Com o Dr. Salles, que não se coíbe de
cumprir a sua bela missão orientadora daqueles a quem outras tendências ou
entraves não permitem uma tão generosa arte de expansão pelo mundo real, sem
sobrecarga exaustiva de dados, mas com a leveza crítica e recatadamente
orientadora que sempre lhe reconhecemos. Só podemos afincadamente esperar pelas
páginas seguintes. Entretanto, na Internet vamos buscar a resposta aos seus
desafios, complementando os seus textos com a revisão histórica de cunho
brasileiro.
III -VIKINGS - 3
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 23.06.22
Os
meus leitores sabem perfeitamente o que foi a Liga Hanseática pelo que não se justifica eu vir aqui «ensinar o “Pai
Nosso” ao Vigário» mas, mesmo assim, permito-me sugerir uma visita à Wikipédia
a quem queira refrescar a memória. E refiro a dita Liga porque Hamburgo foi
uma das suas principais cidades e porque ao longo da nossa viagem visitaríamos
outras cidades hanseáticas.
O
nome oficial da cidade é «Frei Hansastadt Hamburg» que traduzo por «cidade hanseática livre de
Hamburgo». E porquê livre? Porque sempre se valeu por si própria,
nunca pertenceu a um Principado ou «coisa» do género e ainda hoje está entre
dois Estados da Federação mas não se integra em nenhum deles. Tanto quanto
consegui apurar, tem representação autónoma a nível federal.
O
binómio cidade<>porto (fluvial) é, como manda o conceito, indissociável e
se a cidade é importante por si própria, a actividade portuária dá serventia a
uma das regiões económicas mais desenvolvidas a nível mundial.
E
assim foi que nos levaram por ali fora… até ao MSC «Magnifica» que estava ali todo vaidoso a exibir a sua imponente
magnificência.
São
«só» 95 mil toneladas de navio e mais não digo pois a Internet diz tudo,
Apenas confesso que, quando lhe vi a proa – que é por onde os barcos falam –
fiquei «bouche bée».
Gostei
da decoração interior e fizemos o «check in» ao som de um duo ao vivo de
piano e violino que nos recebeu com o «Canon» de Pachelbel, com a «Avé Maria»
de Schubert e com outras suavidades que não identifiquei.
Camarote
no deck 11, a bombordo, deu para nos instalarmos nas cadeiras de palhinha da
varanda e irmos vendo aqueles cem quilómetros da margem esquerda do Elba até
à foz. Já fora da malha urbana e industrial, uma floresta ornamentada por
mansões de quem é tributado pelos escalões mais altos.
E
foi a pensar na lógica e na justiça da fiscalidade directa que, já noite, nos
fizemos ao Mar do Norte que nos recebeu chão.
(continua)
Henrique Salles da
Fonseca
Tags: viagens
COMENTÁRIOS:
Anónimo 23.06.2022
16:22: Que interessante! Obrigada!
Anónimo 23.06.2022
17:11: Gute raisen
NOTAS DA INTERNET:
Liga Hanseática
A “Liga Hanseática” ou “Hansa
Germânica”
(em alemão, "Die Hanse")
foi uma organização político-econômica criada em finais do século XII na
Alemanha, representada pela aliança entre as cidades livres mercantis do norte
europeu sobretudo, próximas ao Mar do Norte e Mar Báltico, ou seja, das rotas
comerciais.
Resumo
Considerada uma das mais importantes Hansas do período do Renascimento
(final da Idade Média e
início da Idade Moderna), a Liga Hanseática surgiu em finais do século XII e durou até o
começo da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), no século XV.
A Liga
Hanseática,
criou e organizou um sistema de leis marítimas e comerciais as quais
influenciaram diretamente o sistema econômico europeu da época, sendo
propiciada pelo desenvolvimento do comércio e das cidades (Renascimento
Urbano-Comercial), abertura e surgimento de novas rotas comerciais, bem como o
declínio do sistema imperial na Alemanha.
Os membros da Liga Hanseática, formado principalmente por
comerciantes, estavam pautados no sistema de monopólio
comercial,
da mesma forma que compartilhavam interesses em comum, além de todos os
privilégios mercantis, desde direitos de entradas e saída de mercadorias e
segurança.
Lubeck, na Alemanha, era a capital de fundação
da Hansa,
posto que estava localizada estrategicamente na rota comercial hanseática; embora
Bremen, Colônia e Hamburgo foram cidades centrais mercantis que permaneceram
unidas à Hansa durante muitos anos. Tão forte foi a Liga Hanseática que
no século XIV estava composta por aproximadamente cem cidades, das quais a
maioria era alemã.
No entanto, além das cidades alemãs, outros centros que fizeram
parte da Liga hanseática foram: Londres (Reino Unido), Bordeaux e Nantes (França), Bergen
(Noruega), Bruges (Bélgica), Cracóvia e Varsóvia (Polônia), Groningen (Países
Baixos), Novgorod (Rússia), Praga (República Tcheca), Reval (Estônia), Riga
(Letônia), Veneza (Itália).
A grosso modo, junto às Guildas Medievais e as Corporações de
Oficio, as Hansas, associações de mercadores que tratavam dos assuntos
relacionadas aos desenvolvimentos das profissões e do comércio, fortaleceram e
organizaram as relações comerciais e econômicas europeias.
No século XIV, alguns países estavam insatisfeitos com os
boicotes e monopólio comercial da Liga Hanseática, de forma que em 1370, o rei
dinamarquês fechou o canal do Mar Báltico. Esse ato, não resultou na contenda
entre as partes, visto que foi assinado um Tratado de Paz com a Dinamarca,
evitando o confronto.
