sábado, 2 de janeiro de 2021

Os ungidos


Eles, os da pergunta de Jaime Nogueira Pinto, defendem, acho eu que são esses, com carinho QB, um ror de nobres causas novas – ambiente, animais, novas parcerias matrimoniais, mudanças de sexo, dentro da questão também nobre da liberdade individual – e outras que lhes vêm no encalce, como a eutanásia por amor e compaixão - e assim se impõem em nome da mesma bondade que levou Rousseau a admirar os povos selvagens como seres mais puros, se confrontados com os seres que a sociedade e a civilização corromperam, mas, paradoxalmente, a abandonar os seus cinco filhos na “Roda” para lhes proporcionar o alcance social – o tal que aparentemente menosprezava mas que sempre procurou, afinal, junto de damas ricas que lhe deram estudos e bem-estar… Contradições próprias dos seres de boa índole, amigos dos pobrezinhos e de todos os desvalidos, odiando, estranhamente, todos quantos se ergueram na sociedade, não só culturalmente, mas sobretudo economicamente, e com isso conduzindo a sociedade a uma destruição de todas as estruturas sociais, particularmente na questão do ensino, sempre em busca da tal igualdade que não aceita distinções, salvo as suas próprias, naturalmente… É bonito, amoroso, ruidoso também. E talvez se imponha, que “o povo é sereno” por cá. De resto, mais uma lição de um homem saudavelmente equilibrado, mesmo na ironia, como é Jaime Nogueira Pinto.

 

 

Que legitimidade? /premium

Será que, como alternativa à chamada democracia iliberal, se prepara um liberalismo não-democrático com o regresso de vanguardas especialmente ungidas para interpretar e representar a vontade popular?

JAIME NOGUEIRA PINTO

OBSERVADOR.01 jan 2021

Carl J. Friedrich, um constitucionalista germano-americano (1901-1984), explicava a questão da legitimidade contando a história de um velho reino e de um velho rei.

Nesse reino lendário, o princípio da legitimidade do poder era um interdito: não se podia fazer guerra em dia de chuva. Por isso, quando o reino foi invadido na estação das chuvas o velho rei reuniu o seu Conselho: o que fazer? Deviam ou não dar batalha aos invasores? As opiniões dividiam-se, mas como se tratava de um reino antigo, o rei ouvia o Conselho mas decidia sozinho. E argumentou assim: o povo acredita em nós, porque acredita que não se pode fazer guerra num dia de chuva; se fizermos guerra num dia de chuva, podemos ganhar ou perder. Se perdermos, o povo vai condenar-nos. Se ganharmos, ganhamos mas o povo deixará de acreditar no princípio em que se baseia o nosso poder, pois quebrámos o mandamento principal da nossa comunidade – não fazer guerra num dia de chuva. Vamos então seguir o princípio e não vamos resistir nem combater em dias de chuva. Sofreremos a ocupação mas o povo continuará a acreditar em nós e um dia o inimigo será forçado a sair pela revolta do povo.

C.J. Friedrich concluía a parábola, dizendo que este rei sabia bem o que era a legitimidade.

Nas sociedades tradicionais o poder era considerado um dom dos deuses ou de Deus. Zeus, Júpiter, Jeová, Alá, Deus-Pai, todos, princípio e causa de todas as coisas, tinham determinado, por um especial carisma, que um homem, uma dinastia, uma classe, uma assembleia oligárquica, um Senado, um Conselho dos Dez, mandasse, fizesse leis, executasse os actos necessários à governação. Durante séculos, os melhores e mais sofisticados espíritos da Humanidade, de Platão e Aristóteles a Santo Agostinho e S. Tomás de Aquino, de Nicolau Maquiavel e Jean Bodin a Thomas Hobbes e Bossuet, de Montesquieu e Jean-Jacques Rousseau a Thomas Paine, de Hegel a Marx, de Lenine a Mussolini, de Heidegger a Hannah Arendt, sem contar com uma infinidade de teólogos, juristas, constitucionalistas e politólogos, discutiram e argumentaram sobre a melhor forma de Governo e de como se legitimava. Ou pela origem, ou pelo exercício, ou pela decisão da maioria, ou pela vontade de vanguardas ou minorias esclarecidas, que se auto-proclamavam supremos intérpretes do povo.

