sábado, 9 de dezembro de 2023

E os comentadores


Apoiam e dão achegas às razões e argumentos de Rui Ramos sobre a invalidez do PSD e de uma direita inerte ou descrente,  em face de uma “mudança” necessária…

Para que servem os partidos da direita?

A direcção do PSD tem de aprender a viver com o facto de já não haver MFA para proibir a IL ou o Chega. Para manter a sua ascendência, é mais decisiva a liderança do que o voto útil.

RUI RAMOS, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 08 dez. 2023, 00:2371

Ao PS, os partidos da direita servem para meter medo com o “fascismo”, e assim tentar manter-se no poder apesar de todos os fracassos e tropelias. Mas ao país, para que servem? A muitos, para representar nos órgãos electivos pontos de vista conservadores, liberais ou nacionalistas, ou para organizar governos cujas políticas reflictam esses pontos de vista. E agora, a esses e a outros que podem nem ter tais pontos de vista, para dar ao país uma alternativa ao domínio do Estado pelo PS, e à estatização imposta pelos governos socialistas.

É uma função que não é fácil de desempenhar. O BCE impede rupturas financeiras. O que quer dizer que os partidos da direita não podem esperar suceder ao PS como em 2002 ou em 2011, quando o dinheiro acabou. O dinheiro não vai acabar. À direita, compete convencer os cidadãos das vantagens de uma mudança de governo, porque esta mudança só pode vir de um movimento de opinião dentro do país. Tudo isso pode parecer mais complicado agora do que quando a direita era só PSD e CDS. Hoje, existem outros partidos com representação parlamentar, todos muito competitivos e agressivos entre si. Há quem, por isso, acredite que uma mudança de poder em Portugal depende de restabelecer o PSD – ou uma aliança liderada pelo PSD – como única opção de voto à direita.

Se isso for verdade, não podemos ter grandes esperanças. O duopólio PSD-CDS resultou da proibição pelo MFA, em 1974-1975, de outros partidos de direita, o que fez do PSD e do CDS frentes eleitorais a que se submeteram as mais variadas famílias políticas não-socialistas. Depois, algumas lideranças (Sá Carneiro, Cavaco Silva) prolongaram essa ascendência. O mundo mudou entretanto. Em outros países, as crises da globalização fizeram crescer movimentos de inspiração liberal ou nacionalista. Portugal pareceu ir ficar à margem dessa mudança. Em 2015, a direita ainda votou unida na PAF liderada por Pedro Passos Coelho. Mas a geringonça de António Costa convenceu Rui Rio de que devia virar à esquerda. Criou assim espaço para a IL e o Chega.

Não é muito plausível que o tempo volte para trás. À frente do PSD já não está Rio, mas o liberalismo e o nacionalismo são hoje correntes políticas partidariamente autonomizadas, por mais frustes que ainda sejam a IL e o Chega. O voto à direita perdeu a disciplina de frente eleitoral que teve durante décadas, e tornou-se mais doutrinário. É provável que muitos votos já não possam ser mobilizados, a não ser através dos novos partidos. Conjugar esses partidos num projecto governativo duradouro será árduo, como se viu nos Açores. O sectarismo de uns, a demagogia de outros, e a ambição de todos complicarão acordos. Mas tentar eliminá-los, demonizando-os nos termos da esquerda, ou proclamando que votar neles é votar no PS, é ilusão e tempo perdido. Terá apenas como efeito suscitar dúvidas sobre a possibilidade de algum dia haver um governo que não seja socialista.

A direita é agora normalmente plural, como só não foi sempre, apesar do sistema eleitoral proporcional, por causa do PREC. A direcção do PSD tem de aprender a viver com o facto de já não haver MFA para proibir a IL ou o Chega. Se o PSD quiser conservar algum ascendente terá de ser como partido cujos líderes estão disponíveis, são capazes e têm o prestígio e a autoridade para organizar uma eventual maioria parlamentar de direita, de modo a fazer dela uma maioria de apoio a um governo alternativo ao PS. Não vai ser fácil? Mas nunca foi fácil, nem mesmo quando eram só PSD e CDS. Em 2013, no meio do ajustamento, o governo quase caiu quando Paulo Portas decidiu ir-se embora – e só não caiu graças a Pedro Passos Coelho. Haja liderança.

