domingo, 31 de dezembro de 2023

Insipiência linguística

 

E económica também, está visto, que já não vou colmatar, para mais com a memória definitivamente alojada, não sei em que parte do cérebro, como mercadoria de atropelo constante entre a oferta em queda e a procura em excesso, por inútil que esta seja. Mas tais palavrões, seguidos da lição de economia, com que o Dr. Salles nos quis brindar, neste final de ano, talvez para umas ensaboadelas necessárias, conquanto inúteis, poderiam servir para quem se encarrega desses saberes como coisa indispensável ao prosseguimento da rota governativa. Mas haverá cá disso?

Socorro-me também da Internet, para aclarar ainda a questão dos “oligos”, que significa “pouco”, em grego, única coisa da minha sapiência esmorecida.

 

CAMBÃO

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO,  30.12.23

Chama o nosso povo de cambão ao acordo particular (tendencialmente secreto) de preços entre os agentes económicos do mesmo lado do mercado (da Procura ou da Oferta) de modo a anularem a concorrência entre eles e atirarem o risco para o outro lado do mercado.

* * *

Este tipo de actuação concertada só é possível em oligopsónios («não compramos acima do preço X») e do oligopólionão vendemos abaixo do preço Y»), ou seja, em situações nominativamente identificadas, tudo ao arrepio da transparência dos mercados.

Um mercado é transparente quando a Oferta e a Procura nele se encontram em total liberdade e anonimato donde resultam preços publicamente conhecidos.

Face ao que se deve concluir que em Portugal não há mercados transparentes uma vez que o grande comércio de retalho constitui um poderoso oligopsónio que se impõe facilmente a uma miríade de potenciais fornecedores, sempre sob a ameaça da alternativa da importação que ninguém investiga se por ali anda algum dumping à mistura.

Não contentes com esta prática generalizada do esmagamento dos preços à produção, o cenário ainda é «enfeitado» com a produção cerealífera nacional (5% do nosso consumo de cereais) a ser cotado em conformidade com a… Bolsa de Chicago!  Mais ainda, o décor do cenário vai ao cúmulo do absurdo com as Lotas a cotarem o pescado em leilão descendente - o campo mais fértil para o cambão da Procura.

Aqui chegados, dá para perguntar como é que em Portugal ainda há quem se arrisque a semear uma batata e a pescar um carapau. É que, se o cambão existe como hábito pernicioso (vício) do mercado, não faz qualquer sentido que seja o próprio Estado a fomentá-lo como no caso das Lotas ou a permiti-lo com passividade como no caso do grande retalho. E se a este cenário tão adverso à produção juntarmos a ideia caótica de que o Consumo é o motor do desenvolvimento, dificilmente se compreende que haja – nomeadamente na classe política – quem se espante com a dimensão astronómica da dívida externa privada, com a exaustão do crédito externo do nosso sistema bancário e com a passagem deste para o controlo estrangeiro.

E, contudo, é relativamente fácil resolver o problema: basta promover a distribuição equitativa do risco entre a Oferta e a Procura (actualmente e desde há algumas décadas, o risco incide maioritariamente sobre a Oferta).

Falta apenas nomear alguém que lidere um Ministério da Agricultura e Pescas que não seja apenas uma caixa distribuidora de subsídios. E que isto aconteça no novo ano.

Votos de feliz 2024 para todos e em especial para quem pertença à Oferta portuguesa.

30 de Dezembro de 2023

 

AGRICULTURA E PESCAS

LINHAS DE ACTUAÇÃO

 LINHA EUROPEIA – Execução da Política Agrícola Comum (PAC) e da Política Comum das Pescas (PCP);

LINHA DOS PREÇOS - Assegurar a transparência dos mercados;

LINHA HÍDRICA - Obtenção da independência hídrica nacional;

LINHA PROFISSIONALIZANTE– Ampliação/criação da rede escolar profissionalizante equivalente ao 12º ano de escolaridade, (acção mista com o Ministério da Educação) Escolas Práticas de Agricultura e E.P do Mar.

* * *

NOTAS EXPLICATIVAS

Relativamente à segunda linha, constituição da «Bolsa de Mercadorias» onde se realizem transacções sobre produtos reais (à vista) e sobre futuros (produtos virtuais que, chegando a oferta e a procura a acordo de preço, serão produzidos e entregues em prazo certo).

Na terceira linha, trata-se de dotar cada bacia hidrográfica (em especial as da metade sul do nosso território continental) de central dessalinizadora (evaporação forçada por recurso exclusivo a energias renováveis – solar e eólica).

Na quarta linha (mista com o Ministério da Educação) combate ao abandono escolar precoce. Trata-se de promover as vias profissionalizantes.