Terminado um violento século XX, em que se confrontaram o comunismo, o fascismo, o nazismo, o liberalismo, a democracia, chegou-se à vitória da democracia liberal e do capitalismo económico. Isto depois de várias guerras localizadas e mundiais, civis e interestaduais, quentes e frias.

O que está implícito e explícito na democracia liberal é que se aboliram as teorias mais ou menos “religiosas” ou “esclarecidas” do poderdo Absolutismo de Bossuet ao bolchevismo de Leninee se puseram de parte dinastias legitimadas pela graça de Deus ou pelos mistérios do sentido da História passando o poder a depender da chamada vontade geral ou da vontade popular maioritária, determinada a partir de uma eleição, por sufrágio secreto e universal.

A ideia democrática contemporânea teve como um dos seus pais o cidadão de Genebra, Jean-Jacques Rousseau. No seu Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes, Rousseau entra em polémica com Thomas Hobbes, que descreve o Estado de Natureza como um estado caótico, de guerra de todos contra todos, e o “homem natural” como um ser mau, perverso, lobo dos seus irmãos. Para Rousseau, o homem natural não era assim. O ser egoísta, maléfico, filho de Caim que Hobbes descrevia era o “homem artificial”, feito pelas primeiras artes – a metalurgia e a agricultura –, que teriam trazido a propriedade privada e, logo, a desigualdade entre os que tinham e os que não tinham.

Para Rousseau o homem natural era um ser bom, generoso, preocupado com o seu semelhante e fora a propriedade, com a desigualdade entre ricos e pobres, que gerara o Estado e os governantes para protegerem essa desigualdade; e houvera depois a transformação desses governantes em déspotas e do Estado em máquina de regulação e opressão.

Rousseau, no rasto dos atenienses, acreditava na virtude das democracias, que conformavam a vontade particular à vontade geral. E a vontade geral da comunidade, do corpo social que, em si e por si, através de um processo de razão e bem comum, ditava o melhor para todos e cada um identificava-se com a vontade da maioria quantitativa dos cidadãos.

Esta coincidência entre a vontade geral, apurada por um processo maioritário de vontades particulares, tem o seu quê de misterioso e de religioso. Na verdade, no Contrato Social, Rousseau atribui à vontade geral virtudes extraordinárias, qualidades quase mágicas, convertendo-a num mecanismo representativo da vontade de todos os cidadãos que, em igualdade e em liberdade, lhe conferem um poder soberano infalível, inalienável, indivisível e absoluto. Esta seria a base de legitimidade da democracia moderna, de um governo escolhido pela maioria dos cidadãos de acordo com a lei.

Há críticos, como J. L. Talmon, que explicam como este conceito democrático rousseauniano produziu também aquilo a que se chamou democracia totalitária e que se manifestou, nomeadamente, na Revolução Francesa e na teorização que legitimou o Terror. Tal como nas chamadas democracias populares, que mesmo sem votos nem eleições livres e justas, quiseram representar a “vontade geral” como vontade de um Proletariado que, através da sua “vanguarda histórica partidária”, tinha o direito legítimo de exterminar a Burguesia.

A teorização anglo-americana do liberalismo republicano foi mais cautelosa nestas certezas e procurou, não só legitimar a maioria, como, sobretudo, proteger a minoria.

Mas afastadas estas versões limite da vontade geral, compensadas pela inscrição constitucional dos direitos da minoria, pela existência de uma sociedade civil, de igrejas independentes do Estado, de empresas privadas, o que temos agora para legitimar o poder?

Temos, essencialmente, a decisão maioritária do povo, ou seja, dos eleitores. No fundo, uma “vontade geral” despida das atribuições misteriosas e quase mágicas do pensamento de Rousseau, que – como observou o Prof. Luís Cabral de Moncada há muitas décadas na sua Filosofia do Direito e do Estado – tinha o seu quê de místico e religioso na teorização das coisas terrestres.

Esta teologia democrática foi posta de parte nas nossas sociedades, laicizadas em termos de poder, embora no discurso político e nos entusiasmos eleitorais mais quentes, se continue a usar a linguagem do “povo”, da “vontade do povo”, da “vontade geral” saída do “povo soberano” como qualquer coisa de transcendente. Mas o que se passa e o que torna aceitável o sistema é muito mais simples e prático:

Desaparecidas considerações transcendentes do poder, derrotadas no século passado as experiências totalitárias baseadas numa percepção especial do Bem Comum, aceite o princípio de igualdade dos cidadãos, garantidos contrapoderes institucionais e da sociedade civil, aceita-se que o poder seja disputado e decidido segundo as regras constitucionais que proclamam que o partido, a coligação ou o candidato mais votado em eleições livres e justas formará o governo e comandará a sociedade nos termos e prazos constitucionais definidos.

Ora desde que candidatos, partidos, coligações e movimentos nacionais populares – ou populistas, como lhes chamam os seus concorrentes e os media – começaram a vencer eleições e a ter espaço de legitimidade democrática, esta regra parece ter mudado. Os seus adversários no sistema começam a levantar dúvidas, suspeições, reservas a este princípio da legitimidade do voto popular, quando o povo não vota da maneira certa, isto é, nos candidatos ou partidos “democraticamente correctos”. Então a regra do jogo não deve ser respeitada. Daí as acusações de “democracia iliberal”, a países como a Hungria ou a Polónia; e os pedidos de ilegalização de partidos como a Lega, o Front National ou ilegalização do Chega.

Ora isto é complicado: a partir do momento em que, em nome de conteúdos e prevenções ideológicas, geralmente de uma mesma linha política, se pretende pôr em causa o princípio maioritário, está a pôr-se em causa o único princípio de legitimidade subsistente. Um princípio aritmético, quantitativo, mas que é o que resta como regra do jogo.

E há que ter em conta que nenhum destes partidos acusados de “iliberalismo” tem posto em causa, quer nos seus princípios doutrinários quer na sua prática, a democracia liberal. E nas experiências de governo – seja a presidência Trump, nos Estados Unidos, seja a presidência Bolsonaro, no Brasil, os checks and balances e os equilíbrios institucionais têm vindo a ser mantidos.

Será que, como alternativa à chamada democracia iliberal, se prepara um liberalismo não-democrático, com o regresso de vanguardas especialmente ungidas para interpretar e representar a vontade popular e banir as “opções erradas” do povo?

DEMOCRACIA  SOCIEDADE  POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Y H W H: Nogueira Pinto aparece reflectindo sobre a democracia e o liberalismo ao modo de um casto parvenu...     FactCheckfoi FinanciadoSoros/Gates04Y  >H W H: Por digitar parvenu, convém recordar que nunca existiu um socialista da nobreza, é tudo plebe para o párvulo.          Leonardo d'Avintes: A pergunta com que termina o excelente texto é mais do que retórica, uma certeza velada. O que nos leva à questão fundamental: o regime político português nunca foi verdadeiramente uma democracia liberal, onde a vontade da maioria é a fonte de legitimidade do poder. A esquerda política é dona do regime, sente-se com privilégios que lhe são exclusivos. Para este poder informal tem um aliado poderoso, os mídia, especialmente as tv's. Por que razão os mídia estão exclusivamente alinhados com uma facção política, se as democracias liberais têm no anti-monopolismo um dos princípios fundamentais da sua própria existência?          Mario Areias; Mais uma vez parabéns pelo excelente artigo.              Paulo Guerra A mesma anedota, agora requentada, que contou na noite da derrota histórica de Trump na televisão. Que a besta nunca tinha atentado contra a Constituição ou o Estado de Direito. Quando na realidade muito provavelmente nunca deve ter passado um único dia da sua vida adulta que não o tivesse feito. Muitos antes do encontro com Bannon, quando não passava de um gangster - do imobiliário e da finança - e já com o seríssimo Bannon, que até fundos da maior promessa eleitoral desviou. Aliás, agora nem a derrota eleitoral aceita. E eis que surge uma nuance na anedota. Os checks and balance. Como se os mecanismos de defesa da Democracia tenham alguma a ver com o que ele fez ou deixou de fazer na realidade. E como se não tivesse atacado bem os próprios checks and balance. E o mesmo para o sociopata do Bozo no Brasil ainda agora quando escarneceu da tortura da Ditadura no Brasil ou quando fez o que fez para proteger o seu filhinho que afinal é só tão corrupto como o pai. Mais um verdadeiro candidato anti sistema que ia acabar com a corrupção no Brasil, depois de 30 anos no Congresso a embolsar propinas. Como é que foi possível um Continente inteiro ter caído nas mãos de dois sociopatas corruptos de um dia para o outro?  

E o mesmo para o aldrabão do Ventura que de manhã jura cumprir e fazer cumprir a Constituição e à tarde na tribuna do Parlamento já quer mudar a própria Republica. Realmente o problema do Chega foi a legalização do TC com crianças e mortos nas listas. E o que justifica o retorno a esta anedota mórbida só poder ser o seu irmão siamês, o pateta do Pacheco de Amorim, já nos vestíbulos da AR. Mas tem um mérito enorme. Para não dizer um autêntico mistério. Como é que alguém consegue escrever tantas linhas com a cabeça enterrada na areia?! Restava esperar que não tivesse feito o mesmo com tanta erudição citada. Mas temo bem que sim. Não é possível ler metade das obras citadas sem ficar a conhecer tiranetes sociopatas ou o simples cheiro da banha da cobra à distância.      Manuel Carneiro: Obrigado Dr. J N P, uma golfada de ar fresco sempre, neste pântano que é portugal.           FactCheckfoi FinanciadoSoros/Gates04: A expressão liberalismo clássico para um conservador não corresponde a nada do que digitou, só a intenção, teria defraudado a sua essência.           Paul C. Rosado: Muito bom artigo. O caso é verdadeiramente sério. E o pior é que teremos brevemente de enfrentar o problema de um governo saído de eleições livres voltar a impor a discriminação de alguns cidadãos com base na cor da pele ou nos órgãos sexuais. Como se discriminação "positiva" não fosse simplesmente discriminação. Qual a legitimidade de um governo assim? Para lá caminhamos.             mário Unas: Excelente artigo. Mas, no fundo, sempre houve uma vontade supra vontade popular. Acontece que o espírito democrático, que tendo rédea curta o é só na aparência, começa a ameaçar os alinhamentos políticos e comerciais supranacionais, concretizados sem consulta popular, que não lhes resta agora, aos ungidos, outra alternativa que não começar a mostrar a sua verdadeira face totalitária.          Carlos Grosso: Custa-me sempre imenso ouvir por todo o lado que foi o povo português que quis este governo ou, regra geral, outro qualquer. Tomando como exemplo o actual governo, sabemos que apenas 17,5% dos eleitores votaram no PS, partido que ganhou as eleições. O actual governo, tal como o anterior, tem o apoio principal na CDU e no BE. Será que os 3% de eleitores que votaram na CDU pretendiam que fosse o PS a governar, ou antes, claramente, que o seu governo de eleição fosse com a CDU no comando das decisões políticas? Parece-me claro que os 4,5% dos eleitores que votaram BE, ou pelo menos a esmagadora maioria deles, gostaria que fosse esta força política a governar e não que fosse o PS. Portanto, quando se diz que o governo PS foi o resultado da vontade popular, trata-se de um eufemismo. Como se nos dias anteriores ao acto eleitoral os portugueses se tivessem reunido para debater qual seria a melhor solução governativa, e tivessem decidido que uns votariam PS, claro, e outros votariam na CDU e no BE, mas com a vontade expressa de que fosse o PS a governar. Apenas votavam CDU ou BE para poderem condicionar algumas das decisões políticas que, caso o PS tivesse maioria absoluta, nunca seriam tomadas. Estou completamente convencido de que os 17,5% de eleitores que votaram PS queriam, de facto, que fosse o PS a governar, mas dizer que foi uma escolha dos Portugueses? não se devia, honestamente, admitir.             Rui Guimarães > Carlos Grosso: O povo português pode ter sido enganado em 2015, pela formação da geringonça à posteriori. Mas teve oportunidade de corrigir o tiro nas eleições seguintes, e não o fez. Pelo contrário, legitimou o logro. Graciete Madeira: Mais uma boa lição de história e de cultura. Venham mais!          advoga diabo: Dada a contradição nos termos, nem o iliberalismo é democrático, muito menos o verdadeiro liberalismo anti democrático, e apesar de legitima, estranha-se (ou talvez não...), que JNP menorize a muito real e vigente socialdemocracia como principal alternativa nos, em toda a linha, mais equitativos países do planeta!          