PSD    POLÍTICA    PARTIDO CHEGA     DEMOCRACIA     SOCIEDADE     ELEIÇÕES     INICIATIVA LIBERAL

COMENTÁRIOS (de 71)

observador censurado: O comandante de pelotão ordenou os recrutas, jovens recém-licenciados, que tinham 5 minutos para tomar banho, mudar de roupa e ir buscar a "namorada" G3. Foram a passo e gozavam: "este tipo é doido, isto não é possível". Como não era possível, tomaram banho nas calmas, vestiram-se nas calmas e chegaram nas calmas, um de cada vez, ao local combinado. Nesse dia à noite, chovia e o comandante ordenou que equipassem com mochila, capacete e G3. Correram na serra de Sintra cerca de 30 minutos que pareceram horas pois a chuva tornava as botas e o resto do equipamento ainda mais pesado. A quem ameaçava desistir, o comandante berrava aos ouvidos que desistir não era opção. No dia seguinte, o comandante deu a mesma ordem do dia anterior: 5 minutos para tomar banho, mudar de roupa e trazer a G3. "Voaram" em direcção aos chuveiros, os mais rápidos ajudaram os menos rápidos a vestirem-se pois se o último a chegar se atrasasse, todo o pelotão sofreria. Chegaram todos, juntos, dentro do tempo. Sugestão: aos "meninos mimados" do Partido Socialista Dois (PSD) e da IL que não querem "formar" com o Chega, sugiro uma semana de instrução militar para criarem laços entre si.                   José Rego: Segundo as sondagens, os partidos de direita terão, pela primeira vez em mais de 30 anos, uma maioria acima dos 50%. Se o psd desperdiça essa maioria e permite ao partido mais corrupto e podre deste país permanecer no poder, por causa da palhaçada das linhas vermelhas, então o psd será tão mau ou pior do que o ps e merecerá ( tal como o ps) tudo o que lhe aconteça , como a irrelevância e consequente desaparecimento.                Maria Paula Silva: Deus o oiça!  Vai ser preciso um milagre.                  F. Mendes > Fernando CE: Não sou do CH, mas digo-lhe que o respectivo eleitorado não é menos capaz que o de outros partidos. Veja os resultados em círculos afluentes (Cascais, por exemplo), e conclua. Se se quer, de facto, recuperar votos fugidos para o CH, seria bom começar por respeitar as preocupações do respectivo eleitorado. Em lugar de considerá-los um conjunto de atrasados mentais.             fonseca 07 > Mario Figueiredo: De notar que durante anos o PS culpabilizou de todos os males do país o PPC.  Rio "majestaticamente" nunca saiu ,que eu me  lembre de uma palavra em defesa de PPC, nem tão pouco repetiu ate à  exaustão que PPC não era culpado da situação,  mas sim o PS com a banca rota. Ora com  comportamento de Rio o que esperar ? PS 2 Dá para entender  ? Eu não  entendo.             