quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

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Um texto elucidativo – de Cristina Martín Jiménez – sobre a condição de dependência económica dos tristes povos subservientes de que fazemos parte honrada. Durão Barroso devia vir à liça, explicar.

Leiam com atenção e percebam de uma vez por todas quem manda nesta Europa!

«O modelo bélico clássico foi substituído pela crise económica. Os grupos de poder e as nações mais poderosas declaram-nos uma guerra financeira, intervêm e impõem as leis que, segundo eles, devem legislar o país intervencionado para recuperar do problema que eles causaram.

Em 2010, em plena crise, criou-se na Europa uma instituição supranacional e não democrática, a troika (formada pelo BCE, o FMI e a Comissão Europeia), que interveio na soberania dos países. Em troca da oferta de ajuda económica obrigou-os a ajustes cruéis: subida de impostos, cortes nos gastos da educação, da saúde, das prestações sociais, do desemprego e das pensões, redução do número de funcionários públicos, redução ou estagnação dos salários... Estas leis afectaram os aspectos fundamentais da vida das pessoas. E ainda que não fosse ético, sim, era legal. Antes da crise criaram as estruturas legislativas e judiciais com as quais obteriam o máximo benefício desta catástrofe. Só depois de aprovado o Tratado de Lisboa, no ano de 2007 (a Constituição Europeia), é que principiou a crise, no ano de 2008. É, no mínimo, suspeito.

(...) Para os senhores do poder, a guerra é um instrumento de organização social e, neste processo, a crise é uma intervenção criada com vários fins. É uma guerra económica para estabelecer uma escravidão humana mais sofisticada, concordante com o seu conceito de sociedade global.

Atacam-nos por todos os flancos socioeconómicos. Primeiro, "oferecem-nos" o dinheiro, ao abrir de modo desafogado os créditos. Depois mudam as condições das hipotecas subscritas, com a subida dos juros, ou seja, do preço do dinheiro emprestado. A prestação mensal de uma hipoteca média passou de 400 para 1200 euros mensais. Em paralelo, de forma brusca, restringiram o crédito, produzindo a paralisação ou a estagnação da actividade económica. A seguir chegou o efeito devastador do desemprego.

(...) O segundo passo deu-se quando os bancos privados receberam uma série de ajudas públicas para compensar o incumprimento das hipotecas e o impacto da crise imobiliária. Converteram-se em receptores das ajudas e nos donos de todas as casas hipotecadas não pagas e embargadas. Os bancos privados ficaram com as ajudas públicas e com as casas de todas essas pessoas que, ao verem-se sem trabalho, as perderam, continuando todavia devedoras das entidades financeiras porque a garantia prestada não foi aprovada.

Na fase das execuções por incumprimento os bancos avaliaram os imóveis a preço de crise, com uma enorme depreciação do valor pelo qual foram comprados. Assim, no momento de execução das hipotecas, a perda do imóvel não cobre, na maioria dos casos, a totalidade da dívida contraída com a entidade financeira. O resultado é que a pessoa embargada não só perde a habitação como continua a dever dinheiro ao banco. O negócio da banca privada foi perfeito. Ficou com:

- As ajudas públicas

- Os imóveis

- E continuam a ter uma quantidade imensa de pessoas presas por uma dívida, escravas dessa dívida.

(...) Por seu lado, o BCE regula os tipos de juros e injecta dinheiro nos bancos para o seu resgate, o seu saneamento. Em síntese, e tomando como modelo o ocorrido em Espanha, a banca privada, animada pela bolha imobiliária, começou por socializar os empréstimos: dinheiro fácil e rápido para toda a gente. A seguir provocou uma subida gradual dos tipos de juro. Depois, ou ao mesmo tempo, reduziu drástica e repentinamente o empréstimo e a bolha imobiliária rebentou. O resultado foi o aumento dramático do desemprego e das execuções hipotecárias maciças perante a falta de pagamento e a altíssima morosidade.

