De um comentador pedante, julgo. Porque ataca
mais uma excelente crónica de Alberto
Gonçalves, a pretexto da sua inutilidade, quando acaba por se
referir ao mesmo assunto com o azedume que ele a todos merece, naturalmente,
mas sem o desenvolvimento argumentativo que a mordacidade de Alberto Gonçalves confere ao assunto e que relemos com o
prazer que os seus textos literários sempre produzem. Inútil, é certo, para os tais da Climáximo,
sem competência literária não só para o entender, como sequer o ler.
A Climáximo e a “normalização” do crime
Estas criaturinhas transtornadas são
os fundilhos de uma hierarquia. Quem manda nas criaturinhas permanece protegido
de maçadas, e não devo ser o único a achar que isso é uma vergonha.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 23 dez. 2023, 00:214
Já mal é notícia. Ontem de madrugada, com a ajuda de quadrilhas amigas
e indistinguíveis, a quadrilha da Climáximo vandalizou a fachada da câmara
municipal de Lisboa, onde pintou repetidamente a palavra “genocida”, além de
pendurar um farrapo com a inscrição “Palestina livre”. Sabemos
que se trata da quadrilha da Climáximo porque os protagonistas destes números
circenses são sempre os mesmos e porque a própria organização criminosa
divulgou e assumiu o acto nas “redes sociais”. Aí, os criminosos explicam que
não podem “consentir com instituições que celebram um regime de apartheid,
apoiando este genocídio”.
Isto levanta diversas questões. Uma:
a que título é que a Climáximo,
que alegadamente se dedica ao clima, se consome com um conflito político e
bélico em que o clima não é tido nem achado? Duas: porque é
que a Climáximo se preocupa selectivamente com o Médio Oriente e não, por
exemplo, com o drama dos uigures na China, o massacre de não-árabes no Sudão e
a desgraça dos venezuelanos na Venezuela? Três: o que leva a Climáximo a acusar de
“apartheid” um dos raros países da região que não o pratica? Quatro: com que lata é que a Climáximo descreve o
genocídio de uma população que cresce exponencial e consistentemente? Cinco: o que motiva as acusações específicas da
Climáximo à autarquia da capital e não, sei lá, à junta de freguesia de
Cebolais de Cima, em Castelo Branco? Seis: a que pretexto a Climáximo se esquece de
protestar a pobreza que aqui alastra, o aumento de infelizes a dormir na
soleira dos prédios, as filas de velhos ao relento nos centros de saúde de um
SNS em ruínas?
Tantas perguntas, e a resposta é só uma,
é óbvia e prende-se com as razões da impunidade da Climáximo, que possui
dirigentes identificados e se encontra claramente vinculada a um partido, de
cujo projecto político são, digamos, o braço armado – em parvo, acrescentaria se os atentados cometidos não
roçassem o puro terrorismo. É verdade que alguns dos moços e moças que estragam propriedade
alheia ou perturbam a circulação automóvel já foram condenados a multas
irrisórias, e que três irão talvez a julgamento. Mas estas criaturinhas
transtornadas são os fundilhos de uma hierarquia, pequenos fanáticos ao serviço
de quem manda. Quem manda nas criaturinhas permanece protegido de maçadas, e
não devo ser o único a achar que isso é uma vergonha.
Convém lembrar que Charles Manson não
esteve presente nos homicídios baptizados com o seu nome. E, numa escala menor
de ilicitudes, suponho que a justiça não toleraria que eu convencesse meia
dúzia de “activistas” de boa cepa a remodelar à marretada uma sede do Bloco de
Esquerda. Porém, à dra. Mortágua e ao sr. João Camargo, chefe da
Climáximo e genro do dr. Louçã (dois delitos de gravidade comparável), não
acontece nada. E não se prevê que venha a acontecer. O que é previsível, e o
que a Climáximo e o BE desejam que aconteça, é uma tragédia.
Numa manhã da semana passada, a
quadrilha da Climáximo sentou-se numa estrada lisboeta para impedir a
circulação do trânsito. Os vídeos e as fotografias correram por aí. A parte
cómica é a imagem em que três “activistas” seguram uma faixa onde se lê: “A crise climática é um genocídio”.
Para
eles, tudo, do “aquecimento global” a Gaza, passando pelos maus resultados do
Barreirense, é “genocídio”. Seria fácil explicar as insuficiências lexicais dos
moços e moças pela escassa assiduidade escolar (uma das “extensões” da
Climáximo intitula-se rigorosamente Greve Climática Estudantil, o que sugere
que transformaram a gazeta numa actividade a tempo inteiro).
Sucede que a hipérbole tonta e a
mentira escancarada são ingredientes indispensáveis aos movimentos
totalitários, que se alimentam da radicalização do, digamos, “pensamento”. Os “argumentos” destas seitas têm de ser
assim básicos, infantis, primários, quase animalescos. As seitas regurgitam
slogans da exacta maneira com que os orangotangos gritam para avisar os
semelhantes que vai chover. A diferença é que em geral os orangotangos acertam.
As seitas do calibre da Climáximo falham com impecável consistência, aliás na
medida em que nunca pretenderam estar certas. A retórica é tão primitiva que
parece estatística e biologicamente impossível existirem pessoas a acreditar
nela.
O facto, insisto, é que essas pessoas existem. E
trazem para a rua os ensinamentos de “guerrilha” aprendidos em “workshops”
leccionados por oportunistas desprovidos de escrúpulos. Quando atacam edifícios
ou políticos, a reacção é débil ou nula. Quando, porém, afectam a rotina de
membros menos ociosos da sociedade, a história complica-se. As filmagens do
bloqueio do Túnel do Marquês mostraram igualmente os “activistas” a serem arrastados como os pesos mortos que
na realidade são. Enquanto
arrastava um dos trambolhos, um condutor informou-os com pedagógica lucidez:
“Vão-se fod…, que há quem trabalhe”. A paciência não é elástica. Um dia, alguém
a perderá de vez e a “causa”, que não é a “climática” nem a “palestiniana” e
sim a ambição dos seus mentores, arranjará um mártir.
É por esse dia que a Climáximo espera, a fim de melhor “legitimar” a
própria violência. Um mártir, leia-se um garoto com perturbações evidentes
morto ou ferido às mãos de um cidadão exausto, garantiria dois meses de banzé
noticioso e anos de cadeia ao cidadão. E uma vida de sucessos públicos para os
responsáveis pela Climáximo, que celebrariam à solta a sua culpa sem castigo.
Depois não se queixem. Eu posso queixar-me: para usar um termo horrendo, jamais
“normalizei” essa gente.
ACTIVISMO SOCIEDADE EXTREMA
ESQUERDA POLÍTICA
COMENTÁRIOS (de 4)
F. Mendes: Sem
prejuízo do mérito destas observações certeiras, este é um daqueles artigos em
que o AG desperdiça o seu talento. E é pena, porque a qualidade do que se lê
neste jornal tem vindo a baixar a olhos vistos; e também porque haveria tantos
temas a desenvolver, tantas outras misérias a relevar (...). Sobre estes trogloditas da Climáximo: provavelmente, recolherão às
respectivas cavernas quando um qualquer grupo de automobilistas, ou de
proprietários vandalizados, lhes espetar uma tareia das antigas. Ou lhes
espatifar a sede; ou as casas dos respectivos "militantes". Esclareço que não apelo aqui à violência. Nem seria preciso, porque é
isso que estes cretinos andam a semear e a pedir com juros!
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