bento guerra: Deixem-se de hipocrisias. O Montenegro só governará com o apoio do Chega. A fórmula dependerá dos  votos e circunstâncias               madalena colaço: Há dias assisti num canal de Tv a um debate entre a direita, onde estava representado o PSD, IL, CDS e Chega. Praticamente o debate centrou-se em quem daria mais de complemento de salário aos idosos com reformas baixas. A IL perguntava ao PSD que despesas ia reduzir para poder dar esse complemento, e o CDS na voz de Nobre Guedes, que destoava da juventude dos outros partidos, reclamava das vantagens em o PSD, CDS e Il irem juntos para aproveitarem o método de hondt e assim  elegerem mais deputados. Mas a irritação com Bernardo Blanco da IL ficou bem à vista, que quase o chamou de velho e que era para o futuro que se tinha olhar. Entre este debate da direita e o que diz o PS não há grande diferença e percebe-se que os portugueses estejam indecisos. Durante estes 8 anos de PS, o Estado pôs e dispôs do dinheiro público decidindo  a quem dá ou a quem aumenta impostos consoante os votos que quer. Como a miséria é muita o PS conta ganhar com esta política de domínio e controle sobre uma larga população, mas quem recebe os complementos não melhora o nível de vida porque são irrisórios e o sector produtivo que paga impostos vai definhando. Bernardo Blanco perguntava ao PSD onde ia cortar para dar mais complemento, ou seja todos reconhecem que a manta é curta. O estranho nesse debate é que ninguém propõe  tricotar uma nova manta que cubra o corpo todo. Não ouvi ninguém da direita dizer que o método do PS - aumentar impostos para distribuir a quem lhe der votos - tem de ser substituído. Produzir mais riqueza para se poder distribuir - e não estrangular a produção de riqueza, como fez o PS, nunca se ouviu no debate. Durante oito anos, os empresários, que não vivem da dependência do Estado, nunca ouviram o governo se interessar por eles. O IRC foi um  tabu imposto pelo BE, e ninguém no governo se atreveu alguma vez a dizer que o iria baixar. Aos  empresários o PS disse-lhes que pagavam menos impostos se e só se eles investissem, ou seja, o governo é que decide como os empresários devem gerir as suas empresas - a intervenção do Estado a todos os níveis. Para se distribuir por quem mais precisa é preciso ter, e não é esta mama de continuar a endividar-nos. Durante 8 anos a dívida do país em termos absolutos aumentou, mas o PS gosta de dizer que esta diminuiu porque fala em % e que tem as contas certas. Em lugar de revelar aos portugueses a alternativa às políticas do PS, a direita entreteve-se precisamente a dizer o mesmo que o PS              João Amorim: Os textos de Rui Ramos são sempre uma lufada de ar fresco. Está tudo dito, e em poucas palavras.            Sérgio: Excelente como sempre. A direita tem de deixar a cobardia e perceber que o inimigo e as cercas sanitárias e as linhas vermelhas são para TODOS os esquerdalhados a esquerda da AR!                   Carlos Chaves: Excelente análise tal como Rui Ramos sempre nos habituou, obrigado, e isto apesar de tratar a IL como “direita”, com o que não concordo! O cenário que arrumava de vez com estas eleições era o anúncio de uma coligação pré-eleitoral – PSD/CHEGA/CDS, com um programa credível de direita liberal apesar de todas as limitações que estamos a viver! Parafraseando Rui Ramos, haja liderança!    