josé maria > advoga diabo: Não sei se JNP menoriza a social democracia genuína ou se precisamente a direita portuguesa, nas suas diversas formulações, da mais "centrista" à mais xenófoba e racista, ainda não percebeu a razão por que, desde 2015, se mantém sistematicamente minoritária nas várias eleições e sondagens. Jaime Nogueira Pinto é, no campo direitista, uma personalidade indiscutivelmente inteligente, culta e erudita, não acredito que não entenda essa razão e que a menorize. Provavelmente, presumo, não lhe dá jeito admiti-la publicamente, preferindo, por isso mesmo, fazer de conta que a ignora...          José Ribeiro: Creio que um factor que poderia ajudar a ultrapassar o problema posto pelo JNP seria o da atenção à Competência. Eu sei que também pode ser muito subjectivo mas iria melhorar significativamente a democracia. É um facto reconhecido por todos que a competência dos políticos caiu a pique, caindo também e por arrasto, toda a cadeia de comando público por eles nomeada (os casos em Portugal então são quase semanais). E deveríamos começar logo pela votação dos deputados, os que se apresentariam em cada círculo eleitoral e não os nomeados pelos partidos. bento guerra: Manda o Covid chinês ,governantes e povo,p roclamados democráticos, obedecem           Keep it Simple: Uma nova solução totalitária já está em marcha. As pessoas, como a rã, estão a ser cozinhadas em lume brando e poucos se apercebem do que se passa nas escolas, nas universidades, onde se formam os futuros dirigentes já se impôs o pensamento único e politicamente correcto. São soluções apoiadas pela comunicação social que também responde aos DDTs com prontidão e zelo baboso. Lembro que o autor foi impedido de fazer um conferência na Universidade de Lisboa. Os jovens iluminados preferiram cancelar e denegrir em vez de debater, argumentar e crescer. O novo totalitário terá recursos tecnológicos incrivelmente eficazes e o seu objectivo é controlar o pensamento como fase final de exercício do poder.           José Paulo C Castro: A vontade geral do povo deriva da vontade particular dos media, em democracia liberal ou de outro tipo. Ou seja, a vanguarda esclarecida já está entre nós a decidir tudo. São a classe dos media e afins. A questão agora é como garantir democracia nos media. Presidentes eleitos pelas TVs já temos.                  Sr Leão: Pela simplicidade, a clareza e o acerto, um texto exemplarmente esclarecedor.        Adelino Lopes:  “Prepara-se um liberalismo não-democrático”? Não é “prepara-se”, é “está-se a instalar”. Nem os próprios (as elites) devem duvidar disso, digo eu. Quando promovem o controlo das redes sociais, o controlo das instituições, etc, etc, é exactamente isso; “instalar um liberalismo não-democrático”. Liberalismo não-democrático à moda do ex-leste e demais democracias populares. PS: apreciei o 2º parágrafo; posso chamar-lhe “a razão utópica do senhor”?         Carlos Quartel: A pretensão de conhecer a verdade absoluta leva à tentação de a desejar impor a todos. Por todos os meios. É quando precisamos que apareçam as vozes do pensamento equilibrado e que ponham as coisas nos eixos : Não há verdade absoluta, cada um tem a sua verdade e a delegação de poder deve fazer-se tendo isso em conta. O valor supremo a preservar é a liberdade individual e o voto universal e secreto o método. Claro que há riscos. uma sociedade pouco informada , perante uma máquina de propaganda bem afinada pode ler levada a caminhos que se saem das normas. É tempo para as leis se apresentarem, corrigindo desvios. Muito boa crónica, a ler com atenção.                