II- VIKINGS - 2
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 22.06.22
Ainda
não tínhamos recolhido as malas no aeroporto de Hamburgo e já eu me lembrava de Lutero que disse que «a salvação se consegue pelo
trabalho» (Deus não quer madraços no Céu), de Kant cujo «imperativo categórico» afirma que toda a
gente tem a obrigação ética de contribuir para o bem-comum do seu grupo social,
da sua Nação e lembrei-me também de Max Weber (o «pai» da Sociologia) que pegou
naqueles ditames e, conjugando-os, escreveu um livro que tenho por fundamental para
se perceber os alemães, «A ética protestante e o espírito do
capitalismo». Os meus leitores sabem perfeitamente
conjugar estas três referências, prescindem de explicações. Lembrei-me também
dos resultados obtidos por políticas benignas quando aplicadas a uma parte
dessa Nação quando comparados com os homólogos resultantes da aplicação de
políticas malignas à outra parte.
E
assim foi que, sem saber exactamente por onde nos levavam, almoçámos numa
margem do rio Auster por ali canalizado entre prédios de afável compostura.
Depois
do almoço fomos dar uma volta pela cidade (que não reconheci de quando lá fui
em 1959 e em 1961) e visitámos a Igreja de S. Miguel.
Um
espanto, caiu-me o queixo!
Relativamente
modesta por fora mas magnífica por dentro com sete órgãos de tubos (cinco
visíveis e dois em segundo plano); como igreja luterana, ali apenas se veneram
Deus e Jesus Cristo pelo que nem Nossa Senhora é venerada – total ausência de
iconografia. Mas se
disto eu já esperava, o meu espanto teve a ver, obviamente, com o que eu não
esperava: na cripta repousa «apenas» Georg Friedrich Telemann,
Carl Emmanuel Bach e Johannes Brahms. Caramba, um ptotopanteão da música alemã!
Mas
o que mais me espantou foi aquela igreja ter como orago o «nosso» Arcanjo S.
Miguel, o Protector de Portugal.
Duvido
que os frequentadores habituais daquela igreja conheçam a história de S. Miguel
mas daqui lhes agradeço a simpática devoção.
Nos
tempos megalíticos em que ao nosso território, Portugal, se chamava Ofiuza
(a terra da serpente, símbolo da sabedoria), a cultura druídica instituiu a
veneração a Endovélico cujo culto perdurou até aos tempos de Viriato. Com
a chegada dos romanos, o deus Endovélico foi redenominado Zéfiro e com a
cristianização, àquele espírito foi reconhecido o estatuto de Arcanjo sendo
então denominado Miguel. Eis a história de S. Miguel Arcanjo a
cuja protecção Portugal se guarda.
Mas
esta crónica já vai longa e, assim, por aqui me fico. Amanhã há mais…
(continua)
Henrique Salles da Fonseca
Tags: viagens
COMENTÁRIOS:
Antonio Fonseca 22.06.2022 20:01:Mesmo
em férias não deixa de nos brindar com as suas crónicas, Doutor Henrique Sales
da Fonseca. Como sempre, em cada uma delas, tenho algo a aprender de novo.
Muito obrigado e Boas Férias.
Henrique Salles da Fonseca 23.06.2022 08:51: Mais uma bela crónica...mas Portugal tem um Anjo
...sendo a liturgia própria do Anjo de Portugal celebrada em 10 de Junho. Maria
João Botelho
I - VIKINGS - 1
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 21.06.22
Alguma
vez seria a primeira em que me saberia pilotado por um fiel de Mafamede mas o
Comandante Maomé lá nos levou até Hamburgo sem nos obrigar a quaisquer
salamaleques no azimute de (da?) Meca.
Uma
TAP «low cost style» com bancos hirtos e sem esse vício burguês do almoço ou
jantar incluído no preço do bilhete. Redução à dimensão conveniente de um
«elefante branco» que vivia pendurado nos sonhos imperiais e à ordem de
Sindicatos que tudo chupavam mesmo para além do tutano. Temo que, não fora o
Covid e a megalomania e o regabofe continuariam a imperar por aquela TAP
adentro. Havia muito que não voava na TAP e notei grandes diferenças no sentido
da razoabilidade necessária. Mas é claro que também eu preferia as antigas
poltronas reclináveis aos actuais bancos de sumapau, as refeições servidas com
talheres de Christofle em vez das actuais «sandes de coiratos»… Mas chegámos ao
destino com a sensação de total segurança e isso, sim, era o que mais
importava. Como em tudo o mais neste jardim à beira mar plantado, a ver vamos
se conseguimos construir melhores dias. E isso dependerá sobretudo de nós,
portugueses e só marginalmente dependerá de outros.
E
assim foi que, por obra e arte de mãos orantes a Mafamede, aterrámos em terras
de Lutero. Deixado o
talionismo lá no «cockpit», regressámos à filosofia do perdão e iniciámos uma
visita rápida a Hamburgo…
(continua)
Henrique
Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS:
Rui Bravo Martins 22.06.2022 09:30:
Bom dia mesmo cinzento! Esta "foto" literária da actual TAP é muito
bem "apanhada" e, infelizmente, para todos os portugueses, aplica-se
a tudo o que é serviços do estado, com honrosas, poucas, excepções. <<<Uma
TAP «low cost style» com bancos hirtos e sem esse vício burguês do almoço ou
jantar incluído no preço do bilhete. Redução à dimensão conveniente de um
«elefante branco» que vivia pendurado nos sonhos imperiais e à ordem de
Sindicatos que tudo chupavam mesmo para além do tutano.>>> Desejoso de
ler " a foto" do relato do vosso retorno!!! Abraço Rui Bravo Martins
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