Do muito que soubemos nós retirar-lhes, por conta das liberdades tolas que lhes quisemos conceder, por falta de bom senso nosso. Será que é deles a culpa? Afinal, eles fazem parte do sistema que construímos, desconstruindo, em pedantismo e atropelo já de pura imitação… Não, não colhe, o passa-culpas…
Os chalupas que fazem correr muita tinta
Consciente ou alucinadamente o activismo do clima possui objectivos
claros: combater o capitalismo e instituir um retrocesso civilizacional sem
precedentes. Ou seja, quem promete acabar mal somos nós.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 30 set. 2023, 00:225
Em livrinho recente, o teólogo espanhol Luis Santamaria del Rio calcula
que a pertença dos portugueses a seitas religiosas ronda os dois por cento,
valor que é o dobro da média europeia. Ainda assim, a estimativa é baixa. Com
certeza o dr. del Rio não considerou
os membros das seitas “climáticas”, por aqui chamados de “activistas” para
disfarçar e confundir teólogos estrangeiros. Se a semana que passou
serve de amostra, eu diria que uns dez por cento dos portugueses frequentam
cultos do género. O número deve subir para trinta por cento se considerarmos
apenas os jovens.
Vamos aos factos. Num dia, os “activistas”, jovens e portugueses, invadiram uma
conferência em que participava o ministro do Ambiente e pintaram o homem de
verde. No dia seguinte, os “activistas”, portugueses e jovens, invadiram uma
conferência sobre aviação na FIL e pintaram as portas de vermelho. Por fim,
saiu a notícia de que seis “activistas”, naturalmente jovens e naturalmente
portugueses, rumaram de bicicleta (estou a brincar: foram de comboio) a
Estrasburgo, de modo a comparecer ao julgamento, no Tribunal Europeu dos Direitos
Humanos, de uma queixa que haviam apresentado em 2020 contra 32 países da União
Europeia. A queixa versa a “inacção” em matéria de “emergência climática” e os
queixosos tinham, à data do início do processo, entre 8 e 21 anos.
A conclusão imediata a tirar é que, por cá, as manifestações
ambientais não incluem cola. Por escassez de acervo digno, e o receio de andar
durante meses com uma obra de Cabrita Reis agarrada às mãos, os nossos
“activistas” evitam a adesão (digamos) a peças artísticas que faz furor lá
fora.
A segunda conclusão é a de que os níveis de abandono escolar, ou pelo
menos de absentismo, são preocupantes. Embora as aulas já tenham começado,
constata-se que incontáveis meninos e meninas as trocam pela participação em
números de circo. No meu tempo, faltávamos para conversar no
café, actividade que, admito, não oferece tantas saídas profissionais. Agora,
inspirados nos exemplos da pequena Greta e do pequeno Guterres, os jovens que
não auguram futuro ao planeta ambicionam um futuro risonho em carreiras
devotadas a não augurar futuro ao planeta. Ao que parece, emporcalhar lugares e
pessoas enquanto se gritam slogans apocalípticos tornou-se uma espécie de
ofício, para cúmulo um ofício que se pode desempenhar a partir de casa,
naturalmente a dos pais. Se os jovens qualificados se sentem forçados a deixar
o país, os jovens desqualificados lá arranjam maneira de ficar, excepto por
ocasionais – e breves – viagens de trabalho a Estrasburgo.
O
problema não é geracional. Se é, a geração responsável é a dos progenitores dos
jovens em questão, que assistem nos “media” às proezas dos filhotes e,
suspeito, não os presenteiam com um arraial de pancada no regresso ao lar.
Quando eu fugia às aulas em prol do café e da malandrice em geral, convinha
manter o meu pai na ignorância: explicar-lhe que as minhas baldas decorriam de
aflições com o ecossistema não teria mitigado a sova. Pelo contrário, o
“argumento” só o convenceria de que, além de preguiçoso, o filho não regulava
bem. Agora os jovens largam a escola para desfilar nas televisões, assaz
orgulhosos por pintarem o que calha com uma demão tosca e sem primário. E
aposto que os papás, enternecidos com a evidência de distúrbios psiquiátricos
ou de uma enorme lata, gravam as imagens para rever em sucessivos jantares de
família.
A
propósito de distúrbios psiquiátricos, é importante notar que são os referidos
jovens a confessar padecerem de “ansiedade climática”. Alguns fazem-no porque
viram no Tik-Tok e acharam giro. Mas haverá quem leve a sério os alertas de que
o mundo acabará anteontem. Aliás, logo após o cabelo azul e a argola no nariz,
o principal critério de admissão numa seita milenarista é a propensão para
engolir patranhas: os seguidores de Jim Jones, David Koresh ou Charles Manson
não se distinguiam pelo cepticismo nato. Nem os fiéis do genro do dr. Louçã,
cujo nome não recordo e que é o guru que o templo da Climáximo foi capaz de
engendrar.
