sexta-feira, 10 de junho de 2022

UM PRAZER DE LEITURA


PAULO TUNHAS, uma cada vez maior revelação, quer na forma desempoeirada - extremamente irónica, elegante e filosoficamente esclarecedora - como escreve, quer no exemplo que aparenta ser, de homem de sentimentos firmemente dignos, sem pretensões a paladino de novas causas, quantas vezes demonstrativas apenas de pretensiosismos – e preciosismos - ideológicos, contraditórios com o extravasar de violência contra os não seguidores dessas causas, e que esses copiam excitadamente de outros povos, os ruidosamente pioneiros das ditas inovações. Para mais, um homem corajoso, que não receia vir defender um outro homem, já antigo, também de coragem e de esforço pátrio, que ele certamente admira, sobretudo se em paralelo com o homem novo…

PS

Resolver e contornar

Na presumível impossibilidade de uma refutação do artigo e da entrevista de Cavaco, recorre-se ao exercício que consiste em atacar o carácter do autor do texto. O truque é velho como a humanidade.

PAULO TUNHAS

OBSERVADOR, 09 jun 2022, 00:1947

Dava-me hoje muito jeito ter pelo menos um bocadinho daquele particular génio de Agustina Bessa-Luís para os aforismos com que iniciava os seus romances e que, mesmo dentro deles, apareciam vezes sem conta, como abertura para vários outros romances possíveis. Mas, pobre de mim, falta-me o génio e a sabedoria não me sai da boca com aquele apetecível perfume de perenidade que eu muito invejo. Deixo, no entanto, aqui, porque preciso, a minha tosca tentativa: Se a história nos incomoda, resta-nos a psicologia para a disfarçar.

E precisava deste princípio, ou de outro que dissesse o mesmo muito melhor, porque andei a ler algumas das reacções ao artigo que Cavaco Silva aqui publicou na semana passada e à entrevista que deu a Maria João Avillez na CNN. Tanto no artigo como na entrevista, ambos excelentes, Cavaco Silva ocupou-se de factos históricos que relatou com aquele minucioso rigor que lhe é costumeiro e que tem o dom de irritar muita gente, talvez por parecer desnecessário e inutilmente limitador da liberdade criativa do nosso pensamento. (Na entrevista, não se limitou à história: disse também coisas que me pareceram muito acertadas sobre o absurdo da “regionalização”, a mendaz narrativa socialista – e de vários sectores do próprio PSD – sobre o governo de Passos Coelho e ainda sobre a guerra da Ucrânia.)

Não vou repetir aqui a lista dos factos enumerados por Cavaco. Permito-me apenas sublinhar que são mesmo factos, isto é, realidades que sobrevivem a tentativas de interpretação que as pretendam subverter. O que me interessa hoje são as reacções que o artigo e a entrevista provocaram em certas áreas. Mais precisamente, um traço surpreendentemente comum a todas as reacções mais ou menos explicitamente negativas de que a imprensa nos deu conhecimento. Qual é esse traço? O elas exorbitarem de explicações psicológicas. É como se, subitamente, toda aquela gente se tivesse descoberto uma vocação secreta e irreprimível: a exploração dos meandros secretos da psique humana, particularmente no que toca à alma de Cavaco Silva.

Marcelo, é verdade, deu o mote, para falar da sua própria alma. Declarou sobre o artigo: “Vou ler, vou interiorizar e não vou comentar”. Terei sido só eu a achar estranho o verbo “interiorizar”? Não porque suponha o nosso actual Presidente, note-se, carecido de “interior”. É verdade que ele nos habituou a uma frenética actividade de “exteriorização”, mas tenho a certeza que a sua alma contém tantas profundidades e abismos como a de qualquer outro mortal. Simplesmente, não é o que se costuma dizer nestas circunstâncias. “Analisar”, ou até “meditar”, seria mais natural. “Interiorizar”, no entanto, parece estranho. E uma das razões da estranheza é o teor psicológico da palavra, o facto de ela apontar para um processo mental complexo que evoca um esforço particular de assimilação de algo radicalmente exterior e vagamente ameaçador. Seja como for, estamos mesmo dentro da psicologia.

Com António Costa, a coisa é mais directa. Há psicólogos e psicólogos. Sondou as profundidades de um só golpe e, supõe-se, sem necessidade de “interiorizar” grande coisa. “Cavaco Silva preocupa-se com o seu lugar na história”, decretou. Note-se que não procurou refutar nada do que Cavaco disse. Foi directo ao motivo por detrás das palavras. Numa frase, eis uma alma exibida em toda a sua nudez. Para quê mostrar a superioridade do seu próprio valor e a excelência dos seus feitos em prol da Pátria quando tudo pode ser dito assim depressa com umas breves palavrinhas? A sinalização da intenção dispensa, obviamente, a perda de tempo com a argumentação. O que dá um jeito dos diabos quando se tem a pressa inerente à conveniência.

