Um texto elucidativo – de Cristina Martín Jiménez – sobre a condição de dependência económica dos tristes povos subservientes
de que fazemos parte honrada. Durão Barroso devia vir à liça, explicar.
Leiam com atenção e
percebam de uma vez por todas quem manda nesta Europa!
«O modelo bélico clássico foi substituído pela crise económica. Os grupos de poder e as nações
mais poderosas declaram-nos uma guerra financeira, intervêm e impõem as leis
que, segundo eles, devem legislar o país intervencionado para recuperar do
problema que eles causaram.
Em 2010, em
plena crise, criou-se na Europa uma
instituição supranacional e não democrática, a troika (formada
pelo BCE, o FMI e a Comissão Europeia), que interveio na
soberania dos países. Em troca da oferta de ajuda económica obrigou-os a
ajustes cruéis: subida de
impostos, cortes nos gastos da educação, da saúde, das prestações sociais, do
desemprego e das pensões, redução do número de funcionários públicos, redução
ou estagnação dos salários... Estas leis afectaram os aspectos
fundamentais da vida das pessoas. E ainda que não fosse ético, sim, era legal.
Antes da crise criaram as estruturas legislativas e judiciais com as quais
obteriam o máximo benefício desta catástrofe. Só depois de aprovado o Tratado de Lisboa, no ano de 2007 (a
Constituição Europeia), é que principiou a crise, no ano de 2008. É, no mínimo, suspeito.
(...) Para os senhores
do poder, a guerra é um instrumento de organização social e, neste processo, a
crise é uma intervenção criada com vários fins. É uma guerra
económica para estabelecer uma escravidão humana mais sofisticada, concordante
com o seu conceito de sociedade global.
Atacam-nos por todos os flancos socioeconómicos. Primeiro,
"oferecem-nos" o dinheiro, ao abrir de modo desafogado os créditos.
Depois mudam as condições das hipotecas subscritas, com a subida dos juros, ou
seja, do preço do dinheiro emprestado. A prestação mensal de uma hipoteca
média passou de 400 para 1200 euros mensais. Em paralelo, de forma brusca,
restringiram o crédito, produzindo a paralisação ou a estagnação da actividade
económica. A seguir chegou o efeito devastador do desemprego.
(...) O
segundo passo deu-se quando
os bancos privados receberam uma série de ajudas públicas para compensar o
incumprimento das hipotecas e o impacto da crise imobiliária.
Converteram-se em receptores das ajudas e nos donos de todas as casas
hipotecadas não pagas e embargadas. Os bancos privados ficaram com as ajudas
públicas e com as casas de todas essas pessoas que, ao verem-se sem trabalho,
as perderam, continuando todavia devedoras das entidades financeiras porque a
garantia prestada não foi aprovada.
Na fase das execuções por incumprimento os bancos avaliaram os
imóveis a preço de crise, com uma enorme depreciação do valor pelo qual foram
comprados. Assim, no momento de execução das hipotecas, a perda
do imóvel não cobre, na maioria dos casos, a totalidade da dívida contraída com
a entidade financeira. O
resultado é que a pessoa embargada não só perde a habitação como continua a
dever dinheiro ao banco. O negócio da banca privada
foi perfeito. Ficou com:
- As ajudas públicas
- Os imóveis
- E continuam a ter uma quantidade imensa de pessoas presas por uma
dívida, escravas dessa dívida.
(...) Por seu lado, o
BCE regula os tipos de juros e injecta dinheiro nos bancos para o seu resgate,
o seu saneamento. Em
síntese, e tomando como modelo o ocorrido em Espanha, a banca privada, animada
pela bolha imobiliária, começou por socializar os empréstimos: dinheiro fácil e rápido para toda a
gente. A seguir provocou uma subida gradual dos tipos de juro. Depois, ou ao mesmo tempo, reduziu drástica e repentinamente o
empréstimo e a bolha imobiliária rebentou. O resultado foi o aumento dramático
do desemprego e das execuções hipotecárias maciças perante a falta de pagamento
e a altíssima morosidade.
