Em torno de cobardias e sustos, e
timidezes, enfim - ante os polifemos à porta da nossa caverna, nem sequer
acudiu ao nosso novo Ulisses, o fazerem-se sair da caverna – ele e os seus
companheiros - agarrados à barriga das ovelhas, cujo dorso era apalpado por
Polifemo, fora da caverna, que Ulisses cegara. O nosso Ulisses prefere ficar dentro da caverna, a ter
que arrostar o Polifemo cego daquele seu único olho, ainda assim bem aterrador.
É o que nos diz a indignação trocista de HELENA MATOS, a respeito da ciclovia
discutível e outros absurdos resultantes do orgulho fazedor de novas leis, da
geringonça antiga. Uma nova geringonça – desta vez mais centrista. conquanto
dispensável - é o que dá a entender a atitude timorata do representante Moedas,
do PSD, de fabrico rioista, no exercício submisso do seu poder camarário, por
puro engano eleitoral, está a ver-se.
Carlos
Moedas, temos um problema
Carlos Moedas anunciou que vai dar dar
um passo ao lado na questão da ciclovia da Almirante Reis. Moedas acaba de
trair o seu eleitorado. Vai acabar ao pé coxinho.
OBSERVADOR, 12 jun 2022, 00:2178
“Continuo
a acreditar que a solução que apresentei é a correcta mas neste caso é melhor para
todos dar um passo ao lado para garantir uma prudente e uma fundamental
serenidade nas discussões importantes para a cidade. Vamos continuar a
trabalhar para repensar uma intervenção na Avenida Almirante Reis para todos. –Carlos Moedas ao anunciar que
retirava a sua proposta sobre a ciclovia da Almirante Reis em Lisboa para evitar “jogos partidários”.
Carlos Moedas foi eleito com a
promessa de acabar com a ciclovia da Almirante Reis. Uma vez eleito e após ter enfrentado os primeiros
sinais de contestação, o que faz essa espécie de dom Sebastião da direita
portuguesa? Anuncia um
passo ao lado. Sim, ao
lado. Como os caranguejos!!! Já agora para que lado: esquerdo? Direito? Pense
bem antes de responder pois não tarda que venham dizer que deu um passo para a
direita e consequentemente vai levar o tempo que lhe falta como autarca a
justificar o sentido do tal passo.
Não
me engano muito se antecipar que a próxima declaração de Carlos Moedas será
mais ou menos assim: “Continuo a acreditar que a solução que apresentei –
dar um passo ao lado – é a correcta mas neste caso é melhor para todos optar
pelo pé-coxinho para garantir uma prudente e uma fundamental serenidade nas
discussões importantes para a cidade.”
Esta
decisão de Carlos Moedas em relação à ciclovia da Almirante Reis é tão mais
grave quanto é protagonizada pela pessoa que deu uma rara vitória aos não
socialistas, para mais num terreno que estes últimos consideravam seu: a
autarquia de Lisboa. “Chega de manipular e
bipolarizar a cidade. O tema é demasiado relevante para jogos partidários” – declara Carlos Moedas para justificar a sua decisão
de deixar cair a sua proposta para a Almirante Reis. Sim, é mesmo isto: para
combater a manipulação e a bipolarização (feitas por quem?) Carlos Moedas
desiste. Nunca melhor
lembrado! Quando a direita, ou, melhor dizendo, a não esquerda
(dito assim para não enervar Carlos Moedas), consegue alguma vitória apressa-se
a desistir dos seus projectos – para não bipolarizar – e rapidamente se cai na
normalidade ou seja naquela situação em que a esquerda na oposição manda mais que
a direita no poder.
Não
admira que as recentes intervenções de Cavaco Silva tenham gerado à esquerda e
à direita tal sururu: afinal aquilo que o retirado Cavaco veio lembrar é que houve um tempo em que fazer oposição ao PS era o
objectivo dos líderes do PSD. Agora não só
isso está esquecido como o desígnio
do PSD se tornou precisamente não fazer oposição. Rui Rio não foi uma excepção. Foi sim o sinal dessa
reforma estrutural (a única que de facto aconteceu em Portugal): o espaço à
direita do PS não só não tem um projecto para país como, independentemente dos
votos que obtém, não se considera legitimado para exercer o poder. Tem sim um programa de articulação dentro da
hegemonia socialista. Aliás, como bem se percebe nas palavras de Carlos
Moedas, já não conseguem sequer pensar de forma autónoma.