Lisboa, Dezembro de 2023 Henrique Salles da Fonseca

 

E a lição continua:

ADENDA DA INTERNET (Adaptado do brasileiro)

ECONOMIA

Oligopólio: saiba o que é e como ele pode influenciar sua vida financeira

por: TIAGO REIS, 15/04/2018 19:49Actualizado em: 25/07/2023 23:02

competição faz parte do mundo dos negócios. Para actuar em um determinado mercado, um empreendedor deve estar sempre atento aos seus concorrentes. Só que muitas vezes, esse mercado é dominado por poucas empresas. Ou seja, existe um oligopólio.

oligopólio ocorre quando determinado sector da economia conta com um pequeno número de empresas oferecendo certo produto ou serviço. Pode existir tanto de forma natural como de forma estruturada.

O que é oligopólio?

O oligopólio dá-se quando um número pequeno de empresas detém parcela significativa de algum mercado. A origem da palavra vem do grego. “Oligo” significa poucos e “pólio” representa venda ou comércio. Ele pode ser considerado como um meio-termo entre um mercado competitivo e um monopólio.

Este é um conceito utilizado na economia política, ciência que se dedica a estudar os processos e as relações económicas de uma sociedade.

Quando existe oligopólio e monopólio em uma determinada área da economia, há um total domínio de mercado por parte das empresas que nele actuam. Dessa forma, a competição entre as empresas pode não ocorrer acirradamente, prejudicando o consumidor.

Em um mercado competitivo, há várias empresas disputando espaço pela preferência dos clientes. Essa disputa faz com que os preços dos produtos se reduzam, favorecendo o consumidor final.

No oligopólio, poucas empresas disputam espaço pela preferência do consumidor. De tal forma que os preços podem ser maiores que em um mercado competitivo.

Como surgem os oligopólios?

Os oligopólios podem surgir em um certo mercado de forma natural. Isso ocorre, por exemplo, em áreas em que é necessária uma produção em larga escala e a participação de pequenos produtores não é incentivada. Nesse caso, apenas grandes empresas prosperam.

Também pode surgir oligopólio quando, para o exercício de determinada actividade, é necessária alguma intervenção ou autorização estatal para o funcionamento. É o caso de actividades que dependam de algum tipo de alvará ou concessão.

Oligopólios, assim como monopólios, formam-ase  ainda a partir da fusão e incorporação de empresas que antes eram concorrentes.

Características do oligopólio

O oligopólio é um modelo de mercado que segue o conceito da Concorrência Imperfeita, que é um tipo de falha de mercado. Isso significa que procura e oferta não operam em equilíbrio, fazendo com que haja determinado domínio e influência das empresas no direccionamento dos preços.

Essa situação cria uma grande economia de escala. Isto é, conforme a empresa eleva a sua participação no mercado, ela consegue grandes economias através da diluição de custos fixos. Isto faz com que seja comum existirem poucas e grandes empresas no sector.  

Além disso, dificulta que novos players entrem no mercado, pois a empresa teria que crescer bastante para diluir seus custos e tornar-se lucrativa.

Algumas características de um mercado oligopolista, portanto, são:

Presença de poucas empresas no mercado. Em geral, duas ou três de grande porte.

Preços são controlados ou apresentam pequena variação.

Empresas são interdependentes. A acção de uma afecta e incentiva as demais.

Existem barreiras para a entrada de novos competidores.

Um oligopólio pode ser concentrado ou competitivo. No modelo oligopólio concentrado, o sector da economia tem poucas empresas actuando e por isso elas dominam o mercado.

Já no oligopólio competitivo, o sector possui muitas empresas disputando o mercado. Apesar disso, um pequeno número delas tem domínio de uma alta percentagem.

Oligopólio e a concorrência perfeita

Para entender melhor o que é oligopólio, é importante saber qual é a alternativa a ele. De acordo com economistas, o modelo ideal de mercado é aquele que opera seguindo o conceito conhecido como Concorrência Perfeita.

Teoria Malthusiana: entenda o que diz esse conceito econômico

Teoria Malthusiana: entenda o que diz esse conceito económico

Nesse modelo, existe grande quantidade tanto de oferta quanto de procura. Dessa forma, vendedores e compradores não conseguem, de maneira individualizada, influenciar os preços desse mercado.

Quando há concorrência perfeita, pode-se perceber a presença de 3 características:

Pouca ou nenhuma diferença entre os produtos

Mercado opera em condições de transparência

Saída e entrada no mercado é livre

O mercado de açúcar enquadra-se nesse modelo. O produto tem uma grande quantidade de produtores e consumidores. Além disso, a actividade pode ser explorada por qualquer pessoa, sem limitações.

