Do
Chega,
naturalmente, mas igualmente dos editores do Expresso, como bem demonstra PAULO TRIGO
PEREIRA, Professor Catedrático do ISEG e Presidente do Institute of
Public Policy. Colunista do Observador, para abrir os olhos, caso o leiam, a
muitos adeptos desse CHEGA, que, não obstante parecer corajoso, não passa de
mais um caso de oportunismo, nessa demagogia arruaceira de criancelho ambicioso
de André Ventura. Ao dar-lhe destaque, como bem demonstra PTP, o Expresso visa sub-repticiamente engordar o PS,
como foi sempre desígnio desde o fundador P. Balsemão. Eu própria me lembro de um texto que escrevi em
LUSOS 74 do meu CRAVOS ROXOS, em artigo com data de Setembro de 74, estava eu ainda
em África a tratar das papeladas para o meu retorno com a família para a
Pátria-Mãe. Chamei-lhe PRESTÍGIO ao meu artigo, que começa deste modo, que
exponho aqui para demonstrar o quanto nos era familiar a referência ao EXPRESSO
nessas terras, assim patenteando a nossa cultura jornalística nesse Ultramar
renegado. Começava assim o meu “PRESTÍGIO”: “O
Ministro Almeida Santos disse que dantes éramos uma nação grande mas sem
prestígio nenhum, ao passo que agora somos um povo pequeno mas passámos a ter
um prestígio enorme. Disse isto expressamente para o «EXPRESSO» que gosta de
arrecadar frases célebres dos homens que vão ficar na História. …” É só um
pedacinho de texto, destinado a comprovar um bem antigo relacionamento meu com
esse Expresso da orientação socialista, embora se admitam outras suas
vertentes políticas, desde que não firam os ideais democráticos de uma bonomia
mais ou menos utópica.
Mas o texto do Professor Catedrático PTP esclarece a
questão, a que os seus comentadores acrescentam de rigor elucidativo sobre a
actuação do Expresso, afinal movedor dos seus cordéis, como
todos esses de quem se fala por cá, e tantos que são…
O “Expresso” e a difícil
neutralidade editorial
O tratamento jornalístico (incluindo
a imagética) da sondagem do Expresso não me parece ter assegurado a desejada
neutralidade editorial.
PAULO TRIGO
PEREIRA, Professor Catedrático do ISEG e Presidente do
Institute of Public Policy. Colunista do Observador
OBSERVADOR, 04 fev. 2024, 00:142
A última edição do Expresso divulgando os resultados da sondagem
SIC-Expresso tem como título a letras grandes: “só
o Chega sobe e pode atingir 21%” e como sub-título “Empate técnico entre PS e
AD”. Na realidade só há dois candidatos a
primeiro-ministro nas eleições de 10 de Março que são Pedro Nuno
Santos (PNS) e Luis Montenegro (LM). Mas
qualquer que seja o vencedor (e quem ganhar as eleições é o vencedor, convém
recordar), não há dúvidas que haverá outro vencedor na noite de 10 de Março.
Para além da manchete de primeira página, nas páginas centrais com os
resultados da sondagem surge uma foto de quarto de página de um único político
— André Ventura (AV)
– omitindo todos os outros, inclusive PNS e LM. Uma boa
foto vale por mil palavras e esta foto, de AV com os punhos fechados e ar de
vencedor, não tenho dúvidas que terá sido de grande agrado do próprio, de
muitos que votam Chega, e influenciará outros. Tudo isto são legítimas opções
editoriais que não me parecem violar nem o regime jurídico das sondagens nem
o da cobertura jornalística em período eleitoral. Parece,
porém, que passámos da normalização de um partido para a sua promoção ainda que
involuntária.