Não por acaso, os portugueses vivem
sob a bipolarização e a manipulação imposta por uma esquerda que começou por
sacrificar os mais elementares princípios da racionalidade à sua cegueira
ideológica: num dia temos de fazer de conta que a bicicleta é o meio ideal de
transporte para novos e velhos, seja nas avenidas Novas em Lisboa, Abrantes ou
Portalegre (contestar isto é polarizar!); no outro temos de compreender que não
vamos importunar o senhor primeiro-ministro com perguntas inconvenientes sobre
a trapalhada da lei dos metadados, trapalhada essa que
está a pôr em liberdade criminosos condenados; no outro ainda, que não se deve perguntar para onde
vão os 41,8 por cento dos rendimentos que enquanto trabalhadores entregamos ao
estado e temos ainda de reservar tempo para fixar que as mulheres têm pénis
e que os homens também são mães (contrariar esta ficção implica o
ostracismo e é definido como radicalização).
Não
foi apenas o PS mas também a falta de oposição à direita que nos trouxeram para
a tragédia distópica que marca o Dia de Portugal deste ano de 2022: enquanto no parlamento, os deputados, num desatinado
assanhamento ideológico, se preparavam para aprovar
a eutanásia (assunto
que só interessa a eles mesmos senhores deputados) num hospital localizado
a menos de cem quilómetros desse parlamento, um bebé morria após uma cesariana de urgência que pusera
fim a um trabalho de parto marcado pela falta de médicos (Note-se que o acontecido agora em Junho de 2022 é
mais um facto trágico a acrescentar ao que os dados do INE tinham revelado em
Maio: há 38 anos que o nível de
mortalidade materna não era tão elevado,). Onde andarão
agora os activistas da campanha de abraços à MAC (Maternidade Alfredo da Costa)
do ano de 2012? Sim, agora que as grávidas
andam de hospital em hospital à procura de uma urgência que as atenda já
ninguém se interessa pelas urgências de obstetrícia? Provavelmente os activistas transferiram a sua pulsão
abraçante para as ciclovias e agora abraçam as bicicletas, pelo menos até que o
executivo lisboeta volte a ser socialista.
Não
se esperava que Carlos Moedas resolvesse nada disto, ele foi eleito presidente
da CML e não primeiro-ministro, mas tinha-se a expectativa de que pelo menos se
esforçasse para provar que é possível governar doutro modo. Porque era e é
muito mais que uma ciclovia que está em causa. Era sim a coragem de reivindicar
a legitimidade do poder à direita, assumir que em Portugal não existem
eleitores de primeira e de segunda. Se Carlos Moedas não percebeu isto não percebe
mesmo nada.
Por
fim, uma pergunta. Ou duas. Ou três que tudo isto é de estarrecer: porque se
candidatou Carlos Moedas à CML? Se a sua ambição era pôr-se a andar de lado ao
primeiro sinal de dificuldades podia ter-se inscrito nas danças de salão, mais precisamente
no cha cha cha que sempre é uma forma de andar de lado mas com graça. Agora
muito francamente, o que lhe passou pela cabeça para aparecer por aí com o
desígnio de ser candidato à CML? Mais a mais com os seus apoiantes frisando a
determinação do candidato com o argumento de que Carlos Moedas renunciava à
mais que provável presidência da Gulbenkian (durante muitos anos considerado o
melhor emprego de Portugal!), para depois de ganhar a autarquia!
Se
a intenção era destratar o seu eleitorado e acobardar-se ao primeiro picnic organizado
pelo BE, desculpe que lhe diga mas para isso já havia cá muita gente que ao
menos nos poupa àquela imagem constrangedora do andar de lado. Francamente não
entendo e por isso pergunto o óbvio: acha Carlos Moedas que quem votou em si em
2021 vai voltar a por a cruz à frente do seu nome ou vai fazer deslizar a
caneta para o lado?
CARLOS MOEDAS PAÍS CÂMARA MUNICIPAL LISBOA LISBOA
COMENTÁRIOS:
João Lencastre: Grande artigo!
A desilusão não foi grande porque a expectativa era mto baixinha… A tentativa
de elevar Moedas a um nível q nunca foi o seu teve vida curta… Triste País…. José Rego: Que maravilha! O meu conselho para o Moedas: grow a
pair… Marcelo
Teixeira: Enquanto Lisboa se dá ao luxo de trocar o
ladrilho a cada meia dúzia de anos, ou menos, o resto do país anda a contar os
tostões. A comunicação social, toda concentrada em Lisboa, não é alheia.
