sábado, 16 de dezembro de 2023

Faço minhas


As palavras de Maria Paula Silva relativamente ao texto de RUI RAMOS sobre as duas guerras “que são a mesma”:

Maria Paula Silva: Excelente!  Até que enfim que alguém escreve, muito bem e de forma sintética, aquilo que se está a passar (e que é muito mais grave do que parece).  Está tudo interligado, a intenção é dividir atenções e ajudas e fragmentar. Para a fragmentação têm sido usadas várias estratégias, não só as wokistas como a imigração ilegal excessiva, entre outras.  Vamos ver se o 3º ponto não será Taiwan. Obrigada RR, é sempre gratificante aprender consigo (textos e podcasts)

Israel e Ucrânia: a mesma guerra

Em Israel e na Ucrânia, está em causa a existência de dois Estados, mas também a existência do Ocidente democrático e liberal, como aconteceu na Guerra Fria ou na II Guerra Mundial.

RUI RAMOS, Colunista do OBSERVADOR

OBSERVADOR, 15 dez. 2023, 00:2250

Chamem-lhe II Guerra Fria, ou III Guerra Mundial. Pouco importa o nome. O que importa é que já começou, e tem duas frentes acesas, na Ucrânia e em Israel. Ao fazer esta aproximação, haverá quem me diga: mas a Ucrânia combate no seu território; Israel combate no território do inimigo. Sim, a relação de forças no terreno, entre outras coisas, é diferente. Mas a história é a mesma: dois Estados cuja existência é negada por vizinhos poderosos, e que agora enfrentam guerras iniciadas por esses vizinhos. No caso da Ucrânia, é a Rússia que acha que o Estado ucraniano não devia existir; no caso de Israel, foram no passado todos os Estados árabes e é hoje o Irão e os seus exércitos satélites no Líbano, na Síria, em Gaza e no Iémen.

Alguns dos argumentos da Rússia contra a Ucrânia e do Irão contra Israel são específicos, mas há um que é comum: a Ucrânia e Israel são aliados do Ocidente, o que para Putin e os ayatollahs quer dizer “agentes do imperialismo americano”. A propaganda contra a Ucrânia e Israel é também parecida. Ambos são acusados de “genocídio”: a Ucrânia dos falantes de russo, e Israel dos árabes nos territórios outrora atribuídos ao Estado árabe da Palestina. Ambos são ainda, segundo as regras da velha agitprop soviética, tratados como “nazis” e Israel também como “colonialista”.

Está em causa a existência da Ucrânia e de Israel, mas está sobretudo em causa a sua opção de serem democracias liberais aliadas do Ocidente. A Rússia e o Irão fazem parte, com a China, de um eixo de potências que contestam a ordem mundial assente no predomínio do Ocidente e dos seus valores. Por isso, estão alinhadas contra a Ucrânia e contra Israel, apesar do esforço do governo de Israel para apaziguar Putin. A sua arma principal não são os mísseis e os drones, mas a manipulação das opiniões públicas ocidentais. Têm aliados fortes para isso no Ocidente: o esquerdismo, que domina universidades e meios de comunicação; o islamismo extremista, que ajuda a encher ruas em Londres; e o sentimento de culpa imperial, que faz demasiada gente desprevenida imaginar que o mundo seria um paraíso sem os EUA e a UE.

Não, não seria um paraíso, porque nem a Rússia, nem o Irão, nem a China zelariam pelos valores que fazem o mundo menos mau, como a democracia ou o humanitarismo. Pensem em como a Rússia ou o Irão tratam os seus dissidentes, ou em como fizeram a guerra na Síria ao lado de Assad. Mas o ponto é que o próprio Ocidente talvez não sobrevivesse num mundo em que não pudesse afirmar a universalidade dos seus valores, como faz agora. É que mesmo no Ocidente, a democracia liberal ou a economia de mercado são estimadas na medida em que são princípios universais, e não apenas formas culturalmente específicas de europeus e americanos se organizarem. Provavelmente, também não durariam na maior parte dos países ocidentais se perdessem essa universalidade. Viu-se isso acontecer na década de 1930. Como resumia o cartaz americano da II Guerra Mundial: “este mundo não pode existir metade escravo e metade livre”.

Na Ucrânia e em Israel, o imperialismo neo-soviético e o totalitarismo islâmico testam a determinação dos governos ocidentais em defender a liberdade. Rússia e Irão desprezam as democracias liberais, porque acreditam que debates e eleições livres, na medida em que limitam o poder, só servem para tirar força aos líderes. Estão por isso convencidos de que, se insistirem, poderão provocar na Ucrânia e em Israel, por “cansaço” ocidental, o equivalente da catastrófica retirada americana do Afeganistão, e assim iniciar a desagregação da actual ordem.