Por fim veio o resgate bancário por parte do Estado, com o dinheiro dos contribuintes. Através do BCE, o Governo de Espanha recebeu uma série de ajudas que foram parar à banca privada (às entidades bem e mal geridas) com o argumento, ainda não demonstrado, de que a queda de certos bancos provocaria um dano maior. A consequência última é a depressão económica.

(...) O que se fez foi seguir as directrizes do FMI, do BCE e da Comissão Europeia: subir impostos, fazer reformas laborais, das pensões, etc. As ajudas não chegaram à economia doméstica nem às pequenas e médias empresas. Há uma restrição absoluta. A juntar a uma das pressões fiscais mais elevadas da Europa, acompanhada por uma taxa de desemprego igualmente alta. Estamos numa situação de colapso e de depressão económica desorbitada e dramática.

(...) A Espanha está à venda. Como o resto dos países europeus a que o império Bilderberg declarou guerra económica, que baptizei com o nome de Eurosul: Grécia, Itália, Portugal, para além da Irlanda e de Chipre, com o escândalo do ataque que sofreram os aforradores em Março de 2013. O presidente Nicos Anastasiades foi obrigado a comunicar ao país que aceitara "a opção menos dolorosa", ou seja, o resgate, e que estava disposto a assumir o preço político" da decisão, ou seja, que os cipriotas não o reelejam nas próximas eleições. O Eurogrupo concedia-lhe um resgate de 10.000 milhões de euros em troca dos clientes dos bancos pagarem um imposto. Segundo Anastasiades, o dinheiro deste imposto seria recuperado com acções dos bancos resgatados, cujo valor está garantido com o retorno que o Estado cipriota espera obter da exploração de umas jazidas de gás recentemente descobertas.

Aí estava outra armadilha: a guerra pelos recursos. Endividam os países e apropriam-se de parte da sua soberania, do seu dinheiro e das suas riquezas naturais - no caso do Chipre, do gás - ao decidirem por eles. Outra jogada de mestre dos desenhadores do sistema.

Na Grécia, dois políticos alemães instaram-na a vender as ilhas para saldar a dívida. Já nem dissimulam. O descaramento não tem limites. A Grécia possui edifícios, empresas, e ilhas desabitadas, que poderiam ser utilizadas para o pagamento das dívidas, declararam o deputado liberal Frank Schäffler e o democrata-cristão Josef Schlarmann ao diário alemão Bild, segundo o jornal Abc. Ainda de acordo com o diário espanhol, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros grego, Dimitris Droutsas, respondeu numa entrevista à televisão ARD TV que, no momento, não lhe parecia uma sugestão adequada.

É nesta conjuntura que os bancos centrais, como na Europa o BCE, oferecem dinheiro e ajuda (os famosos resgates) em troca da cessão, ou da compra, da soberania nacional. E daí a referida frase de Draghi, o presidente do BCE: "Os Estados devem compreender que há tempo que perderam a sua soberania".

Quando é que a perdemos? Quando, sem informarem correctamente os cidadãos, os responsáveis europeus, muitos deles membros de Bilderberg, como o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, aprovaram o Tratado de Lisboa, ou o Tratado de Maastricht, onde se incluía uma drástica cedência de soberania. Tudo se desenhou sem contar com o povo, nas costas dele. Ingenuamente ou através de enganos, o povo confiou numa série de políticos que representam os interesses do poder económico em vez daqueles que os elegeram nas urnas. A democracia é uma grande mentira. Não há democracia.

O resgate é a marca dos poderosos na Europa. Na realidade é uma perda de soberania e o fracasso da União Europeia como a venderam e continuam a vender os seus criadores: um projecto de paz, democracia, liberdade e direitos humanos, nas palavras de uns e de outros. Que mentira mais refinada, que sofisticação, que marketing mais esplêndido. Os cidadãos perguntam-nos: para quê tanta União Europeia e liberalização de mercados se, no fim, somos mais desiguais que antes, mais pobres que antes, mais escravos? Porque, como nos níveis da pirâmide, a União Europeia não está nas mãos do povo europeu, mas do império Bilderberg».

Cristina Martín Jiménez («O Clube Secreto dos Poderosos. Os Planos Ocultos de Bilderberg»).

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