Só mesmo por graça. Mas de fraco gosto,
Dr. Salles! Acho muito arrojadas e descabidas as suas propostas. Independentemente
da simpatia que como povo os indianos irradiam, têm, todavia, um regime de
castas que não abona muito a favor de uma real democracia, que hoje se apetece,
pelo menos àqueles a quem tal democracia é ponto fundamental para se sobreviver
com dignidade. Extraio da Internet um texto, comprovativo da opinião de comentadores seus, a respeito da questão das castas que - tive ocasião de observar em
Moçambique - se me revelaram, ao nível das colegas indianas com quem brinquei
na escola e durante o liceu, minhas vizinhas, que eu não distinguia nas minhas
afeições, mas que se mostravam reservadas entre elas, soube eu posteriormente a
justificação disso, pela descendente superior da cabeça de Brâmane, minha
colega de profissão.
Mas a proposta de Salles da Fonseca de trocar a China pela Índia
como parceiros
mundiais, a mim parece-me sem pés nem cabeça, para mais fazendo convergir sobre
nós, portugueses, uma responsabilidade em termos económicos que naturalmente
não nos quadra, pelintras e pedintes que realmente somos. Julgo que o Dr. Salles só pode estar a brincar, em tempo de
Covid-19, chamando sobre nós, portugueses, uma atenção que nos envergonha. Para
todos os efeitos, a China, rígida que
é, conquistou o seu posicionamento no mundo, há muito previsto, e há muito observado,
na impecabilidade das suas realizações no mundo. Só mesmo por ironia, indeed!
TEXTO (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre):
Sistema de castas da Índia.
O sistema
de castas é uma divisão social importante na sociedade Hindu, não apenas na
Índia, mas
no Nepal e outros
países e populações de religião Hindu. Embora geralmente identificado com o
hinduísmo, o sistema de castas também foi observado entre seguidores de outras
religiões no subcontinente indiano, incluindo alguns
grupos de muçulmanos e cristãos. A Constituição Indiana rejeita a discriminação
com base na casta,
em consonância com os princípios democráticos e seculares
que fundaram a nação. Barreiras de casta deixaram de existir nas grandes cidades,
mas persistem principalmente na zona rural do país.
“
|
Quando desmembraram Puruṣa, em
quantas partes o dividiram? Em que a sua boca se transformou? E os seus
braços, o que se tornaram? Como são chamadas agora as suas coxas? e os seus
pés? A sua boca tornou-se o brāhmaṇa,
os seus braços se transformaram no kṣatrya, as
suas coxas em vaiśya
e dos pés nasceu o śūdra.
|
”
|
Define-se
casta como grupo social hereditário, no qual a condição do indivíduo passa de
pai para filho. O grupo é endógamo, isto é, cada integrante só pode casar-se com
pessoas do seu próprio grupo. Sendo que os grupos são:
À
margem dessa estrutura social, havia os dalits, que vieram da poeira debaixo
do pé de Brahma. Mais conhecidos como párias, sem casta,
eram considerados os mais atraídos por todas as castas. Hoje, são chamados de haridchens,
haryens, dalit,
ou intocáveis. Com o passar do tempo, ocorreram centenas de subdivisões,
que não param de se multiplicar.»
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 21.04.20
Contida
a agressão chinesa ao resto do mundo, substituída a ONU por instituição
democrática e confirmada a UE e o Euro e constituídas as Forças Armadas
Europeias (em paralelo com as nacionais de cada Estado-membro), é com um
sentimento de simpatia que olho para a Índia e que a aponto como eventual
parceira de privilégio para os interesses do resto do mundo que, com ela, foi
vítima da maldade subjacente ao Covid-19.
A Índia é um país cheio de problemas,
todos os identificamos mas é isso mesmo que a distingue da China: todos
conhecemos os problemas indianos, todos os discutimos na praça pública, ninguém
é condenado à morte sem julgamento, os Partidos políticos são livres, a
imprensa é livre. E é por causa desses problemas todos que me inspira
confiança. Pelo contrário, tenho todos os motivos para desconfiar dos países que
só têm virtudes.
Aqui
fica a sugestão: vamos trocar a China pela Índia.
E
porque nós, Portugal, temos uma relação muito antiga com a Índia, lembrei-me de
que está na hora de reforçarmos a CPLP com um instrumento de cooperação militar
e com uma instituição de gestão de um fundo monetário que funcione de modo
equivalente ao que a França tem com as suas antigas colónias africanas (CFA) e
com as possessões ultramarinas no Pacífico (CFP). Essa nova moeda (o Escudo
Internacional) terá paridade associada ao Euro.