A lição de Costa imperou no PS. Em entrevista ao Observador, Ana Catarina Mendes aplicou-se com igual empenho na explicação psicológica. Assim, Cavaco Silva sofreria de um “sentimento de azedume e ressentimento” e de “despeito”. No fundo, é o aprofundamento da tese do “lugar na história”, com a diferença que aqui contamos com uma caracterização mais detalhada dos motivos. A psicologia das profundidades pode-se sempre desenvolver no sentido de melhor capturar o seu alvo. Que o diga Pedro Delgado Alves, que, também em entrevista ao Observador, diagnosticou, com uma seta bem apontada ao essencial, o mal do seu objecto de estudo: a “dimensão narcísica” que (reconhece magnanimamente) “é inevitável em qualquer ser humano”. E, como seria de esperar, tivemos igualmente direito, desta vez no Expresso, a Ascenso Simões. A sua psicologia é caracteristicamente mais rude, como convém a um homem que ambicionou destruir com as suas próprias mãos o Padrão dos Descobrimentos: “Cavaco tem inveja de Costa”. Não são precisas as falinhas mansas do “ressentimento” e do “narcisismo”. É mesmo inveja pura e dura – e isso toda a gente percebe. Mas, como para mostrar que o PS é um partido verdadeiramente psicológico, Ascenso Simões fala não só para o povo, mas também para os eruditos: “Cavaco vive com um problema existencial – que Costa o ultrapasse no seu tempo de «premier»”. Satisfeitas as premissas desta nova analítica existencial da corrida de fundo, Ascenso Simões pode voltar ao contacto com o povo: a visão das coisas de Cavaco é uma visão “mesquinha”.

Este florilégio psicológico do PS mostra-nos um partido capaz de analisar a alma humana nas suas múltiplas dimensões e hábil na integração no seu aparato conceptual de todos os requisitos do que dantes era conhecido pelo nome de “filosofias da suspeita”. Freud e Nietzsche estão bem presentes aqui, embora em versão simplificada, até porque o PS é um partido de massas. Mas – atenção! – esta dimensão teórica de que o PS se pode legitimamente ufanar transcende o espectro partidário no seu sentido mais restrito. Não fiz nenhuma investigação aturada, mas reparei que o amor pela psicologia se encontra também noutros lugares. Bárbara Reis, por exemplo, escreveu no Público um artigo em que refuta, ponto por ponto, o comentário de uma leitora que manifestou no site do jornal o seu acordo com o texto de Cavaco. Não refuta o artigo de Cavaco, note-se – refuta o comentário da “Pipa” (assim assina a leitora que Bárbara Reis procura demolir com método e saber). E qual a razão de tal exercício? Eis que volta a psicologia. Para mostrar que os “fãs de Cavaco” (é assim que ela diz) navegam num “amor ardente”, onde surgem “ondas de paixão” geradas por uma “devoção sebastiânica” propriamente inaudita. E, último exemplo, para continuar no Público, a sua recente colunista da última página, Carmo Afonso, manifesta, também ela, uma assinalável proficiência psicológica, num artigo consagrado ao texto de Cavaco. Infelizmente, é-me difícil segui-la, por razões que não posso explicar sem correr o risco de me envergonhar. Julguei, no entanto, perceber que atribui um significado especial ao uso dos pronomes possessivos por parte de Cavaco Silva – uma preocupação surpreendentemente gramatical, vinda de quem vem.

O que é que torna tão curioso este recurso maciço a explicações psicológicas para pôr em questão o artigo (e a entrevista) de Cavaco? É que – e aqui a explicação não é psicológica: é mesmo política – tal afã explicativo serve para evitar qualquer confronto directo com o próprio texto e com o que ele diz. Na presumível impossibilidade de uma refutação, recorre-se ao exercício que consiste em atacar o carácter do autor do texto. O truque é velho como a humanidade e nem sequer as roupagens são particularmente novas. O problema é que, para quem souber ler, a diferença entre Cavaco e Costa acaba mais saliente – e, claramente, a favor de Cavaco. O que o seu artigo dá a ver é um homem que soube detectar os problemas, analisá-los, e, em muitos casos, resolvê-los. O que a enxurrada de comentários psicológicos ao artigo (a começar pela breve resposta de Costa) mostra é uma coisa muito diferente: é uma habilidade, variável consoante os casos, mas indiscutivelmente máxima em Costa, em contornar os problemas. Digo isto sem precisar de navegar em “ondas de paixão” pelo primeiro nem em entusiasmos negativos pelo segundo. Será talvez defeito meu, mas, com a oposição que ele teve até agora, já “interiorizei”, como diria Marcelo, António Costa. Quer dizer: neste caso, já me conformei à mediocridade que ele traz consigo. No fundo, quem é que não prefere, uma vez ou outra, contornar os problemas a resolvê-los? E quem é que não se apanha, uma ou outra vez, quase inconscientemente, a admirar quem se excede nessa dúbia arte? Mas é Cavaco quem tem razão. Mil vezes razão. Mais de mil vezes. Seria bom que alguém pegasse na sua lição.

