terça-feira, 28 de junho de 2022

Homenagem aos companheiros de viagem


Pena que tenha acabado o passeio do Dr. Salles pelas alturas nortenhas.

O Homem… A Educação… Mas o resto também interessa. A Terra, os animais … Como esta guerra nos faz lembrar os animais na Ucrânia! Quem toma conta deles? Excepto os animais caseiros, que as donas transportam, o que nos enche a alma…. Mas os que ficaram? E as galinhas? E as vacas, e tudo o que tem vida? E os jardins? E as terras que os homens cultivavam? E a vida? Toda a vida, afinal… Oh as crianças! Oh! Os velhos com as suas dores! As mulheres e os seus sentimentos, na separação! Tanto horror, tanta incomodidade! Tanto crime! Tanta maldade impune! Tanta solidariedade ambígua… Não, não importa o saber, quando a maldade impera! Deus, sim, importaria, se respondesse à chamada…

VIKINGS - 7

HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO. 27.06.22

Dos meus textos sobre viagens facilmente se conclui que aprecio a geografia dos lugares que visito mas que a tónica acaba quase sempre por ir parar às gentes, à geografia humana.

E depois de ver gentes muito variadas, concluo que no essencial somos todos iguais mas também reconheço que somos todos diferentes: o que mais nos distingue não é a cor da pele mas sim e sobretudo, a Cultura e, dentro de cada uma, o nível cultural. As condições geográficas e as religiões condicionam e formam as Culturas e, nelas, notam-se as diferenças entre um braçal e um erudito. Numas sociedades há muitos braçais e poucos instruídos e noutras há predominância de licenciados «abrindo vagas» a indiferenciados.

Não reconheço a existência de «povos eleitos» nem de raças superiores, reconheço, isso sim, níveis de instrução e educação mais elevados ou primários que podem facilitar (ou dificultar) o adensamento da rede de sinapses e respectivos neurónios. A responsabilidade social de um instruído é, pois, maior do que a de um iletrado.

Estes povos nórdicos são muito mais responsáveis do que os aborígenes embriagados que vi em Darwin.

E assim tenho viajado pelo mundo entre o Cabo Norte e o Cabo Hornus no extremo sul da América do Sul.

Mas, nesta viagem em grupo organizada pela «Oásis Travel», o guia do grupo – Gonçalo Lucena Barreiroteve o cuidado de compor as mesas no restaurante de acordo com o que lhe parecia a harmonia de centros de interesse. Assim, na nossa mesa éramos três casais em que nós, os homens, éramos (e continuamos a ser) economistas e em que as Senhoras tinham (e continuam a ter) experiências profissionais e de vida especialmente interessantes. A escolha não podia ter sido mais acertada pois, para além da conversa social, em cada refeição aprendi imenso. Destaco duas realidades que para mim foram surpresa: depois de devastados pelo arrasto pesqueiro, os fundos marinhos fronteiros à Serra da Arrábida estão em pujante processo de recuperação natural; libertada de custos fixos asfixiantes, a «Sociedade de Geografia de Lisboa» encontra-se finalmente em condições de avançar para novos voos.

Afinal, foi no topo do mundo que viemos encontrar portugueses formidáveis.

1ª CONCLUSÃO: - Há sempre um Portugal desconhecido que espera por nós.

2ª CONCLUSÃO: - As pessoas, sim, interessam! O resto… é resto.

FIM

Henrique Salles da Fonseca

COMENTÁRIOS:

Alice Gouveia 27.06: Bravo, Henrique. Um natalício em grande. Aguardo o próximo. Abraço.

Adriano Miranda Lima 27.06.2022: Sr. Dr., não há dúvida que o leitor aprende muito consigo sempre que viaja. E eu já estou ansioso pela sua próxima viagem, veja lá. Claro que ao procurar imiscuir-se na geografia dos lugares tinha fatalmente de se esgotar na observação e estudo das suas gentes. E logo o Senhor, com a sua sempre espicaçada curiosidade intelectual e a sua busca de imanência em todos os planos e ângulos desta nossa existência. Não sei é se estarei de acordo com o critério de “centros de interesse” escolhido pelo guia do grupo, se o que deduzo é ele ter agrupado as pessoas em função das suas afinidades profissionais. É sempre discutível, claro, mas como aprender mais ou coisas diferentes se me sento com os da minha classe profissional? Penso que quis mesmo escrever “portuguesas” na frase: “afinal, foi no topo do mundo que viemos encontrar portuguesas formidáveis.” Se é mesmo “portuguesas” e não “portugueses” (podia ter havido lapso…), será que nos nossos domínios elas se acanham em revelar-se? Ainda assim, vai ter de me esclarecer esta dúvida, já que não nos faltam portuguesas a destacarem-se em vários domínios. É uma boa notícia a recuperação dos nossos fundos marinhos. Obrigado por toda esta partilha das emoções e dos interesses desta sua viagem. Mas fiquei com a leve impressão de que a viagem ao topo do mundo vale fundamentalmente pela raridade geográfica. Um abraço Adriano Lima

Henrique Salles da Fonseca 27.06.2022 22:01: Obrigado pelo alerta. Vou corrigir de imediato.

Henrique Salles da Fonseca 28.06.2022 09:40: BOM DIA Tudo tem um fim...até as coisas mais agradáveis!!!! Vamos esperar que a vida, nos dê, mais oportunidades, de viajar, e...com isso, conhecermos pessoas agradáveis, conhecedoras, que nos vão abrir um pouco mais, os horizontes de memórias. Um abraço para ambos 🍀 Clotilde Cordeiro

Anónimo 28.06.2022 10:44: Obrigado, Henrique, por esta viagem com calor humano, apesar do frio ambiental, onde o teu inconfundível e elegante humor perpassou, para além do teu acutilante poder de observação. Há muitos anos quando andei por essas geografias, fiquei admirado com o elevado número de veleiros que via nas marinas e nos ancoradouros noruegueses. Disseram-me, então, que eles tinham um veleiro como nós tínhamos um carro, com a diferença (pelo menos) que eles acumulavam ambos… “Senti” o que era nível de vida e o que era uma adequada gestão política, em que se procurava eliminar os pobres em vez de, como aconteceu na zona meridional, extinguir os ricos e os empresários. Enfim, uma questão de Pessoas e de Cultura… Um forte abraço. Carlos Traguelho

 

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