É uma triste conclusão. De todos os tempos. Mas os comentadores disseram o
que também penso.
"Escolheu uma solução mais simples, que é vetar todos com base na sua
cidadania": campeã olímpica russa escreve carta aberta a líder do COI
Maria Lasitskene já se mostrou contra a guerra, não
teve problemas com doping mas corre o risco de falhar quinta grande prova em
sete anos pelos castigos à Rússia. Agora, escreveu a Thomas Bach.
OBSERVADOR, 13
jun 2022,
Campeã
mundial e europeia ao Ar Livre, campeã mundial e europeia em Pista Coberta,
campeã olímpica. Ainda
antes dos 30 anos, Maria Lasitskene já ganhou tudo o que havia para ganhar no atletismo,
neste caso no salto em
altura. Melhor era
impossível. No entanto, a atleta olha sobretudo para aquilo que tem mais para
vencer no futuro e não tanto para aquilo que conquistou no passado. E foi por
isso que, no actual contexto particularmente delicado para a Rússia no mundo do
desporto, decidiu escrever uma carta ao presidente do Comité
Olímpico Internacional, Thomas Bach, mostrando-se
contra as proibições que existem agora devido à invasão da Ucrânia mas que já
vinham de trás pelos problemas ligados ao doping.
“Não
estou segura que me conheça já que, olhando para as suas últimas declarações e
decisões, parece-me que se encontra muito mais perto da política do que dos
atletas e do desporto profissional em geral”, começa por
apontar Maria Lasitskene, que já ganhou também cinco vezes a
prestigiada Liga Diamante.
“Nos
últimos sete anos, não tive a possibilidade de estar presente em quatro grandes
competições no plano internacional apesar de nunca ter havido qualquer queixa
contra mim. Se lhe interessa realmente aquilo que é o destino dos desportistas,
não nos deveria obrigar a expressar respeito e tentaria encontrar a união do
mundo através do desporto. No entanto, o senhor escolheu uma solução mais
simples, que é vetar todos com base na sua cidadania”, apontou a
atleta, que falhou por exemplo os Jogos
Olímpicos de 2016 e que daí para cá tem ganho quase tudo ou como atleta
neutral ou como atleta do Comité Olímpico Russo.
“Nada disto deveria ter nunca acontecido e
nenhum argumento me vai convencer do contrário. O público não ama os atletas
pelas sua nacionalidade mas sim por aquilo que mostram nas competições. Não foi
o facto de vetarem os desportistas russos que fez com que a guerra acabasse,
apenas criou uma novela em torno do desporto que agora é impossível deter”,
referiu numa carta aberta revelada pela MatchTV onde explica também a sua
argumentação para a “revolta” manifestada contra Thomas Bach: já se mostrou
contra a invasão da Ucrânia, nunca teve problemas com doping mas continua de
fora por ser russa, algo que poderá voltar a acontecer nos próximos Mundiais ao
Ar Livre nos EUA, que se realizam em julho.
Apesar
de haver atletas que se têm manifestado favoráveis às ações de Vladimir Putin,
existem cada vez mais exemplos de atletas contra a guerra e que pedem a paz,
como os tenistas Daniil Medvedev, que subiu esta segunda-feira a número 1 do ranking
ATP, ou Andrey Rublev. No entanto, mesmo com essa posição pública, ambos estão
proibidos de disputar Wimbledon, próximo Grand Slam do calendário
internacional. A única excepção a uma política de boicotes quase transversal
é mesmo a Federação Internacional de Judo, que permite que russos e
bielorrussos se mantenham nas competições mas como atletas neutros.
“Esta
decisão dá as mesmas oportunidades a todos os atletas para superar a
discriminação, a política, os conflitos ou qualquer outro assunto que não
esteja relacionado com o desporto. O desporto é uma ferramenta social
importante, uma ponte para reconstruir comunidades e uma sociedade melhor a
nível mundial. O conflito não foi criado nem alimentado pelo desporto e,
por isso, os atletas não devem ser castigados por questões que estão fora do
seu controlo. Todos os que apoiam a guerra podem e devem ser sancionados mas
devem ser respeitados os direitos de quem não apoia a guerra. Não deve haver
uma sanção apenas porque tem determinado passaporte”, referiu na altura o órgão
em comunicado.
