Tornadas, afinal, saborosas de humor,
apesar do seu carisma simultaneamente – e sobretudo – didáctico, que muito nos
elucida sobre certos princípios de Economia que cabem no ambiente belicoso
(tenebroso?) traumático actual, preenchidos com os conceitos e os palavrões de
excelente formação grega – os monos e os oligos com que o Dr. Salles nos ilustrou.
Por mim, fico reconhecida, apesar de tanta exploração que move mercados, mercadores,
mercadorias, nas mercas…
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO30.06.22
Os preços têm quatro modos principais de
formação:
Por
Decreto à moda autocrática;
Pela
especulação, «à la Diable»;
Pelo confronto anónimo da oferta e da procura, à moda dos mercados
transparentes;
Pela distorção da transparência (monopólios, oligopólios,
monopsónios, oligopsónios).
Nesta síntese, não estou a considerar
alterações no valor da moeda, tanto discretas como deslizantes.
* * *
O actual processo de subida generalizada
dos preços (pactuemos com os jornalistas chamando-lhe inflacionista)
resulta da redução dos
fornecimentos russos de petróleo e gás natural e de cereais ucranianos. Todos sabemos das causas desta redução da oferta,
escuso-me de repetir o que é do domínio público.
Estas novas condições dos mercados
geram a busca de fornecedores alternativos e, com preços mais elevados,
viabilizam jazidas até agora inexploradas e permitem o cultivo de terras até
agora consideradas marginais. David
Ricardo a saltar dos compêndios para a vida real. Só que a
rigidez da oferta não acompanha as necessidades da procura e as consequências
aí estão. Os preços
continuarão a subir até que se restabeleça o equilíbrio num patamar de preços
ainda desconhecido.
Admito que nós, em Portugal, possamos agora aumentar a produção de
cereais mesmo que continuemos a não mexer uma palha no sentido da introdução da racionalidade na
formação dos preços praticados no mercado doméstico.
E esta é a grande oportunidade para levarmos por diante a formação de preços
sobre futuros e seus derivados ultrapassando com coragem as actuais condições
de oligopsónio se não mesmo de monopsónio há muito vigentes.
Só que Ministro não entende esta
conversa e pretende continuar a «gerir» a máquina de distribuição de
subsídios mesmo que essa prática mais não seja do que um beco sem saída em que
apenas se tenta assegurar a sobrevivência, mas não o progresso.
Nos nossos (portugueses) mercados
alimentares, o risco está maioritariamente concentrado na oferta com a procura
sempre a ameaçar que se o produtor
nacional não aceitar o seu preço, há a oferta estrangeira sempre ávida de cá
entrar. Ou seja,
a oferta nacional tem custos nacionais e receitas ao nível do permitido pela
concorrência externa. Urge criar condições que permitam a distribuição
equitativa do risco por todos os intervenientes nos mercados – os da oferta e
os da procura. E isto consegue-se com as Bolsas de
Mercadorias, inexistentes entre nós, mas antigas de séculos nos
mercados transparentes europeus e americanos.
Soluções necessárias:
Instalação
de Bolsa de Mercadorias, nomeadamente para cereais e carnes, com
operações sob futuros e seus derivados – distribuição equitativa do risco e
introdução da lógica na formação dos preços;
Constituição de organismos reguladores
dos preços que intervenham (comprando) e garantam preços mínimos evitando o
aviltamento de mercado, combatendo picos de alta e comprando evitando picos
negativos.
E assim se garantiria a transparência
dos mercados com livre formação dos preços e defesa contra as grandes
oscilações quer resultantes de sazonalidades quer de especulações domésticas.
O problema está em que se trataria de
mexer no actual pentopsónio e, vai daí… venha a China e outros que tais.
CONCLUSÃO: Em
Portugal, é urgente e oportuno mudar a «moda dos preços», ou seja, o método da
sua formação.
Nota
final – Sobre o funcionamento das Bolsas de Mercadorias há muita informação
na Internet pelo que me escuso de a repetir aqui.
30 de Junho de 2022
COMENTÁRIOS:
Caro
Dr Salles da Fonseca Temos que eleger rapidamente a "Alice", pois já
temos o País das Maravilhas.😇🥱😅 Rui Bravo Martins
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