Tenhamos nós culpa, dada a nossa
condição – até mais de hoje do que de ontem, por via das medidas deseducativas
impostas pelos desgovernos, desde o início abrilino, - mas
que se têm acentuado com o despejar de dinheiros externos sobre a nossa avidez descontraída
e lorpa, amante do santo ripanço, e com basta dose de indignidade vivencial –
descontados, é claro, os desesperos das fatalidades, que conduzem, por vezes, a
tais situações de despojamento existencial.
Sem-abrigo: mais um fracasso do governo
Após planos plurianuais e milhões de
euros investidos, a situação não só não melhorou como se agravou. Quando se
agrava um problema que se pretendia erradicar, o fracasso não é menos do que
total.
ALEXANDRE HOMEM
CRISTO Colunista do Observador
OBSERVADOR, 21 dez. 2023, 00:2135
Em 2019, Marcelo Rebelo de Sousa definiu como objectivo político a
erradicação da situação de sem-abrigo. O
compromisso foi anunciado pelo Presidente da República ao lado da ministra Ana
Mendes Godinho, estando sustentado num plano de implementação a 4 anos (até
2023) liderado pelo governo, mas com o apoio (e monitorização) da Presidência.
Em 2019, os registos apontavam para que estivessem 7100 pessoas em situação
de sem-abrigo. Pretendia-se, portanto, reduzir este número progressivamente até
2023.
Uma coisa são as promessas, outra bem
diferente é a realidade. Pelos indicadores de monitorização, rapidamente se
percebeu que a meta fixada para 2023
não seria alcançada. Pior ainda: em vez de uma melhoria, a situação viria a
agravar-se. Em 2020, o
número de pessoas em situação de sem-abrigo subiu para 8200 (+1100 face a ano
anterior). Em 2021, atingiu 9600 (+1400 face a ano anterior). Em 2022, são já
10770 (+1170 face a ano anterior). Para 2023, os dados não estão ainda
compilados, mas a tendência de aumento deverá manter-se. De acordo com a
Comunidade Vida e Paz, o aumento mais recente do número de sem-abrigo ronda os
25%.
Nesta triste história, há duas
constatações inevitáveis. A primeira é a incapacidade do Estado em encontrar
soluções eficazes para uma população particularmente frágil. Não
desvalorizo a complexidade do fenómeno que se visava erradicar, mas essa
complexidade não justifica que se falhasse por tanto. Após planos de implementação plurianuais e milhões de euros investidos,
a situação não só não melhorou como se agravou — em vez de se avançar, retrocedeu-se. Recentemente, Marcelo
Rebelo de Sousa redefiniu objectivos e baixou a fasquia: a meta temporal passou
para 2026 e o objectivo já não é a erradicação mas sim a redução no máximo
possível. Ou seja, mais tempo para menos ambição. Nas entrelinhas das palavras
do Presidente da República, o que se ouviu foi uma confissão de incapacidade.
A segunda constatação é o fracasso
político do governo numa área de intervenção considerada prioritária. No início
de Dezembro, foi o próprio Presidente da República a reconhecê-lo, admitindo
que a estratégia do governo não resultou. Os dedos apontam-se à pandemia, numa
repetição do que já se ouviu na Educação ou na Saúde: afinal, a pandemia tem
costas largas e serve sempre para o discurso político mascarar as suas falhas. Ora, como
será fácil de ver, foi muito mais o que correu mal: fixaram-se metas
irrealistas, desenharam-se intervenções insuficientes, definiu-se um
investimento escasso para a dimensão do desafio. E os resultados falam por si:
quando se agrava um problema que se pretendia erradicar, o fracasso não é menos
do que total.
A política está cada vez mais reduzida a um produto artificial de
comunicação, onde imperam os jogos de sombras e onde as narrativas se valorizam
mais do que os factos. Felizmente, mesmo no meio da confusão cacofónica,
subsistem evidências que nenhuma narrativa consegue ocultar: qualquer político
consegue fazer promessas, mas só os políticos competentes é que as conseguem
cumprir. E, no combate à pobreza e à situação dos sem-abrigo, o
governo prometeu, mas não cumpriu — e, na verdade, até permitiu o agravamento
da situação. Eis algo que valeria a pena discutir nas infindáveis
horas de debate televisivo sobre a situação política: o país
está pior porque, passados 8 anos, o PS tem um longuíssimo cadastro de
fracassos na governação.
SEM-ABRIGO SOCIEDADE GOVERNO POLÍTICA MARCELO
REBELO DE SOUSA PRESIDENTE DA
REPÚBLICAuy9o,i8
COMENTÁRIOS
(de 35)
Carlos
Chaves: Mais um exemplo do criminoso papel que a
comunicação social do nosso país
está a desempenhar, ao ocultar
que “(…)o país está pior porque, passados 8 anos, o PS tem um longuíssimo
cadastro de fracassos na governação.” Ao invés de termos este tema e muitos outros
malefícios que socialismo provoca na nossa sociedade, em discussão pública e séria, a esmagadora maioria da comunicação social, maquilha,
protege e exulta os autores desta verdadeira tragédia. A comunicação social é
corresponsável pela vergonhosa situação em que os socialistas transformaram
Portugal! Obrigado Alexandre por não fazer parte deste clube de
repugnantes bajuladores. António Melo: Este é "apenas" mais um caso que reforça a
evidência do falhanço completo dos governos de esquerda dos últimos 8 anos.
