sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Talvez também


Tenhamos nós culpa, dada a nossa condição – até mais de hoje do que de ontem, por via das medidas deseducativas impostas pelos desgovernos, desde o início abrilino,  -  mas que se têm acentuado com o despejar de dinheiros externos sobre a nossa avidez descontraída e lorpa, amante do santo ripanço, e com basta dose de indignidade vivencial – descontados, é claro, os desesperos das fatalidades, que conduzem, por vezes, a tais situações de despojamento existencial.

Sem-abrigo: mais um fracasso do governo

Após planos plurianuais e milhões de euros investidos, a situação não só não melhorou como se agravou. Quando se agrava um problema que se pretendia erradicar, o fracasso não é menos do que total.

ALEXANDRE HOMEM CRISTO Colunista do Observador

 

OBSERVADOR, 21 dez. 2023, 00:2135

Em 2019, Marcelo Rebelo de Sousa definiu como objectivo político a erradicação da situação de sem-abrigo. O compromisso foi anunciado pelo Presidente da República ao lado da ministra Ana Mendes Godinho, estando sustentado num plano de implementação a 4 anos (até 2023) liderado pelo governo, mas com o apoio (e monitorização) da Presidência. Em 2019, os registos apontavam para que estivessem 7100 pessoas em situação de sem-abrigo. Pretendia-se, portanto, reduzir este número progressivamente até 2023.

Uma coisa são as promessas, outra bem diferente é a realidade. Pelos indicadores de monitorização, rapidamente se percebeu que a meta fixada para 2023 não seria alcançada. Pior ainda: em vez de uma melhoria, a situação viria a agravar-se. Em 2020, o número de pessoas em situação de sem-abrigo subiu para 8200 (+1100 face a ano anterior). Em 2021, atingiu 9600 (+1400 face a ano anterior). Em 2022, são já 10770 (+1170 face a ano anterior). Para 2023, os dados não estão ainda compilados, mas a tendência de aumento deverá manter-se. De acordo com a Comunidade Vida e Paz, o aumento mais recente do número de sem-abrigo ronda os 25%.

Nesta triste história, há duas constatações inevitáveis. A primeira é a incapacidade do Estado em encontrar soluções eficazes para uma população particularmente frágil. Não desvalorizo a complexidade do fenómeno que se visava erradicar, mas essa complexidade não justifica que se falhasse por tanto. Após planos de implementação plurianuais e milhões de euros investidos, a situação não só não melhorou como se agravou — em vez de se avançar, retrocedeu-se. Recentemente, Marcelo Rebelo de Sousa redefiniu objectivos e baixou a fasquia: a meta temporal passou para 2026 e o objectivo já não é a erradicação mas sim a redução no máximo possível. Ou seja, mais tempo para menos ambição. Nas entrelinhas das palavras do Presidente da República, o que se ouviu foi uma confissão de incapacidade.

A segunda constatação é o fracasso político do governo numa área de intervenção considerada prioritária. No início de Dezembro, foi o próprio Presidente da República a reconhecê-lo, admitindo que a estratégia do governo não resultou. Os dedos apontam-se à pandemia, numa repetição do que já se ouviu na Educação ou na Saúde: afinal, a pandemia tem costas largas e serve sempre para o discurso político mascarar as suas falhas. Ora, como será fácil de ver, foi muito mais o que correu mal: fixaram-se metas irrealistas, desenharam-se intervenções insuficientes, definiu-se um investimento escasso para a dimensão do desafio. E os resultados falam por si: quando se agrava um problema que se pretendia erradicar, o fracasso não é menos do que total.

A política está cada vez mais reduzida a um produto artificial de comunicação, onde imperam os jogos de sombras e onde as narrativas se valorizam mais do que os factos. Felizmente, mesmo no meio da confusão cacofónica, subsistem evidências que nenhuma narrativa consegue ocultar: qualquer político consegue fazer promessas, mas só os políticos competentes é que as conseguem cumprir. E, no combate à pobreza e à situação dos sem-abrigo, o governo prometeu, mas não cumpriu — e, na verdade, até permitiu o agravamento da situação. Eis algo que valeria a pena discutir nas infindáveis horas de debate televisivo sobre a situação política: o país está pior porque, passados 8 anos, o PS tem um longuíssimo cadastro de fracassos na governação.

SEM-ABRIGO     SOCIEDADE     GOVERNO      POLÍTICA      MARCELO REBELO DE SOUSA      PRESIDENTE DA REPÚBLICAuy9o,i8

COMENTÁRIOS (de 35)