COMENTÁRIOS:

Da Grreite Rizete: Quando Cavaco desafia Costa para fazer mais e melhor, sabe perfeitamente que esse nunca foi o objectivo dele. Se fosse, ter-se-ia rodeado de pessoas íntegras, credíveis e competentes ao invés de Ministros como o Me®dina, que depois do “buraco” que deixou na CML, ironicamente fica com as… Finanças! Costa continua a “navegar à vista”. Só lhe interessa ir sobrevivendo no cargo, com recurso a “bazucas”, até ser chamado para “outros voos”. É assim que os bons lacaios, como Guterres e Barroso, são recompensados. Portugal, como país fortemente endividado, deixou-se capturar pela UE e pelo gangue de Davos. E esse sabujo tornou-se um vassalo dos “senhores” da Nova Ordem Mundial. Daí o despotismo demonstrado durante a pandemia. Jamais me esquecerei da discriminação exercida sobre os não-inoculados, através do certificado Nazi, fazendo destes os novos “untermenschen”.            João Alves > Da Grreite Rizete: Costa está a cultivar uma imagem que seja do agrado de Putin, para, no caso de uma vitória deste senhor em relação às democracias europeias e à NATO, ocupar um cargo de relevo no que restar de uma UE submissa à Federação Russa.    Manuel Martins: A maioria dos que atacam Cavaco, têm uma inveja doentia da sua inteligência, capacidade de desmontar as fraudes da realidade que o governo e políticos nos impingem com a ajuda da comunicação social e comentadores vendidos. Infelizmente, a eficácia dessas realidades alternativas vai sair cara ao país e só tarde demais irá o povo acordar...           João Ramos: Cavaco foi um primeiro ministro que realizou e melhorou o país, isto são factos irrefutáveis, em comparação com Costa que não passa de um charlatão secundado por outros charlatões, é mais que suficiente para que a comparação seja uma autêntica vergonha para Costa e seu subserviente PS, apenas aumentamos a dívida nominalmente, aumentamos impostos e estamos cada vez mais próximo da cauda da Europa e isto já com 7 anos de governo de Costa e do PS… factos são factos!!!         António Alberto Barbosa Pinho: Excelente!      Laurentino Cerdeira: Os medíocres que nos (des)governam, porque o são, têm inveja de quem foi minimamente capaz na governação e aportou progresso e modernidade e melhoria social ao nosso país. E, depois, juntar o habilidoso a um PR que de todo não merecíamos, está a dar nisto: fogem da comparação factual como o diabo foge da cruz! Acresce que não perdoam a Cavaco Silva a sua humilde origem e uma vida de estudo e trabalho que o alcandorou à suprema magistratura da Nação.           S Belo > Laurentino Cerdeira: A destacar positivamente o último  parágrafo do seu comentário. O novo-riquismo da classe política que nos apascenta é  intragável.                  Paulo Silva: Vem de longe o ódio das esquerdas ao Prof. Cavaco Silva - o político português com 4 maiorias absolutas dos votos expressos na república do rumo ao xuxalismo. Quem enfrenta o sistema e os seus mastins é mordido.   João Alves: Só há uma maneira de tratar as esquerdas: à la Rio Maior. Só assim é que elas vergam e regressam às sargetas de onde saíram. Discursos teóricos e intelectuais para quê? Elas não os interiorizam.         Duarte Correia: O cronista (P.T.) descreve e explica com uma muito certeira acuidade aquelas psicologias que assim se podem resumir: os comentadores de Cavaco proferem discursos falaciosos e, como sujeitos desses discursos, exibem aquilo que são, fazendo figuras miseráveis. Será que não se enxergam?             José Paulo C Castro: Por algum motivo o velho 'mea culpa' inclui os pecados e as omissões. É que, em certos casos, as omissões são tão ou mais graves que os actos. Neste caso, as refutações ao artigo omitindo o seu conteúdo, desviando para intenções pressupostas do autor e que carecem de confirmação, são refutações 'pecaminosas' porque dizem implicitamente que o conteúdo não interessa nada. Isso, nas condições em que Portugal está, é o mesmo que ter o PS e a sua esquerda a dizer que não quer saber. Pecado maior. Ou crime político de negligência, para leigos... Jose Augusto Mira Pires Borges: Excelente. Acrescento só que, para o PS e apaniguados, qualquer pessoa ou entrevista que sejam lúcidas, realistas e apontem factos concretos, são de imediato denegridas. Como diz e muito bem, não havendo como contrariar os factos, inventam-se argumentos mesquinhos, tricas sem sentido. A imagem socialista aliás, mesquinhice, incompetência e falta de escrúpulos...           