“Como
se pode garantir uma competência internacional justa se os governos decidem de
acordo com os seus próprios interesses políticos quem pode ou não pode
participar nas competições? Hoje é a Rússia e a Bielorrússia, amanhã pode ser o
teu país. Se deixamos isto nas mãos dos governos, estaremos a ser apenas uma
ferramenta política e não poderemos garantir uma competição justa”, acrescentou
a esse propósito Marius Vizer, presidente da Federação Internacional de Judo… e
pessoa próxima de Putin.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO DESPORTO ATLETISMO MUNDIAL DE
ATLETISMO JOGOS
OLÍMPICOS
COMENTÁRIOS
Diogo Montalvao: Chamo a isto o efeito "greve", em que ao se interromper ou
impedir determinadas actividades os maiores prejudicados são muitas vezes
colaterais e sem poder directo e/ou imediato numa tomada de decisão. Exemplos: alunos quando os
professores fazem greve, doentes quando os enfermeiros fazem greve, utentes
quando os trabalhadores do Metro fazem greve. São tudo pessoas que não têm
culpa, individualmente, das decisões políticas que levaram àquela situação de
conflito. O objectivo é que a população afectada faça qualquer coisa para mudar
a situação, deles por causa da greve e a de terceiros por causa da situação de
conflito, com a arma mais poderosa que têm à sua disposição: a Democracia (ou a
revolta em última instância). Este caso é em tudo análogo. Percebo o
sentimento de injustiça dos atletas e artistas, e individualmente nenhum deles,
coitados, tem culpa. Mas não é essa a intenção das sanções, sejam elas
quais forem? Peço então aos Russos que escrevam qa’á as tais cartas abertas, não ao COI, mas
ao regime de Putin que é o único responsável e quem os colocou nessa posição. Em qaA, todos, até o COI,
devem ter direito à manifestação (pacífica) através de sanções como forma de
protesto (com efeito "greve"). Por estas razões, esta posição é
justificada com vista ao bem maior colectivo, ainda que reconheçamos a
enorme injustiça que pode ser para cada um individualmente. David
Pinheiro: Isto é uma grande
injustiça! Deveriam permitir a participação dos desportistas nas
provas internacionais. E também dos músicos. E cineastas. E actores. E
maquilhadores, cabeleireiros, técnicos de som e imagem, serralheiros,
calceteiros e carpinteiros. Os programadores, gestores e assistentes de direção
também não merecem esta injustiça. Podem ter-me escapado outras nobres
profissões. Peço desculpa. Lourenço de Almeida:
Durante o
apartheid também não foram perguntar aos atletas sul-africanos se concordavam
com o regime. Os sul-africanos simplesmente foram proibidos de participar na
vida do mundo de todas as formas possíveis até o regime mudar. Ponham os seus
dirigentes na ordem ou então sujeitam-se ao ostracismo. José Dias: Proponho que seja retirada a nacionalidade portuguesa a
todos os que insistirem na penalização, bloqueio, ou discriminação de alguém
pelo simples facto de ter nascido na Rússia! Podem sempre mudar de
nacionalidade para ucraniana para se sentirem mais ligados ainda com onde lhes
está o coração ...
Manifesto Futurista (em moderação) José Dias > Manifesto Futurista:
Estou perfeitamente ciente da realidade do que afirma
... mas proponho na mesma por princípio! Sei
que a grande maioria do povão faz e diz o que vê ou ouve dizer e fazer nas
televisões e o que julgam que dá mais "likes" nas "redes"
... a ignorância impera e parece agradar a quase todos. Alex 2000 > José Dias: pelo facto de terem nascido na Rússia, nação que
provocou uma guerra para invadir um país soberano onde milhares morrem e
milhões estão deslocados. Não participar numa competição desportiva é muito
menos severo do que aquilo que os ucranianos enfrentam. Como disse, compreendo
que não se castiguem atletas, mas também compreendo que o façam. Pipa Melo: Pode sempre mudar de
nacionalidade como imensos atletas soviéticos, jugoslavos, etc. fizeram durante
a Guerra Fria para fugir à ditaduras comunistas. Se não o faz é porque apoia o
Putin. Merece inteiramente ser castigada tal como todo o povo russo que
concorda em manter um genocida como Putin no poder Luís Abrantes: A rússia tem que ser absolutamente
banida de tudo o que é imaginável…!!!
Alex 2000: Eu estou dividido entre sancionar atletas, mas não me
choca. Para o bem e para o mal estamos todos conectados, se por um lado temos
vantagens, outras não. Um exemplo muito simples - eu não atiro lixo para o chão
mas os meus impostos servem para pagar a limpeza do lixo das ruas -
"azar". Se eu compreendo a mágoa desta atleta, ela deveria também
referir a morte de inocentes na guerra começada pelos russos. Casas destruídas,
famílias desfeitas, ... Para ela o castigo é não poder ganhar uma medalha,
para 40 milhões de ucranianos é ter que aguentar com vários amigos e familiares
chegados mortos - a diferença é grande. Quem está a fazer a guerra é a Rússia,
não é um grupo de pessoas isolado ou o Putin, não podemos retirar a
responsabilidade colectiva quando assim nos convém. Claro que muitos russos são
contra esta guerra, de qualquer modo repito, esta guerra é feita pela Rússia e
pelos russos. Eu oferecia um caminho para a naturalização destes atletas -
Portugal uma potência olímpica : D...
Pobre Portugal: Atletas da Rússia são como atletas da Alemanha Nazi. É preciso um desenho? Cabral Paula > Pobre Portugal: Pobre mesmo! Pipa Melo > Pobre Portugal: Exactamente! Têm de ser banidos
de tudo! Qualquer vitória ou medalha seria usada pelo regime russo para
propaganda, algo totalmente inaceitável desde que a Rússia se tornou um estado
genocida e criminoso de guerra.
Manifesto Futurista: Mas os atletas não podem
decidir competir sem ser sob uma bandeira? Pipa Melo > Manifesto Futurista: Não, tirando o ténis foram
banidos de tudo. E mesmo no ténis o torneio de Wimbledon já fez a sua parte e
excluiu os russos, com o tempo a tendência é que os outros torneios façam o
mesmo. Manifesto
Futurista > Pipa Melo: Então que renuncie à nacionalidade e concorra como
apátrida.
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