Guerra mundial.
Médio Oriente "em chamas". O
conflito na região pode tornar-se numa "terceira guerra mundial"?
Explosões no Irão, ataques no Mar Vermelho e a morte do více-líder
do Hamas no Líbano. Guerra na Faixa de Gaza está a expandir-se e aumentam os
riscos de escalada. Poderá dar origem a guerra mundial?
OBSERVADOR, 3/1/24
Índice
Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
Um dos principais líderes do Hamas morto no Líbano. Duas explosões no Irão que mataram
mais de 100 pessoas. Ataques sucessivos no Mar Vermelho. Uma guerra que
já dura há quase três meses na Faixa de Gaza, onde ainda permanecem
cerca de 100 reféns israelitas. Nos últimos
tempos, tem-se assistido a uma escalada das tensões na região do
Médio Oriente, parecendo
não haver fim à vista para o cessar das hostilidades de nenhuma das partes. Pior: somam-se
uma multiplicidade de novos focos de conflito, que tornam aquela situação
regional mais complicada.
As provocações e acções desestabilizadoras sucedem-se. O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep
Borrell, deixou, esta
quarta-feira, em Lisboa, um sério aviso. Se não se chegar a uma solução na
guerra entre Israel e o Hamas, iniciada com os ataques do grupo terrorista a 7
de outubro e que acabou por desencadear as actuais tensões no Médio Oriente, o
responsável comunitário antevê que aquela região “entre em chamas”.
Já o novo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita,
Israel Katz, que
tomou posse esta semana, disse mesmo que o mundo está “no apogeu
de uma Terceira Guerra Mundial contra o Irão que lidera o Islão radical, cujos
tentáculos já estão na Europa”. “Isto não se parece nem
com a Primeira, nem com a Segunda Guerra Mundial”, prosseguiu o novo chefe
da diplomacia israelita, acrescentando que Israel está na linha da frente na
luta contra Teerão.
▲ Israel Katz, ministro dos Negócios
Estrangeiros israelita, avisou que mundo está no "apogeu" de uma
"guerra" contra o Irão
KHALED ELFIQI/EPA
Índice
Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
Na lógica de uma “Terceira Guerra
Mundial”, Israel Katz culpou directamente o Irão pelo ataque de 7 de outubro. E
não só. Acusou Teerão de querer acabar com o clima de paz entre Israel e outros
países árabes na região, em particular a Arábia Saudita. “Estávamos num meio de um sonho”, recordou o
chefe da diplomacia israelita, aludindo ao processo de normalização — com
interferência norte-americana — das relações entre Riade e Telavive, que
entretanto foi interrompido. “Foi por isso que o Irão fez o que fez.”
Inimigos desde a revolução de 1979,
que converteu o Irão num estado teocrático, Teerão e Telavive foram
conquistando apoios na comunidade internacional e adquirindo armamento ao longo
de décadas para se protegerem um do outro. Num cenário de conflitos até agora
localizados na região, a animosidade pode exacebar-se e transformar uma
guerra por procuração numa guerra total.
Foi neste sentido que o antigo
primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, escreveu, na semana passada, um artigo no Wall Street Journal
a defender que o “império
malévolo do Irão deve ser derrubado”, tentando
cativar os Estados Unidos para fazer parte dessa missão. “Não é apenas
possível. É vital para a segurança do Médio Oriente — e para todo o mundo
civilizado”.
▲ Naftali
Bennett, ex-primeiro-ministro israelita, apelou à destruição do regime iraniano ABIR SULTAN / POOL/EPA
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Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
Já o regime iraniano nunca
escondeu que um dos seus objectivos passa pela destruição do Estado de Israel. “Espero
que Alá liberte a Palestina o mais cedo possível e possamos testemunhar os
momentos finais da existência de Israel e celebrar o seu fim”, afirmou o líder supremo do Irão, Ebrahim
Raisi, num discurso em novembro.
Internacionalmente, os dois
países contam com apoios de peso. Apesar de já ter havido algumas críticas
relativamente à operação terrestre na Faixa de Gaza, os Estados Unidos
continuam ao lado de Israel, deixando bastante claro que reagiriam se
alguém aproveitasse para atacar o país, tendo mesmo enviado para o Mar
Mediterrâneo dois porta-aviões. Por sua vez, o Irão tem uma rede de grupos
militares espalhados pelos países vizinhos israelitas — e um apoio cada vez
mais explícito da Rússia.
Os actores que podem fazer escalar a
guerra entre Israel e o Hamas
Hezbollah
Após as incursões terrestres de 7 de outubro por parte do Hamas que
deixaram Israel em choque e mataram cerca de 1.200 pessoas, além de terem feito
mais de 200 reféns, a guerra centrou-se na Faixa de Gaza — inicialmente
com ataques aéreos, depois com uma invasão terrestre israelita. No entanto, o Hezbollah, o grupo paramilitar
xiita pró-Irão, que controla o sul do Líbano, começou a atacar a fronteira
norte de Israel, levando as Forças de Defesa do país a desdobrarem-se em duas
frentes.
