DOIS TEXTOS DE HELENA GARRIDO
COLUNISTA do OBSERVADOR
I TEXTO:
A queda do Governo ou o cisne negro de 2023
O colapso de um governo de maioria absoluta com imenso
dinheiro nos cofres é o nosso cisne negro de 2023. A degradação dos serviços
públicos estava em contrapartida traçada a partir de 2015.
OBSERVADOR, 19
dez. 2023, 00:2139
Se pensarmos bem, o que se passou
em Portugal em 2023 é de uma enorme irresponsabilidade política. E será ainda maior
se perdermos fundos do PRR e a economia, em vez do previsto abrandamento,
entrar em recessão. O desprezo pelos cidadãos a quem o Estado presta cada vez
piores serviços públicos, com um Governo a contentar-se a distribuir cheques,
é, esperemos, o epílogo de uma trajetória em que a forma se sobrepôs ao
conteúdo, em que a politiquice venceu as políticas, em que a compra e
infantilização dos eleitores condenou a exigência, a responsabilização e o
pensamento crítico. E, apesar das eleições, nada nos garante que existam
condições para fazer diferente. Quem quiser e puder viver numa sociedade mais
exigente pode estar condenado a emigrar.
O PS deu-se ao luxo de desperdiçar
uma maioria absoluta com recursos financeiros como nunca o país teve e um
controlo do aparelho do Estado como nunca se viu em democracia. Apenas a
justiça lhe sai (ainda) do controlo o que, por muitas asneiras que faça, é a
válvula de escape que resta, num regime em que o aparelho socialista se tornou
no novo Dono Disto Tudo. Como têm dito vários analistas políticos, o PS precisa
de uma cura de oposição. Mas essa cura, a acontecer, vai sair-nos cara. Porque
quem chegar ao poder vai confrontar-se com muito contra-vapor de um Estado
capturado pelos socialistas.
O problema não está em Pedro Nuno
Santos como líder do PS. O problema está no partido em que boa parte do PS se
transformou, rentista do Estado, perseguidor dos críticos, sem ideias nem
capacidade de servir os cidadãos, pensando apenas nas suas pequenas carreiras e
com muita conversa de Estado Social que é mais o género “coitadinhos dos
pobrezinhos”. Contrariamente ao que se possa antecipar, Pedro Nuno Santos seria,
com elevada probabilidade, um primeiro-ministro com uma agenda transformadora e
mais liberal do que intervencionista.
II
TEXTO
Sete pedras (e desafios) que
carregamos para 2024
Habitação, Saúde, Educação são três dos problemas que
carregamos quando o 25 de Abril faz 50 anos. A imigração e o ambiente são os
outros, num mundo mais perigoso e que pode trazer a recessão à Europa
OBSERVADOR, 27 dez. 2023, 00:2122
Instabilidade política e social
com a economia a abrandar e sem ainda sabermos se teremos uma recessão. É assim
que entramos em 2024. Por cá, as eleições podem não garantir estabilidade, mas
quem quer que venha a ser Governo tem na habitação, saúde, educação, imigração
e ambiente enormes desafios. Desafios que carregamos na mochila e que não são
fáceis de vencer se não existir coragem política de fazer e mudar algumas
práticas.
1A situação política no país e
no mundo é a pedra base que carregamos para o próximo ano. Libertarmo-nos
dela seria a chave do regresso a um mundo mais estável e aberto. Entramos em
2024 com um mundo mais perigoso. A Europa rodeada por dois conflitos, com
ameaças externas, por via da guerra na Ucrânia, e internas, como consequência
da guerra de Israel contra o Hamas e como os alertas de terrorismo neste Natal bem
revelaram.
Os nacionalismos crescem, as
sociedades radicalizam-se, com um peso crescente de posições anti-imigração e
anti-liberdades individuais, e as economias fecham-se, com tendências de
desglobalização. A degradação de valores morais e éticos – como dramaticamente
se viu em Espanha, onde o PSOE de Pedro Sanchez mostrou que vale tudo para
manter o poder, ou como menos dramaticamente vimos em Portugal durante o último
ano (mais de um ano) –, vão alimentando o monstro da descrença na classe
política e a busca por alternativas populistas e conservadoras.
RECOMENDAMOS
PS vence e
direita, sem o Chega, longe da maioria
Pedro Nuno
Santos conta com José Luís Carneiro
Motorista da
TVDE detido por suspeita de violação
Novocherkassk.
O navio russo que a Ucrânia afundou
Nenhum comentário:
Postar um comentário