Tanto amesquinham a CMTV, mas a verdade é que está
presente e traz notícias de todo o país. Manuel Martins: Concordo com o teor, mas
provavelmente não terá toda a informação quanto à postura do Moedas. Ele
prometeu governar com diálogo, e se efectivamente tal significa prescindir de
uma bandeira eleitoral, será que este passo não evita novas eleições e prejuízo
para os munícipes? Não sei, mas obviamente que está manietado... Libertário Português: também recuou na vergonhosa
caça à multa que a esquerda woke tornou aceitável e permanente. E o mesmo no
AL. é igual aos outros, só quer é tacho. André Silva; ”passo ao lado”, “prudente”,
“serenidade” tudo eufemismos para “nada se fazer”, “medo e cobardia”, “empurrar
com a barriga”. Aquilo em que este país de maioria comunista-socialista e de
esmagadora maioria comunista-socialista em mentalidade é verdadeiramente um dos
melhores do mundo. Laurentino
Cerdeira: Excelente, como sempre.
Carlos Moedas tem aspecto de
“queque”, como tal age medroso e inseguro e não vai melhorar o município de
Lisboa! Em suma, se era ele a cereja no topo do bolo do PSD e a última Coca-Cola no
deserto para um futuro primeiro-ministro capaz de nos tirar deste pântano, esqueçam... Clavedesol: Partilho a desilusão da Dra.
Helena Matos com Carlos Moedas. O complexo de esquerda apoderou-se deste País. Não
admira que a mexicanização do regime se venha a consolidar quase diariamente! Entretanto,
O Insolente com amparo presidencial, goza à brava com tudo isto e não há crise
que lhe resista! Como ele diz, é uma questão de tempo, depois passa! E tem
razão! É assim desde Pedrógão, ou melhor, desde que o conheço! Saravá
Dra.Helena Matos!! helder
carvalho: Ao ler este texto
veio-nos à memória o que se passou com Santana Lopes e o túnel do
Marquês/Amoreiras. Estando muito distante de Santana Lopes, sempre lhe
reconheci a coragem de não ter desistido desta construção apesar dos entraves
que lhe foram levantados. Também ele foi eleito com a promessa de
construir esse túnel. Durante a campanha das autárquicas esteve afixado,
nas Amoreiras, um grande painel publicitário que dizia, aqui vai ser construído
um túnel. Ainda que a construção do túnel fosse uma má opção foi uma
promessa eleitoral que Santana Lopes teve a coragem de cumprir. Consideramos
lamentável que Carlos Moedas se "encolha" perante a oposição. Devia avançar,
ainda que essa decisão pudesse levar a eleições antecipadas em Lisboa. André Silva: O Carlos Moedas é o protótipo
do país e povo que temos: é um FRACO. Já aquando da recepção à equipa feminina
de futebol do Benfica aquilo foi de tal forma confrangedor e constrangedor que
depois disso nem seria necessário ver ou ouvir mais nada do personagem para se
aquilatar do seu calibre. Aliás, basta ter sido apoiado pelo Rui Rio para se
perceber isso. josé
costa: Carlos Moedas é
alentejano no seu típico procedimento "À sombra da azinheira" não tem
coragem de enfrentar as esquerdas e partir a loiça toda que é o que este país
está a precisar para selfies já chega o de Belém Maria José Varela:
Fantástico artigo!! Carlos Chaves: Caríssima Helena, muito
obrigado por esta sua crónica sobre esta incompreensível decisão de Carlos
Moedas, especialmente por tocar num ponto importantíssimo (entre muitos outros)
que é sobre o papel que a direita deve ter no funcionamento da nossa
democracia. A direita, entenda-se direita de uma forma muito simplista, direita
como liberal na economia mas conservadora nos valores. Tenho muitas dúvidas
de que esta direita exista com força suficiente em Portugal para contrariar
estas agendas políticas dos socialistas e das esquerdas fofinhas. Não podemos
nem devemos exigir às pessoas aquilo que elas não podem dar, Carlos Moedas
definitivamente não é um político de direita, não é socialista mas também não é
de direita. É um social democrata que procura consensos (até porque não têm
maioria na CML) e não diferenciação e ruptura, isto para mal dos nossos pecados.
