Apoiam e dão achegas às razões e
argumentos de Rui Ramos sobre a invalidez do PSD e de uma
direita inerte ou descrente, em face de uma
“mudança” necessária…
Para que servem os partidos da direita?
A direcção do PSD tem de aprender a
viver com o facto de já não haver MFA para proibir a IL ou o Chega. Para manter
a sua ascendência, é mais decisiva a liderança do que o voto útil.
RUI RAMOS, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 08 dez. 2023, 00:2371
Ao PS, os partidos da direita servem para meter medo com o
“fascismo”, e assim tentar manter-se no poder apesar de todos os fracassos e
tropelias. Mas ao país, para que servem? A muitos, para representar nos
órgãos electivos pontos de vista conservadores, liberais ou nacionalistas, ou
para organizar governos cujas políticas reflictam esses pontos de vista. E
agora, a esses e a outros que podem nem ter tais pontos de vista, para dar ao
país uma alternativa ao domínio do Estado pelo PS, e à estatização imposta
pelos governos socialistas.
É uma função que não é fácil de
desempenhar. O BCE impede rupturas financeiras. O que quer dizer que os partidos da
direita não podem esperar suceder ao PS como em 2002 ou em 2011, quando o dinheiro
acabou. O dinheiro não vai acabar. À direita, compete convencer
os cidadãos das vantagens de uma mudança de governo, porque esta mudança só
pode vir de um movimento de opinião dentro do país. Tudo
isso pode parecer mais complicado agora do que quando a direita era só PSD e
CDS. Hoje, existem outros partidos com representação parlamentar, todos muito
competitivos e agressivos entre si. Há quem, por isso, acredite que uma mudança
de poder em Portugal depende de restabelecer o PSD – ou uma aliança liderada
pelo PSD – como única opção de voto à direita.
Se isso for verdade, não podemos ter grandes esperanças. O
duopólio PSD-CDS resultou da proibição pelo MFA, em 1974-1975, de outros
partidos de direita, o que fez do PSD e do CDS frentes eleitorais a que se
submeteram as mais variadas famílias políticas não-socialistas. Depois, algumas
lideranças (Sá Carneiro, Cavaco Silva) prolongaram essa ascendência. O mundo
mudou entretanto. Em outros países, as crises da globalização fizeram crescer
movimentos de inspiração liberal ou nacionalista. Portugal
pareceu ir ficar à margem dessa mudança. Em 2015, a direita ainda votou unida
na PAF liderada por Pedro Passos Coelho. Mas a geringonça de António Costa
convenceu Rui Rio de que devia virar à esquerda. Criou assim espaço para a IL e
o Chega.
Não é muito plausível que o tempo volte para trás. À frente do PSD
já não está Rio, mas o liberalismo e o nacionalismo são hoje correntes
políticas partidariamente autonomizadas, por mais frustes que ainda sejam a IL
e o Chega. O
voto à direita perdeu a disciplina de frente eleitoral que teve durante
décadas, e tornou-se mais doutrinário. É provável que muitos votos já não
possam ser mobilizados, a não ser através dos novos partidos. Conjugar esses
partidos num projecto governativo duradouro será árduo, como se viu nos Açores.
O sectarismo de uns, a demagogia de outros, e a ambição de todos complicarão
acordos. Mas tentar eliminá-los, demonizando-os nos termos da esquerda, ou
proclamando que votar neles é votar no PS, é ilusão e tempo perdido. Terá
apenas como efeito suscitar dúvidas sobre a possibilidade de algum dia haver um
governo que não seja socialista.
A direita é agora normalmente plural,
como só não foi sempre, apesar do sistema eleitoral proporcional, por causa do
PREC. A direcção do PSD tem de aprender a viver com o facto
de já não haver MFA para proibir a IL ou o Chega. Se o PSD quiser conservar algum ascendente terá de ser como partido
cujos líderes estão disponíveis, são capazes e têm o prestígio e a autoridade
para organizar uma eventual maioria parlamentar de direita, de modo a fazer
dela uma maioria de apoio a um governo alternativo ao PS. Não
vai ser fácil? Mas nunca foi fácil, nem mesmo quando eram só PSD e CDS. Em
2013, no meio do ajustamento, o governo quase caiu quando Paulo Portas decidiu
ir-se embora – e só não caiu graças a Pedro Passos Coelho. Haja liderança.
