A verdade é que não entendi a tese sobre
a “Sinfonia do Novo Mundo”, presos
que estamos nesta armadilha de um destino cada vez mais obscuro, ou sem
significado, ratos de Hamelin, bem conduzidos
pelo flautista até ao rio, onde serão afogados. Talvez este estado de
emergência tenha feito apagar o entendimento... Longe estamos, na verdade, da
extraordinária movimentação e gozo de viver, captados por um espírito amante de
todos os ruídos civilizacionais, como o de Álvaro
de Campos na sua gloriosa “Ode
Triunfal”:
Que importa
tudo isto, mas que importa tudo isto
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?
Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,
O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,
O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,
O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes
Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.
Ao fúlgido e rubro ruído contemporâneo,
Ao ruído cruel e delicioso da civilização de hoje?
Tudo isso apaga tudo, salvo o Momento,
O Momento de tronco nu e quente como um fogueiro,
O Momento estridentemente ruidoso e mecânico,
O Momento dinâmico passagem de todas as bacantes
Do ferro e do bronze e da bebedeira dos metais.
O que se diria agora é “Para quê
importarmo-nos a tentar mudar a História, ratos que somos – domesticados embora
- reféns de um invisível coronavírus, neste momento do quebranto e do silêncio,
pese embora o estrebuchar de tantos – uns realmente úteis e sacrificados,
outros, os das comemorações insensatas, a fingir a continuidade dos seus
pergaminhos?…
HENRIQUE SALLES DA FONSECA A
BEM DA NAÇÃO, 22.04.20
Tem
o “A bem da Nação” por princípio considerar que todos os comentários são uma
benesse recebida dos generosos leitores. Assim, não há polémicas e apenas
agradecimentos. Em textos sequentes poderá haver pedidos de perdão por erros
cometidos ou explicações sobre matérias inicialmente mal expostas e que careçam
de correcção. É o caso de hoje em relação ao texto anterior que, julgava eu,
poderia ser o último desta série. Não foi.
Pelos
vistos, não me fiz entender na «separação das águas» entre a Índia e a CPLP.
Talvez tivesse bastado colocar três asteriscos entre os dois temas e a confusão
não ocorreria. Talvez. Mas o mal está feito e não vai ser agora corrigido para
não retirar cabimento ao comentário de quem não separou os temas.
Nesta
conformidade, venho a terreiro como Egas Moniz perante Afonso VII de Castela,
de baraço ao pescoço, pedir perdão por tão fraca escritura que feriu a
sensibilidade de valorosos patriotas da Nação Goesa quer in loco quer
na diáspora.
Que
fique bem claro que a minha proposta para a Índia nada tem a ver com a CPLP.
Trata-se, isso sim, de substituir a China pela Índia no contexto global dos
países vitimados pela maldade subjacente à soltura do vírus em Wuhan. Esta é
uma conversa para a qual a lusofonia (nem sequer a lusofilia) é chamada. A
questão do ex Estado Português da Índia é para tratar noutro contexto em que,
no máximo, poderei sugerir uma aproximação da UCCLA a alguns municípios
historicamente relevantes nesse outro contexto. Mas isso fica para «outras
núpcias».
Relativamente
à CPLP, admito que os temas sugeridos sejam de debate prolongado pois não vejo
aquela instituição vocacionada para grandes voos. Pelo contrário, vejo-a
rasteirinha, sem ânimo sequer para liderar um processo tão inócuo como o da
uniformização da língua gestual portuguesa. Nem isso são capazes de incluir
na agenda de temas a debater, quanto mais assuntos de peso. Só que,
entretanto, o DAESH hasteou a sua bandeira em Mocímboa do Rovuma e decapitou e
desmembrou elementos da Guarda de Fronteira moçambicana e, entretanto, há
países em ruptura de meios de pagamento sobre o exterior não só porque a
roubalheira dos políticos a isso conduziu como por debilidades estruturais nas
relações externas de pequenos Estados. Mas esses são temas para que simples
Funcionários não têm mandato ou ânimo suficientes para com eles lidarem.
Esta
inoperância não pode ser considerada uma inerência da instituição. Logo, não
deixo de referir temas que me parecem importantes.
Como
havemos de continuar a falar destes e de outros temas se as entidades oficiais
não lhes ligam patavina? Venham sugestões.
Abril de 2020 Henrique
Salles da Fonseca
COMENTÁRIO: Anónimo 22.04.2020: Falando, não desistindo de falar com abertura de espírito
(de que este blog é excelente exemplo). Água mole em pedra dura...
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