Carlos Chaves: Mais um exemplo do criminoso papel que a comunicação social do nosso país está a desempenhar, ao ocultar que “(…)o país está pior porque, passados 8 anos, o PS tem um longuíssimo cadastro de fracassos na governação.” Ao invés de termos este tema e muitos outros malefícios que socialismo provoca na nossa sociedade, em discussão pública e séria, a esmagadora maioria da comunicação social, maquilha, protege e exulta os autores desta verdadeira tragédia. A comunicação social é corresponsável pela vergonhosa situação em que os socialistas transformaram Portugal! Obrigado Alexandre por não fazer parte deste clube de repugnantes  bajuladores.                      António Melo: Este é "apenas" mais um caso que reforça a evidência do falhanço completo dos governos de esquerda dos últimos 8 anos. São tantas e tão graves as áreas em que as coisas se degradaram a níveis nunca antes experienciados que me parece impossível aparecerem sondagens com o PS em primeiro ou ao nível do PSD.  Só me ocorrem duas explicações: o "clubismo" atávico e cego e a passadeira vermelha estendida pela CS aos socialistas. Em resposta a estes dois motivos: as consequências da derrota do nosso clube, por mais que nos entristeça, não é comparável à tristeza de antever um futuro infeliz para os nossos filhos e netos e à CS deixaria um apelo à coragem de remar contra a corrente mas a favor da verdade. São inúmeras as áreas em que estamos pior. Bastaria perguntar a PNS: "não se estará a esquecer que o PS governou nos últimos 8 (OITO!!!) anos?"                  AdOB: Marcelo disse e, como de costume, falou demais. Convidou os Timorenses a virem para PT e de repente tivemos uma crise de sem-abrigos no Martim Moniz. O PS é igual... abre portas a imigração descontrolada e só tem o mesmo resultado devido às redes de neo-escravatura/imigração ilegal. Se não tivéssemos 6 a 8 neo-escravos a partilhar um quarto, cada um deles a pagar 200 euros por um colchão, o cenário seria pior. Este Governo acha-se um génio por repor 200k pessoas por ano, quando 100k são neo-escravos. Quando um apartamento arde e mata 10, a culpa é do Moedas. Estas redes de imigração ilegal estão a comprar apartamentos e prédios em dinheiro vivo. E qual é o resultado? É que metade dos sem-abrigo em Lisboa, trabalham. Entre os neo-escravos que rejeitam a rede que os tentou escravizar e os locais que ganham próximo do ordenado mínimo, o resultado é o mesmo - zero habitação e tendas da Quechua espalhadas por todo o lado. É uma pena a Joacina já não estar entre nós. Gostaria de saber o que ela (e os que como ela pensam) têm a dizer sobre este neo-colonialiasmo/escravatura, em que a mão-de-obra é traficada e explorada para suprir as necessidades de natalidade e mão de obra. E os fascistas são do Chega?? Os fascistas, hoje, são de esquerda. Não de direita.                 Ana Luís da Silva: O falhanço clamoroso na questão de diminuir substancialmente o número de pessoas que não têm casa e dormem na rua é muito grave, mas o que se poderia esperar de Costa e companhia? Seria interessante saber, que medidas concretas o governo está a implementar para reintegrar os sem-abrigo na sociedade tanto quanto possível.  Ou se está simplesmente a atirar dinheiro dos impostos de todos sobre os problemas, como costuma fazer, sem resolver nada, enquanto disfarça a criação de mais uns cargos para os inúteis do partido socialista.  Antes de mais não haja dúvida que o desafio é gigantesco: tirar uma pessoa da rua não é tarefa fácil, até porque cada sem-abrigo tem às costas a sua história dolorosa muito diferente dos demais. Alguns exemplos: o miúdo de 18 anos que fugiu de casa das bandas do Alentejo onde não há comida, mal-amado, que não tirou sequer a escolaridade obrigatória, criado por uma avó que vive de uma pensão de miséria; a jovem adulta tóxico-dependente, sempre à procura da próxima dose, que foi expulsa de casa por roubar a família e desestabilizar o ambiente familiar, sendo um exemplo destrutivo para os irmãos mais novos; o senhor educado mas reformado ou desempregado de fracas posses, mas que está sem casa porque a mulher se divorciou dele e ficou a morar na casa do casal e ele não teve outro remédio senão ir viver para a rua; o estrangeiro de leste com a saúde mental esfrangalhada por traumas de guerra inimagináveis; as vagas recentes de imigrantes por exemplo de Timor Leste, que não encontraram casa nem trabalho, convidados a vir trabalhar para Portugal por um presidente desbocado sem noção nenhuma da realidadeOs exemplos multiplicam-se e exigem um plano arrojado de acompanhamento próximo e continuo, provavelmente durante muitos meses, para reconstruir a base social que permitisse dar condições a estas pessoas para saírem da rua. O que fizeram os socialistas? Gostaria mesmo de saber se fizeram alguma coisa de positivo, pois de negativo, que me lembre, permitiram o divórcio a pedido (o “saudoso” Sócrates!) deixaram de construir casas para acolher indigentes, com intervencionismos bacocos deram cabo do mercado de arrendamento para a classe média-baixa, permitiram uma imigração maciça de estrangeiros de baixas qualificações, etc, mas sobretudo impedem Portugal de crescer com uma carga de impostos verdadeiramente de confisco que, entre outras coisas, é um obstáculo a que as empresas portuguesas ganhem dimensão e criem mais emprego e melhores salários. Enfim, um imbróglio de todo o tamanho. Com o socialismo, que só cria miséria e não resolve nada, não vamos a lado nenhum.                       JOSÉ MANUEL: Kosta candidamente explicará que a culpa é do Passos ou do parágrafo e, se forem os partidos da direita a questionar, perguntará se a pergunta é devido à cor da sua pele.       JOHN MARTINS: Caro, Alexandre,  os números falam por si, mas não se preocupe que eles arranjam narrativa adequada, como quem diz, as mentiras do costume...                    Pedro Campos > Carlos Chaves: Na verdade, a maioria da comunicação social deste país é cúmplice dos fracassos do PS!

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