Claro que nada disto justifica a inaceitável quebra de promessas eleitorais
a não ser que tenha dado um passo atrás para depois dar dois passos para a
frente, ou melhor, dar um passo ao lado para depois dar dois passos para
frente. A sua alegoria do cha cha cha está deliciosa! Ana Oliveira: grande dra Helena. muito
obrigado bem haja bento
guerra; O chacha confirmou-se. A
"ciclo obsessão" Luís Abrantes: Moedas já devia ter pedido a
demissão para forçar novas eleições… necessita de uma maioria… urgentemente…!!! Quorthon: Bravo Helena. Obrigado. joaquim
zacarias: Moedas, tal como AC e Medina, cresceram
num ambiente politico familiar, que deixa marcas para toda a vida. b Tiago
Maymone: Dificilmente podia estar mais de acordo
com a Helena Matos. Gustavo Lopes:
Políticos como Cavaco ou Passos Coelho há
poucos… e Moedas acaba de provar que não é dessa estirpe!!! Desilusão… Afonso Soares: O problema não é Carlos Moedas O problema é do País. Ninguém tem coragem de fazer as
coisas bem-feitas mas sim deixar correr o marfim à espera que se resolvam. É
assim vai este Portugal em que não sei se o defeito é dos eleitos ou dos
eleitores. Tempos difíceis fazem pessoas fortes. Pessoas fortes fazem
pessoas felizes. Pessoas felizes fazem pessoas fracas. Pessoas fracas fazem
tempos difíceis e tempos difíceis fazem pessoas fortes e assim sucessivamente
ao longo dos tempos. Sejamos responsáveis. João Ramos: Carlos Moedas será talvez um bom técnico da era digital
e como tal terá feito um bom lugar na Comissão Europeia, mas isso nada indica
que seria um bom político e como se vê não é nada mesmo, a luta hoje entre
direita e esquerda não se pode fazer com falinhas mansas, há que se dizer ao
que se vem e onde se quer chegar e isto sem medo, pois a esquerda já perdeu o
medo há muito tempo e se à direita não se perder o tal medo este país está
condenado à ruína e à irrelevância! Fernando Marques:
É uma pana estes bons artigos
serem sermões de Santo António aos peixes, a realidade é que é um pais de
esquerda, um povo de esquerda, e consequentemente políticos e governantes de
esquerda, e não há nada a fazer. Porque o contrário de esquerda é respeito, liberdade e
construção, e isso por aqui não existe. Seknevasse: Talvez seja de lembrar
aqui/agora que Moedas foi uma escolha de Rui Rio... Mais uma... Martins Almeida:
A avaliação de um autarca, como
de qualquer político democraticamente eleito, faz-se no fim do seu mandato.Por
vezes é necessário estrategicamente recuarmos, para mais tarde investirmos com
sucesso, por isso as avaliações não devem ser imediatistas e de circunstância.
Tanto quanto sei, está prevista uma intervenção mais alargada na Almirante
Reis a partir de Setembro próximo, por isso vi de forma negativa uma
intervenção agora para algo que vai ser mudado em poucos meses, seria um gasto
pouco inteligente dos recursos da autarquia. Carlos Quartel: Excelente para um jornal
regional, ou alguma folha de uma qualquer freguesia lisboeta. Indesculpável
para um jornal com pretensões a nacional e para uma cronista com pretensões
ideológicas, de mais largo alcance. Essas ciclovias são um fenómeno de moda,
excelentes para os vendedores de bicicletas, capacetes, luvas e demais
artecfactos próprios da arte.. Impróprios para a maioria das cidades
portuguesas, construídas em colinas, cheias de subidas e descidas, curvas e
contracurvas. O mais próximo que estive de ser atropelado foi por um grupo de
ciclistas que não respeitou a passagem para peões e me passou a centímetros. Gabam-se
holandeses e dinamarqueses por andarem muito de bicicletas, mas raramente é
referido que se trata de países planos, onde andar de bicicleta não é assunto
para atletas. Uma pessoa com 80 anos pode andar ............. assunto de
paróquia, de qualquer modo, especialmente agora, com misseis e bombas a cair à
porta .......................................................................... josé maria:
Para a direita
portuguesa, não há questão mais importante do que discutir a questão de uma
ciclovia... Diz tudo sobre o seu deserto de ideias... Vitor Batista > josé maria:
E bébés a
morrerem por falta de meios e tudo e mais alguma coisa?tens idéias ou assobias
para o lado a cantarolar a internacional?..... Bem me parecia...
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