Rosa Lourenço > Fernando Cascais: Isaltino Morais assumiu os seus actos e cumpriu pena. Quantos há que cometem crimes mais graves e que nunca serão nem sequer acusados e vão passando pelos intervalos da chuva?

Em Oeiras não há lixo nas ruas, não há sem-abrigo, não há mendicidade. Não defendo o crime seja de que espécie for, apesar de haver atenuantes mas indigno-me com a opacidade de tantas decisões políticas que estão a punir as gerações futuras.             José B. Dias: Também há os que não facilitam como a IL que é de Direita na componente económica e financeira, de Esquerda na social e na Extrema-esquerda nas novas lutas interseccionais dos racismos só para brancos e dos género a gosto e por atacado ... assim fica difícil votar!             Joaquim Almeida: O PSD sofre agudamente, e há muito, de comodismo  de supostos direitos adquiridos de liderar a direita. À sombra da bananeira...                  Mario Figueiredo: O que sugere? Que o PSD declare uma aliança pré ou pós-eleitoral com o Chega? Para tal teria sido necessário que em vez do discurso acabrunhado que o caracterizou nos últimos 8 anos, o PSD tivesse combatido a narrativa de demonização da direita democrática. A quase total irrelevância do PSD no panorama político nacional deve-se exclusivamente a si próprio. Deixe-me ser mais claro, o maior responsável pela grande intenção de voto no PS nestas eleições, mesmos após as IMENSAS trapalhadas deste governo que resultaram no completo desbaratar de uma maioria absoluta, deve-se exclusivamente ao PSD e a sua total incapacidade de se declarar como alternativa séria e capaz de governar. Estamos como estamos, adormecidos, incapazes de decidir, e sem uma óbvia alternativa, graças à forma absolutamente irresponsável como o PSD se comportou nos últimos 8 anos. Envergonhado do seu passado, em lutas estúpidas internas, e incapaz de eleger líderes com o espírito combativo que não tivesse permitido à esquerda culpar o PSD de todos os males do país.  Agora é tarde. Qualquer aliança com o Chega será mentir ao pouco eleitorado que lhe resta                    João Ramos: Ora aqui está uma opinião que eu venho repetindo há vários anos, desde o aparecimento da geringonça, o espectro político mudou profundamente desde que o PS pela mão de António Costa se juntou sem qualquer pudor aos partidos extremistas à sua esquerda esses sim anti democráticos e contra tudo que represente ou cheire a Ocidente, isso claro está que provocaria o aparecimento de partidos mais aguerridos e sem complexos à direita, (pese embora a IL inicialmente ter querido ficar no parlamento entre o PS e o PSD), mas adiante, pena é que o PSD e o próprio CDS se tenham deixado enrolar na artimanha da esquerda e isto por puro complexo, instituíram as tais linhas vermelhas que os colocaram num beco sem saída e ao próprio país… uma tristeza!!!                       F. Mendes > Fernando Cascais: Sendo eu residente no Concelho que citei (embora não na Quinta da Marinha, infelizmente!), sei bem do que falo e dos contrastes da zona. Há pessoas com níveis de educação elevados, minhas conhecidas, que votaram ou votam no CH. E não são poucas, até pelas razões "étnicas" que citou. Logo, sei que o meu raciocínio é fundamentalmente correcto e bem fundamentado. Rejeito a menorização do eleitorado do CH, que deu os resultados que estão à vista e que grande alegria dão ao PS. Ou boa parte desse eleitorado volta ao ponto de onde saiu, ou ficamos todos neste pântano, e por mais tempo do que muitos pensam. Ainda assim, perdeu-se muito tempo e uma recuperação significativa será muito difícil em 3 meses.  Agradeço a sua sugestão, certamente dada com boas intenções.                     F. Mendes: Estou muito de acordo com este excelente artigo, embora a sua leitura confirme as razões do meu pessimismo, face ao futuro de País e aos resultados das próximas eleições. A única saída deste buraco, estaria na existência de um PSD assertivo e agressivo que baste. Competente e mobilizador da sociedade civil. Até agora, com Montenegro, as mudanças são insuficientes para convencerem e mobilizarem o eleitorado da direita conservadora, e mesmo do centro-direita; que foi completamente abandonado - ou melhor desprezado - por Rui Rio. Os resultados estão à vista dos mais lúcidos e poderão chocar alguns na noite de 10 de Março, se o PS ganhar as eleições; como é muito possível. Ou o PSD acorda de vez, ou perde as eleições. Até agora, já perdeu a chance de obter uma maioria absoluta, ou sequer uma vitória expressiva. Chegámos aos 15% do CHEGA, restando agora minimizar prejuízos. Caso contrário, veremos um focinho socialista a ser anunciado na noite de 10 de Março como vencedor das eleições. Talvez assim alguns liberais e indignados da nossa praça se arrependam. Por mim, já passei a fase do voto de protesto.

 

Nenhum comentário: