Inteligentes, honestos, sensatos - como parece
ser este jovem, Francisco
Castro Silva: um nome a reter, para um futuro necessário para o
nosso país. Os comentadores – na sua maioria, explicam.
Isto é que é repugnante
Nós, os portugueses, por causa da dívida
que carregamos, precisamos de uma autêntica vaca voadora. Eles, os holandeses,
que até são contribuintes líquidos da UE, não precisam. Isto é que é repugnante
FRANCISCO CASTRO SILVA, Estudante no Master in Finance na Faculdade
de Economia da Universidade do Porto
OBSERVADOR, 05 abr 2020, 00:1641
Neste
texto vou apresentar-vos uma aventura histórica de um líder nato. Um político flexível, o único que consegue
agradar a gregos e a troianos. Consegue também agradar aos lusos, esse povo
difícil de cativar. No mais recente campo de batalha europeu, batalha esta
que substitui cabeças a rolar, pontes a cair, igrejas em chamas e tanques a
desembarcar, por uma videochamada com instruções para manter o micro desligado
para não se ouvir ruído, surgiu então o nobre lusitano para defender esta
ocidental praia e seus históricos aliados contra os palavrões repugnantes do
agressor neerlandês. Vamos então tentar avaliar este episódio que segundo
a aparente opinião pública, dá a vitória ao paladino português, com honras de
ser recebido em casa da Cristina.
Cá vai então uma opinião impopular:
apesar de alegadamente repugnantes, as palavras de Wopke Hoekstra parecem-me
razoáveis. Antes que me
retirem a nacionalidade e me expropriem os bens, eu passo a explicar o meu
ponto de vista. Não ouvindo, mas admitindo que as palavras dele foram num tom
incendiário, é algo a reprovar pelo momento delicado que todos passamos. Mas
retiremos as palavras do senhor do contexto hiperbolizado pela extrema
sensibilidade em que toda a gente se encontra e vamos por partes. O ministro
das finanças holandês vem de um país onde o governo é liberal. E já aqui, temos
de fazer uma pausa para entender a palavra mais misteriosa das últimas semanas
— talvez meses — desde que foi eleito um deputado liberal no parlamento
português. Liberal significa, em termos bem simples, que o que se
pretende é uma participação diminuída do Estado na economia e nas regras da
sociedade.
Penso
que é aqui que as dúvidas surgem: diminuída não significa inexistente. Nem fraca, antes pelo contrário. Se é
verdade que, ao contrário do Estado, os mercados geralmente ajudam a alocar
mais eficientemente os recursos entre as pessoas conforme as suas necessidades,
também é verdade que isso não é indiscutivelmente sempre o caso. E é isso que
distancia um liberal de um socialista ou de um libertário. É reconhecer
que, para a generalidade dos casos e das interacções entre pessoas (até na
saúde), é bom haver propriedade privada e preços, mas que há alguns casos
onde isso simplesmente não basta para se atingir um maior bem-estar. Então em casos
de saúde pública está encontrada uma excepção à intervenção meramente privada.
Em casos de crise económica também. Quando há crises é preciso o Estado
intervir. Um facto
com um ponto final assumido com todo o orgulho e naturalidade pelos liberais.
Não percebo então como é que um líder tão sábio e tão bom para as suas gentes
confunde Iniciativa Liberal com Iniciativa Estatal. Mas vamos desculpar, podia
só estar cansado das suas batalhas contra as ameaças externas.
Voltando à Holanda, a sua resposta às
crises e desempenho nos períodos de expansão económica é interessante e bate
certo com a teoria liberal: simplesmente, em tempos de crise, a Holanda aumenta
a dívida relativamente à produção de riqueza e em tempos de prosperidade
económica global diminui. Simples.
Quando voltam os períodos sombrios, a Holanda volta a investir nos serviços
públicos para fazer face à iminente miséria que sabemos bem que uma crise
económica significa. Quando passam as trevas, o Estado sai de cena e deixa as
pessoas fazerem as suas escolhas e terem as suas próprias iniciativas,
libertando-as dos fardos tanto de um governo gordinho, como de empresas
lobistas bem alimentadas.
Olhando para Portugal, Espanha e Itália
— os novos aliados contra os cruéis nortenhos — vemos que, desde a última
grande crise, assertivamente aumentam a despesa pública tal como mandam os
manuais, mas nos tempos de prosperidade que se seguiram parecem não fazer muito
para descolar o Estado da vida económica, ou se o fazem, fazem-no “poucochinho”
como diria o nosso guardião. Assim
pelo menos indicam os níveis de dívida pública/PIB. Inclusivamente, até o
nosso guarda-Costas reivindica ter virado a página da austeridade sozinho, qual
Hércules das Finanças Públicas, e lançado o país para uma estabilidade
económica olímpica, nunca vista, apoiado apenas com a sua clava, o Estado
claro. Começa a ficar então cada vez mais razoável a declaração de Wopke
Hoekstra, pois parece que o Estado de uns anda a poupar em tempos bons para
enfrentar tempos maus e o Estado de outros anda a gastar em tempos bons e a
estender a mão em tempos maus. Umas cigarras e outras formigas, portanto.
A
situação ainda se agrava mais quando vemos quem são os contribuintes e beneficiários
líquidos dos fundos comunitários da União. Talvez com surpresa para alguns com
o sentido de justiça social mais apurado nos últimos tempos, a Holanda
posiciona-se no topo dos contribuintes líquidos: paga mais do que o que recebe.
Já Portugal, sem surpresa, posiciona-se confortavelmente entre o topo dos
beneficiários líquidos: recebe mais do que o que paga.
Numa
altura em que a solidariedade deveria reinar, deveria imperar também a
capacidade de nos colocarmos nos pés não só dos nossos compatriotas, mas também
nos dos nossos concidadãos europeus. E com isto não estou a querer dizer que
este é o momento para consolidar as contas públicas e apertar o cinto da
austeridade. Pelo contrário: este é o momento de investir fortemente (e mais
importante até, inteligentemente) na nossa economia e nos nossos serviços
públicos para termos uma recuperação mais suave. Mas ao mesmo tempo não
podemos descartar a hipótese de os holandeses sentirem que os nossos
governantes cantam muitas cantigas de punho erguido durante o verão, porque
sabem que no inverno serão resgatados com a mão estendida. O que diríamos
nós se estivéssemos na mesma posição? Infelizmente para nós, o que o nosso
herói não nos diz é que não estamos em posição para aumentar a nossa despesa.
Estamos até numa posição tremendamente desconfortável, estando no top-10 dos
países relativamente mais endividados do mundo. Muito provavelmente, depois
desta quarentena vamos acordar para uma realidade conhecida e ameaçadora.
Significa o que estão a pensar: Troika. Significa o que temem: austeridade.
Isto não nos diz Costa.
Quem
nos dera a nós que Costa não fosse forçado a estender a mão à procura da única
solução que lhe, nos, pode salvar a pele: a emissão de dívida conjunta pela
União. Uma solução que não vai acontecer sem consequências para a nossa
soberania orçamental e fiscal. Porque desengane-se que as formigas europeias
aceitam tal partilha de risco sem exigir que aqui as cigarras abram mão da sua
gestão do país. Não gerimos bem a bem, gerimos bem a mal. E se os Venturas já
crescem sem intervenções externas na nossa economia e no nosso dia a dia, que
será quando tivermos ainda mais fortes restrições impostas pelos estrangeiros.
Isto não nos diz Costa.
Quem
nos dera a nós que durante estes últimos anos tivéssemos ganho margem para
agora podermos com ou sem ajudas recuperar as nossas empresas, os nossos
empregos e enfim, o nosso País. Perdemos a maior oportunidade que nos foi dada.
A instalação da Geringonça levou-nos a um previsível beco sem saída, à
construção de um frágil castelo de cartas em que só bastava uma rajada de
instabilidade da janela exterior para se desmoronar. Mas isto, Costa, mesmo
sabendo desde o início, não nos disse.
Nós, os portugueses, precisamos de
uma autêntica vaca voadora. Eles, os holandeses, não precisam. Isto é que é repugnante.
COMENTÁRIOS
Maria Narciso: Sem o Contributo dos trabalhadores de outros Estados - Membros da UE em sectores diversos, a Economia Holandesa não poderia funcionar. Sem fazer Discursos Repugnantes , a Alemanha já se ofereceu para receber doentes da Holanda com Covid 19 nos seus Hospitais. Este - SIIM - É um Discurso Repugnante que decididamente tal como o do Ministro Holandês - Não Deve ser Repetido , correndo Sérios Riscos de o Planeta Deixar de ser um Lugar Bonito para se Viver.
Maria Narciso: Sem o Contributo dos trabalhadores de outros Estados - Membros da UE em sectores diversos, a Economia Holandesa não poderia funcionar. Sem fazer Discursos Repugnantes , a Alemanha já se ofereceu para receber doentes da Holanda com Covid 19 nos seus Hospitais. Este - SIIM - É um Discurso Repugnante que decididamente tal como o do Ministro Holandês - Não Deve ser Repetido , correndo Sérios Riscos de o Planeta Deixar de ser um Lugar Bonito para se Viver.
Paulo Gálatas: Repugnantes, mesmo, são os
paraísos fiscais. Não são nem formigas (porque não fazem nenhum), nem cigarras
(porque fartam-se de ganhar). São mais parecidos com baratas, que metem nojo e
roubam de toda a gente. Ah, é verdade: a Holanda é um paraíso fiscal...
Miguel Fonte: Pois! Infelizmente é verdade. A
crise vai passar e nada vai mudar, e se for é para pior.
fernando fernandes: Gostei de ler. Se fosse em holandês... Mas
há algo que me atormenta... A 1ª vez que
falimos, a culpa foi do antigo regime que pagava mal. Os sindicatos exigiram
mais, nacionalizou-se mais ainda, deu-se cabo da agricultura e a coisa melhorou
bastante... Os ordenados subiram e o ouro do BP foi sumindo porque não era
preciso. A 2ª vez a coisa esteve a cargo
dum bébé-chorão e a culpa era do clima... da senhora do lado e a incapacidade
dos outros em compreenderem como somos bons, diria muito bons. Tão bons que o
tipo foi para um poleiro cheio de toucinho e bolos doces... A 3ª vez, foi por mão dum tipo muito esperto,
muito letrado, muito escorregadio. Mas na verdade, a culpa era dos outros,
americanos e companhia Ldª. Agora, se não
me engano, é a 4ª vez que temos de encontrar um atributo para novo descalabro.
A coisa já estava feia. Havia uns tostões a mais no Orçamento, mas também havia
milhões para pagar a fornecedores cá da casa e aos de fora, são tantos zeros
que pouco se sabe como o contabilizar em notação europeia... Mais uma vez e porque os coitados dos
socialistas têm sempre a árdua tarefa de encontrar as desculpas, esperemos que
poupem os americanos, os holandeses e culpem (como anteriormente) algo que a
malta tenha dificuldade em ver e reclamar... um vírus p.e.
Miguel Sousa: Excelente! Vindo de quem fosse, mas ainda por cima de alguém tão jovem é
mesmo impressionante conseguir fazer uma análise tão perfeita em tão poucas
linhas - todos os portugueses deveriam ser obrigados a ler este texto.
José Barros: Muito bem. Um óptimo texto. Quando a austeridade chegar, que sejam outros a
gerir a paróquia. O Salva- Costas não diz, como Sócrates nunca disse. Mesmo depois
de ter assinado o "acordo de ajuda externa" continuam a pensar que o
PEC 4 ( ?) é que seria a solução. Quem não vê aqui o enredo paradigmático do
filme "Os Parasitas"?
Antonio Ferreira: Excelente artigo, muitos parabéns pela visão lúcida, inteligente, frontal e
séria, realista. Portugal precisa muito ,
muito de jovens a agitarem mentalidades e a despertarem consciências. Vais ter sempre gente a criticar, a dizer mal,
por preconceito e cegueira ideológica, A maioria da gente que sempre dependeu
do Estado e continua a depender para viver....Força, estás no caminho certo. Portugal
precisa muito de jovens como tu, corajosos, sem MEDO e com uma visão mais
moderna, de crescimento e prosperidade para Portugal. Não temos de continuar a
ser um país pobre. Os países não nascem ricos ou pobres, fazem-se, constroem-se!
Portugal precisa de reformas estruturais sérias, corajosas, duras, profundas,
mas este Governo socialista não tem coragem para isso, para não perder votos do
seu eleitorado, sobretudo da Função Pública, puro exercício de sobrevivência politica.
e manutenção do poder. O País é secundário nas suas prioridades !
Fernando Ribeiro: Este artigo aponta EXACTAMENTE o nosso problema de curto prazo: o fim da
ilusão e o regresso da austeridade. Não surpreende quem é intelectualmente
honesto. No tempo das vacas gordas, gastámos o que produzimos e, como se não
bastasse, ainda nos endividámos. Chegado o tempo das vacas magras, agarramo-nos
ao que temos, a dívida. 3 bancarrotas em meio século, maior crise financeira
desde 1929 e... não aprendemos NADA! Caramba! Que mais se pode dizer?
Paulo Silva > Fernando Ribeiro: Meu caro, mas como poderemos
aprender algo se fomos há décadas infectados pelo vírus do socialismo em doses
cavalares?… Aqui coisas como ‘empreendedorismo’ ou ‘mercados’ continuam a ser
anátemas, prevalecendo nos espíritos o “maná caído dos céus”. Na Holanda não...