Caso uma empresa eleve o preço, o consumidor invariavelmente vai procurar outro fornecedor, afinal os produtos são semelhantes.

Por outro lado, caso a empresa baixe demais o preço em relação aos concorrentes, possivelmente não terá lucro e a operação não será sustentável.

Isso porque, nessa estrutura de mercado com concorrência perfeita, as margens de lucro não são altas.  A tendência, portanto, é uma estabilização e equilíbrio de preços.

SAIBA MAIS

Oligopsónio

Se o oligopólio se caracteriza pela existência de poucas empresas dominando o mercado, o oligopsónio é exactamente o inverso. Ou seja, é quando existem muitos vendedores para certo produto.

Nessa estrutura de mercado, os compradores são capazes de forçar os preços para baixo, fazendo com que o equilíbrio do mercado seja quebrado.

oligopsónio ocorre na área dos supermercados. Vamos imaginar que, em uma cidade pequena ou média, estão presentes três lojas diferentes. Para abastecer o sector de frutas e verduras, elas fazem negociações com produtores locais.

Duopólio: entenda como funciona esse tipo de configuração de mercado

Esses produtores rurais têm interesse em vender todas as suas mercadorias. Os supermercados, por sua vez, optam por comprar sempre o produto mais barato.

Para conseguir a venda, os produtores rurais devem competir entre si e baixar os preços.

Neste exemplo, portanto, os supermercados, graças ao seu poder de comprador, conseguem influenciar o valor dos produtos. Assim como o oligopólio, o oligopsónio é considerado um modelo de concorrência imperfeita, que é quando um participante do processo económico consegue subverter a ideia da lei da oferta e procura.

Um outro modelo de concorrência imperfeita é conhecido como oligopólio bilateral. Nesse caso, há quantidades iguais de compradores e vendedores.

As duas partes conseguem exercer influência sobre os preços, uma vez que o produtor quer vender determinada quantidade de produto único por um certo preço e o comprador pode querer pagar um preço mais baixo.

Casos como esse são raros. Um exemplo brasileiro é a Nuclebrás, indústria de enriquecimento de urânio, que tem como único cliente a usina nuclear de Angra dos Reis.

Duopólio

O duopólio tem as mesmas características que um oligopólio. A diferença fundamental é que existem apenas duas empresas dominando o mercado de certo serviço ou produto. Seria, portanto, a forma mais básica de um oligopólio.

No arranjo de um duopólio, estão presentes algumas dessas características:

Entrada de novos competidores é impedida, seja por meios regulatórios ou outra vantagem competitiva.

Empresas que estão nessa posição apresentam baixa eficiência e aumento constante dos preços.

Empresas dominantes não competem entre si e actuam em cooperação, muitas vezes fazendo cartel.

Consequências do oligopólio

A dinâmica dos oligopólios não favorece o consumidor final. Com menos empresas disputando espaço no mercado, o preço tende a ser maior.

Mas quais seriam as consequências desta forma de mercado para as empresas?

Como a concorrência é reduzida, é normal que as empresas tendam a ser bastante lucrativas. Além disso, estes mercados tendem a apresentar elevadas margens de lucratividade. Ainda, é comum que as empresas pratiquem preços similares aos de concorrência ao vender o seu produto.

Imagem da empresa

Marca

Percepção do consumidor

Relação pós-venda

Dessa forma, uma das principais consequências é o empobrecimento do mercado. Isso ocorre na medida em que a competição entre as empresas é mínima. Elas, por sua vez, não se sentem motivadas a buscar inovações ou qualquer avanço em suas operações.

Cartelização

Oligopólio e cartel estão intimamente ligados. O cartel surge quando empresas que dominam um mesmo ramo de mercado passam a agir de forma coordenada. O objectivo é combinar preços de tal maneira que a margem de lucro seja ampliada.

Para isso, as empresas cooperam entre si, em uma operação conhecida como conluio. Elas fazem com que determinado produto seja vendido a um preço mais alto, por estar menos disponível no mercado.

Com essa prática, a lei da oferta e da demanda é subvertida. Dessa forma, os consumidores pagam mais do que um produto vale. Além disso, empresas ineficientes ou improdutivas são beneficiadas.

O cartel é crime contra a ordem económica. Realizar esse tipo de prática anti-concorrência pode dar uma pena que varia de 2 a 5 anos de prisão aos responsáveis. Se essa acção envolver mercados da área da saúde, por exemplo, a pena pode ser aumentada em até 50%.

Os envolvidos em esquema de cartelização ainda podem pagar multa de até 30% sobre o lucro da empresa.

 

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