PSD POLÍTICA PARTIDO
CHEGA DEMOCRACIA SOCIEDADE ELEIÇÕES INICIATIVA
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COMENTÁRIOS (de 71)
observador
censurado: O comandante de pelotão ordenou
os recrutas, jovens recém-licenciados, que tinham 5 minutos para tomar banho,
mudar de roupa e ir buscar a "namorada" G3. Foram a passo e gozavam: "este tipo é doido, isto não é
possível". Como não era possível, tomaram banho nas calmas, vestiram-se
nas calmas e chegaram nas calmas, um de cada vez, ao local combinado. Nesse dia à noite, chovia e o comandante ordenou que equipassem com
mochila, capacete e G3. Correram na serra de Sintra cerca de 30 minutos que
pareceram horas pois a chuva tornava as botas e o resto do equipamento ainda
mais pesado. A quem ameaçava desistir, o comandante berrava aos ouvidos que
desistir não era opção. No dia seguinte, o comandante
deu a mesma ordem do dia anterior: 5 minutos para tomar banho, mudar de roupa e
trazer a G3. "Voaram" em direcção aos chuveiros, os mais rápidos ajudaram
os menos rápidos a vestirem-se pois se o último a chegar se atrasasse, todo o
pelotão sofreria. Chegaram todos, juntos, dentro do tempo. Sugestão: aos "meninos mimados" do Partido Socialista Dois (PSD)
e da IL que não querem "formar" com o Chega, sugiro uma semana de
instrução militar para criarem laços entre si.
José Rego: Segundo as sondagens, os partidos de direita terão, pela primeira vez em
mais de 30 anos, uma maioria acima dos 50%. Se o psd desperdiça essa maioria e
permite ao partido mais corrupto e podre deste país permanecer no poder, por
causa da palhaçada das linhas vermelhas, então o psd será tão mau ou pior do
que o ps e merecerá ( tal como o ps) tudo o que lhe aconteça , como a
irrelevância e consequente desaparecimento. Maria Paula Silva: Deus o oiça! Vai ser
preciso um milagre. F. Mendes
> Fernando CE: Não sou do CH, mas digo-lhe que
o respectivo eleitorado não é menos capaz que o de outros partidos. Veja os
resultados em círculos afluentes (Cascais, por exemplo), e conclua. Se se quer, de facto, recuperar votos fugidos para o CH, seria bom começar
por respeitar as preocupações do respectivo eleitorado. Em lugar de
considerá-los um conjunto de atrasados mentais. fonseca
07 > Mario Figueiredo: De notar que durante anos o PS culpabilizou de todos os males do país o
PPC. Rio "majestaticamente"
nunca saiu ,que eu me lembre de uma palavra em defesa de PPC, nem tão
pouco repetiu ate à exaustão que PPC não era culpado da situação,
mas sim o PS com a banca rota. Ora com comportamento de
Rio o que esperar ? PS 2 Dá para entender ? Eu
não entendo. bento guerra:
Deixem-se de
hipocrisias. O Montenegro só governará com o apoio do Chega. A fórmula dependerá
dos votos e circunstâncias madalena colaço: Há dias assisti num canal de Tv
a um debate entre a direita, onde estava representado o PSD, IL, CDS e Chega.
