Para a construção de um cemitério norueguês.
O que se aprende de um estranho mundo, onde um iletrado causa a queda de governo!
Julgara eu que o mesmo se poderia passar por cá com as pretensões dos Tinos da nossa
acessibilidade eleitoral, mas por cá o que conta é a fraternidade supostamente
igualitária, e o desprezo pela nação implica que basta um qualquer cidadão “com capacidade eleitoral activa e que seja
maior de 35 anos” para ter
acesso à presidência da R. Comilões somos, como se vê nessa questão do lastro –
terroso para lá, piscoso para cá. Mas terra da boa, a que mandávamos, certamente,
sem calhaus, que o nosso propósito era o da deglutição pura, nada de ambições
putinistas malignas. Se por cá, até damos valor à terra! A terra a quem a trabalha,
dizemos nós agora. Mas já dantes o sentíamos, como se vê pelo lastro dos barcos
a caminho dos Vikings das terras geladas. E por isso a mandávamos com fraternal
carinho, em troca do bacalhau. Só o Dr. Salles para nos envergonhar assim, com
as histórias das suas viagens mundanais!
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 24.06.22
Deixados
os prolegómenos lá pela foz do Elba, eis-nos a navegar em total calmaria rumo a
Norte… comigo sempre à espera de um daqueles vagalhões que alguém me dissera
que aparecem vindos do nada e fazem trinta por uma linha. Mas Neptuno foi
benigno e, depois de um dia e duas noites a navegar, aportámos à simpática
Alesund (diga-se Olesund por causa do
º sobre o A que o meu teclado não inclui) que se intitula a «capital
do bacalhau».
Volta
pela cidade e redondezas mas a guia, sabendo que alguns dos visitantes eram
portugueses, mandou o motorista do autocarro parar junto à igreja local e
começou por contar a história de que o Kaiser Guilherme II (da Alemanha, claro
está) gostava muito de ir até ali gozar umas férias e que, após a cidade ter
sido arrasada por um incêndio, ele contribuiu para a reconstrução mandando
colocar no interior daquela igreja a sua bandeira com a águia bicéfala para
memória futura da sua ajuda. Interessante, sim, mas pouco nos motivou qualquer
sentimento especial. E foi então que a simpática guia nos sugeriu que
rodássemos sobre os calcanhares e que reparássemos no pequeno cemitério que
assim passava a estar à nossa frente. Muito bem ajardinado, não muito mais
do que meia centena de sepulturas muito bem conservadas… E foi então que
a guia nos contou solenemente que durante séculos, os barcos
portugueses (e espanhois) vinham a Alesund pescar e comprar bacalhau e que o lastro na vinda era terra portuguesa (e espanhola) a qual era descarregada naquele local para que na viagem de regresso o lastro fosse o carregamento de bacalhau. Eis como em Alesund a terra sagrada do cemitério… é portuguesa (e espanhola). Nada
consta sobre se naquele pequeno e bonito
cemitério está sepultado algum português (ou espanhol) mas, esta sim, foi
história que ouvi com a mesma solenidade de quem a contou.
Não
é importante mas achei giro.
Nota final sobre este primeiro
encontro «in loco» com os vikings:
as mulheres não se nos apresentaram com aquelas tranças loiras das
míticas personagens do Walhala nem os homens com capacetes de ferro
ornamentados de armentío. Pelo
contrário, apresentam-se com uma das mais elevadas taxas de
escolaridade a nível mundial e consta que, quando nos anos 20 do século XX se
encontrou um adulto analfabeto que vivia quase isolado num recanto longínquo de
um destes fjords, o escândalo foi tal que o Governo caiu. Em Alesund, cidade que me pareceu
relativamente pequena, há três escolas em que se ministra o secundário superior
e a Universidade localiza-se a seguir ao túnel submerso que liga esta ilha ao
continente.
Foi à chegada a Alesund que me lembrei de que a Noruega saudou a chegada de Portugal ao mundo da democracia
oferecendo-nos um navio totalmente equipado para que pudéssemos estudar as
nossas pescas: o «Noruega» que tão importante tem sido para sairmos da então
reinante boçalidade. Mas os equipamentos electrónicos de apoio à pesca e à
navegação continuam a ser fabricados na Noruega e não em Portugal. Porquê?
Porque em Portugal os Governos não caem quando aparece um adulto analfabeto.
(continua)
Henrique
Salles da Fonseca
Tags:
viagens
COMENTÁRIOS:
Anónimo
24.06.2022 13:41: Gostei, como sempre, sobretudo do comentário final
Henrique Salles da Fonseca 24.06.2022 15:38: Boa tarde Obrigada por este seu
"relembrar" da nossa viagem. Por momentos, somos atirados de volta,
para aquelas terras longínquas. Aguardo
com expectativa, o seguimento da nossa AVENTURA, por terras Viking. Clotijd3 e Diamantino Cordeiro Um abraço para ambos
🌹
NOTAS DA INTERNET
Ålesund
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ålesund
é uma comuna da Noruega, com 98 km² de área e ca. 40 000
habitantes (censo dem2003).
Ålesund
foi totalmente destruída por um incêndio, no início do século XX,
mais precisamente num sábado, dia 23 de janeiro de 1904, mas depois foi
reconstruída através do processo moderno de Art
Nouveau (Arte Nova), um estilo arquitet«nico moderno de construção.
Actualmente,
Ålesund é considerada a capital mundial do bacalhau, com
várias indústrias de beneficiamento do bacalhau, sendo feito esse processo de
forma totalmente manual, fazendo do bacalhau uma das iguarias mais nobres do
mundo.
Cidade de Ålesund
A
cidade de Ålesund (/ôlesund/) é a 11ª cidade da Noruega.
É o maior porto de pesca, o
terceiro maior porto de contentores e o quarto maior porto de exportação do
país. As
indústrias de peixe empregam 33% da mão de obra e a construção e reparação
naval 27%.
A
pesca do bacalhau tem tradições em Ålesund.
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