Cordialidade, simpatia, nomes de
ilustres, vivências, descontracção, no relato do Dr. Salles, que se lê com
prazer, nos tempos sombrios que por nós passam.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 26.04.20
No
texto anterior ficou por referir que um dos alunos era o Jürgen Siemens, filho do então «chefão» da empresa que todos
conhecemos, que, por ser dos mais velhos, ficou numa camarata com os da sua
idade. Mas era um tipo muito simpático, nada a ver com importâncias por ser
quem era e falava com velhos, novos, altos, baixos, gordos e magros. A
seguir ao nosso curso, apresentar-se-ia na Marinha para cumprir o serviço
militar. Mas foi logo dizendo que depois do serviço militar tencionava
comprar uma casa em Portugal para ele e a irmã (que também estava connosco no
curso de equitação – tão bonita e fina, que será feito dela?) passarem férias
numa praia a escolher mais tarde.
Regressado
a Lisboa, passados poucos meses, recebi uma carta do Jürgen a informar que a
viagem de treino de mar implicava uma vinda a Setúbal no dia x do mês y
que já esqueci. Eu ainda não tinha idade para ter carta de condução mas o
meu pai arranjou um motorista que me levou a Setúbal à procura do Jürgen e,
localizado, lá nos encontrámos. Viemos jantar a minha casa onde o
apresentei a toda a família. Afinal ele era da idade do meu irmão e logo ali
combinaram que o Zé seria o cicerone dele quando, depois da tropa, cá viesse à
procura da tal casa. Ficaram amigos e a casa escolhida foi em Sesimbra.
Mais: comprou também (ou mandou construir, já não me lembro) uma traineira
para navegar à vontade pelas redondezas. Andou por cá de férias durante uma
data de anos – passou a ter em Lisboa um procurador alemão que fizera a tropa
com ele e que por cá ficara no negócio imobiliário – e desapareceu no fumo dos
tempos. Desconheço por completo que influência teve ou deixou de ter nos
investimentos da Siemens em Portugal. Vou procurá-lo nos seus 80
anos, pela certa.
Outra
consequência que houve da minha ida a Verden, foi o entusiasmo que transmiti
ao nosso amigo Eng. Fernando Sommer d’Andrade que decidiu, também ele, ir
conhecer aquela organização de criadores de cavalos. E assim foi que organizou
a ida dele e dos três filhos – Ruy, Zé Luís e Nã (Fernando) – a que juntou um
convidado com experiência do local, eu.
Sobre
esta viagem de carro com partida de S. Martinho do Porto e chegada a Elvas
passando por Espanha, França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Suíça e Itália (e
novamente França e Espanha, na volta), contarei nos episódios seguintes.
Desta
vez, já seríamos muito – e ainda por cima, autotransportados – e não caberíamos
nos passeios em grupo organizados pela Escola aos Domingos para os alunos
conhecerem as cidades mais importantes da Baixa Saxónia ou para assistirmos a
concursos hípicos importantes ou apenas regionais como me coubera e a mais
alguns em 1959 nas idas a Bremen e Hamburgo.
(continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da
Fonseca
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COMENTÁRIOS
Henrique Salles da Fonseca, 26.04.2020:: Uma escrita simples e atraente, em geral. Devo
dizer que teve colegas e amigos de grande importância. Um abraço, Eugenio
Viassa Monteiro
(Nova Delhi)
(Nova Delhi)
Francisco G. de Amorim 26.04.2020: Farra
é farra! Que bom.
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