Por acaso é húngaro, este ministro que
foi referido há dias, como obstáculo ao auxílio europeu urgente à Ucrânia, e de
que trata Teresa de Sousa no seu artigo
de 17 de Dezembro, do Público, que
intitulou “Os sonâmbulos”. Os sonâmbulos somos nós, os do Ocidente
europeu e americano, se não acudirmos com mais eficiência aos Ucranianos, estes
sob o flagelo putinesco que se vai impondo cada vez com mais eficiência,
criminosamente e impunemente destruidora de um país independente, e
provavelmente dos que lhe sucederão, do lado de cá, sem cortina, e muito menos
de ferro, de que precisaremos, caso os ucranianos não consigam reverter a situação
de catástrofe, apesar de tantas suas provas de heroísmo (embora, é certo, os
cortinados, mesmo de ferro, sejam actualmente imprestáveis, no mundo como vai e
muito mais irá – ou deixará de ir).
Para já, quem bloqueia agora o apoio europeu
à Ucrânia é o sr. primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que a isso se opõe, apoiante
que é do sr. Putin, que é russo e poderoso, e embora o sr. ministro húngaro
esteja filiado também na União Europeia - (democrática, segundo se crê, admitindo-se
contudo, excepções, nem sempre perceptíveis, o que não é o seu caso) - que o auxilia
financeiramente, tal como a nós outros, ele
vai-se preparando simultaneamente para a sua ligação futura com o sr. Vladimir,
que é adepto do crime impune, a pretexto da sua força rigidamente superior,
como é rígido o seu impulso ao morticínio sem tréguas – não cometido por ele,
Putin, diga-se de passagem, que é homem mais para o fazer cometer a outrem.
Assim, neste momento o sr. Orbán apresenta
um coração bipartido, e por isso recusa a urgência do auxílio em armas e
finanças à Ucrânia, a qual está ali a defender-se, e a defender-nos, até mesmo
ao sr Orbán, que joga a dois carrinhos, e até parece que o sr. ministro húngaro está desejoso de que a Europa vá pelos
ares, amigo que é do sr. Putin, e preparando de antemão o bom relacionamento futuro
com este, para poder ficar por terra enquanto nós os de cá iremos pelos ares,
após o desastre ucraniano, ou mesmo antes deste, que agora há armas de boa
envergadura para tal efeito.
Mas Teresa de
Sousa não se fica só pelas acusações ao sr. ministro Orbán. Também
Donald Trump e seus adeptos são acusados e basta que transcreva o que escreveu Teresa de Sousa, no seu lúcido e claro Artigo,
e que
figura em destaque, na sua página do Jornal: «Há uma minoria “trumpista” na Câmara dos Representantes que, tal como
Trump, é abertamente a favor do ultraconservadorismo e autoritarismo de Putin»
Outra frase em destaque inicial do seu
artigo, como aviso-à-navegação:
«Se os governos europeus não
tiverem a coragem política que a situação lhes exige, o risco de fragmentação e
o caminho inelutável para a irrelevância deixarão de ser figuras de retórica».
Mais haveria a dizer a respeito do sonambulismo europeu aquando das
primeira e segunda guerra mundiais, como a frase seguinte de advertência, entre
tantas:
«Entalada entre Trump e Putin, a
Europa avança para a catástrofe como os sonâmbulos de 1914, brilhantemente descritos
pelo historiador Christopher
Clarke (“Les Somnambules. Été
1914. Comment l’Europe a marché vers la guerre”), escreveu Sylvie Kauffman no Monde, na véspera da cimeira.»
«Porque, continua ela, se os seus líderes europeus não conseguirem desbloquear
a ajuda à Ucrânia e se, paralelamente, o congresso americano bloqueia também
essa ajuda, “este sinal será interpretado
na sua totalidade no Kremlin”.»………….
Mas interrompo o texto desta escrita para
escutar Nuno Rogeiro e José Milhazes, na Sic, os quais confirmam
tais razões e perspectivas enunciadas por Teresa
de Sousa. E de que maneira! Costumava escutá-los com gosto, porque
incutiam um certo optimismo acerca das previsões finais. Mas hoje, o optimismo desapareceu
das suas análises e críticas da guerra. A Rússia começa a impor-se, caso o
Ocidente não corresponda às expectativas de Zelensky.
Ai do Ocidente! Ai do mundo inteiro”
E leiamos o poema “A VIDA” de António Nobre, com o seu remate de tristeza,
pelo mundo imperfeito visualizado ou vivido. Hoje, seria mais de terror pelo
destruído. Previsto:
«Ó meu
amor! é para ver tantos abrolhos,
Ó flor sem elles! que tu tens tão lindos
olhos!
Ah! foi para isto que te deu leite a tua ama,
Foi para ver, coitada! essa bola de lama
Que pelo espaço vae, leve como a andorinha,
A Terra!
Ó meu amor! antes fosses ceguinha...
In «SÓ»
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