A verdade é que, na ausência de orientação paternal e de acordo com
o grau de inimputabilidade, o “activismo” que incomoda terceiros devia merecer
cadeia ou acompanhamento clínico. Por azar, recebe antena prolongada a meio dos
telejornais, momento aproveitado pelos jovens para reclamar com urgência “a
abolição dos fósseis” e pelos oportunistas para lhes aplaudir a “coragem” e a
“dedicação” a uma “causa”. A
coragem justificava-se se os seus actos tivessem consequências penais. A
dedicação a infantilidades confunde-se com o ócio. E entrar em histeria a
pretexto de desastres inventados ou hipotéticos não constitui a defesa de uma
causa. Muito mais legítimo seria os contribuintes cobrirem governantes com
alcatrão e penas para protestar o preço dos combustíveis, que ao invés dos
cataclismos ecológicos é comprovável.
Brincadeiras à parte, consciente ou
alucinadamente o “activismo” do clima possui objectivos claros: combater
o capitalismo e instituir um retrocesso civilizacional sem precedentes. Todas
as seitas têm as suas manias e, se contrariadas com firmeza, costumam acabar
mal. A novidade é que desta vez o Ocidente em peso decidiu alimentar os
delírios destes peculiares cultos e “compreender” os apelos ao atraso de vida.
Ou seja, quem promete acabar mal somos nós.
ACTIVISMO SOCIEDADE ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS CLIMA AMBIENTE CIÊNCIA
COMENTÁRIOS:
F. Mendes: Bom artigo, embora seja pena que o AG não tenha antes
dedicado o seu talento ao que se passou com as eleições na Madeira; ou, o que
seria ainda melhor, à sanha do Costa em encher a Europa e Portugal de
migrantes, imigrantes, refugiados, fugitivos ao aquecimento global e de tudo o
que for cabendo numa chalupa para acabar com a civilização Ocidental. Este
último fenómeno, desconfio, será muito mais perigoso para os nossos valores, do
que estes actos dos patetas do clima, dos animais, da igualdade de género, etc. Já agora, refiro que o inefável Marcelo ficou calado
face a estes atropelos à civilidade. E sou insuspeito de simpatias com
ministros socialistas, Duarte Cordeiro incluído. Mas, há limites que o
bom-senso recomendaria que fossem respeitados. Tristemente, para quem comenta
decotes em termos que envergonhariam um servente de pedreiro, os limites são o
que nosso “pr” quiser e disser.
Fernando Cascais: A grande inspiração para os nossos jovens activistas
foi a Greta, que de tanto activismo ambiental ainda acaba junta com outra activista.
A pequena Greta passou a fenómeno internacional quando se lembrou de fazer
greve pelo clima uma vez por semana à porta da escola. Ocorreram jornalistas de
todo o mundo e a moça ficou famosa e com o futuro garantido. Já viajou por todo
o mundo, discursou na ONU e escreveu livros. Garantidamente já terá uma conta
bancária simpática. Por cá, os pais que sonhavam ter um filho como o Cristiano
Ronaldo na bola, assim que perceberam que os miúdos eram uns chonés que nem
para apanha-bolas serviam, lembraram-se da Greta e uma lâmpada das antigas
materializou-se em frente às suas testas e acendeu-se. Foram a correr ao AKI
comprar umas argolas para enfiarem nos narizes e nas orelhas dos putos. Pelo
caminho passaram pela Robbialac e compraram umas latas de tinta de esmalte
aquoso de diversas cores e pintaram à trincha o cabelo aos filhos. Depois,
pegaram neles, e em vez de seguirem para a academia do Sporting levaram-nos
para a sede do BE, depositando toda a esperança no treinamento da madrinha
Mortágua afim de se tornarem pontas-de-lança do movimento nacional
ambientalista com fortes expectativas na esperança de se internacionalizarem e
garantirem um futuro confortável. As televisões têm dado algum destaque mas não
o suficiente… ainda nenhum deles foi agarrado como especialista do ambiente
para comentar regularmente num programa de televisão. As acções têm sido
envergonhadas, mas, nota-se que há coragem para ir mais além. Uma boa ideia
seria, agora que toda a gente fala na TAP, conseguir invadir a pista do
Aeroporto internacional de Lisboa, e, espalhados por toda a pista amarrados com
cadeados ao que por ali houvesse, impedir os aviões de aterrar e levantar voo,
e, assim de queimar combustíveis fósseis. Ia dar nas vistas. Depois, no
discurso, diriam que a venda da TAP é uma medida inimiga do ambiente, porque,
os aviões iam deixar de fazer greve e voar muito mais contribuindo para um
maior número de emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.
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