segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Pesadelo


Extraordinária esta saliência eleitoralista de um candidato de graves distúrbios vivenciais e que mesmo assim recebe as bênçãos eleitorais do seu país, país provavelmente desejoso de se isolar dos conflitos externos da banda de cá, retomando o seu sossego… provisório, en tout cas.

Desta vez, o texto do Dr. Salles não joga com a ironia mas com a seriedade de quem tenta estabelecer novas premissas para a defesa de uma Europa ainda inconsciente do que a espera. Resta saber se os países citados estão dispostos a participar contra a América de Trump, aliada provavelmente à Rússia de Putin, para absorverem ambos o mundo de cá, sendo o mundo do leste mais do foro poderoso da China e da Índia. A Austrália isolada, não sei para que lado penderia… E tudo isto do desfazer do mundo, apenas a pouco mais de meio século do tempo das descolonizações, que os povos nórdicos tão generosamente  estabeleceram…

AS BARBAS E O MOLHO

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 23.02.24

Atendendo ao que dizem os telejornais, parece elevada a probabilidade de Trump ganhar a corrida à Casa Branca.  Desconheço os parâmetros incluídos nesses cálculos, para chegar a tal conclusão, mas eu considero que:

Sendo um relativamente bom Presidente, Biden é um candidato medíocre que não arrasta turbas ululantes em clangores sem fim;

Trump é o candidato da turba multa pois está sempre a destabilizar o «establishment» que é o que os de baixo mais gostam de fazer aos de cima;

O voto em Biden é tendencialmente erudito e cerebral;

O voto em Trump é popular, emotivo.

* * * *

Entretanto, neste primeiro trimestre de 2024 em que escrevo, já Trump provocou uma fractura na sociedade americana que pode resultar em graves danos na segurança interna dos próprios EU. Se à fractura interna (traduzida no bloqueio legislativo) somarmos a ameaça de incentivo ao inimigo para que ataque aliados dos EUA até mesmo ao abandono da NATO, creio que na Europa temos todas as razões para pormos as barbas de molho.

Convém, desde já, irmos considerando que Trump será o autor de uma nova ordem mundial em que a Europa continuará a ter a Rússia como inimiga não podendo nós contar com a ajuda Americana, se não mesmo com a sua animosidade. Façamos desde já de conta que os EUA, já, não pertencem à NATO. O problema da substituição dos EUA não é solúvel, mas pode ser reduzido se promovermos a nuclearização do Canadá e da Escandinávia ao mesmo tempo que reforçarmos o flanco sul convidando para a nossa organização Militar o México, Cabo Verde, Marrocos, Tunísia e Egipto. Assim conseguiríamos alguma segurança na zona de influência de Cuba e Venezuela (onde ainda só temos os três “porta aviões” que são Aruba, Bonaire e Curaçau). Mais segurança também em toda a zona Atlântica até hoje desprotegida bem como ao longo da costa sul mediterrânica e mais de  metade do  Mar Vermelho. Ficam pelo meio países de confiança dúbia.

Fevereiro de 2024

Henrique Salles da Fonseca

 COMENTÁRIOS

 Rui Bravo Martins  24.02.2024  10:43: Reflexão geopolítica internacional muito evolutiva geograficamente e, ainda não "vi" qualquer "movimento" nesse sentido, pois continuam muito individualizados, com curtas visões por interesses próprios. O nosso momento politico poderá ajudar, à nossa escala, que do ponto de vista maritimo, é estrategicamente importante. Concentremo-nos primeiro em NÓS e na Europa, pois será esta a ter que liderar a mudança por falência de liderança dos Estados Unidos. O Futuro precisa urgentemente de grandes Líderes!

 Antonio Fonseca  24.02.2024  14:51: É inevitável que uma vitória do DT nas Presidenciais dos EUA seja razão para a Europa pôr "as barbas de molho". Há males que vêm para bem. É bom ter presente que 1. Nem sempre um inimigo de ontem é um inimigo de hoje. E vice-versa. 2 Lembrar as palavras proféticas do Papa João Paulo II dirigidas a Gorbachev - "A Europa tem de respirar com os dois pulmões". 3. A Europa deve dar (MUITO) maior atenção à sua demografia - (a) promoção vigorosa de natalidade (b) uma avaliação rigorosa dos imigrantes à integração. Os próximos anos vão ser interessantes. Obrigado, Doutor Henrique Salles da Fonseca, pela oportunidade de ler os vossos estimulantes blogues.

 Francisco G. de Amorim  26.02.2024  10:19: Meu caro: dois velhinhos, gagás a disputarem a presidência dos EUA é mais evidente demonstração de "falência múltipla de todos os órgãos. Caberia, na realidade à Europa unir-se a sério, mas... se isso jamais aconteceu, vai ser agora? Resta-nos continuarmos como espectadores

 Anónimo  26.02.2024  14:26: Duvido que Tump ganhe as eleições e na minha opinião Biden é velho mas não é medíocre. Cumprimentos Henrique Neto


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