Praticamente o debate centrou-se em quem daria mais de complemento de salário
aos idosos com reformas baixas. A IL perguntava ao PSD que despesas ia reduzir
para poder dar esse complemento, e o CDS na voz de Nobre Guedes, que destoava
da juventude dos outros partidos, reclamava das vantagens em o PSD, CDS e Il
irem juntos para aproveitarem o método de hondt e assim elegerem mais
deputados. Mas a irritação com Bernardo Blanco da IL ficou bem à vista, que
quase o chamou de velho e que era para o futuro que se tinha olhar. Entre este
debate da direita e o que diz o PS não há grande diferença e percebe-se que os
portugueses estejam indecisos. Durante estes 8 anos de PS, o Estado pôs e
dispôs do dinheiro público decidindo a quem dá ou a quem aumenta impostos
consoante os votos que quer. Como a miséria é muita o PS conta ganhar com esta
política de domínio e controle sobre uma larga população, mas quem recebe os
complementos não melhora o nível de vida porque são irrisórios e o sector
produtivo que paga impostos vai definhando. Bernardo Blanco perguntava ao PSD
onde ia cortar para dar mais complemento, ou seja todos reconhecem que a manta
é curta. O estranho nesse debate é que ninguém propõe tricotar uma
nova manta que cubra o corpo todo. Não ouvi ninguém da direita dizer que o
método do PS - aumentar impostos para distribuir a quem lhe der votos - tem de
ser substituído. Produzir mais riqueza para se poder distribuir - e não
estrangular a produção de riqueza, como fez o PS, nunca se ouviu no debate.
Durante oito anos, os empresários, que não vivem da dependência do Estado,
nunca ouviram o governo se interessar por eles. O IRC foi um tabu imposto
pelo BE, e ninguém no governo se atreveu alguma vez a dizer que o iria baixar.
Aos empresários o PS disse-lhes que pagavam menos impostos se e só se
eles investissem, ou seja, o governo é que decide como os empresários devem
gerir as suas empresas - a intervenção do Estado a todos os níveis. Para
se distribuir por quem mais precisa é preciso ter, e não é esta mama de
continuar a endividar-nos. Durante 8 anos a dívida do país em termos absolutos
aumentou, mas o PS gosta de dizer que esta diminuiu porque fala em % e que tem
as contas certas. Em lugar de revelar aos portugueses a alternativa às
políticas do PS, a direita entreteve-se precisamente a dizer o mesmo que o PS. João
Amorim: Os textos de
Rui Ramos são sempre uma lufada de ar fresco. Está tudo dito, e em poucas
palavras. Sérgio: Excelente como sempre. A direita tem de deixar a
cobardia e perceber que o inimigo e as cercas sanitárias e as linhas vermelhas
são para TODOS os esquerdalhados a esquerda da AR!
Carlos Chaves: Excelente análise tal como Rui Ramos sempre nos
habituou, obrigado, e isto apesar de tratar a IL como “direita”, com o que não
concordo! O cenário que arrumava de vez com estas eleições era o anúncio de uma
coligação pré-eleitoral – PSD/CHEGA/CDS, com um programa credível de direita
liberal apesar de todas as limitações que estamos a viver! Parafraseando Rui
Ramos, haja liderança!
Rosa Lourenço
> Fernando Cascais: Isaltino Morais assumiu os seus
actos e cumpriu pena. Quantos há que cometem crimes mais graves e que nunca
serão nem sequer acusados e vão passando pelos intervalos da chuva?
Em Oeiras não há lixo nas ruas, não há sem-abrigo, não
há mendicidade. Não defendo o crime seja de que espécie for, apesar de haver
atenuantes mas indigno-me com a opacidade de tantas decisões políticas que
estão a punir as gerações futuras.