Por fim veio o resgate bancário por parte do Estado, com o dinheiro dos
contribuintes. Através
do BCE, o Governo de Espanha recebeu uma série de ajudas que foram parar à
banca privada (às entidades bem e mal geridas) com o argumento, ainda não
demonstrado, de que a queda de certos bancos provocaria um dano maior. A
consequência última é a depressão económica.
(...) O que
se fez foi seguir as directrizes do FMI, do BCE e da Comissão Europeia: subir impostos, fazer reformas
laborais, das pensões, etc. As
ajudas não chegaram à economia doméstica nem às pequenas e médias empresas. Há
uma restrição absoluta. A juntar a uma das pressões fiscais mais elevadas da Europa,
acompanhada por uma taxa de desemprego igualmente alta. Estamos
numa situação de colapso e de depressão económica desorbitada e dramática.
(...) A Espanha está à venda. Como o resto dos países europeus a
que o império Bilderberg declarou guerra económica, que baptizei com o nome de
Eurosul: Grécia, Itália, Portugal, para além da Irlanda e de Chipre, com o escândalo do ataque que
sofreram os aforradores em Março de 2013. O presidente Nicos Anastasiades foi obrigado a comunicar ao país que
aceitara "a opção menos dolorosa", ou seja, o resgate, e que estava
disposto a assumir o preço político" da decisão, ou seja, que os
cipriotas não o reelejam nas próximas eleições. O Eurogrupo concedia-lhe um
resgate de 10.000 milhões de euros em troca dos clientes dos bancos pagarem um
imposto. Segundo Anastasiades, o dinheiro deste imposto seria
recuperado com acções dos bancos resgatados, cujo valor está garantido com o
retorno que o Estado cipriota espera obter da exploração de umas jazidas de gás
recentemente descobertas.
Aí estava outra
armadilha: a guerra pelos recursos. Endividam
os países e apropriam-se de parte da sua soberania, do seu dinheiro e das suas
riquezas naturais - no caso do Chipre, do gás - ao
decidirem por eles. Outra jogada de mestre dos desenhadores do sistema.
Na Grécia, dois políticos alemães instaram-na a vender as ilhas para
saldar a dívida. Já nem dissimulam. O descaramento não tem limites. A Grécia possui edifícios,
empresas, e ilhas desabitadas, que poderiam ser utilizadas para o pagamento das
dívidas, declararam o deputado liberal Frank Schäffler e o democrata-cristão
Josef Schlarmann ao diário alemão Bild, segundo o jornal Abc. Ainda de acordo
com o diário espanhol, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros grego,
Dimitris Droutsas, respondeu numa entrevista à televisão ARD TV que, no
momento, não lhe parecia uma sugestão adequada.
É nesta conjuntura que os bancos centrais, como na Europa o BCE, oferecem dinheiro e ajuda (os famosos
resgates) em troca da cessão, ou da compra, da soberania nacional. E daí a referida frase de Draghi, o presidente do BCE: "Os
Estados devem compreender que há tempo que perderam a sua soberania".
Quando é que a
perdemos? Quando, sem informarem correctamente
os cidadãos, os responsáveis europeus, muitos deles membros de Bilderberg, como o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, aprovaram o Tratado de
Lisboa, ou o Tratado de Maastricht, onde se incluía uma drástica cedência de
soberania. Tudo se desenhou sem
contar com o povo, nas costas dele. Ingenuamente ou através de enganos, o povo
confiou numa série de políticos que representam os interesses do poder
económico em vez daqueles que os elegeram nas urnas. A democracia é uma grande
mentira. Não há democracia.
O resgate é a marca
dos poderosos na Europa. Na realidade é uma perda de soberania e o fracasso da União Europeia
como a venderam e continuam a vender os seus criadores: um projecto de paz,
democracia, liberdade e direitos humanos, nas palavras de uns e de outros. Que mentira mais refinada, que
sofisticação, que marketing mais esplêndido. Os cidadãos perguntam-nos: para
quê tanta União Europeia e liberalização de mercados se, no fim, somos mais
desiguais que antes, mais pobres que antes, mais escravos? Porque, como nos
níveis da pirâmide, a União Europeia não está nas mãos do povo europeu, mas do
império Bilderberg».
Cristina Martín Jiménez
(«O Clube Secreto dos Poderosos. Os Planos Ocultos de Bilderberg»).
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