É importante recordar os problemas de
que enferma o Chega. O
primeiro é o de ter sido até agora um
partido de um homem só, agora também de uma mulher (Rita Matias), com a consequente ausência
de quadros para que possa materializar qualquer programa político credível e
consistente seja no combate à corrupção, no aumento das pensões ou noutro
qualquer tópico programático. Outro é o de vários dirigentes defenderem ideias
racistas, xenófobas e do partido ter defendido propostas inconstitucionais
(como a castração de pedófilos ou a prisão perpétua, agora convenientemente
omitidas). Mas
o problema mais grave do Chega está na forma. O seu ataque à “classe política”, como se dela não fizesse parte, e
sobretudo o seu comportamento parlamentar são inaceitáveis em democracia. A
democracia baseia-se na pluralidade e mesmo diversidade de opiniões e ideias,
mas em considerar que todas elas, que tenham enquadramento constitucional,
podem e devem ser livremente debatidas no espaço público no respeito pelas
instituições e pelas pessoas. Fazer do
plenário da Assembleia da República (AR) um local arruaceiro em que os
deputados levam cartazes, fazem barulho, “pateando” com as mãos, quando se
recebe um chefe de estado estrangeiro, como fez o Chega, é abalar os alicerces
da democracia que reside na dignidade das suas instituições. O objectivo,
claro, foi ter um bom vídeo para passar nas redes sociais e assim ganhar mais
uns votos. Mas, vale
a pena recordar o que disse o então Presidente da AR, Augusto Santos Silva,
interpretando o regimento “os senhores deputados que querem permanecer na
sessão plenária têm de se portar com a urbanidade, a cortesia e a educação que
é exigida a qualquer representante do povo português.” É tão simples quanto
isto.
O tratamento jornalístico (incluindo
a imagética) da sondagem do Expresso não me parece ter assegurado a desejada
neutralidade editorial. Isto apesar do Expresso genericamente, e à semelhança
de outros jornais portugueses, não ter posicionamento editorial partidário e
assegurar uma pluralidade ideológica nos seus cronistas. A questão mais de fundo que este caso
suscita e que tem sido debatida e objecto de investigação académica é o da
neutralidade e imparcialidade do trabalho jornalístico sem prejuízo da sua
liberdade editorial. É sabido que os media dificilmente conseguem ser neutrais,
e que enviesam as escolhas políticas, pois influenciam a percepção que os
eleitores têm dos partidos e candidatos através dos temas a que dão relevância
e saliência e da informação que fazem chegar aos eleitores. Existe
também evidência empírica que sugere que a confiança dos eleitores nos media
depende em grande medida da percepção que aqueles têm da neutralidade do
trabalho jornalístico. Numa altura em que estamos a iniciar em força a
pré-campanha eleitoral para as legislativas com os debates entre candidatos
talvez não seja de deixar de relembrar, sobretudo junto da imprensa de
referência, o princípio do “equilíbrio, representatividade e
equidade no tratamento de notícias”. Apesar de ser muito difícil, a
neutralidade editorial jornalística deve ser ambicionada.
PS1: Para o leitor que queira aprofundar
este tema sugere-se entre muitas outras referências possíveis: Markus Ojala (2021) Is the Age of
Impartial Journalism Over? The Neutrality Principle and Audience (Dis)trust in
Mainstream News, Journalism Studies, 22:15, 2042-2060, DOI: 10.1080/1461670X.2021.1942150 ou
Killian
J. McCarthy & Wilfred Dolfsma (2014) Neutral
Media? Evidence of Media Bias and its Economic Impact, Review of Social
Economy, 72:1, 42-54, DOI: 10.1080/00346764.2013.806110
PS2: Por curiosidade fui ver
quanto custa a publicidade no Expresso de um quarto de página par antes das
páginas centrais: 5600€.
ELEIÇÕES POLÍTICA SONDAGENS SOCIEDADE JORNALISMO MEDIA
COMENTÁRIOS:
José B Dias: Alguém que explique ao cronista
que nas eleições de 10 de Março não se elegem primeiros-ministros alguns
... Verdade que na Democracia eleitoral portuguesa também não se elegem
deputados representantes da região onde neles votam, mas apenas em partidos e
coligações para que estes coloquem na Assembleia da República os seus
militantes e simpatizantes que antecipadamente ordenaram em listas ...
F. Mendes: Parabéns ao autor. Percebeu que a SIC (Sociedade
Irmãos Costa) e o Expresso (acrónimo para "Exagerar propositadamente resultados socialistas), tudo fazem para promover o CH e prejudicar
o PSD. Brilhante!😂😂😂😂😂😂
drumond freitas: Só não vê quem não quer. Uma ajudinha ao PS é sempre
importante. Insuflar o Chega só beneficia os amigos. A recompensa virá depois.
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