Assim,
aqui deixo para debate três temas que me parecem interessantes para o novo
mundo que aí vem no rescaldo da calamidade pandémica:
A substituição da China pela Índia como
parceira privilegiada dos demais países vitimados pelo Covid-19;
A constituição de uma força militar
lusófona;
A
criação de uma instituição de emissão monetária equivalente à que gere o CFA e
o CFP. (continua)
Abril de 2020
Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS:
Anónimo, 21.04.2020: Bem vista a
questão! Achei também muito oportuna a ideia da moeda (o Escudo Internacional)
associada ao Euro.
ganganeli pereira, 21.04.2020: Discordo, mesmo apesar de o autor falar num mundo
imaginário, porque a Índia e já agora falando simbolicamente, usurpou o E.I.P e
aí impôs o inglês como língua oficial e foi lhes, aos goeses e aos dos outros
Estados desde há muito, ensinando silenciosamente o hindi e a escrita
devanagari, a língua ariana, tentando assim dar o golpe final na cultura
draviana dos seus 24 Estados, ao longo duma geração como país independente.
Lembro-me ainda dos Jogos da CPLP realizados em Goa há anos, servindo de base
de comunicação em inglês e destacando um goês durante todo aquele período de
realização dos jogos, como tradutor dos discursos feitos em inglês, ele de pé e
sem direito a um copo de água ou de urraca. A lusofonia pôs-se de lado
pondo-se assim em primeiro plano a anglofonia. Os governantes indianos
são castistas e racistas e devem a imposição de Hindutva, a que não deve ser
alheio o Gandhi apreciado por muitos como pai duma Nação em formação ainda
porque a Hindutva com certeza quer que os seus cidadãos falem o hindi e em
devanagari. Quanto à democracia indiana, há algo errado nela, primeiro são
as castas e porrada com os paus dos policiais, designado por eles de lathi e
ainda usam grupos paramilitares como batedores para dar porrada aos muçulmanos,
cristãos, etc., queimam as igrejas e as suas casas e ainda querem impor a sua
cultura hindutva e comida vegetariana, de que por acaso eu gosto de alguns bons
pratos, nem todos e as campanhas eleitorais pecam descaradamente com a promessa
de oferta de empregos, carros, apartamentos e dinheiro muito dinheiro é
distribuído aos seus simpatizantes, comprando assim os votos. A China por
acaso não ocupou Macau. Pelo que acabei de dizer uma formação de uma força
lusófona com a Índia, nunca seria lusófona seria sempre uma força Hindutva.
Anónimo, 21.04.2020: Caro Dr. Salles da Fonseca, Que texto mais
provocador! Aceito o repto. Duvido que a Índia esteja pelos ajustes com
a CPLP, muito menos com Portugal. Parte da gente de Goa, sim, de há uns anos
para cá. Mas é, principalmente, a gente culta e bem na vida, em famílias
onde permanece ainda a memória da presença portuguesa (felizmente decantada dos
episódios menos recomendáveis) - e o seu peso na população total do Estado
de Goa tem diminuído a olhos vistos (daí, talvez, este novo olhar para
Portugal). A Índia, enquanto potência, fala Inglês e rege-se pela
"common law" - para eles, somos bárbaros (no sentido da Antiga Grécia).
Forças Armadas da CPLP? Só a tropa de elite portuguesa e pouco mais:
algumas unidades militares do exército angolano, se conseguirem manter a
disciplina; uma ou outra unidade militar brasileira, porque, desde a II Guerra
Mundial, as Forças Armadas Brasileiras não têm sido postas à prova (a repressão
civil não conta); o resto não conta, como bem mostram os problemas no Norte de
Moçambique. Enfim, a moeda.
Não tenha ilusões, Caro Amigo. A deferência e a atenção que os restantes
membros da CPLP ainda vão demonstrando para connosco têm dois únicos motivos:
estarmos na UE e estarmos na Zona Euro. Estivéssemos nós por nossa conta e
continuássemos com o saudoso PTE e só contaríamos para três coisas: (i) para
porem cá uns trocos; (ii) para virem cá tratar-se; (iii) e para passarem umas
férias, de tanto em tanto, até começarem a marcar o ponto as gerações hábeis em
línguas estrangeiras (será já dentro de 20 anos). Abraço
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