▲ Militantes
do Hezbollah WAEL HAMZEH/EPA
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Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
O
Hezbollah nunca negou que ajudou a preparar o ataque de 7 de outubro. Defensor
da causa palestiniana e defendendo, tal como o Hamas, o fim do Estado de Israel, o grupo xiita — patrocinado diretamente pelo
Irão — terá fornecido apoio militar e treino ao Hamas nos meses que antecederam
às incursões terrestres. Mesmo assim, decidiu manter-se à margem de uma
intervenção directa na guerra, atacando apenas alvos precisos no norte do
território israelita.
Ao longo dos meses, ficou sempre no ar a possibilidade de o Hezbollah
entrar diretamente no conflito. Esta
terça-feira os receios aumentaram, depois do ataque com drones em Beirute,
capital do Líbano, que eliminou Saleh al-Arouri, o número dois do Hamas e
fundador das Brigadas al-Qassam, o braço armado do grupo islâmico (e mais
três combatentes e três líderes militares). Ainda que Israel não
tenha oficialmente reivindicado a operação, poucos duvidam de quem esteve por
detrás do ataque, que está aliás longe de ser inédito. A palavram de ordem dos serviços secretos
de Israel tem sido, e foi repetida, “agir contra os líderes do Hamas onde
quer que estes estejam”.
Não sendo propriamente uma novidade, nem um ataque israelita contra
líderes do Hamas, nem os ataques do Hezbollah em solo israelita, as reacções
estão de facto acesas. Numa declaração ao país esta quarta-feira, o líder
do Hezbollah, Hassan Nasrallah, avisou
que a morte de Saleh al-Arouri cria um
precedente “perigoso” para a segurança da região, assegurando que a acção,
que violou o espaço aéreo libanês, não passará impune. “Se o inimigo pensar em fazer guerra
contra o Líbano, então a nossa luta será sem tecto, sem limites, sem regras. E
eles [Israel] sabem o que quero dizer”, ameaçou o responsável.
“Se
o inimigo pensar em fazer guerra contra o Líbano, então a nossa luta será sem
teto, sem limites, sem regras. E eles [Israel] sabem o que quero dizer” Líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah
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Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
Os Houthis
Outro grupo que também tem uma
atitude abertamente hostil a Israel são os Houthis, que controlam partes do Iémen
e que estão radicados naquele país da península arábica. Dias após
os choques causados pela incursão terrorista do Hamas em Israel, os membros do grupo islâmico declararam
que iriam apoiar “os irmãos oprimidos da Palestina” e que iriam prolongar as
operações contra Telavive até quando “a agressão israelita” parar.
Inicialmente
discretos no respaldo à causa palestiniana e apoiados indirectamente também
pelo Irão, os Houthis atacam essencialmente embarcações que passam pelo
estreito Bab al-Mandab, que liga o Mar Vermelho ao Oceano Índico, atingindo
navios que têm algum tipo e ligação a Israel. Também já tentaram disparar
mísseis, mas o impacto é praticamente nulo.
O estreito Bab al-Mandab é um ponto nevrálgico no comércio marítimo,
podendo complicar as rotas em todo o mundo. “O
Mar Vermelho é uma rota do comércio marítimo global significativa. Por ano,
navegam naquela região cerca de 35 mil navios, o equivalente a cerca de 10% de
todo o PIB mundial”, explicava em
dezembro ao Observador Corey Ranslem, especialista em segurança
marítima da empresa Dryad Global.
▲ Houthis numa manifestação a favor da
causa palestiniana OSAMAH YAHYA/EPA
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Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
Os ataques foram-se
intensificando nos últimos tempos e os Estados Unidos já reagiram em duas
frentes. A primeira, mais diplomática, passou por criar uma coligação “para
enfrentar esta ameaça” com mais de dez países. A segunda consistiu em ataques
directos contra o armamento dos Houthis no Iémen. Por exemplo, no sábado
passado, Washington destruiu dois
mísseis balísticos antinavios.
Irão
Peça essencial para compreender o estado de conflito que se abateu
sob a região, o Irão
nunca assumiu ter
tido qualquer intervenção directa na preparação dos ataques de 7 de outubro, mesmo que
o regime tenha dito que “beijava
as mãos” de quem teve a ideia. Mas
recentemente relacionou a incursão
terrestre terrorista do Hamas à morte do líder
da Guarda Revolucionária Iraniana, Qasem
Soleimani, que
morreu a 3 de janeiro de 2020, na sequência de um ataque com um drone
norte-americano.
Em resposta, o Hamas,
mesmo sendo aliado do Irão, negou que esse tivesse sido o motivo que esteve na
base dos ataques de outubro em território israelita. Num comunicado, o grupo
islâmico “negou a validade dessas declarações”, clarificando que todas “as
acções levadas a cabo pela resistência palestiniana são em resposta à
ocupação israelita e à sua agressão continuada contra o povo e os santuários”. Apesar
deste ‘desentendimento’ quanto à autoria do plano e da estratégia montada ao
longo de mais de um ano, as relações entre o grupo islâmico e Teerão não
parecem ter saído afectadas.