São tantas e tão graves as áreas em que as coisas se degradaram a níveis nunca
antes experienciados que me parece impossível aparecerem sondagens com o PS em
primeiro ou ao nível do PSD. Só me ocorrem duas explicações: o
"clubismo" atávico e cego e a passadeira vermelha estendida pela CS
aos socialistas. Em resposta a estes dois motivos: as consequências da
derrota do nosso clube, por mais que nos entristeça, não é comparável à
tristeza de antever um futuro infeliz para os nossos filhos e netos e à CS
deixaria um apelo à coragem de remar contra a corrente mas a favor da verdade. São
inúmeras as áreas em que estamos pior. Bastaria perguntar a PNS: "não se
estará a esquecer que o PS governou nos últimos 8 (OITO!!!) anos?" AdOB: Marcelo disse e, como de costume, falou demais.
Convidou os Timorenses a virem para PT e de repente tivemos uma crise de
sem-abrigos no Martim Moniz. O PS é igual... abre portas a imigração
descontrolada e só tem o mesmo resultado devido às redes de
neo-escravatura/imigração ilegal. Se
não tivéssemos 6 a 8 neo-escravos a partilhar um quarto, cada um deles a pagar
200 euros por um colchão, o cenário seria pior. Este Governo acha-se um
génio por repor 200k pessoas por ano, quando 100k são neo-escravos. Quando
um apartamento arde e mata 10, a culpa é do Moedas. Estas
redes de imigração ilegal estão a comprar apartamentos e prédios em dinheiro
vivo. E qual é o resultado? É que metade dos sem-abrigo em Lisboa, trabalham. Entre os neo-escravos que rejeitam a rede que os
tentou escravizar e os locais que ganham próximo do ordenado mínimo, o
resultado é o mesmo - zero habitação e tendas da Quechua espalhadas por todo o
lado. É uma pena a Joacina já não estar entre nós. Gostaria de saber o que ela
(e os que como ela pensam) têm a dizer sobre este neo-colonialiasmo/escravatura,
em que a mão-de-obra é traficada e explorada para suprir as necessidades de
natalidade e mão de obra. E os fascistas são do Chega?? Os fascistas, hoje,
são de esquerda. Não de direita. Ana Luís
da Silva: O falhanço clamoroso na questão de diminuir
substancialmente o número de pessoas que não têm casa e dormem na rua é muito
grave, mas o que se poderia esperar de Costa e companhia? Seria interessante
saber, que medidas concretas o governo está a implementar para reintegrar os
sem-abrigo na sociedade tanto quanto possível. Ou se está
simplesmente a atirar dinheiro dos impostos de todos sobre os problemas, como
costuma fazer, sem resolver nada, enquanto disfarça a criação de mais uns
cargos para os inúteis do partido socialista. Antes de
mais não haja dúvida que o desafio é gigantesco: tirar uma pessoa da rua não é
tarefa fácil, até porque cada sem-abrigo tem às costas a sua história dolorosa
muito diferente dos demais. Alguns
exemplos: o miúdo de 18 anos que fugiu de casa das bandas do Alentejo onde não
há comida, mal-amado, que não tirou sequer a escolaridade obrigatória, criado
por uma avó que vive de uma pensão de miséria; a jovem adulta
tóxico-dependente, sempre à procura da próxima dose, que foi expulsa de casa
por roubar a família e desestabilizar o ambiente familiar, sendo um exemplo
destrutivo para os irmãos mais novos; o senhor educado mas reformado ou
desempregado de fracas posses, mas que está sem casa porque a mulher se
divorciou dele e ficou a morar na casa do casal e ele não teve outro remédio
senão ir viver para a rua; o estrangeiro de leste com a saúde mental
esfrangalhada por traumas de guerra inimagináveis; as vagas recentes de imigrantes por exemplo de
Timor Leste, que não encontraram casa nem trabalho, convidados a vir trabalhar
para Portugal por um presidente desbocado sem noção nenhuma da realidade.
Os exemplos multiplicam-se e exigem
um plano arrojado de acompanhamento próximo e continuo, provavelmente durante
muitos meses, para reconstruir a base social que permitisse dar condições a
estas pessoas para saírem da rua. O que fizeram os socialistas? Gostaria mesmo
de saber se fizeram alguma coisa de positivo, pois de negativo, que me lembre,
permitiram o divórcio a pedido (o “saudoso” Sócrates!) deixaram de construir
casas para acolher indigentes, com intervencionismos bacocos deram cabo do
mercado de arrendamento para a classe média-baixa, permitiram uma imigração
maciça de estrangeiros de baixas qualificações, etc, mas sobretudo impedem
Portugal de crescer com uma carga de impostos verdadeiramente de confisco que,
entre outras coisas, é um obstáculo a que as empresas portuguesas ganhem
dimensão e criem mais emprego e melhores salários. Enfim, um imbróglio de todo o tamanho. Com o socialismo, que só cria miséria e não resolve
nada, não vamos a lado nenhum. JOSÉ
MANUEL: Kosta candidamente explicará que a culpa
é do Passos ou do parágrafo e, se forem os partidos da direita a questionar,
perguntará se a pergunta é devido à cor da sua pele. JOHN MARTINS: Caro, Alexandre, os números falam por si, mas não
se preocupe que eles arranjam narrativa adequada, como quem diz, as mentiras do
costume... Pedro Campos
> Carlos Chaves: Na verdade, a maioria da comunicação social deste país
é cúmplice dos fracassos do PS!
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