José Dias: Espero sinceramente que vão
aparecendo mais "fedelhos" de igual calibre ... e que não desistam!
António Queirós: Gosto de ver fedelhos a escreverem bem, desassombrados e com ideias
próprias. Só espero que sejam fortes para evitar forças das circunstâncias que
desviam a acção. Obviamente tem razão. Tenho vergonha destes nossos políticos.
Mas a responsabilidade é também de quem vota. É mais ainda, de quem não vota.
Ahfan Neca: Destaco: "Começa a ficar então cada
vez mais razoável a declaração de Wopke Hoekstra, pois parece que o Estado de
uns anda a poupar em tempos bons para enfrentar tempos maus e o Estado de
outros anda a gastar em tempos bons e a estender a mão, em tempos maus. Umas cigarras
e outras formigas, portanto." Para
os holandeses é bem capaz de ser repugnante terem de aturar as cigarras do
costume. É só isso.
António Coimbra: Repugnante é na falta de argumentos começar a descompor os outros por
qualquer característica pessoal e etária. VERGONHA!
Excelente artigo que concordo na íntegra e assino por baixo. Que maravilha ter nas camadas mais jovens da
população gente tão lúcida sobre o que é o nosso pais e as gentes que o
governam, infelizmente impreparadas, demagogas, mentirosas, que apenas gerem
o país em função do parecer e não do ser. Quando há uns anos o PPC avisou que o diabo um dia vinha aí nunca ninguém
imaginou que viesse nesta dimensão de um vírus, mas todos, os economicamente
responsáveis, sabiam que o país não podia ser gerido como o foi nos últimos
5 anos, cativando, escondendo buracos, degradando serviços e aumentando a
dívida pública, apesar de nos venderem que ela estava a descer relativamente ao
PIB, quando crescia em valor absoluto. No final deste ano vai ser fácil
fazer as contas e ver, com o desastre do nosso PIB de 2020, que esse argumento
já não colhe... Infelizmente estamos nas mãos de gente que não governa nem sabe
governar mas o povo com umas esmolas dá-lhes o voto. Detestaria a perda de
soberania para países economicamente responsáveis na gestão dos dinheiros, mas
beggars can't be choosers e nesta fase do campeonato talvez seja a solução para
efectuarmos as reformas estruturais necessárias.
Paulo Silva > António Coimbra: Com o socialismo no poder, (e
aqui não me refiro somente aos partidos de esquerda, mas ao ‘ar’ fétido que
respiramos há décadas), baixar a dívida em valor absoluto será sempre
extremamente difícil, senão impossível. Para começar porque “as dívidas não são
para pagar”, e depois porque o nosso Estado social foi desenhado ao contrário,
(vide Lei de Wagner), e os seus zelosos guardiões tudo fazem para que no
espírito dos portugueses isto esteja correcto: primeiro todos os direitos e
mais alguns, só depois os deveres e as obrigações, se vierem... Oxalá nunca! (o
problema é que vêm sempre). A riqueza é
distribuída sob a forma de salários, lucros e rendas, mas os socialistas querem
redistribuí-la sob a forma de impostos e subsídios. Mas só se (re)distribui
o que há. Para bom entendedor… Mais do que reformado, (o conceito de reformismo
também têm que se lhe diga), o regime deve ser reconstruído a partir da sua
base ideológica e da mudança das mentalidades, meu caro.
Franco Claro > António
Coimbra: PPC falou verdade. Antes de 2015
dizia que Portugal ainda não estava a salvo. Que seriam precisos muitos anos
para recuperar da bancarrota socialista. que a devolução de rendimentos teria
que ser gradual para permitir que todos, todos os portugueses e não sempre os
mesmos, pudessem recuperar o nível de vida antes da crise. Cinicamente o
Salvador Costa disse na assembleia que tinha tido uma herança péssima do
governo de PPC. Se a herança era assim tão má, porque foi com tanta sede ao
pote? se era assim tão má, como foi possível inverter todas as medidas que o
governo de PPC tomou? Havia dinheiro, estávamos a começar a poder respirar.
Agora quem vai novamente pagar o pato? O socialismo empobrece, mas antes dá
uma ilusão de riqueza a que ninguém resiste. teremos sempre os holandeses,
alemães, franceses, finlandeses, noruegueses para nos alimentar. quero ver esta
gente a ter que aplicar as medidas que forem precisas. a todos, todos.
