sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Comentários pouco claros


A “decifração” feita por Eugénia de Vasconcellos das intenções do “CHEGA” da manipulação dos “descontentes despojados”, e do PARTIDO SOCIALISTA da manipulação dos “contentes despojadores” não nos parecem nem ingénua nem pretensiosa, segundo afirmação dos dois comentadores, eles próprios de intenções pouco claras. Pelo contrário, uma escrita clara e elegante acompanha um pensamento lúcido e sem ambiguidades tolas, como deixam antever os comentários, esses, sim, ou ambíguos ou vazios de conteúdo.

PS.: Excluo o comentário de “A TOUPEIRA”, que não lera ainda e que me parece mais certeira.

De facto, parece que não vai restar nada de tanta dispersão de afectos – gritarias, medos, simulações, dissimulações, a esperteza imperando, a resignação impondo-se, a justificar a inacção. Só paleio, afinal, com a cobertura balofa da democracia.

Moção de Futuro

Tudo quanto está à direita deste PS, ainda que seja centro, centro-direita, direita liberal ou populismo, é aglutinado pelo Papão. Os fascistas. Como verificámos nas últimas legislativas, funciona.

EUGÉNIA DE VASCONCELLOS Poeta, ensaísta, escritora

OBSERVADOR, 22 set. 2023, 00:172

O Partido Socialista e o Chega têm o seu melhor interesse à frente do superior interesse de todos os portugueses.

O desenvolvimento do país e da qualidade de vida de cada um de nós a curto, médio e longo prazo, está subalternizado pela obtenção, e manutenção, de poder partidário a curto prazo. Obviamente, quando digo Partido Socialista, refiro-me a este umbiguista, aparelhista e sem visão para Portugal que emergiu com Sócrates e hoje é governo. Quanto ao Chega sabemos todos de onde vem: das franjas da insatisfação quer da direita quer da esquerda, do empobrecimento daquela que foi a classe média, da exclusão profissional e social.

Esta Moção de Censura, e quem quer que se dê ao trabalho de a ler poderá verificá-lo, não tem o tom tonitruante a que o Chega nos habituou nas suas populistas tiradas parlamentares. Antes aponta todas as áreas problemáticas desta vergonhosa governação, no entanto, com a facilidade de não oferecer soluções. Ou seja, nada constrói além do clamor à esquerda: cuidado, vem aí o PapãoE o Papão é o «fascismo» como este Partido Socialista o inventa para nos desinformar: tudo quanto está à direita deste Partido Socialista, ainda que seja centro, centro direita, direita liberal ou populismo, é aglutinado pelo Papão. Os fascistas. Como tivemos a infeliz oportunidade de verificar nas últimas eleições legislativas, funciona. A erosão democrática que causa é, para estes intervenientes, o Partido Socialista e o Chega, coisa de somenos já que funcionam ambos em cadeia de realimentação: ambos crescem enquanto o centro moderado desaparece e a polarização aumenta.

Já tive oportunidade, aqui no Observador, de escrever sobre este processo e os seus custos conforme o vimos em França – sempre com a salvaguarda de França ser um país rico e nós um país pobre. E sobre os Estados Unidos onde o Partido Republicano tem vindo a ser devorado pelos seus extremos e ao serviço de quem, deliberada ou inocentemente, estão. E os novos meios tecnológicos de desinformação e manipulação disponíveis para potenciar as mais fundas cisões como os mais fragmentados e superficiais tribalismos.

A toxicidade desta forma menor de estar na política, isto é, ao serviço do aparelho e em serviço próprio, está a destruir a democracia.

É verdade, somos um país pequeno, periférico, pobre, que esbanja os seus recursos naturais e humanos como se fora riquíssimo, ora alienando e destruindo, ora empurrando para a imigração ou para o descaso. É verdade, a nossa relevância internacional é ínfima, excepto para a predação turística ou dos fundos imobiliários. Mas nem por isso, nem por estarmos numa excepcional deriva socialista no que à Europa diz respeito, e aos Estados Unidos, ambos em rota para o autoritarismo através de direitas de diferentes filiações, devemos fechar os olhos nesta hora charneira: o mundo está a mudar. E a mudança não nos beneficia quando assenta no desmantelamento progressivo do Estado de Direito.

É absolutamente necessário que nos juntemos nas nossas diferenças, repito, diferenças, para da discussão encontrar um chão comum, um consenso do qual se crie uma visão para o país. Uma ideia futurante de ser Portugal.

PARTIDO CHEGA     POLÍTICA     PS

COMENTÁRIOS

A Toupeira:: Artigo confuso para manter uma não opinião? Então se o poder de um indivíduo que vem de Sócrates e que críou um regime que cairá com ele e que destruiu as estruturas do Estado e provocou a censura dos media em todas as estações de TV subsidiadas, sendo a resistência a Moção de censura do Chega que pareceu ser correcta e porque o PSD não se mostra e não se vai mostrar com este fraco dirigente e por não ter projecto político para Portugal, ficamos onde? Ficamos apenas nos ápodos que utiliza (populismo) e não utiliza conforme lhe convém: "populismo" e "fascismo"?

Alexandre Barreira: Pois. Cara Eugénia. Por favor. Não seja "ingénua".........!

Ana Luís da Silva: Até parece que o poder dos partidos nas democracias ocidentais está dependente do resultado de um jogo de xadrez ou de qualquer fenómeno inexplicável, mas sempre da culpa dos outros que não deles próprios! Não, de todo. Está dependente acima de tudo do voto dos cidadãos. As pessoas estão descontentes? Porque será? É intelectualmente enviesado (foi o eufemismo mais suave de que me lembrei) que a articulista ponha no mesmo pé o PS (o socialismo) e o partido CH (conservador nos princípios, de matriz judaico-cristã e liberal na economia). Já percebi que para esta senhora tudo o que lhe desagrada está errado no mundo. Não sei se escreve estas coisas para desencadear a leitura/comentário das suas opiniões entre os leitores do Observador ou se acredita mesmo na sua narrativa estapafúrdia, sem pés nem cabeça. A explicação para os partidos tradicionais do centro e do centro direita estarem a perder na Europa representação entre o eleitorado é bem simples e não precisa de bodes expiatórios: perderam a coluna vertebral dos princípios, gerem a sua relação com o eleitorado com arrogância, na base do clubismo e de interesses que não coincidem com os dos seus representados e que por isso são anti-democráticos, em vez de trabalharem afincadamente pelo bem do seu país e das pessoas que os elegeram. 

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