido desgraça para
o Continente Ah Pois: A Colômbia é parceiro global da
NATO. Petro, neomarxista, woke e
disposto a formar um governo homocrático é mais-que-perfeito para os USA. José
Mendes > Ah Pois: Petro vai perder as eleições
seja como for! Colômbia
é uma colónia dos EUA onde todos os dias se mata quem mexe uma palha. Ah Pois
> José Mendes:
Os americanos estão sempre salvaguardados,
seja qual for o que vença, era isso o que ia queria dizer Pedro Belo: Excelente artigo como sempre josé maria : A "ditadura perfeita"
não foi aquela que o JNP continua a admirar, a salazarista ? Vitor
Batista > josé maria: Cresça e apareça ,e deixe de ser garoto. TIM DO Ó > josé maria:
Sem crescimento não pode haver distribuição.
Agora não há nada para distribuir. Só dívida. Se não fosse o 25 de Abril,
Portugal seria hoje um país rico e, consequentemente, um país com dinheiro 💸
para distribuir. Hoje, repito, só há dívida para distribuir. Pelos mais novos e
pelos mais velhos. Uma tragédia dificilmente reversível. josé maria > TIM DO Ó:
Portugal nunca atingiu um maior nível de
distribuição do que depois de 2015, basta comparar as estatísticas sobre o
índice Gini, por exemplo. Antes de 25 de Abril, a riqueza acumulada estava
concentrada num grupo muito restrito de oligarcas, protegidos pelo regime. A
política insana do condicionamento industrial fez o resto. Crescimento
económico e riqueza concentrada é muito diferente de distribuição da riqueza. André Mesquita > josé maria: A esquerda portuguesa quer
distribuir a riqueza que o país não tem. E não tem por causa da carga fiscal
elevada, do endividamento público e da burocracia que afastam investimentos. josé maria > André Mesquita:
Tem razão relativamente à burocracia, mas não
em relação à carga fiscal: Na medida de carga fiscal, que considera apenas a
receita de impostos, Portugal tem a 16º mais baixa entre os 27 países
da União Europeia. No entanto, se for considerado o sentido lato, que, além da
receita de impostos, abrange ainda as contribuições para a Segurança Social,
Portugal tem a 10º mais baixa da EU - Jornal de Negócios, 24/1/2022 Em 2020,
entre os 27 Estados Membros (levando já em conta a saída do Reino Unido),
Portugal foi o 8º com menor carga fiscal, um registo inferior, por exemplo, ao
da Espanha (36,6%), da Grécia (38,6%) e da Itália (42,8%). Jornal de Negócios,
11/5/2021. Não há Estado Social desenvolvido sem impostos condizentes. Quem
quer um SNS forte, hospitais públicos modernos, educação de bom nível, tem que
puxar os cordões à bolsa, de acordo com a natureza dos seus rendimentos e em
conformidade com o princípio da progressividade fiscal. A Dinamarca tem uma das
maiores cargas fiscais do mundo e é um país altamente desenvolvido a nível
mundial. André
Mesquita > josé maria: A diferença entre Portugal e a
Dinamarca é que estes últimos têm rendimentos muito superiores aos nossos. Se eu ganhar 1000€ líquidos e
descontar 35%, ou se ganhar 5000€ e descontar 45%, posso dizer que a carga
fiscal no segundo caso é mais elevada, mas mesmo assim pagando 45% sobre 5000€,
sobra-me mais dinheiro. Portugal tem uma carga fiscal incomportável para os nossos
rendimentos, e pagamos a electricidade e os combustíveis mais caros da UE. Não
vejo a carga fiscal como uma inevitabilidade. O SNS por exemplo, não é o único
modelo para fornecer cuidados de saúde, o canadiano seria uma boa alternativa. Na
educação, vários estudos independentes apontam que custa menos ao Estado por
cada aluno tê-los no privado do que numa escola pública. josé maria > André Mesquita: Não está em causa que a Dinamarca tem rendimentos muito
superiores aos nossos, mas esse dado é completamente irrelevante para o tema em
confronto. Está em causa, sim, saber, se com uma carga fiscal inferior à que
temos, e que até está longe de ser uma das maiores da UE, como
já demonstrei, é possível Portugal possuir um Estado Social que supra as
carências sociais que o nosso país ainda possui. Quando alguém
fala em diminuição da carga fiscal, tem que demonstrar como é possível o nosso
Estado cumprir as suas obrigações constitucionais, sem o nível de carga fiscal
que temos, neste momento. Já viu algum partido da oposição fazer essa
demonstração, de forma inequívoca, para além do princípio de demagogia fácil e
populista, a que habitualmente se exercita ? Não viu, pois não ? A mera
retórica é muito poucochinha para demonstrar seja o que for. Como é que o nosso
Estado poderia ter feito um apoio social tão gigantesco, como aquele que
realizou durante a pandemia, sem uma carga fiscal elevada ? Como é que pensa
que o nosso Estado realizou esse apoio descomunal ? Com maná caído do céu aos
trambolhões ? Depois, para se falar, em carga fiscal, é preciso saber-se como é que esse conceito tecnicamente se configura. A carga fiscal
não se mede estritamente pela incidência tributária global.Em termos de
finanças públicas, a carga fiscal ou pressão fiscal de um país corresponde à
relação percentual entre o total dos impostos e contribuições efetivas para a
Segurança Social e o Produto Interno Bruto (PIB). Havendo maior actividade
económica e maiores contribuições para a SS, até pode ser um bom sinal o
aumento da carga fiscal. Quando se debate uma controvérsia sobre a carga
fiscal, importa afinar o conceito de uma forma superior à basilar, para não se
incorrer em análises demagógicas, populistas e superficiais. José Mendes
> josé maria: Não há ditaduras perfeitas nem
mais que perfeitas. Ditadura ocorre sempre que ocorre exercício de poder
discricionário, arbitrário independente e fora da lei. Quer dizer que há
momentos ditatoriais por todo o lado. Exemplo disso são as decisões
discricionárias e arbitrárias de Passos Coelho a que o Tribunal Constitucional
pôs fim. A tentação ditatorial está por todo o lado. Sem oposição
institucional, natural, legal ou clandestina só havia ditadores. Basta ler
estas caixas de texto para ver ditadores dentro de quase todas. Todos sabem
como fazer tudo sem pensar nos outros, na sua dignidade e força e, pior de
tudo, sem pensar no respeito pelas leis. TIM DO Ó > josé maria: Qual riqueza há para
distribuir?!? Só se for a pobreza. E isto ainda vai piorar mais... E o pouco
que vai havendo, mendigado e entregue pelos estrangeiros de que Portugal
depende para sobreviver, é roubado pelas elites socialistas. Ao povo que
trabalha, os impostos!
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