ISRAEL    MÉDIO ORIENTE    MUNDO     IRÃO     RÚSSIA     DEMOCRACIA     SOCIEDADE     GUERRA     CONFLITOS     UCRÂNIA     EUROPA

COMENTÁRIOS (de 50)

Maria Paula Silva: Excelente!  Até que enfim que alguém escreve, muito bem e de forma sintética, aquilo que se está a passar (e que é muito mais grave do que parece).  Está tudo interligado, a intenção é dividir atenções e ajudas e fragmentar. Para a fragmentação têm sido usadas várias estratégias, não só as wokistas como a imigração ilegal excessiva, entre outras.  Vamos ver se o 3º ponto não será Taiwan. Obrigada RR, é sempre gratificante aprender consigo (textos e podcasts) (e já consegui viciar a minha família nas suas rubricas:                         Filipe Paes de Vasconcellos: Não há ser humano algum e em qualquer lugar do mundo que não goste de viver bem, i.é. viver melhor, ou até viver pelo menos tão bem como vive o seu vizinho. E, é aqui que entronca a grande preocupação do mundo não livre e não democrático em destruir o mundo livre, democrático ocidental, europeu apoiado pelos EUA, UE e alguns países asiáticos como o Japão e a Coreia do Sul. Assim, não interessa à Rússia, à Palestina, ao Irão e a todos os paises comunistas e autocráticos serem vizinhos de países próspreros , democráticos e livres onde os seus povos vivem como seres humanos e não como escravos. A par disto o mundo não livre, face ao avanço tecnológico que é imparável , não consegue tapar os olhos aos seus povos “escravos e portanto o termo de comparação torna-se incontrolável e incontornável. Portanto, para a Rússia, mais do que o domínio territorial da Ucrânia, o que lhe é perfeitamente insuportável é ter mais um país nas suas fronteiras livre, democrático e que partilhe os valores do Ocidente com a sua adesão a Comunidade Europeia. Entende a Rússia que este acontecimento é mais um enorme perigo que se instala nas suas fronteiras e que põe em causa a sobrevivência do seu regime, razão pela qual o seu grande combate é ter o domínio político económico e social da Ucrânia, e já agora o celeiro para que não se morra tanto de fome nos povos escravos que dominaram de forma brutal.                            Henrique Nobre: Em África, a China já ganhou, e a Rússia está em expansão acelerada. Para o Ocidente, e para os valores que representa, Ucrânia, Israel, e Taiwan, são fronteiras da democracia que têm de ser defendidas. Sem concessões.                     José Vaz > Américo Silva: Foi uma óptima ideia dividir tanta asneira em 2 comentários assim uma pessoa lê o primeiro fica enjoado mas não vomita logo ainda dá tempo de ler o segundo, mas aí não há hipótese é correr para o WC                   José Vaz > Américo Silva: Tanta asneira junta é obra parabéns                         joaquim Pocinho > Pedra Nussapato: Antes de falar pense! E antes de pensar leia!                  joaquim Pocinho: De facto, o ocidente tem o seu principal inimigo dentro de portas. Vejam a pedra no sapato que nos calhou: primeiro atacam desumanamente Israel, depois fazem de milhões de pessoas escudos humanos, e depois vem esta alminha sugerir guerras limpas , tipo jogo de computador . E a indecência dos escudos humanos não são crimes de guerra? Venha de lá essa indignação também, ou a pedra no sapato etanol incomodativa que o impede de pensar?                         Carlos Chaves: Encontramos sempre a esquerda no lado errado da história! E não é só a esquerda radical, o PS em pele de cordeiro, tem vindo a alterar as nossas posições de política externa, nomeadamente em relação ao importantíssimo assunto que o Rui Ramos aqui nos trouxe! Será gravíssimo se não arrepiarmos caminho e não expulsarmos estes fundamentalistas antidemocráticos do nosso governo.                           joaquim Pocinho > Pedra Nussapato: Em minha opinião, claro, a sua resposta não faz sentido, está fora de contexto da conversa, respondeu alhos aos meus bugalhos … olhe, desculpe e bom dia para si!                     Ana Marta: Muito boa análise e totalmente realista. Ambas as guerras são contra a sociedade ocidental e ambas foram provocadas por sociedades totalitárias.  O resto tem a ver com a forma, que acho muito bem descrita no artigo.

 

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