José B. Dias: Também há os que não facilitam
como a IL que é de Direita na componente económica e financeira, de Esquerda na
social e na Extrema-esquerda nas novas lutas interseccionais dos racismos só
para brancos e dos género a gosto e por atacado ... assim fica difícil votar! Joaquim
Almeida: O PSD sofre agudamente, e há muito, de comodismo de supostos direitos
adquiridos de liderar a direita. À sombra da bananeira... Mario Figueiredo: O que sugere? Que o PSD declare
uma aliança pré ou pós-eleitoral com o Chega? Para tal teria sido necessário
que em vez do discurso acabrunhado que o caracterizou nos últimos 8 anos, o PSD
tivesse combatido a narrativa de demonização da direita democrática. A quase
total irrelevância do PSD no panorama político nacional deve-se exclusivamente
a si próprio. Deixe-me ser mais claro, o maior responsável pela grande
intenção de voto no PS nestas eleições, mesmos após as IMENSAS trapalhadas
deste governo que resultaram no completo desbaratar de uma maioria absoluta,
deve-se exclusivamente ao PSD e a sua total incapacidade de se declarar como
alternativa séria e capaz de governar. Estamos como estamos,
adormecidos, incapazes de decidir, e sem uma óbvia alternativa, graças à forma
absolutamente irresponsável como o PSD se comportou nos últimos 8 anos.
Envergonhado do seu passado, em lutas estúpidas internas, e incapaz de eleger
líderes com o espírito combativo que não tivesse permitido à esquerda culpar o
PSD de todos os males do país. Agora é tarde. Qualquer aliança com o Chega
será mentir ao pouco eleitorado que lhe resta. João
Ramos: Ora aqui está uma opinião que eu venho repetindo há vários anos, desde o
aparecimento da geringonça, o espectro político mudou profundamente desde que o
PS pela mão de António Costa se juntou sem qualquer pudor aos partidos
extremistas à sua esquerda esses sim anti democráticos e contra tudo que
represente ou cheire a Ocidente, isso claro está que provocaria o aparecimento
de partidos mais aguerridos e sem complexos à direita, (pese embora a IL
inicialmente ter querido ficar no parlamento entre o PS e o PSD), mas adiante,
pena é que o PSD e o próprio CDS se tenham deixado enrolar na artimanha da
esquerda e isto por puro complexo, instituíram as tais linhas vermelhas que os colocaram
num beco sem saída e ao próprio país… uma tristeza!!! F. Mendes
> Fernando Cascais: Sendo eu residente no Concelho
que citei (embora não na Quinta da Marinha, infelizmente!), sei bem do que falo
e dos contrastes da zona. Há pessoas com níveis de educação elevados, minhas
conhecidas, que votaram ou votam no CH. E não são poucas, até pelas razões
"étnicas" que citou. Logo, sei que o meu raciocínio é
fundamentalmente correcto e bem fundamentado. Rejeito a menorização do
eleitorado do CH, que deu os resultados que estão à vista e que grande alegria
dão ao PS. Ou boa parte desse eleitorado volta ao ponto de onde saiu, ou
ficamos todos neste pântano, e por mais tempo do que muitos pensam. Ainda
assim, perdeu-se muito tempo e uma recuperação significativa será muito difícil
em 3 meses. Agradeço a sua sugestão, certamente dada com boas intenções. F. Mendes: Estou muito de acordo com este
excelente artigo, embora a sua leitura confirme as razões do meu pessimismo,
face ao futuro de País e aos resultados das próximas eleições. A única saída
deste buraco, estaria na existência de um PSD assertivo e agressivo que baste.
Competente e mobilizador da sociedade civil. Até agora, com Montenegro, as
mudanças são insuficientes para convencerem e mobilizarem o eleitorado da
direita conservadora, e mesmo do centro-direita; que foi completamente
abandonado - ou melhor desprezado - por Rui Rio. Os resultados estão à vista dos
mais lúcidos e poderão chocar alguns na noite de 10 de Março, se o PS ganhar as
eleições; como é muito possível. Ou o PSD acorda de vez, ou perde as eleições.
Até agora, já perdeu a chance de obter uma maioria absoluta, ou sequer uma
vitória expressiva. Chegámos aos 15% do CHEGA, restando agora minimizar
prejuízos. Caso contrário, veremos um focinho socialista a ser anunciado na noite de
10 de Março como vencedor das eleições. Talvez assim alguns liberais e
indignados da nossa praça se arrependam. Por mim, já passei a fase do voto de
protesto.
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