Luis Teixeira-Pinto > Carlos Quartel: Meu caro: - não é só a "pretensão" (como diz) de conhecer a verdade absoluta. É também a "conveniência" de a pretender conhecer, o que é mais simples, mais cómodo e dispensa quaisquer discussões. Ter a pretensão, ainda abre, embora minimamente, a porta à discussão. Sentir a "conveniência" de conhecer a verdade absoluta é mais egoísta, mais exclusivo, e sobretudo mais prático. É a diferença para a militância activa, que varre todos os escrúpulos. Revela logo ao que se vem e acaba com qualquer deriva democrática. Naturalmente, isto é apenas o aprimoramento de um detalhe, em tudo o mais estou perfeitamente de acordo.        Tromba Rija: As esquerdas apenas acham legitimo quem pensa como eles os outros são antidemocráticos.      Julius Evola: Teorias muito bonitas para legitimar a democracia por sufrágio universal, mas na prática o que se vê é um resultado terrível. O que se vê é nada menos do que um suicídio civilizacional. É urgente reconhecer o erro e voltar atrás ao que deu mais provas de funcionar bem, Monarquia legitimada por Deus.          José Paulo C Castro > Julius Evola: Pela regra da sucessão, quer você dizer. Uma regra escrita. A sucessão é que é legitimada pelas próprias contingências da vida, logo, de Deus. Segundo essa regra, o nosso rei seria Felipe VI neste momento. Ou não, pois a regra de ser um nacional foi acordada em 1668. E aí temos uma confusão de linhas, mas vão todas parar a Duarte Pio, de uma forma ou de outra. Já agora, será que Carlos chega a subir ao trono ? A regra da sucessão implica sobreviver ao progenitor... Luis Teixeira-Pinto > Julius Evola: Sem dúvida, e deixávamos de ter mais um motivo para dividir os Portugueses. Para além de muito mais seriedade (o Rei não depende do voto popular, que não tem de pedinchar) e muito mais económica - aqui o ganho é de um para cinco, basta comparar o que custa Filipe VI e o presidente em Belém.      Julius Evola > José Paulo C Castro: Está a confundir mecanismo com a legitimidade do mecanismo. Portugal sobreviveu quase 8 séculos em Monarquia, não me parece que vá sobreviver sequer 1 em "democracia".          José Paulo C Castro > Julius Evola: Sem existir o mecanismo, não há forma de legitimá-lo. O que torna a monarquia interessante é precisamente o mecanismo, porque é incontrolável pelos media e tem uma ligação ao país que vai para lá de mandatos curtos ou épocas. É permanente. De resto, a questão já nem é Portugal. Foi substituído por um bloco continental representante de uma certa civilização. Estamos em choque de civilizações, como dizia Huntington. A questão já é se a nossa civilização vai sobreviver ao choque com a asiática e a islâmica. Não é a africana, essa já está a ser dizimada pela islâmica e economicamente pela asiática. A nossa está a sofrer o mesmo choque interno. batendo latas: Belo texto acerca do que se passa actualmente. Muito bom! Respondendo à pergunta, espero que não!        João Paulo Reis: Excelente explanação dos dias de hoje e dos riscos que corremos. A tentação, será apenas tentação ou estratégia, rapidamente se pode transformar em poder absoluto e candidatos a "grandes educadores" do povo não faltam. Da minha insignificância e ignorância não tenho respostas, apenas sei e posso usar o meu voto. Obrigado e votos de Bom Ano!         Vashny Karpouzis: Em resposta à pergunta: “Será que, como alternativa à chamada democracia iliberal, se prepara um liberalismo não-democrático, com o regresso de vanguardas especialmente ungidas para interpretar e representar a vontade popular e banir as “opções erradas” do povo?” - eu responderei: “Espero bem que não!”. Valha-nos o decurso do tempo para todos perceberemos que bem mais nocivos para as sociedades foram o nazi-fascismo e o comunismos (e todas as demais derivas totalitárias), do que os ‘recém-chegados’ e denominados ‘partidos populistas’. Afinal, as sociedades não são plurais? Não são de acolher as opiniões que forem diferentes das minhas? Sou eu o detentor da ‘verdade absoluta’ para ‘exigir’ que ‘o outro’, por ser diferente de mim, não tem ‘direito à existência’?

 

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