Como em todo o sempre. Espremida a
borbulha Trump, outra
borbulha se apronta, numa pele territorial vasta e vária. A incógnita põe-se
sempre, não vale a pena tentar já espremer a nova borbulha, que terá largo
tempo para amadurar…
CRÓNICA
O mal da borbulha
Uma borbulha é feia e pode infectar,
mas removê-la não vai curar outra doença da pele que se tenha – ou fazer seja o
que for para melhorar o estado geral da pele. Acontece o mesmo com as ditaduras
– e com as pandemias..
PÚBLICO, 17 de Dezembro de 2020
Ainda
Joe Biden
não é Presidente já a presidência de Biden começa a desiludir. Mas a culpa não
é de Biden. Um dos males das coisas más é a ressaca. A ressaca de Trump
ainda não começou mas já dói. Um dos males das coisas más é levar-nos a
pensar que, quando o mal tiver passado, tudo será melhor.
Perdi
a conta do número de pessoas que viram a remoção de Trump da Casa Branca como
uma solução para os problemas dos Estados Unidos da América. A verdade é que,
quando se tirar Trump da Casa Branca, a única coisa boa que se obterá é a
ausência de Trump.
Ora a ausência de Trump não resolverá nada. É
confundir uma borbulha com a pele. Uma borbulha é feia e pode infectar, mas
removê-la não vai curar outra doença da pele que se tenha – ou fazer seja o que
for para melhorar o estado geral da pele. Acontece
o mesmo com as ditaduras – e com as pandemias. É
uma atracção irresistível da política: confundir tudo ao ponto de achar que
todos os males se reduzem a um – e que esse mal concentrado pode ter um
concentrado remédio.
As pessoas mais díspares, com
objectivos políticos inconciliáveis, juntam-se para fazer frente a um inimigo
comum. Mas, mal esse inimigo foi derrotado e passado o curto período de alívio,
as diferenças originais reaparecem com uma força maior, ampliada pela ilusão
nascida daquela unidade momentânea. É um erro mais grave por ser tão facilmente
transmissível. Pouco depois de Biden tomar posse, reaparecerá na forma de “é preciso substituir Biden por uma pessoa
mais eficaz/mais activa/mais nova/mais de esquerda”.
O que muda é a identidade (a
localização?) da borbulha. A satisfação de espremê-la não muda. Nem a de vê-la
secar. E muito menos a veleidade de imaginar a utopia que virá de viver sem
ela. Mas pronto.
COMENTÁRIOS:
Colete Amarelo EXPERIENTE: Deus queira que a borbulha Biden não seja tão maligna. Gualter Cabral EXPERIENTE: Como diria Jonh Le Carré - na sua contida linguagem:
"Mudam-se as moscas, mas a ...... é a mesma. Mas eu penso (às vezes penso)
que o que interessa não são as borbulhas na pele, mas sim mudar de pele. Tiago INFLUENTE: Não há pele que resista ao consumo de água tão podre...
E nem adianta purificar a água, com tantos dejectos sendo atirados a ela...
constantemente. Borbulhas? Apenas os sintomas. Pele? Apenas a superfície
visível que os expõe e com eles as doenças. Mente? Apenas a fonte e
reservatório da água. Mentiras? Os dejectos que transportam o vírus da
ignorância. Passam-se os ânus, mas a m**** é a mesma.
Gualter Cabral EXPERIENTE: Não percebi o seu comentário. Em abono da verdade o meu
também não é muito perceptível. Estamos um para o outro. É como as pinturas
abstractas: cada um entende como quiser. José P. MODERADOR: Caro Gualter, se eu pudesse votava na sua resposta para
comentário do ano. Fartei-me de rir. Obrigado. Cumprimentos. Gualter Cabral EXPERIENTE: José P - O MEC diverte-se com as suas crónicas, e eu,
procuro ir-lhe no encalco. Ele diverte-se, e ainda lhe pagam. Eu não recebo um
centavo, mas também de divirto. Um abraço. Sandra. MODERADOR: Olhe Miguel, li, por outras palavras vá, aquilo que
aqui diz, no Avante! Só não lhe chamam borbulhas. Mr.Mar INICIANTE: Na mouche!
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