Paulo Silva: Caro Francisco, lembro nos anos
da troika assistir às epifanias de ilustres tribunos da nossa praça quando
davam de caras com o keynesiano princípio do “Estado gastador em tempos de
crise”. Como se contorciam e soltavam ais chorosos pela alma do liberal
Maynard Keynes. Pena que nunca tenham descoberto a outra metade do princípio
enquanto se gastou à tripa forra durante 40 e tal anos… Apenas em 2019, e pela
primeira vez, se conseguiu registar um superavit orçamental. Tinha de ser com o
PS. Só assim era permitido. Mas, azar... veio o Covid e transformou o feito
de Costa, do Ronaldo das Finanças y sus muchachos numa pífia e pírrica vitória.
Tivessem superavitado mais vezes! Mas vamos àquilo que considero ser o tema
essencial do artigo.
Meu
caro, o Liberalismo pode ser muita coisa, mas deve ser visto no contexto da sua
origem. Um combate ao Estado todo poderoso absolutista condensado na frase
atribuída a Luís XIV: L´État, c’est moi! Os socialistas, i.e., a esquerda em geral, (à excepção
dos anarquistas obviamente), tomam o Estado como seu e isso gera confusão e
dúvidas em muitos. Inclusive naqueles em quem não devia. Caem na armadilha
de que defender o Estado é ser-se de Esquerda, e o contrário de Direita. Não
podiam estar mais errados. A menos que julguem que o Rei-sol era de esquerda… O
Estado não é património exclusivo da Esquerda, e esta não pode fazer o que quer
com ele. Mas tenta. O Estado é uma instituição
milenar e os primeiros exemplos surgem na passagem do estádio do caçador-recolector
para a Agricultura nas sociedades complexas. Não é, portanto, criação da
Esquerda nem da Direita políticas. Mas a esquerda de inspiração marxista
olha para o Estado com cinismo. Isto é, eu explico, o Estado não serve para
defender todos os indivíduos, ou a comunidade, é antes o instrumento de
dominação de uma determinada classe sobre outra, ou sobre as demais. No
esclavagismo seria o instrumento de domínio do senhor sobre o escravo. No
feudalismo, do senhor feudal sobre o servo. No ‘capitalismo´ da burguesia sobre
o proletariado… Na fase de transição conhecida por socialismo, (a passagem do
‘capitalismo’ para o comunismo), a relação inverte-se e passará o proletariado
a mandar e a dominar sobre a classe burguesa– é a famigerada “ditadura do
proletariado”. Esta dialéctica irá acabar finalmente com o antagonismo de
classe e a necessidade do Estado. Chega-se ao estádio final e derradeiro – o
Comunismo. A “luta de classes” terminou e o Estado desapareceu. Portanto a
doutrina marxista prevê o fim do Estado num futuro, embora entretanto precise
dele. O apego da Esquerda ao Estado é completamente interesseiro e cínico.
Vê-se nas suas atitudes diárias, mas até na doutrina. A Direita não-anarquista nunca anteviu num horizonte longínquo, nem
próximo, o fim do Estado. Este é uma estrutura fundamental na coesão e no
desenvolvimento da comunidade nacional. E é o último bastião dessa coesão nos
momentos mais graves e difíceis. Não se compreende a assoberbada e mal-educada
resposta do PM ao deputado do João Cotrim Figueiredo quando este só pedia do
Estado aquilo que é devido. Ao invés um estatista devia regozijar-se, mas
parece que afinal o Estado é só para si e amigos... Passados uns dias Costa
vem ao microfone vilipendiar o ministro holandês Vopke Hoekstra para defender a
honra da geringonça à espanhola da dupla Sánchez e Iglesias. Tudo isto
repugnante. Isso sim.
Rui Lima: O bom tempo serve para reparar
o telhado para resistir quando chegar o vendaval. Que fizemos no 35 horas para
funcionários públicos, aumentos para a elite e os mais bem pagos. Leres as
promessas eleitorais da última campanha eleitoral em Itália, num país super
endividado, os políticos prometam tudo, por que razão obrigar os holandeses a
pagar essas ofertas?
Voto Em Branco > Paulo Correia:
enquanto q os
crescidos andaram a prosperar à custa de décadas de deboche socialista e já
asseguraram o lugarzinho de funcionário público, são estes fedelhos q terão de
dar o litro até aos 70 anos pra pagar a pensão do paulo e a pensão de quem
matou o país e mais umas centenas de cidadãos. o fedelho não precisa de saber
de história para escrever isto, basta-lhe saber que 1+1 não é igual a 100000,
que é coisa q aparentemente o senhor ainda não aprendeu. não são só os
crescidos q têm capacidade pra se aperceberem q estão a ser roubados
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