Maria Nunes:Se o PS não se sentisse incomodado com a entrevista do Prof. Cavaco Silva, não teria feito tantos comentários. Assim só mostrou muita dor de cotovelo.           Miguel Sousa: A "democrática" esquerdalha quando se vê apertada pela realidade e pelos factos logo tenta colocar uma mordaça nos outros e impedir que sequer digam de sua opinião ... com democratas destes quem necessita de fascistas e ditadores?? Que vergonha! Querem dizer mal de Cavaco?  Então provem com factos que o que ele diz é mentira (todos sabemos ser a mais pura da verdade)           Sérgio: O que me dá enorme prazer é ver a forma como o Prof. ACS, um ESTADISTA com elevação e carácter, desconsidera os janados do largo das ratazanas e varejas.... Não os tem na mínima consideração, e com toda a razão pois são um grupelho de boys e girls inaptos e medíocres e sem civismo ou educação e nepotistas ddt e bancarroteiros que se governam e confundem com o próprio "estado" e não possuem vida para além de parasitar este mesmo "estado".... Gentinha de segunda e que num qualquer país civilizado e na maioria dos de terceiro mundo, nem para limpar wcs.... Mas o povão iletrado e anestesiado por futilidades e banalidades adora "habilidosos" e bancarroteiros! Bem feito! Bem-vindos a cauda da Europa e OCDE!!!!       Carlos Chaves: Caríssimo Paulo Tunhas, simplesmente genial o seu texto e a sua análise, na “mouche”. Vamos ver se alguém pega na lição.         Madalena Sa: Grande artigo que explica tudo! Se Os socialistas tivessem vergonha nem abriam a boca mas o povo, infelizmente, tem a cabeça muito dura!           Carlos Quartel: Um excelente texto, que desmascara toda uma seita. Numa versão do velho costume romano, (quando a mensagem não agrada, mata-se o mensageiro) tiveram que fazer fila para darem a estocada final. Mas falharam, atacaram onde Cavaco é mais forte e está uns furos acima da moral PS, precisamente em questões de carácter. A falta de carácter, de decência e de pudor que deram origem à geringonça, nunca foram uma questão de Costa, foram uma questão de todo o PS, que aprovou e saudou o entorse que pôs estalinistas e trotskistas no poder. Dos 80 deputados, nem um votou contra. Cavaco pode ser uma figura com uma percepção errada sobre a sua própria importância, mas tem linhas vermelhas na formação do seu carácter, que nunca ultrapassará. Ao contrário do PS, que não vê limitações nas manobras para conseguir o poder.          Anarquista Chanfrado: Depois de Cavaco foi o abismo.       Vitor Batista > Anarquista Chanfrado: Tudo dito numa curta frase, mas é mesmo a realidade.          Fernando CE: Muito bom, mais uma vez. Infelizmente, Portugal caminha para o empobrecimento a passos largos. Saúde, Educação, criação de riqueza, pelas ruas da amargura. Portugal cheio de aparatchiks, a viverem à custa do erário público.Um PM sem rasgo nem elevação , muito habilidoso, sem resultados palpáveis positivos para o futuro dos Portugueses. Cavaco Silva , o melhor primeiro ministro após o 25 de Abril !          Américo Silva Cavaco era funcionário do Banco de Portugal. A sua sagaz governação deixou os portugueses numa prosperidade inigualável, infelizmente tiveram que pagar quase trinta mil milhões de euros de imbróglios bancários, BPN, BES, e outros, onde o nome de Cavaco aparece mais ou menos associado. Como bem diz Tunhas: Permito-me apenas sublinhar que são mesmo factos, isto é, realidades que sobrevivem a tentativas de interpretação que as pretendam subverter.            Fernando CE > Américo Silva: Esquece-se de quem era governador do banco de Portugal , a quem competia a fiscalização bancária e que tinha um nome : Vitor Constâncio, ilustre quadro do Partido Socialista.          Sérgio > Américo Silva: Típico esquerdalho com tiques autoritários e de superioridade moral, pois escreve o que lhe interessa e omite o que não interessa.          António Lamas: Excelente a análise freudiana aos comentários às declarações de Cavaco Silva. A esquerda nunca lhe perdoará ter sido PM e PR, alguém que não veio do eixo São Bento largo do Rato.                   Antónia Cadavez: Comento somente para compartilhar que também há muito "interiorizei" já o tal do Costa e que também me é não só difícil como de todo impossível seguir a tal "colunista" de última página: o ponto a que em Portugal chegaram o analfabetismo mais primário e a atrofia mental mais exótica não tem explicação possível e muito menos racional. No resto, só posso agradecer a finura e a fineza desta análise.

 

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