Pena que tenha acabado o passeio do Dr.
Salles
pelas alturas nortenhas.
O Homem… A Educação… Mas o resto também
interessa. A Terra, os animais … Como esta guerra nos faz lembrar os animais na
Ucrânia! Quem toma conta deles? Excepto os animais caseiros, que as donas
transportam, o que nos enche a alma…. Mas os que ficaram? E as galinhas? E as
vacas, e tudo o que tem vida? E os jardins? E as terras que os homens
cultivavam? E a vida? Toda a vida, afinal… Oh as crianças! Oh! Os velhos com as
suas dores! As mulheres e os seus sentimentos, na separação! Tanto horror,
tanta incomodidade! Tanto crime! Tanta maldade impune! Tanta solidariedade
ambígua… Não, não importa o saber, quando a maldade impera! Deus, sim,
importaria, se respondesse à chamada…
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO. 27.06.22
Dos meus textos sobre viagens
facilmente se conclui que aprecio a geografia dos lugares que visito mas que a
tónica acaba quase sempre por ir parar às gentes, à geografia humana.
E depois de ver gentes muito
variadas, concluo que no essencial somos todos iguais mas também reconheço que
somos todos diferentes: o que mais nos distingue não é a cor da pele mas sim e
sobretudo, a Cultura e, dentro de cada uma, o nível cultural. As condições
geográficas e as religiões condicionam e formam as Culturas e, nelas, notam-se
as diferenças entre um braçal e um erudito. Numas sociedades há muitos
braçais e poucos instruídos e noutras há predominância de licenciados «abrindo
vagas» a indiferenciados.
Não reconheço a existência de
«povos eleitos» nem de raças superiores, reconheço, isso sim, níveis de
instrução e educação mais elevados ou primários que podem facilitar (ou
dificultar) o adensamento da rede de sinapses e respectivos neurónios. A
responsabilidade social de um instruído é, pois, maior do que a de um iletrado.
Estes povos nórdicos são muito mais responsáveis do que os
aborígenes embriagados que vi em Darwin.
E assim tenho viajado pelo mundo entre o Cabo Norte e o Cabo Hornus no
extremo sul da América do Sul.
Mas, nesta viagem em grupo
organizada pela «Oásis Travel», o guia do grupo – Gonçalo Lucena
Barreiro – teve o cuidado de compor as mesas no restaurante de acordo
com o que lhe parecia a harmonia de centros de interesse. Assim, na nossa
mesa éramos três casais em que nós, os homens, éramos (e continuamos a ser)
economistas e em que as Senhoras tinham (e continuam a ter) experiências
profissionais e de vida especialmente interessantes. A escolha não podia ter
sido mais acertada pois, para além da conversa social, em cada refeição
aprendi imenso. Destaco duas realidades que para mim foram surpresa:
depois de devastados pelo arrasto pesqueiro, os fundos marinhos fronteiros à
Serra da Arrábida estão em pujante processo de recuperação natural; libertada
de custos fixos asfixiantes, a «Sociedade de Geografia de Lisboa» encontra-se
finalmente em condições de avançar para novos voos.
Afinal, foi no topo do mundo que viemos
encontrar portugueses formidáveis.
1ª CONCLUSÃO: - Há sempre um Portugal desconhecido
que espera por nós.
2ª CONCLUSÃO: - As pessoas, sim, interessam!
O resto… é resto.
FIM
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS:
Alice Gouveia
27.06: Bravo, Henrique. Um natalício em grande.
Aguardo o próximo. Abraço.
Adriano Miranda Lima 27.06.2022: Sr.
Dr., não há dúvida que o leitor aprende muito consigo sempre que viaja. E eu já
estou ansioso pela sua próxima viagem, veja lá. Claro que ao procurar
imiscuir-se na geografia dos lugares tinha fatalmente de se esgotar na
observação e estudo das suas gentes. E logo o Senhor, com a sua sempre
espicaçada curiosidade intelectual e a sua busca de imanência em todos os
planos e ângulos desta nossa existência. Não sei é se estarei de acordo com o
critério de “centros de interesse” escolhido pelo guia do grupo, se o que
deduzo é ele ter agrupado as pessoas em função das suas afinidades
profissionais. É sempre discutível, claro, mas como aprender mais ou coisas
diferentes se me sento com os da minha classe profissional? Penso que quis
mesmo escrever “portuguesas” na frase: “afinal, foi no topo do mundo que viemos
encontrar portuguesas formidáveis.” Se é mesmo “portuguesas” e não
“portugueses” (podia ter havido lapso…), será que nos nossos domínios elas se
acanham em revelar-se? Ainda assim, vai ter de me esclarecer esta dúvida, já
que não nos faltam portuguesas a destacarem-se em vários domínios. É uma boa
notícia a recuperação dos nossos fundos marinhos. Obrigado por toda esta
partilha das emoções e dos interesses desta sua viagem. Mas fiquei com a leve
impressão de que a viagem ao topo do mundo vale fundamentalmente pela raridade
geográfica. Um abraço Adriano Lima
Henrique Salles da Fonseca 27.06.2022 22:01: Obrigado pelo alerta. Vou corrigir de imediato.
Henrique Salles da Fonseca 28.06.2022 09:40: BOM DIA Tudo tem um fim...até as coisas mais
agradáveis!!!! Vamos esperar que a vida, nos dê, mais oportunidades, de viajar,
e...com isso, conhecermos pessoas agradáveis, conhecedoras, que nos vão abrir
um pouco mais, os horizontes de memórias. Um abraço para ambos 🍀 Clotilde
Cordeiro
Anónimo
28.06.2022 10:44: Obrigado,
Henrique, por esta viagem com calor humano, apesar do frio ambiental, onde o
teu inconfundível e elegante humor perpassou, para além do teu acutilante poder
de observação. Há muitos anos quando andei por essas geografias, fiquei
admirado com o elevado número de veleiros que via nas marinas e nos
ancoradouros noruegueses. Disseram-me, então, que eles tinham um veleiro como
nós tínhamos um carro, com a diferença (pelo menos) que eles acumulavam ambos… “Senti”
o que era nível de vida e o que era uma adequada gestão política, em que se
procurava eliminar os pobres em vez de, como aconteceu na zona meridional,
extinguir os ricos e os empresários. Enfim, uma questão de Pessoas e de
Cultura… Um forte abraço. Carlos Traguelho
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