O nome de Qasem Soleimani esteve envolto num outro incidente, desta
vez mais grave. Esta
quarta-feira, numa procissão de homenagem nos três anos da morte do antigo
líder iraniano, na cidade de Kerman, ocorreram duas explosões que levaram
à morte de mais de cem pessoas. O Irão sugeriu o envolvimento de Israel na
operação, mas nunca a declarou claramente.
O ataque a solo iraniano motivou uma
resposta de Gholam Hossein
Mohseni-Ejei, chefe da Justiça do
país. “Os autores
deste crime serão indubitavelmente punidos”, avisou, acrescentando que “os
serviços de informação, de segurança e de aplicação da lei têm a obrigação de
seguir prontamente todas as provas e perseguir os autores [do ataque] e de os
entregar ao poder judicial”.
“O risco de escalada” que “permanece
alto” — e que pode levar a uma Guerra Mundial
Numa região em que coexistem diferentes
interesses, um dos conselheiros do secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), Khaled Khiari, denunciou nas Nações Unidas que o “risco de uma escalada regional” da
guerra entre Hamas e Israel é “elevado” e pode ter “consequências devastadoras”
para o Médio Oriente, tendo ainda para mais em consideração “o número de actores
envolvidos”.
▲ Khaled
Khiari avisou que conflito pode escalar
PACIFIC
PRESS/LIGHTROCKET VIA GE
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Os actores que podem fazer escalar a guerra entre
Israel e o Hamas
“O risco de escalada” que “permanece alto” — e que
pode levar a uma Guerra Mundial
“Existindo risco de haver
erros de cálculo e à medida que o conflito em Gaza continua, é vital que
todos os intervenientes reduzam imediatamente a escalada e apoiem a cessação
das hostilidades”, defendeu o
conselheiro de António Guterres.
Tudo está dependente, acredita Christopher O’Leary, que trabalhou
para o FBI, das acções do Irão. Em declarações à CNN internacional, o responsável acredita que
a guerra de Israel contra o Hamas faz parte de uma estratégia do Irão, em parte
para “obter influência e poder regional”. Até ao momento, Teerão levou a cabo
“ataques contínuos” — mas nunca com o objectivo explícito para não escalar a
situação.
Servem, ainda assim, como “avisos” do que poderia acontecer. Se o Irão agir e colocar “todas as suas
forças” contra Israel, aí começa um “verdadeiro problema regional”,
acredita Christopher O’Leary. O que poderá motivar Teerão a tomar essa atitude
ainda uma incógnita — e nem se sabe sequer se vai acontecer. Ao ocorrer, o
Presidente norte-americano, Joe Biden, já alertou que os Estados Unidos vão
estar inequivocamente “ao lado” de Israel — com tudo o que isso pode implicar.
CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO MUNDO ISRAEL MÉDIO ORIENTE PALESTINA GUERRA CONFLITOS
COMENTÁRIOS:
Jorge Rodrigues Valente
Obviamente
que a ameaça do desencadear da 3ª Guerra Mundial está sempre presente desde a
Crise dos Mísseis. Não será
devido a essa ameaça que os terroristas e ditadores podem fazer o que querem. A
cobardia nunca resolveu nada, pelo contrário, foi palco para o massacre. Ontem
foi Salih Al-Aruri, era o vice-chefe do gabinete político do Hamas. Khalil
Yusif Hard foi morto em um ataque aéreo israelita em 17 de outubro de 2023,
junto com outros 14 membros da família de Ismail Haniyeh, o líder do Hamas. Haytham
Ali Tabataba'i foi morto em um ataque aéreo israelita em 26 de novembro de
2023, junto com outros quatro comandantes do Hamas.
Além
desses, outros líderes do Hamas que também foram mortos por Israel nos últimos
três meses:
-
Bassem Issa, o comandante da Brigada da Cidade de Gaza do Hamas.
-
Jamaa Tahla, o chefe do comando cibernético do Hamas e responsável por melhorar
a precisão dos foguetes do grupo.
-
Jamal Zabeda, o chefe de pesquisa e projetos especiais no departamento de
produção de munições do Hamas.
-
Hazzem Hatib, o engenheiro-chefe do Hamas no departamento de munições.
-
Ayman Nofal, o comandante da Brigada Central de Gaza do Hamas.
Conclusão:
apesar de os comunistas e bloquistas (amigos de ditaduras sanguinárias e
terroristas) e do Secretário Geral da ONU quererem proteger os terroristas,
Israel está a cumprir com a promessa de desratizar.
Nota: o ataque
de ontem foi espectacular pela precisão de atingirem um alvo móvel num país
estrangeiro. Até o Carniceiro de Moscovo deve ter sentido um arrepio na espinha.
Pertinaz: Pois a leitura dos acontecimentos é exactamente a
inversa… haja países e líderes à altura dos acontecimentos e que ponham esta
escumalha na ordem…!!!
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